Ouvia sirenes.
Conseguia também, ouvir a tosse constante de Yuri, ou talvez fosse minha, eu estava sufocando.
Mas uma garota loira me puxou consigo.
Uma outra vez, era Yuri quem me tirava de um inferno.
E novamente, eu perdi a consciencia.
Quando acordei, estava no gramado, Yuri deitada na grama ao meu lado, o peito descia e subia rapidamente enquanto respirava com força entre sua crise de tosse.
A minha frente a casa em chamas parecia quase uma obra de arte.
A fumaça ainda presa a minha garganta me fazia tossir como Yuri e ter vertigens fortíssimas, mas me mantive acordada, sirenes tocavam perto.
Vi homens vestidos de amarelo com capacetes e máscaras de oxigênio se empenharem para apagar o fogo.
– Tem mais alguém l&aacu
E era assim que demonstrávamos nosso amor um pelo outro. Não com palavras.Eu não saberia o que dizer.– Tudo bem, você tem razão, eu vou parar, mas eu preciso agora, porque eu tenho algo pra fazer e não vou poder fazer se eu estiver em uma crise de abstinência. - Ele bufou, mas não disse mais nada, apenas abriu o compartimento de seu porta-luvas. E lá estava, um pequeno compartimento de metal. Abri.E lá havia heroína e uma seringa.– Você deixa no carro? - Perguntei. Era pura estupidez.– Não idiota, esse é o seu kit, estava em cima da minha cama e eu achei que você iria precisar. - Olhei Noel por um segundo, ele ainda não olhava pra mim, seus dedos apertavam o volante com força.Deixar em seu carro, algo que pode te colocar na cadeia, só pro meu bem, sabe, no meu mundo, esse tipo de coisa, era uma pro
Escurecia. Já era quase noite e eu continuava no carro de Yuri, continuava parada dentro daquele antigo ginásio, e continuava ouvir Kat investir insistente contra o porta-malas do carro.Já era noite, e o luar entrava por entre as antigas janelas sem vidros, as paredes manchadas, ali um dia, também houvera fogo.Fogo que tirara a vida de muita gente, e que quase tirara a vida de Yuri. Que quase alcançou Charlie. Fogo.Com minha pistola em punho, abri o porta-malas, Kat continuava sem cor alguma em seu rosto, parecia exausta e assustada.– Sai. - Mandei. Ela obedeceu com rapidez, devia estar louca para sair daquele cubículo.– Sam, o que vai fazer? - Perguntou-me, sua voz e também seus olhos tremendo.Segurei-a com força por seu cabelo, o cano de minha pistola contra sua t
Disse apenas pra mim mesma. Não em voz alta, eu tinha tanto pra falar. Mas eu não pude, sem ela o mundo parecia vazio, sem graça, sombrio.– Eu vou te levar pra casa. - Disse ela e então me soltou. Eu não chorava mais. Não parecia haver motivo pra chorar ao seu lado.– E quanto a Yuri?– Vai dormir até amanhã, o pai dela está vindo e voltarei de manhã. - Charlie entrelaçou seus dedos aos meus e caminhou para fora do hospital. A noite estava gelada, chovia pesadamente.Ela me olhou e sorriu.– Você precisa mesmo de um banho. - Disse, sorri. Charlie era tão fácil, as vezes, eu quase me esquecia de todo o resto.Ela correu, puxando-me pela mão até o carro de Josh.– Papai deixou co
Nos separamos e terminamos no quarto, Charlie tinha levado a arma de volta para o quarto, estava em minha escrivaninha, o quarto ainda cheirava um pouco a fumaça.Charllotte abriu meu guarda-roupa a procura de algo e pareceu encontrar, deixou sua toalha cair e tive a visão de suas costas nuas, ela vestiu uma roupa minha. Ou melhor uma camiseta, com uma calcinha, nada mais.Era uma camiseta preta lisa e sem mangas.Com seus cabelos molhados e um tanto rebeldes, ela me parecia a visão da beleza.Tinha em suas mãos uma outra muda de roupa também, algo que imaginei ser pra mim, repousou a roupa sobre a cama.– Tem que se vestir. - Disse-me, puxei-a pela camiseta e seu corpo se chocou contra o meu suavemente.– Tem certeza? - Perguntei, ela apenas concordou com a cabeça, desviando seus olhos dos meus e escondendo um sorriso de canto.– É, vai ficar resfriada se não s
