Estou em um vestido de noiva prestes a descer para meu casamento com um babaca que pegou todas as mulheres que passou pela frente nos últimos anos de sua vida. Por anos, meu futuro marido, foi notícia nos jornais e revistas de fofoca da Itália:
"Filho de Moretti é flagrado com moça em praia em cena íntima";
"Moretti filho o solteiro mais cobiçado da Itália pego orgia com as gêmeas mais requisitadas da playboy";
"Herdeiro Moretti é visto em boate badalada com namorada de jogador de destaque do futebol espanhol".
Entre tantas outras manchetes, mas uma coisa tiro o chapéu, ele nunca deixou seu rosto ser fotografado.
Não o conheço, não sei como ele é fisicamente, a única coisa que sei a seu respeito é que ele é um babaca que está cumprindo à risca o plano de nossos pais de nos casar e unir nossas famílias. Não sei o porquê disso e confesso sentir um pouco de inveja, ele estava aproveitando a vida com seus vinte e três anos, enquanto eu era a virgem, presa no internato com meus quinze anos, virgem até de beijo na boca.
Quando eu soube do primeiro escândalo do meu queridíssimo futuro marido, eu estava de férias e beijei o filho do motorista do meu pai, mas eu como era a perfeita cabaça, não sabia fazer nada escondido, fui pega. Tentei argumentar que meu "noivo" estava nas manchetes dos jornais e a resposta que eu tive foi que ele era homem e tinha suas necessidades e eu era uma criança.
Pensei que eu fosse morrer de tanto apanhar. Você sabia, que apanhar na sola do pé não deixa marca e dói demais? Foi difícil segurar o grito e as lágrimas, falhei e apanhei até fazer xixi nas calças de tanta dor, andei mancando por dias. Tudo isso por causa de um beijo, só para mostrar quem manda.
Já pensei em muitas formas de eu fugir daqui, mas não consigo encontrar nenhuma alternativa, depois de me encontrar papai redobrou os seguranças, e nem para fazer minhas necessidades, posso ir sozinha. Vocês ainda vão entender toda minha história, mas antes precisam conhecer como tudo isso começou até eu chegar até aqui.
Tenho vinte e três anos e minha história não é a mais feliz do universo e nem a mais triste. Sei que tem muita gente que passa por coisas muito piores, mas o que importa é que isso tudo se passou comigo e pelo jeito não está perto de acabar. Essa é minha história e é ela que me fere, é ela que definiu meus passos e minha personalidade.
Meu nome é Giordana Collucci, maldito seja este sobrenome que carrego! Por causa dele não posso viver minha vida como uma pessoa normal, não tenho direito de escolher minha profissão, nem meu marido e fui até privada de um lar normal. Por conta desse sobrenome: Collucci, estou aqui sendo forçada a descer para meu casamento, tenho medo de que o pior ainda não tenha passado.
Não havia chegado os anos dois mil, e como lamento que o mundo não acabou nessa data igual se especulava, teria me livrado de muitas tristezas. A empresa de móveis e gados da minha família ia de mal a pior e por coincidência a empresa da intragável família Moretti, a qual vou pertencer daqui algumas horas, também estava rumo a falência. Tudo por conta de uma crise econômica e pela falta de inteligência dos meus progenitores de investir em coisas diferentes para equilibrar as quedas de mercado. Muitas empresas de menor porte faliram nesse período.
Desde meus tataravós nossa família produz móveis de excelente qualidade, são referência no mercado de móveis que levam couro legítimo e sempre dividiu esse mercado com os Moretti, sempre fomos concorrentes, tanto na criação de gado no sul do Brasil e venda da carne, quanto na utilização do couro para confecção de sofás, cadeiras, poltronas, etc., nós éramos melhores na confecção dos móveis e eles na criação de gados e exportação do couro.
Foi exatamente nessa época que para não ver o império Colucci e Moretti desmoronar, que Giovanni Colucci, aquele que se diz meu pai, e Paolo Moretti, meu futuro sogro, selaram uma união para salvar ambos, a concorrência ia afundar os dois. Não pense que eles são amigos, eles são dois capitalistas interesseiros que só pensam em seu umbigo. A família de Paolo ficaria com a parte dos gados e couros e a minha família ficaria com a parte dos móveis. E a empresa viraria o famoso Grupo Collucci Moretti.
