Giordana
Cheguei na mansão, não demorou muito para eu ser convocada a comparecer ao escritório do Sr. Todo Poderoso Giovanni Collucci, vulgo meu pai, a fim de termos uma conversa séria. Visto minha melhor cara de obediente que aceita tudo que me foi destinado, me arrumo num vestido para agradá-lo e sigo rumo à tortura.
Bato na porta levemente e ouço a voz autoritária do outro lado da porta:
― Pode entrar Giordana.
― Com licença papà.
Ele me aponta a cadeira na frente da sua mesa para que eu me sente, assim que obedeço, ele levanta, caminha a passos lentos, para do meu lado encostando em sua mesa. Me encara com sua fisionomia séria. Tento imaginar o que passa por aquela cabeça, ou o que pode ser que ele queira com essa conversa e me sinto um pouco angustiada com o que ele pode querer comigo. Será que desconfia dos meus planos?
― Queria te dizer que estou muito feliz com sua dedicação à escola e vou conversar com Moretti para que ele permita você cursar o ensino superior. Assim você pode fazer parte da nossa empresa.
Babaca, ninguém tem que permitir nada estamos nos anos dois mil e não na década de trinta.
― Obrigada papà.
Falei com os olhos já cheios de lágrimas, por uma fração de segundos pensei na possibilidade de ser liberta desse casamento forçado, doce ilusão.
― Eu sei que você não concorda com este casamento Giordana, mas um dia irá entender.
― Eu entendo papà e sei que devo me acostumar com isso.
Entendo coisa nenhuma, você e Moretti são dois monstros em forma de homem.
― Você tem mais de seis meses até seu casamento Giordana, após seu noivado em no máximo três meses você se casa.
― Tudo bem papà.
Você que pensa, ainda vou te deixar com cara de tonto e não estou ligando se pode perder algo. Você não pensou que eu estaria perdendo minha vida quando arranjou esse casamento.
― Eu não sou o homem mau que você pensa que eu sou. Este último semestre da escola eu vou manter um motorista à sua disposição para te levar aos trabalhos de campo e mandarei mensalmente uma mesada generosa para você comprar coisas para seu enxoval, fazer suas atividades e se divertir um pouco. Com algumas regras.
― Fico agradecida com sua generosidade papà. Quais as regras?
Não poderia deixar transparecer alegria excessiva, mas finalmente comecei achar que meus planos dariam certo. Pelo menos uma coisa útil Giovanni iria me dar, uma mesada generosa.
― Não quero você saindo com garoto algum, fotos escandalosas em jornais ou revista, e se descumprir corto seus privilégios na hora. Você é uma mulher e deve ter sua honra intacta para o casamento.
― Pode ficar tranquilo papà, eu não vou me envolver com ninguém.
O que menos desejo é um homem atrapalhando a minha vida, quando finalmente me sentir livre quero eles para me satisfazer e não o contrário.
― Você pode me pedir qualquer coisa Giordana. Você tem merecido estes últimos anos.
― Papà você tem me presenteado e adorei tudo que você me deu, mas gostaria de passar mais tempo com o nonno Lorenzo durante meus dias aqui.
― Que pedido mais estranho Giordana, você podia me pedir uma viagem, um carro, qualquer coisa.
― Papà aprendi ser realista, para que vou pedir algo que não terei? Duvido que se eu pedisse uma viagem à Paris me daria, só se fosse de lua de mel. Se está me disponibilizando um motorista, para que pedir um carro se não sou habilitada. Se eu pedir a habilitação, me daria um motorista... Então prefiro um desejo que pode se tornar realidade, do que me frustrar pedindo algo que nunca terei.
Pela primeira vez ouço meu pai dar uma gargalhada, o que soou estranho e me deu medo. Até o riso dele tem um som ameaçador, senti um calafrio percorrendo pelas minhas costas.
― Esperta Giordana, esperta! Confesso que não esperava uma resposta assim, devo ficar atento com você?
― Eu sou adolescente papà, quem tem que saber isso é o senhor.
― Pode ir visitar seu nonno todos os dias, se quiser. Pietro, filho do meu motorista que você já conhece as consequências pelas férias passada, ficará a sua disposição querida. Espero não me decepcionar.
― Obrigada papà.
Na minha opinião algo não está certo, Giovanni não está me tratando como de costume, ele está muito bonzinho... Quem conhece meu pai sabe que ele não é assim. Mas enquanto ele está assim, vou me aproveitar do que ele pode oferecer. Pietro o cara que dei meu primeiro e único beijo: bonito, babaca e covarde, assistiu eu apanhar sem reagir, sem nem tentar me defender.
Acabei dormindo durante a tarde, quando acordei havia um bilhete ao lado da minha cama pedindo para eu escolher um vestido para o baile que seria no final da próxima semana. Me peguei pensando se meu suposto futuro marido iria estar presente, não nego que tenho curiosidade para saber como ele é.
