4. SEGUINDO O PLANO

SANDY

Estava tão deprimida quando Giovanne chegou e bateu na porta, pois imaginei que era Robert que havia voltado, mas quando abri a porta e constatei que era ele, eu mal conseguia olhar nos seus olhos, estava tão triste.

Aos poucos, com sua companhia me animando, eu comecei a me sentir um pouco melhor quando começamos a falar do passado, de quando ele era criança, depois eu contei sobre minha infância também.

Não vimos o tempo passar, quando tomo conhecimento da gravidade dos fatos, e Robert chega, Giovanne rapidamente vai para baixo de uma das camas, enquanto eu olho para a porta se abrindo com meu peito doendo, preocupada que Robert tenha visto Giovanne.

Tento disfarçar tampando os olhos com o braço, mas meu padrasto começa a falar rispido que realmente me deixam amedrontada, o velho imbecil está louco, me coloco em pé, com as pernas bambas. Olho para os lados e vejo um vaso de flores.

Ameaço jogar na sua cabeça, mas ele está tão bêbado, que mal consegue parar em pé em cima das pernas. Eu agradeço a Deus por isso. O seu corpo começa a ficar descontrolado e ele se deita, quase caindo na cama. Agradeço a Deus por ele estar nessa situação, pois se estivesse sóbrio tudo seria pior.

Ele resmunga um bom tempo, falando coisas desconexas até pegar no sono, eu observo tudo sentada na poltrona, com os pés sobre a mesma, abraçada aos joelhos. Pensando em tudo, minha cabeça está turbilhão, cada pensamento me deixava mais angustiada, flashes da minha vida antes da morte da minha mãe, como esse homem não se revelou ser assim antes? Tudo era muito novo e confuso para eu entender.

Após alguns minutos ali tão distante em pensamento, lembrei que Giovanne estava embaixo da cama, então levantei sem fazem nenhum barulho, me aproximo de Robert, andando como uma pluma e constato, que realmente dormiu.

Me agacho e olho Giovanne, seus olhos brilham de tão abertos que se encontram. Puxo seu braço e o ajudo a levantar, em completo silêncio. Caminhamos até a porta, abro a porta, antes dele sair, segura minha mão com seus dedos suaves, uma eletricidade percorre pelo meu corpo, o coração acelera.

— Na hora do jantar, peça para ir ao banheiro e me encontre na proa do navio, que vou te dar o remédio, como combinamos, ele não pode perceber que estou te ajudando ou será pior para nós.

Não me contenho e dou um abraço nele em agradecimento, não sei o que seria de mim sem ele nesse momento, faz poucas horas que o conheço, mas parece que somos amigos há muito tempo.

Ele segura minha cintura e a sensação dos seus dedos tocando meu corpo é diferente, sinto um calor ardente subir até o meu pescoço, e envolver minhas bochechas, que parecem vibrar de vergonha.

Olho nos seus olhos que se encontram com os meus.

— Obrigada!

Ele me surpreende e encosta seus lábios nos meus. O toque macio é rápido, deixando um rastro de "quero mais". Mas penso que ele está apenas querendo me confortar, então não nutro a ideia de ter mais intimidade com ele. Apesar de que fecho os olhos quando ele termina o beijo, esperando um pouco mais, seu carinho é reconfortante.

Seus lábios beijam minha testa, respiro fundo sentindo o seu cheiro âmbar, criando uma aura sofisticada e sedutora, que tento guardar na memória.

Fecho a porta, ao me virar de costas e lembrar que preciso enfrentar esse homem, deslizo meu corpo encostando as costas na porta, e descendo até o chão levando minhas mãos sobre a cabeça.

O desespero é grande, mas não quero mais chorar. Vai dar tudo certo, vamos conseguir realizar o plano, tento ser convicta.

Levanto me e sigo em direção ao banheiro. Tomo um banho demorado. Pensando no toque dos lábios de Giovanne e lembrando do seu cheiro.

Ele me deixou com uma sensação estranha, não sei decifrar o que estou sentindo, melhor esquecê-lo, pois preciso seguir meu plano e ir morar com minha tia Conceição, e talvez nunca mais nos veremos.

