André estava bebendo seu quarto copo de uísque na biblioteca, enquanto lá fora já era noite.Se dissesse que se sentia sufocado neste momento, seria um eufemismo, e antes que suas mãos trêmulas acendessem o charuto, o isqueiro escorregou de seus dedos e explodiu.Ele lançou o charuto na parede com fúria e depois deu vários socos na madeira quando percebeu que tudo havia saído do controle. Nada estava ao seu alcance.Ele estava se odiando agora mais do que qualquer pessoa, ia decepcionar seu avô, e teria que encarar seu olhar decepcionado.O mataria, seu rosto triste o aniquilaria.—André! —aquela voz doce e monótona, mas ao mesmo tempo sedutora, chegou aos seus ouvidos, e quando ele levantou o olhar, os olhos de Samara apenas o observavam com medo.—O que você quer? —naquele momento, ele não tinha em mente que ainda estava interpretando seu papel para levá-la para a cama, mas que se dane, tudo estava perdido agora.—O que aconteceu? Por que...?—Agora não... —André limpou a testa espe
Pierre se despediu de Samara com um abraço, enquanto André os observava de pé nas escadas, e Connor direcionava seu olhar como uma broca para ele o tempo todo. Ele sabia o que Connor queria; ele estava pedindo para conversarem em particular para dizer-lhe que parasse com essa loucura, mas esta era, simplesmente, sua única oportunidade.O jantar havia terminado há uma hora, é claro, o avô falou sobre outros assuntos mundanos e depois comentou com Samara que agora que estavam nos Estados Unidos, estaria mais disponível para compartilhar jantares como esses o tempo todo. André apertou os lábios para conter sua felicidade e depois passou o braço pelo avô quando finalmente soltou Samara.— Descanse, avô, você vai precisar estar descansado para a viagem... Lembre-se de que ainda está fraco... nem quero imaginar a família quando souber o que você vai fazer...Pierre negou com um gesto de mão.— Não sou uma criança, e ninguém me diz o que fazer... além disso, quando souberem, estarei no avião
Samara recuou vários passos até quase cair, não fosse por André que a segurou rapidamente pelo braço. Seu coração pulsava forte contra o peito, e seus lábios, embora quisessem uma resposta, não conseguiam articular palavra. Uma coisa é seguir um roteiro, mas outra muito diferente é cruzar a linha do irreal para o possível.— O que... O que você está dizendo? — Sua pergunta foi fraca demais para o seu gosto, mas era inevitável não sentir a garganta apertada pelo momento e pela situação que a envolvera.— Samara... — André se aproximou para segurar seu rosto, porque basicamente esta era a arma mais poderosa que ele tinha com ela —. Eu sei que não... sei que não tem sentimentos por mim além da gratidão, mas as coisas podem mudar...André começou com o essencial. Se dissesse a Samara que continuariam com o acordo e representando um papel, nunca poderia tê-la entre suas pernas, mas se garantisse que no futuro poderiam ter um relacionamento, ela cederia ao primeiro impulso.Sim, ele teria q
Samara se mexeu na cama novamente para se posicionar do lado direito, enquanto outra lágrima caía por sua bochecha úmida. Sentia que a cabeça ia explodir de tanto pensar, mas o que mais a angustiava era essa sensação que a impedia de respirar.Não sabia que horas da madrugada eram, e não queria saber. Literalmente, sentia-se sufocada, com vontade de sair correndo, sem se importar com o que sua mãe, Hagar, Jalil ou qualquer outra pessoa que pudesse recriminar o tipo de pensamentos que agora a envolviam poderia dizer.Esta era a primeira vez que ela questionava o que era. Era a primeira vez que uma decisão estava à beira do declínio, porque, embora já tivesse passado várias horas pensando no que deveria fazer, seu coração continuava batendo forte como um ímã, puxando-a na direção oposta à sua decisão.Era claro que ela deveria ficar na França. Estava muito claro que deveria esperar por Jalil, e era evidente que seguir o curso normal de sua vida aplacaria toda a loucura que estava domina