Moretti filho! Não sei nada a respeito dele, as únicas coisas que sei é que ele é um galinha e que pelo dinheiro está disposto a qualquer coisa. Deduzo isso porque está esperando eu completar meus dezoito anos para pôr as mãos em mim, se ele não concordasse com algo, já teria se manifestado de alguma maneira.
Talvez se nos conhecêssemos pudéssemos ser amigos, talvez não fosse tão estranho. Mas ele deve ser do tipo que trata as mulheres como os amigos do papai, como o nojento Breno, que mais uma festa vou ter que aturá-lo falando o que ele faria comigo se eu fosse dele.
Breno é o amigo do papai que eu vomitei em seu pé. Ele deve ter seus quarenta e cinco, cinquenta anos, o velho é bonito, nojento e cismou comigo. Ano passado dançou comigo a festa inteira me falando bobagens ao pé do ouvido. Meu pai já disse que é uma pena eu ser prometida, porque Breno seria um ótimo marido. É a única hora que agradeço por terem me vendido quando criança, pelo menos eu não vou ser obrigada a ser o objeto dele.
Visitei meu avô todos os dias da minha viagem, ele é carinhoso e parece se importar comigo, diferente de papai e mamãe, que essa eu ainda não tive a desonra de vê-la.
― Mia nipote, obrigado por você vir aqui visitar esse velho, você se parece tanto com sua nonna.
― Lamento nonno por não termos convivido antes. Depois do casamento, provavelmente não verei o senhor.
― Giordana, o que você está tramando?
― Nada nonno.
― Você vai fugir. – Não estava perguntando, mas respondi mesmo assim.
― Nunca nonno.
― Vou fingir que acredito, mia nipote.
― Nonno não fale disso com papà, se ele desconfiar não vai me dar paz.
― Não vou estragar seus planos querida. Me fale do seu curso de fotografias.
― Eu amo fotografar nonno, ainda vou ser uma fotógrafa de exposição. Se meu marido permitir.
― Faça o que seu coração manda, eu sou seu nonno, vou estar de seu lado. Só lamento não te ver mais aqui. Você traz sua avó de volta a cada visita. Vocês iriam se gostar muito.
Abracei meu avô, dei um beijo em sua careca e fui embora. Provavelmente não conseguiria voltar nos próximos dias e pela idade dele, talvez eu nunca mais o visse, chorei abraçada a ele quando estava me despedindo.
― Você já tem como financiar sua fuga? – Perguntou vovô quando eu estava indo embora.
Eu balancei a cabeça, tentei corrigir em seguida:
― Não vou fugir nonno.
― Tudo bem querida, não vou contar nada, sou um velho caduco. Não é verdade?
Voltei e dei um abraço no nonno Lorenzo que me fez um cafuné na cabeça e fui embora com um pedido do vovô:
― Sii felice mia nipote! (Seja feliz minha neta!).
Como previsto durante o baile, mais uma vez o filho dos Morettis não compareceu à festa. O casal Moretti é um casal bonito e parecem se amar bastante. Eles trocam carinho, coisa que nunca vi entre meus pais. Mas sempre que um dos dois vinham em minha direção eu desaparecia. Não quero ter contato com nenhum deles. Muito menos ouvir desculpas sobre o filho.
Depois das festas, voltei ao colégio interno e Camila e eu começamos armar minha fuga. Se eu fugisse do colégio os seguranças iriam me achar. O ideal era fugir no dia do noivado.
Com a mesada do papai consegui comprar três passagens Brasil, África e Estados Unidos.
Conseguimos duas amigas de Camila que toparam me ajudar e queriam passar um tempo nesses locais, elas têm o mesmo biotipo que eu, uma peruca, minhas roupas e se passavam por mim. As passagens de nós três eram com nome e documentos falsos. A ideia era as três embarcar no mesmo horário no aeroporto, cada uma para um destino, todas vestidas com minhas roupas. E torcer para despistar os seguranças e vigias.
Me candidatei para algumas universidades nos Estados Unidos e fui aceita. Fiz um diário simulando um sonho de estudar direito para me livrar do contrato de ser forçada a me casar, escrevi algumas coisas que aconteceram de verdade, disse verdades que não tenho coragem de dizer na cara do meu pai, desabafos de como me senti esses anos todos, tudo para dar veracidade ao diário. Quem sabe ele não me deixasse livre!
Chorei em cima escrevendo algumas coisas. Eu acho que ficou bem real. Camila até usou luvas para não deixar impressões digitais, coloquei numa caixinha de madeira com cadeado gravado meu nome do lado de fora. Eu deixaria no banheiro feminino do aeroporto.
