Trilhando meu Destino
Trilhando meu Destino
Por: Ariane Muciacito
Prólogo

Estou em um vestido de noiva prestes a descer para meu casamento com um babaca que pegou todas as mulheres que passou pela frente nos últimos anos de sua vida. Por anos, meu futuro marido, foi notícia nos jornais e revistas de fofoca da Itália:

"Filho de Moretti é flagrado com moça em praia em cena íntima";

"Moretti filho o solteiro mais cobiçado da Itália pego orgia com as gêmeas mais requisitadas da playboy";

"Herdeiro Moretti é visto em boate badalada com namorada de jogador de destaque do futebol espanhol".

Entre tantas outras manchetes, mas uma coisa tiro o chapéu, ele nunca deixou seu rosto ser fotografado.

Não o conheço, não sei como ele é fisicamente, a única coisa que sei a seu respeito é que ele é um babaca que está cumprindo à risca o plano de nossos pais de nos casar e unir nossas famílias. Não sei o porquê disso e confesso sentir um pouco de inveja, ele estava aproveitando a vida com seus vinte e três anos, enquanto eu era a virgem, presa no internato com meus quinze anos, virgem até de beijo na boca.

Quando eu soube do primeiro escândalo do meu queridíssimo futuro marido, eu estava de férias e beijei o filho do motorista do meu pai, mas eu como era a perfeita cabaça, não sabia fazer nada escondido, fui pega. Tentei argumentar que meu "noivo" estava nas manchetes dos jornais e a resposta que eu tive foi que ele era homem e tinha suas necessidades e eu era uma criança.

Pensei que eu fosse morrer de tanto apanhar. Você sabia, que apanhar na sola do pé não deixa marca e dói demais? Foi difícil segurar o grito e as lágrimas, falhei e apanhei até fazer xixi nas calças de tanta dor, andei mancando por dias. Tudo isso por causa de um beijo, só para mostrar quem manda.

Já pensei em muitas formas de eu fugir daqui, mas não consigo encontrar nenhuma alternativa, depois de me encontrar papai redobrou os seguranças, e nem para fazer minhas necessidades, posso ir sozinha. Vocês ainda vão entender toda minha história, mas antes precisam conhecer como tudo isso começou até eu chegar até aqui.

Tenho vinte e três anos e minha história não é a mais feliz do universo e nem a mais triste. Sei que tem muita gente que passa por coisas muito piores, mas o que importa é que isso tudo se passou comigo e pelo jeito não está perto de acabar. Essa é minha história e é ela que me fere, é ela que definiu meus passos e minha personalidade.

Meu nome é Giordana Collucci, maldito seja este sobrenome que carrego! Por causa dele não posso viver minha vida como uma pessoa normal, não tenho direito de escolher minha profissão, nem meu marido e fui até privada de um lar normal. Por conta desse sobrenome: Collucci, estou aqui sendo forçada a descer para meu casamento, tenho medo de que o pior ainda não tenha passado.

Não havia chegado os anos dois mil, e como lamento que o mundo não acabou nessa data igual se especulava, teria me livrado de muitas tristezas. A empresa de móveis e gados da minha família ia de mal a pior e por coincidência a empresa da intragável família Moretti, a qual vou pertencer daqui algumas horas, também estava rumo a falência. Tudo por conta de uma crise econômica e pela falta de inteligência dos meus progenitores de investir em coisas diferentes para equilibrar as quedas de mercado. Muitas empresas de menor porte faliram nesse período.

Desde meus tataravós nossa família produz móveis de excelente qualidade, são referência no mercado de móveis que levam couro legítimo e sempre dividiu esse mercado com os Moretti, sempre fomos concorrentes, tanto na criação de gado no sul do Brasil e venda da carne, quanto na utilização do couro para confecção de sofás, cadeiras, poltronas, etc., nós éramos melhores na confecção dos móveis e eles na criação de gados e exportação do couro.

Foi exatamente nessa época que para não ver o império Colucci e Moretti desmoronar, que Giovanni Colucci, aquele que se diz meu pai, e Paolo Moretti, meu futuro sogro, selaram uma união para salvar ambos, a concorrência ia afundar os dois. Não pense que eles são amigos, eles são dois capitalistas interesseiros que só pensam em seu umbigo. A família de Paolo ficaria com a parte dos gados e couros e a minha família ficaria com a parte dos móveis. E a empresa viraria o famoso Grupo Collucci Moretti.

Até admiro o esforço e empreendedorismo desses dois homens, eles se uniram e lutaram para reerguer os negócios. Uma vez estabilizado os negócios meu pai investiu em vinho, segundo ele um apreciador de vinhos nunca para de beber e ele fez dar certo, hoje tem clientes fiéis e começou com testes para fazer couro sintético com as cascas de uva e parece que ele acertou, foi visionário, porque o mercado de couro sintético tem aumentado, as pessoas estão mais preocupadas com essas paradas ambientais.

A família do meu futuro marido, tem negócios no Brasil e entrou no mercado de calçados aqui, por mim tanto faz. Não me interesso pelo negócio de nenhuma das famílias. Seu eu pudesse cometeria um ataque terrorista ao grupo todo e todas suas possíveis filiais.

Foi nessa união que eles decidiram que iriam se ajudar, mas um dia deveriam unir nossas famílias, eu tinha dois anos e William tinha dez anos e eles nos prometeram em casamento. E ambos fazem questão que essa união dê certo, para meu azar! Se tem uma coisa que aprendi é que com a palavra do meu pai não se brinca, ele vai honrar o nome dele, independente de quem faça sofrer, mesmo que este alguém seja sua filha.

Você deve estar achando tudo isso ridículo, mas é a verdade, foi isso mesmo que aconteceu, fui prometida para me casar com um otário quando eu fizesse dezoito anos e aqui estou com uns anos de atraso e por isso fui punida. Estou linda, produzida, parecendo uma princesa da Disney, saltando dos contos de fadas para a vida real e infeliz, miseravelmente infeliz!

Um dos meus problemas neste momento, é que estou apaixonada por outra pessoa. Eu só queria ser independente e não ter ligação nenhuma com essa família. Dinheiro é ótimo, mas eu preferia estar contando as moedas para comprar uma refeição do que estar aqui nesse castelo, em um casamento forçado. Fecho meus olhos e me levo há três meses atrás e parece um sonho tudo que aconteceu, seguido de um pesadelo que não vai acabar.

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