As pessoas no restaurante comentavam sobre a notícia do prefeito Rhodes sendo preso, as vozes altas se tornavam fofocas terríveis que se espalhavam pelo salão do restaurante. Amélia olhava para Alex, vendo o telefone dele tocar em cima da mesa e ele atender logo em seguida.— Alô. — Ele respondeu. — Estamos no restaurante da marina, paramos o barco aqui para almoçar. — Ele informava a pessoa do outro lado da linha.— Sim, está em todos os canais. — Ele respondeu à pessoa do outro lado ligação. — Ela está comigo. — Dizia ao olhar para Amélia. — Está bem, dentro do possível.Ele comentava sobre Amélia que se levantava de imediato e em seguida sentava. — Vamos terminar de almoçar e o Bruce está vindo nos buscar. Até mais tarde. — Alex desligou.— Quem era? — Amy perguntou curiosa.— Benjamin, ele estava preocupado. — Alex falou, tentando não continuar o assunto.— Com o quê? — Ela questionou, tremendo o pior.— Amy, você precisa comer. — Ele alertou, segurando a mão dela em um carinho
Os olhos furiosos de Barth brilhavam com o que Amélia havia dito. A mão livre dele agarrava o pescoço de Amélia com força, apertando os dedos ali ao roubar-lhe o ar.— É mentira. — Ele rosnava contra ela.Amélia balançava a cabeça negativamente.— O bebê é seu. Faça as contas. — Ela sussurrou sem ar, lutando para puxar o ar. — Eu estou com quatro meses.Barth a olhou confuso, como se estivesse realmente calculando em sua cabeça enquanto algumas pessoas passavam por eles rapidamente. Ele mantinha a arma contra a barriga de Amélia, porém escondendo-a com o casaco.— Vamos sair daqui. — Ele soltou o pescoço de Amélia e agarrou seu braço, começando a caminhar com ela para fora do restaurante.Eles seguiam pela parte de trás do restaurante, passando próximo da cozinha e saindo pela porta dos fundos.Amélia tentava não chorar, mas seu corpo inteiro tremia de medo. Não fazia ideia de para onde Barth estaria lhe levando, e o pior, o que ele iria fazer com ela.Quando eles chegaram ao estacio
Ela escutou o barulho do tiro e em seguida, o som de algo caindo no chão com força.Quando abriu os olhos, viu Barth há poucos centímetros dela com os olhos abertos e a boca sangrando. Amélia também viu o buraco do tiro na testa dele, o sangue se espalhando pelo feno aos poucos.O mesmo sangue corria até ela e ela tentava se arrastar para se afastar, não queria sentir o sangue dele em sua pele, não queria que aquela fosse a última lembrança daquele demônio impregnada em sua pele. Conforme fechava os olhos em exaustão, ela escutava diversos passos tomando conta do galpão e vozes que gritavam e ao mesmo tempo chamavam por ela.A última coisa que Amélia viu antes de desmaiar, foi um par de olhos azuis desesperados olhando para ela. Olhos que ela reconheceria em qualquer lugar, onde quer que fosse.Quando abriu os olhos novamente, sentiu sua cabeça doer violentamente. Ela puxou o braço, mas sentiu sua mão presa a alguma coisa e doer. Olhou para a mão e viu que estava conectada por uma ma
Amélia sentiu seu coração apertar com as palavras de Alexander. Lágrimas inundaram seus olhos enquanto uma mistura de tristeza e choque tomava conta dela. Ela levou as mãos ao ventre, como se buscasse confirmar aquela perda irreparável. Benjamin se aproximou, colocando uma mão gentilmente em seu ombro em um gesto de consolo. A dor e o vazio pareciam consumir Amélia, enquanto ela tentava assimilar a notícia. — Eu sinto muito, Amélia. Eu queria poder fazer algo para mudar isso, para evitar essa dor que você está sentindo. Era o nosso bebê. — disse Alexander com a voz embargada, segurando a mão dela em seguida. Amélia olhou para ele, seu olhar cheio de tristeza e questionamento. Ela sentia como se o mundo tivesse desabado ao seu redor. A esperança e a alegria que haviam preenchido seus dias nos últimos meses haviam sido arrancadas de forma cruel e abrupta. E o pior, quando ela achou que Barth não poderia mais machucá-la, ele arrancou dela a única coisa que ela queria, a única coisa pur
Quando acordou horas depois, Amélia viu Alexander ainda deitado no sofá ao seu lado dormindo. Ela ficava olhando para o teto, os olhos esverdeados meio opacos e sem vida depois de tudo o que havia acontecido. Apesar dos remédios que entravam em sua veia através dos tubos, seu corpo ainda estava dolorido pelas agressões de Barth.Amélia levou a mão a boca ao pensar em Barth, sentindo o soluço sair de sua garganta quando chorou baixinho. Ele estava morto. Ele tinha lhe sequestrado e agora estava morto, e por pior que ele fosse, por mais que ele fosse aquela pessoa podre que ele era, jamais ela desejou a morte dele. Ela esticou a mão até a barriga, mas recuou no momento em que se lembrou que não havia mais um bebê crescendo ali dentro. E mesmo que tentasse chorar, as lágrimas não desciam mais.Amélia suspirou pesadamente, buscando o botão da cama que chamava a enfermeira e apertando-o. Em seguida ela acionou o botão que erguia parte da cama, sentando-se com um pouco de dificuldade.