Até admiro o esforço e empreendedorismo desses dois homens, eles se uniram e lutaram para reerguer os negócios. Uma vez estabilizado os negócios meu pai investiu em vinho, segundo ele um apreciador de vinhos nunca para de beber e ele fez dar certo, hoje tem clientes fiéis e começou com testes para fazer couro sintético com as cascas de uva e parece que ele acertou, foi visionário, porque o mercado de couro sintético tem aumentado, as pessoas estão mais preocupadas com essas paradas ambientais.
A família do meu futuro marido, tem negócios no Brasil e entrou no mercado de calçados aqui, por mim tanto faz. Não me interesso pelo negócio de nenhuma das famílias. Seu eu pudesse cometeria um ataque terrorista ao grupo todo e todas suas possíveis filiais.
Foi nessa união que eles decidiram que iriam se ajudar, mas um dia deveriam unir nossas famílias, eu tinha dois anos e William tinha dez anos e eles nos prometeram em casamento. E ambos fazem questão que essa união dê certo, para meu azar! Se tem uma coisa que aprendi é que com a palavra do meu pai não se brinca, ele vai honrar o nome dele, independente de quem faça sofrer, mesmo que este alguém seja sua filha.
Você deve estar achando tudo isso ridículo, mas é a verdade, foi isso mesmo que aconteceu, fui prometida para me casar com um otário quando eu fizesse dezoito anos e aqui estou com uns anos de atraso e por isso fui punida. Estou linda, produzida, parecendo uma princesa da Disney, saltando dos contos de fadas para a vida real e infeliz, miseravelmente infeliz!
Um dos meus problemas neste momento, é que estou apaixonada por outra pessoa. Eu só queria ser independente e não ter ligação nenhuma com essa família. Dinheiro é ótimo, mas eu preferia estar contando as moedas para comprar uma refeição do que estar aqui nesse castelo, em um casamento forçado. Fecho meus olhos e me levo há três meses atrás e parece um sonho tudo que aconteceu, seguido de um pesadelo que não vai acabar.
Giordana Cresci em um colégio interno na Inglaterra, lá haviam crianças de diferentes nacionalidades e principalmente de diferentes temperamentos. Por algum motivo que desconheço, ou talvez queira negar, sempre fui aquela criança calada, reservada e até um pouco tímida. Não dava trabalho para as professoras e funcionários do colégio interno, e nunca fui o centro das atenções. Quanto mais o tempo passava, mais eu me adaptava a rotina do internato. Não seria errado dizer que fui moldada pelas babás. Nunca tive alguém me amando, fazendo cafuné, mimando, preparando comida diferente porque eu estava doente, ou fingindo que estava. Acredito que por isso, não chorava, não sentia saudade de casa, não esperava cartas, presentes, telefonemas. Naqueles dormitórios frios e impessoais, me sentia mais no meu lar, do que na grande mansão Collucci durante as férias na Itália. No meu quinto ou sexto ano escolar eu conheci Camila, ela era a tí
GiordanaCheguei na mansão, não demorou muito para eu ser convocada a comparecer ao escritório do Sr. Todo Poderoso Giovanni Collucci, vulgo meu pai, a fim de termos uma conversa séria. Visto minha melhor cara de obediente que aceita tudo que me foi destinado, me arrumo num vestido para agradá-lo e sigo rumo à tortura.Bato na porta levemente e ouço a voz autoritária do outro lado da porta:― Pode entrar Giordana.― Com licença papà.Ele me aponta a cadeira na frente da sua mesa para que eu me sente, assim que obedeço, ele levanta, caminha a passos lentos, para do meu lado encostando em sua mesa. Me encara com sua fisionomia séria. Tento imaginar o que passa por aquela cabeça, ou o que pode ser que ele queira com essa conversa e me sinto um pouco angustiada com o que ele pode querer comigo. Será que desconfia dos meus planos?<
GiordanaA noite passada foi difícil do sono chegar, fui dormir era quase uma hora da manhã eacordei de hora em hora, estava muito ansiosa e angustiada.As seis horas da manhã acabei pegando no sono e dormindo até as nove, quando a governanta da casa veio me acordar, pois meu pai me aguardava para conversar antes de eu ir para o salão de beleza.Me levantei com borboletas no estômago, sabe quando a gente não consegue aquietar o coração? Parece que meu coração e meu estômago sairão pela boca. Ansiedade me define, seguida de medo, muito medo. Pavor de tudo dar errado.Ao mesmo tempo, tenho uma sensação boa que tudo vai dar certo! Se meu pai me pega antes ou depois de eu fugir, não sei do que ele será capaz. Não correr esse risco é me entregar ao fracasso! Vou seguir em frente com o plano, respiran
