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3. SITUAÇÕES DIFÍCEIS

Não conseguia me concentrar direito e nem ir para a cabine que estávamos acomodados com minha irmã. Fiquei escondido até que a Sandy levantou e a segui até sua cabine, eu não sabia o que fazer e precisava de um plano. No caminho vi um jornal em cima de um banco, talvez seja útil nesse momento.

Nunca pensei ver uma mulher nessa situação, sou um homem educado e embora seja mulherengo, como os outros falam, eu nunca as maltratei. Sempre trato elas com delicadeza, mas Sandy é diferente, algo nela chamou minha atenção, não sei se é sua beleza, talvez seja meu lado protetor, ou meu senso de justiça, sempre tratei muito bem as mulheres com quem me relacionei e vê-la tão frágil, deve ter mexido com esse meu lado.

Agora era diferente, alguém estava pedindo minha ajuda e eu seria um covarde se não ajudasse. Mas não conheço esse homem e nem essa moça direito, preciso analisar a situação com cuidado e ter a certeza de que isso realmente está acontecendo com ela.

Passados alguns minutos vejo seu padrasto vindo na direção do quarto que eles estão hospedados. Disfarço caminhar para o outro lado, para que ele não perceba minha presença e seguro o jornal, como se estivesse lendo, na altura do rosto, para não ser reconhecido. Ele passa por mim, seu caminhar e olhar refletem uma ira, realmente não gosto nada do que vejo. O homem tem sim um semblante de perverso.

Quando ele entra na cabine, me aproximo. Olho para ambos os lados do corredor. Estou um pouco nervoso, minhas mãos começam a suar.

Encosto minha orelha na porta, a fim de escutar alguma coisa, mas por enquanto está um silêncio, mas em seguida ouço os grito do homem, fico sem reação ouvindo e sentindo um gelo na espinha.

Ouço que estão discutindo, e por Deus, não estava preparado para ouvir um som estralando como batidas de cinta, será que ele está batendo nela, meu coração dispara, eu não tenho nem uma arma, aliás, nem sei usar uma, tento me controlar e giro com cuidado a maçaneta da porta, mas está trancada.

Ela grita alguma coisa, mas a minha visão parece que escureceu por uns segundos e não consigo decifrar o que aconteceu, deve ser de nervoso.

Derepente não ouço nada, nenhum barulho se quer. Não sei se respiro aliviado ou fico mais preocupado, e se ele matou ela.

Meu Deus!

O que farei? Fico perdido em pensamentos. Preciso saber se ela está bem.

Penso, penso tanto, que minha cabeça começa a latejar. Onde vou conseguir um punhal, uma faca, ou uma arma?

Após pensar muito, vou até a recepção e peço que levem o almoço até a cabine deles, pois preciso saber o que aconteceu, é a única ideia que me vem a mente nesse momento.

Já se passou uma hora desde que pedi o almoço, quando veio o garçom trazer a refeição agradeço a Deus. Pois é minha única chance.

— Com licença, esse é o almoço do quarto 206?

— Sim senhor.

— Eu te pago 30 pesetas para você me permitir entregar o almoço.

— Está louco? Posso perder o meu emprego, não posso permitir.

— Eu prometo que só irei entregar e já saio.

— Não, senhor, não posso permitir. Me desculpe.

— Mas é um caso de vida ou morte.

— Então dirija-se até as autoridades, aqui no navio temos alguns policiais a disposição.

— Tudo bem, então vamos fazer o seguinte, eu pago 30 pesetas para você me dizer como está a moça nessa cabine. — Respiro incrédula, pois esse garçom realmente não vai me ajudar de outra forma.

— Eu aceito então.

Ele se direciona até a porta e eu me direciono para longe dos olhos dele, até ouvir a porta se abrir e o carrinho movimentar as rodinhas.

Em passos leves eu tento me aproximar, mas se eu olhar para dentro da cabine, corro o risco deles me verem. Então aguardo até que o garçom retire o carrinho, me distancio novamente, até ouvir a porta se fechar e o garçom, vir até a minha direção.

— Então, o que você viu lá dento, como a moça está. Falo afoito, com a respiração descompensada.

— Tinha uma jovem sentada em uma poltrona, coberta por um lençol, ela me olhou nos olhos, pude perceber que estavam vermelhos, parecia que havia chorado muito.

— E o quarto estava em que situação?

— Normal, a cama um pouco bagunçada, o ambiente tinha um cheiro de charuto e o homem foi um pouco grosseiro no início, pois alegou que não havia pedido almoço ainda, mas ao ver a comida aceitou, ainda bem que o senhor se afastou, pois ele olhou desconfiado.

— Certo, bom trabalho, está aqui o dinheiro que combinamos.

— Se precisar de algo mais, desde que não me meta em confusão, pode me chamar. O garçom fala todo sorridente assim que recebe o dinheiro e conta as notas.

Fico um pouco mais aliviado por saber que ela está bem, embora não tão bem assim, pois continua chorando. Procuro um lugar onde eu possa ficar de plantão sem que seja muito evidente que estou observando aquela porta especificamente.

Passada umas duas horas o homem sai e tranca a porta. Ouço seus passos na direção oposta a minha e sigo ele até determinação altura, para saber onde ele está indo. Após constar que ele está longe o suficiente, eu retorno para a cabine e bato na porta.