Ouvi um barulho vindo do quarto que até esqueço no que estava pensando e volto a temer esse homem que dorme feito um porco naquela cama, será que ele acordou? E se eu não fechei a porta? Saio correndo de baixo do chuveiro e confiro se a porta estava trancada, já com a respiração descompensada, coloco a mão no peito ao constatar que está fechada e respiro aliviada.

Terminei de tomar banho e arrumei minhas coisas, levaria o máximo que eu pudesse, é claro, penso enquanto fecho a mala.

Quando Robert acordou, me olhou com ódio, com um olhar tão sombrio, que me dava ainda mais medo. Eu não conseguia manter firme meu olhar nesse homem, que eu sentia um calafrio, era como se ele fosse vir para cima de mim a qualquer momento. A única arma que eu tinha era o vaso de flores, então passei o maior tempo sentada na poltrona, inquieta, com o corpo tenso.

Eles foi tomar banho e eu fiquei em alerta, um barulho era suficiente para que eu sentisse medo ou pavor.

— Traz aqui minha toalha, que esqueci.— Ouço seu grito do banheiro, assim que o vejo esticar a mão ao abrir uma fresta da porta, corro para pegar a toalha e entregar a ele, mas olhando do lado oposto.

Ele sai pouco tempo depois com uma calça, sem camisa, secando os cabelos. Pego um dos meus livros e finjo que ele não existe.

Enquanto ele assovia, tentando chamar minha atenção, o clima é tenso.

— Vamos jantar no restaurante, mas espero que você não faça nenhuma gracinha ou vou cortar os seus lindos dedinhos, quando chegarmos em Madri.

— Você sabe que eu me comporto bem, só estou chateada pelas suas atitudes, você não era assim.

— Hummmm, assim espero, já está avisada, não vou tolerar mais uma desobediência sua. — Seu olhar me gela até a alma, como ele pode ser assim tão mal, eu bem que sempre suspeitei, ele não me enganou totalmente, sempre desconfiei, vai ver até trair minha mãe ele traia.

Tento não demonstrar medo, para ele não pensar que me intimida, mas seu tamanho já é suficiente, pois eu só tenho 17 anos e ele com quase 50 anos, então é claro que estou em desvantagem.

Assim que chegamos no restaurante do navio, olho para os lados, tentando encontrar Giovanne, mas infelizmente não o vejo. Fico um pouco aflita, tento controlar o nervosismo, pois o medo de não dar certo é real. Sento, curvo a cabeça, aperto os olhos com uma das mãos, fechando-os, pensando no que vai acontecer se esse plano não der certo.

— O que está acontecendo, não está passando bem? Não me diga que está grávida? [Grrr] — Ele cerra os dentes.— Sua biscate, bem que imaginei que de santa você não tem nada.

Abri os olhos rápido.

— Pare com isso, não é da sua conta, você não é meu pai.— tampei a boca imediatamente, percebendo que não deveria enfrentá-lo e suscitar sua irra, pois será muito mais difícil dele me deixar ir ao banheiro depois.

— Só não te dou um tapa nessa sua boca aqui e agora, porque tem muita gente, mas você merecia. O que combinamos.

— Desculpa, desculpa, foi sem querer, mas por favor vamos ter um jantar em paz. Sem ofensas, por favor?

— Para você ver como sou bonzinho, peça o que quiser.

Pedimos o jantar, mas eu não estava aguentando esperar, o Giovanne não aparecia, o tempo demorava a passar, um minuto parecia uma hora ao lado desse homem maldito.

Ele começou a elogiar Madri e como fez para que suas oficinas mecânicas obtivessem sucesso, além de ser arrogante era prepotente se exibindo com elogios ao seu próprio ego.

Eu só ouvia e concordava, mas minha mente estava no Giovanne e seus olhos verdes. A te que em um determinado momento um garçom tropeçou e derrubou vinho de uma garrafa em minhas roupas.

Levantei furiosa.

— Perdão, senhorita, foi um acidente. Me desculpe.— O garçom falava com uma voz trêmula e baixa.

Quase que Robert bateu no homem, fiquei com pena dele. Pois o segurou pelo colarinho da camisa.