GiordanaEstou morando no Brasil, em São Paulo para ser mais específica. Meus primeiros dias aqui não foram nada do que eu pensei, acredite, eu nunca tinha sentido tanto medo na minha vida.Nas primeiras semanas não saí de casa para absolutamente nada. Com um mês Guto veio aqui e me rezou um sermão, de como eu parecia uma prisioneira dentro da minha própria quitinete e que eu precisava me obrigar a sair, disse inclusive, que Camila estava arrependida por ter me ajudado.Todo o discurso feito, não me sensibilizou em nada! E, muito menos, mudou meu comportamento, continuei trancada dentro de casa da mesma forma.Foi só, com um pouco mais de um mês, quando começou faltar as coisas para me alimentar e Guto se recusou a trazer, que precisei conhecer um pouco do bairro. Sempre que eu andava pelas ruas achava que todo mundo sabia quem eu era e voltava para
Mário Momentos antes...― Onde está Isis?― Estava se pegando com um cara aí na pista.― Onde?― Por ali, sei lá cara, desencana! Deixe a menina ser feliz!― Eu tinha que protegê-la. Merda!!!― Ali Mário.Vi Isis no colo de um cara e um bando se aproximando, estava indo em sua direção e Guto estava na boate e me parou para conversar.― Agora não cara, deu ruim.Apontei para onde Isis estava e ele me puxou para lá. Eu via ódio nos olhos do Gustavo, ódio que a muito tempo não via.― Que porra vocês fizeram com minha irmã?Chegou intimando o homem que estava com ela nos braços. O rapaz ficou sem falar nada diante de Guto e passou a gaguejar.― Eu vou denunciar todos vocês, se não sumirem da minha frente em um minuto.Não demorou muito
GiordanaHoje completam dois anos desde a data que cheguei aqui.Pela manhã eu fui fazer um ensaio fotográfico para uma menina que completaria quinze anos, as fotos seriam usadas na festa. Fizemos as fotos, troquei o cartão de memória e saí pelo parque fotografando.Fui para casa almoçar e saí de novo para rua, passei na academia e treinei jui-jitzu. Guto ainda controla meus treinos e o dia que eu falto recebo sua ilustríssima visita no meu apartamento. E essa visita, passo, sem pensar duas vezes. Não sei qual é o mistério, mas ele me odeia. Não sei de onde Camila tirava que Gustavo era um cara legal.A tarde fui em um dos edifícios mais altos da cidade, queria tirar fotos do pôr do sol, o dia estava bonito.Como sempre, entro no meio das pessoas indo e vindo pego o elevador até o antepenúltimo andar
WilliamOlho para a menina dando socos no saco e pisco várias vezes, não posso acreditar no que estou vendo. Esfrego meus olhos, pisco diversas vezes e direciono meu olhar para aquela cena, afim de ter certeza que eu me enganara.― Que palhaçada é essa Rui?― Do que está falando?― Dela!Falo apontando para a moça que parece ter uma energia do mal dentro de si. Ela soca aqueles sacos com tanto ódio, que mesmo de longe é possível perceber o quanto está ela brava. Provavelmente, imagina minha cara em cada golpe que ela aplica. Começo dar risada imaginando a cena.― Tá louco Will?― Provavelmente cada golpe dela, está me imaginando.― Ela é a fotógrafa?― Você acha mesmo que vou cair nessa de você não ter ligado os pontos? Que me chamou para extravasar sem ser de propós
Dois anos atrás na Itália...Não consigo acreditar que com toda minha experiência fui enganado por uma menina de dezoito anos. Giordana deve ter dedicado muito tempo a esse plano.Fiquei emputecido com toda a merda que passei naquele dia e ainda passo, é questão de tempo até colocar as mãos nela. Em contrapartida, não posso dizer que não senti orgulho por ela lutado pelo que quer. Provou que tem meu sangue correndo nas veias.Giordana sempre me pareceu aquelas meninas que não tem boca para nada, engano meu! Estou sentindo na pele a esperteza dela!Fato é que preciso encontrá-la e ela vai pagar toda humilhação que me fez passar.No dia do noivado dei meu voto de confiança a ela, coisa que geralmente não faço. Minha teoria de não confiar nas pessoas foi confirmada, mais uma vez.Horas ant