Toc.. toc... toc...

— Sou eu Giovanne abra. — falo baixo, mas o suficiente para ela escutar. Coloco o ouvido na porta, tentando ouvir alguma coisa, mas um silêncio paira do outro lado, começo a ficar angustiado. E bato novamente. — Sandy sou eu Giovanne, abra por favor.

Ela abre a porta bem devagar e quando constata que realmente sou eu, solta um longo suspiro, eu olho para ela assustado, pois seu rosto está pior que antes, linhas de sua expressão mostravam não apenas tristeza, mas um olhar de desespero e súplica quando conversamos mais cedo.

Ela se j**a em meus braços em um abraço e um choro abafado, como se, ao mesmo tempo, estivesse evitando chorar, mas é algo mais forte que ela, seu corpo todo treme, em sintonia com seus gemidos inexprimíveis.

— Que susto, pensei que fosse Robert que estava retornando. — sua voz sai fraca e pesada.

Estou atônito, sem mover um músculo, apenas correspondo a seu abraço, mas algo toca fundo no meu coração, talvez seja o sentimento de fragilidade que ela expressa, nunca havia sentido por alguém algo assim, que não seja pela minha família.

Ela se desvencilhar dos meus braços, secando as lágrimas, sem olhar nos meus olhos, talvez seja vergonha, não sei ao certo o que é.

Quando seu corpo vira totalmente de costas para sentar na poltrona, eu observo marcas avermelhadas nas suas pernas, pois veste um short custo.

— Ele bateu em você? Não minta para mim, pois eu vi as marcas, ele fez mais alguma coisa com você?

— Não, ele só bateu com a cinta, porque eu sai aquela hora do restaurante e demorei a voltar.

— Maldito, miserável. Se eu pudesse, estarçalhava ele com minhas próprias mãos.— Nesse instante lembrei que esqueci de arrumar algum objeto para ela usar como arma, caso ele chegue ao extremo, mas vejo que isso não será o suficiente. — Acabei esquecendo de conseguir um punhal ou uma faca, mas o melhor é traçarmos um plano e você fugir. Vocês vão desembarcar em Madri como eu e minha irmã?

— Sim, ele tem várias oficinas mecânicas em Madri. Mas quando sairmos do navio ele vai me algemar. Ele só não me deixou aqui trancada, porque esqueceu que eu tenho a outra chave, ou já teria pegado. Até agora eu estava me comportando por obedecia às suas ordens, mas cada dia que passa ele está mais agressivo. Acho que ele quer algo mais comigo, pois está muito possesivo. Agora ele percebeu que não será assim tão fácil conseguir o que quer. — Ela coloca as mãos nos olhos e chora copiosamente.

— Certo vou conseguir as roupas da minha irmã para você vestir, enquanto isso você terá que se esconder na nossa cabine, mas isso terá que ser mais a noite, quando ele estiver perto do horário de desembarque.

Paro e penso melhor, depois continuo a falar:

Tive uma ideia, eu tenho alguns remédios para dormir, vou buscar no meu quarto e quando chegar próximo das 20:00 eu te encontro na proa do navio e te entrego o frasco de remédio, você faz ele beber e assim que pegar no sono, você me encontra na cabine 115.

— Será que eu consigo convencê-lo de me deixar sair, acho que a partir de agora, ele não confia mais em mim. — Ela morde os lábio e eu fico observando esse movimento, não sei o porquê, mas mesmo com essa situação crítica algo nela me cativa, sua beleza talvez ou sua fragilidade.

Ficamos conversando por um tempo, ela sentada na poltrona e eu na cama.

Tento acalma-la falando um pouco da minha vida, só omiti meu lado safado é claro, para não assustá-la.

Ouvi ela falar da infância, de como perdeu a mãe a pouco tempo e coisas aleatórias da infância.

Nem percebemos o tempo passar. Quando escuto um barulho de chaves sendo cocada na fechadura da porta. Olho para ela apavorado e me jogo para baixo de uma das camas de solteiro.

— Você está aí? — o homem fala com uma voz estranha, parece ter bebido muito.— Olha para mim, olha o que você me fez fazer, fui beber e esfriar a cabeça, para não fazer outra besteira ainda maio e a culpa é sua.

— Não se aproxime ou eu acerto esse vaso na sua cabeça. — Sandy ameaça.

— Calma aí meu docinho, tá falando assim porque está se aproveitando, por eu estar nesse estado. Calma aí, eu só quero que me obedeça[porra!] — ele fala mais calmo, em seguida ouço quando ele se j**a ou se deita na cama, sinto a cama descer espremendo meus ombros.

Fique embaixo da cama esperando ele dormir, mas não estava sendo fácil, além de apertado, eu estava sentindo uma alergia insuportável no nariz, minutos depois minha barriga começou a dar pequenos sinais de que não estava nada bem, dando aquela remexida por dentro e parecia que tinha um redemoinho querendo soltar uns ventos. Segurei a vontade.

Já estava suando frio. Nunca pensei em me esconder de um homem por um motivo realmente importante. Realmente nosso corpo reage às situações de perigo. E eu só desejava que esse porco imundo dormisse para eu levantar, principalmente porque até cãibras eu já estava sentindo, mas estava convicto que precisaria ajudar a Sandy a se livrar desse homem. Tomara que nosso plano dê certo.

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