— Está tudo bem, eu vou no banheiro no quarto trocar de blusa e já volto, não vamos estragar nosso jantar. — Falei colocando minha mão sobre a dele, tentando acalmá-lo, para que soltasse o garçom.

— Saia daqui seu desajeitado. Não quero ver você se aproximar da nossa mesa, seu verme, que não sabe servir as pessoas direito. — falava em tom de fúria. — Volte logo Sandy, pois quero terminar o nosso jantar de forma agradável.

Era a oportunidade que eu precisava, em vez de ir ao quarto, fui para a proa do navio. Lá estava Giovanne me esperando, seu olhar era de preocupação e desespero, em pé, me analisava de alto a baixo.

Quando me viu, seu semblante mudou.

— Então a história do vinho deu certo?

— Então foi você? — coloquei a mão sobre a boca surpresa.

Temos que ser rápidos, aqui está o remédio, coloque uma quinze gotas no suco dele, e será suficiente para ele dormir até amanhã de manhã.

— Obrigada! — pequei o frasco de remédio e guardei entre os seios, pois não tinha bolso, notei quando Giovanne direciona o olhar até os meus seios, e depois movimenta os lábios de forma sensual. Ele é tão fofo.

— Você é tão linda. Prometo te salvar desse homem, ele não ira tocar em você. — Uma de suas mãos vão até os meus cabelos, num gesto de carinho ele coloca os fios atrás da minha orelha, eu fico sem graça, um pouco nervosa e olho para o chão e depois para ele. — Tem namorado?

— Não, não tenho e você? — Com seu toque agora no meu rosto sinto um arrepio percorrer meu corpo, e o mesmo calor que senti mais cedo, quando estava com ele, volta a surgir com mais intensidade, sinto as maçãs do meu rosto ficarem mais quente.

— Também não. — Olho novamente para seu rosto, seus olhos estão fixos nos meus lábio, sou surpreendida por ele agarrando minha cintura e beijando meus lábios, fecho os olhos, meu coração que já estava acelerando, parecia querer sair pela boca, mas seu beijo era suave, me senti envolvida pelo seu perfume e pelo desejo de saborear a sua boca, pois o seu toque era magnético. Sua língua pediu passagem e m toques suaves e gostosos, me senti desejada de uma forma especial e romântica. Pois seus braços fortes me protegiam.

Sou retirada bruscamente dos seus braços, quando abri os olhos, me surpreendendo com Robert me puxando pelo braço.

— O que você pensa que está fazendo com minha filha. Tire suas mãos de cima dela. — Robert tenta dar um soco em Giovanne, mas ele se esquiva.

Giovane segura os braços de Robert, pois ele tenta segurar seu pescoço.

— Para Robert larga ele, deixa isso pra lá, não foi nada de mais, por favor solta ele, eu prometo que isso não vai mais acontecer.— Falo enquanto tento puxar Robert para trás, para que ele solte o Giovanne.

A irmã de Giovanne tenta puxar o irmão que a todo custo tenta chutar o Robert, mas ele não conseguiu atingi-lo. Estou apavorada, não consigo entender der como ele veio parar aqui e começo a chorar.

— Souta ele, por favor, eu faço o que você quiser.

Nem notamos, mas estávamos se aproxima de uma parte mais alta do navio e parecia que Robert queria j**ar Giovanne no mar. Com um impulso Robert j**a Giovanne para trás e o inesperado acontece, a irmã de Giovanne havia sumido em um degrau ou algo parecido com isso, não sei ao certo, pois já era noite e só a luz do luar nos iluminava, então a moça cai na água.

Robert olha para Giovanne assustado e depois vira se para a minha direção, pega minha mão e me arrasta para dentro, me levando até a cabine que estamos hospedados.

No meio do caminho acontece um apagão e todas as luzes do navio se apagam. Fiquei ainda mais com medo. Andar por aqueles corredores enormes e escuro não estava nos meus planos. Comecei a entrar em pânico e a me debate.

— Me larga, eu não fiz nada de mais.

Robert estava descontrolado, seu aperto no meu braço estava me machucado.

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