Charlie ressonava calmamente, tranquila, quieta abaixo de mim, suas mãos ainda descansavam em minha cabeça, o sol ainda não surgira, mas parecia estar prestes a fazê-lo, com cuidado, afastei meu corpo do dela.Ela se mexeu e virou-se na cama, o corpo ainda nu.Cobri-a com um lençol, aproximando-me um pouco mais de seu corpo, seu rosto, seu cheiro, acaricio os cabelos.– Com que você está sonhando agora? - Sussurrei ao admira-la em seu sono tranquilo, um sorriso formou-se no canto de seus lábios.– Terras raras e distantes. - Respondeu sem abrir os olhos, a voz ainda embargada, sonolenta. Roubei-lhe um beijo. Um beijo calmo, como o amanhecer pedia.Charlie me segurou junto a si e perdi-me na doce fragância de sua pele. É claro, eu poderia ficar com ela, poderia ficar dentro daquele q
– Pra onde? - Pergunta ela.– Eu devia dirigir. - Digo, ela me olha e sorri.– Claro, me mostre sua carteira e eu te entrego o volante. - Bufo, cruzando meus braços em frente ao meu peito e a ouço rir.Isso meio que me irrita.Ela acha que estamos em uma brincadeira?– Vá para east village. - Digo e ela logo está dirigindo. Não falo e ela também não tenta começar uma conversa, na verdade, seus olhos estão concentrados na rua, seu peito se move rapidamente, ela está nervosa.– Pare perto da loja de construção. - Digo após Charlie seguir alguma de outras minhas instruções por cerca de vinte minutos. O sol já surgira.Ela parou.– Onde estamos? - Pergun
Ela tinha de estar bem, ela tinha de estar bem, ela tinha de estar bem.– Fique com a outra. - Coke mandou e no momento em que a mulher chegou perto de Charlie. Ela despertou, em uma fúria cega, tentou acertar a mulher, mas a mulher era mais alta, mais pesada e mais forte, pareceu fácil para ela dominar a pequena Charlie.Deixando-a de costas no chão, com seu corpo sobre o dela.– Tire suas mãos sujas dela agora ou eu juro por Deus que arranco a sua cabeça! - Gritei, mas a mulher junto de Coke, apenas riu.– Eu acho que você não vai fazer nada, querida. - Ele disse e só então, vi novamente a pistola em sua mão, ele encostou seu cano em meu pescoço e a desceu por entre meus seios, minha barriga, até meu umbigo.Charlie ainda se debatia embaixo da outra mulher, mas parou para olhar o que estava por vir.– Ah espere, pequenininha, voc&ecir
Para quem acredita em ressureição, a morte é irrelevante. Para uma mente bem estruturada a morte é apenas a aventura seguinte. A morte é o próximo passo. A morte é um renascimento. Para quem acredita em ressureição, a morte é irrelevante.E pra quem não acredita?De todos os amores que alguém pode sentir na juventude, o amor de verão é o mais devastador, é aquele que te pega por seu colarinho, te alimenta, vira seu mundo de cabeça pra baixo, te destroí e mesmo assim, você sente que se desistir dele, estaria desistindo de sua própria vida. É aquele amor que te consome, é irresistível. Você sempre quer um pouco mais. Um pouco mais daquele câncer doce. Um pouco mais de destruição. É uma coisa linda que pode te fazer flutuar. Mas também &e