Todos ficaram em silêncio por um momento, processando as palavras de Amélia. Dylan foi o primeiro a quebrar o silêncio.— New York? Mas a sua família está aqui em Charleston? — ele perguntou, confuso. — Agora acabou, ninguém mais vai te fazer mal.— Eu sei que é difícil de entender, mas eu preciso recomeçar. Preciso de um novo começo, longe de todas as lembranças ruins que essa cidade traz. — Amélia respondeu, olhando para cada um deles com determinação. — E eu já estava construindo uma vida lá.O Xerife suspirou e se aproximou da filha, segurando sua mão com carinho.— Filha, nós só queremos o seu bem. Se é isso que você acha que é melhor para você, então nós iremos te apoiar. — ele disse, olhando-a nos olhos.Amélia sentiu um misto de alívio e gratidão ao ouvir as palavras de seu pai. Ela sabia que nem todos entenderiam sua decisão, mas ter o apoio de sua família significava muito para ela.— Obrigada, pai. Significa muito para mim ter o apoio de vocês. Eu prometo que vou cuidar de
Dois dias depois, Alexander e Ethan já haviam organizado a viagem de volta para New York. O pai e o irmão de Amélia estavam se recuperando bem, e ela poderia viajar sem problemas. A senhora Smith iria cuidar de Amélia o tempo que fosse preciso até ela se recuperar. Naquela manhã, todos os Jones estavam reunidos na pista de voo do aeroporto de Charleston, onde estava o jatinho da família Alderidge. Amélia foi levada até lá ainda na cadeira de rodas, mas assim que saiu do carro, fez questão de levantar-se e caminhar. Ainda sentia dor, mas disfarçava o máximo que podia.— Prometa que vai voltar quando se sentir bem. — O pai de Amélia pediu ao abraçá-la. — Não quero perder a minha filha de novo. — Ele implorou, deixando Amélia emocionada.Ela sabia que tinha magoado seu pai e irmãos quando foi embora no dia do casamento, mas agora todos sabiam a verdade e não tinha mais nada e ninguém em seu caminho. — Eu vou voltar, eu só preciso de um tempo. — Amélia falou ao fitar o pai, buscando sua
Um mês se passou e Amélia continuava no mesmo estado de apatia. Ela já não tinha mais lágrimas para chorar, mas sentia que a dor ainda permanecia dentro do seu peito, dilacerando sua carne e sangrando cada vez mais. Existiam poucos dias bons para ela e Alexander ficava cada vez mais preocupado. Quando ela não estava na cama, estava na biblioteca do apartamento afundada em algum livro. E a senhora Smith suspeitava que até o final do mês, ela provavelmente já teria lido todos os livros ali presentes. A terapeuta de Alexander vinha atendê-lo em casa durante as semanas, assim como Peter, o seu fisioterapeuta. Ele estava envolvido cada vez mais e já eram raros os momentos em que precisava da bengala. Ele tentou inclusive, levar Amélia para jantar algumas vezes para comemorar, mas ela nunca estava disposta. Naquela manhã, Amélia desceu para tomar café da manhã e deu de cara com Elisa Campbell, a terapeuta de Alexander. — Bom dia, Amélia. — Elisa cumprimentou com um sorriso gentil. —