Samara continuou olhando pela janela do avião, admirando como, a partir dessa altura, o céu se assemelhava a outro mar. O avô de André estava dormindo dois assentos à frente depois de algumas horas de voo e conversa, enquanto ela estava sentada na frente do assento de André, ocasionalmente percebendo que o homem a olhava como se estivesse procurando encontrar algo oculto nela.Podia imaginar o que André estava pensando. O que a fez decidir ir com ele, mesmo sem saber o que Jalil faria no último momento? Ela também estava perplexa com sua decisão repentina, mas, no momento em que se levantou e pensou em ficar na França, enfrentando o desconhecido, ou sentindo o vazio em seu estômago, simplesmente o pensamento a fez entrar em desespero para empacotar as coisas rapidamente.Era evidente que ela sentia uma grande gratidão por André, mas também não podia mentir para si mesma ao dizer que não sentia uma estranha atração pelo homem que a havia salvo. Nunca se sentiu assim com Jalil em sua vi
Samara continuou olhando pela janela do avião, enquanto admirava como o céu parecia outro mar lá de cima. O avião pousou quase às seis da tarde, hora local na França, mas meio-dia em Nova York.André teve que acordar Samara, que parecia perdida assim que despertou. Ele a cobriu com seu casaco quando saíram do avião e indicou a Connor que cuidasse de seu avô durante o trajeto. Houve algumas palavras breves de todos, e André instruiu o motorista que os pegou para seguir até sua maior casa, localizada na Rua 57, em Nova York. Uma área exclusiva em todos os sentidos da palavra.Apesar de ser apenas meio-dia, todos estavam exaustos devido à diferença de fuso horário.—Seu pai está ligando... — Pierre comentou para André, que riu.—Ele terá um ataque, então é melhor enfrentá-lo de uma vez e dizer a ele para não se intrometer nos seus assuntos.O avô sorriu ao atender a chamada, enquanto André se virava para Samara, que o olhava com um sorriso discreto.—Vocês têm uma relação muito bonita co
Em passos lentos, André se desprendeu de seu lugar, deixou o charuto sobre a mesa onde estava preparada uma decoração para o jantar, e se aproximou de Samara, agachando-se um pouco e colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.— Você está fantástica, linda... a mais bela de todas... minha namorada e futura esposa — Samara sorriu um pouco, e suas bochechas coraram instantaneamente. — Não fique envergonhada comigo — André ergueu o queixo dela e, com a outra mão, aproximou-se de sua cintura. — Em breve... seremos marido e mulher... e não haverá nada oculto de você para mim...O sorriso de Samara desapareceu instantaneamente enquanto André sorria, dando-lhe um beijo na testa.— Não me abraça? Não abraça seu noivo de verdade? — perguntou perto de sua orelha, e ela se apressou em envolver seu corpo.Os olhos de Samara se fecharam abruptamente quando ele também a abraçou e pressionou seu corpo de forma ousada.— Você cheira deliciosamente... — ele disse novamente em um tom sedutor, es
— Ela é Samara... Samara Raji... minha noiva...Kamile deu um grande gole quando pôde observar de perto a suposta namorada de André, que neste momento estava abraçada a ele de lado. Não pôde evitar lançar os olhos para Connor, que parecia muito sério, e depois para o sorriso de André que ela já conhecia de antemão.Era de manhã, exatamente às oito, e eles estavam no prédio Roussel, no centro de Nova York.Kamile tinha visto os pequenos artigos que foram enviados para serem publicados por André desde a França. Mas vê-lo anunciando seu compromisso não tinha sido tão impactante quanto ver essa imagem agora, de forma real.Tinha muito a perguntar, especialmente porque, sendo sua relações públicas, estava bombardeada de chamadas a toda hora, já que a imprensa queria respostas, e respostas rápidas.— Kamile Duncan... é... é um prazer, Samara... — ela estendeu a mão para cumprimentar a garota que exalava inocência no olhar, e que, inclusive, causou desconforto em seu estômago.Não poderia se