Era protocolo da escola tirar passaportes no final do curso e pela escola peguei o visto de estudante para os Estados Unidos, afinal eu tinha passado no vestibular, com a ajuda do primo de Camila fizemos minha inscrição e se tudo desse certo papai perderia muito tempo me procurando por lá.
Minha maior preocupação era como eu ia me bancar, Camila tinha razão que eu não ia conseguir sacar muito dinheiro e com a mesada não ia dar para sobreviver por muito tempo. Teria que descobrir uma forma de sobreviver.
Era a última tarde de quarta-feira da última semana do mês de maio, dia que os alunos ficavam no jardim aguardando correspondências, seja carta, ou presente era sempre entregue na última quarta-feira do mês. Dava para observar a ansiedade nos olhos de cada um, seja da primeira ou da última turma, a ansiedade era a mesma.
Era o dia do choro, lendo cartas, vendo fotos, tendo a boneca que tanto queria... Quando criança eu não ganhava nada, agora todo mês eu ganhava uma joia diferente de papai. Mas dessa vez havia dois pacotes um devia ser brincos ou anel pelo tamanho da caixa. O outro eu não tenho a menor ideia do que seja. E acho que, pela primeira vez, poderia ver nos meus olhos a ansiedade que sempre vi nos alunos durante todos esses anos.
Abri o pacote e me deparei com uma câmera profissional algumas lentes, era um conjunto completo, profissional. Fiquei me perguntando quem havia mandado. Papai não sabia da minha paixão, só sabia que eu tinha feito o curso, como tantos outros. Será que o vovô tem algo a ver com isso?
Camila aparece com a cara inchada do meu lado para entender o que estava acontecendo.
― O que é isso?
― Uma máquina fotográfica profissional.
― Quem te deu?
― Não sei!
― Isso é caro.
― Pode ser do meu avô, mas não tenho como saber.
Camila passou examinar tudo pegou uma lente e colocou no bolso.
― Vem vamos guardar isso tudo o que interessa está aqui. – Ela chacoalhou a lente perto do meu ouvido e ouvi algo solto, dentro dela.
Entendi que era uma lente falsa e deve ter algo escondido dentro dela. Peguei minhas coisas e fui guardar no quarto, que era o lugar mais calmo no momento.
Sentamos na minha cama e conseguimos abrir a lente, tinha uma chave e um papel dentro.
― Quem te mandou isso não queria ser descoberto, o peso se assemelha a lente original, ainda bem que ninguém passou isso por um raio-x.
― Eu sou inofensiva.
― É mesmo se eu não fosse sua amiga, você nunca descobriria a lente falsa.
― Só quando eu fosse usar.
Rimos, porque sou desse tipo inocente, Guto e Camila sempre falam que preciso ter malícia para sobreviver sozinha no Brasil, acredito que todo mundo é bom até eu quebrar a cara. Mas vou conseguir. Peguei o papel e abri para ler.
"Boa tarde Giordana Collucci, ou devo te chamar de Isis Souza?
Fique tranquila, eu sei guardar segredos, mas me sentiria pior ainda se soubesse que você vai fugir e te deixasse quebrando a cara por aí.
Me sinto responsável pelo seu destino ter sido traçado por um negócio, se eu não tivesse me entregado a depressão pela perda da sua avó, eu teria visto tudo acontecer e não deixaria envolver sua vida nisso.
Minha querida essa chave é de um armário no aeroporto, lá tem dinheiro para você viver alguns meses e tem uma bolsa com o cartão de uma conta corrente com 50 mil reais, num banco do Brasil.
Não é dinheiro para sobreviver sem fazer nada, mas te dá condições de se bancar por um tempo.
Use com inteligência!
Meu amor, seja mais esperta que seu pai, não se deixe ser fotografada. O dia que seu rosto aparecer em algum jornal, site ou revista seu pai te encontrar.
Te desejo uma vida feliz! Viva intensamente, o quanto puder.
Com amor
Seu avô, Lorenzo."
― Acho que você tem como se bancar por um período agora! Parte dos problemas resolvido minha amiga.
― Sim, mas devemos seguir com o plano das joias e saques, senão papai vai tentar ligar a fuga com alguém e facilmente serei descoberta.
As aulas acabaram, eu estou em casa e amanhã é o grande dia! Dia do meu noivado, será um jantar com alguns amigos e as duas famílias. Eu vou conhecer meu futuro marido e se meu plano não der certo serei eternamente infeliz.
Pedi a papai para eu ter um dia de princesa num salão de minha escolha e ele aceitou, marquei horário para uma das nossas cúmplices e iríamos trocar de lugar. Deus me ajude que isso dê certo!
GiordanaA noite passada foi difícil do sono chegar, fui dormir era quase uma hora da manhã eacordei de hora em hora, estava muito ansiosa e angustiada.As seis horas da manhã acabei pegando no sono e dormindo até as nove, quando a governanta da casa veio me acordar, pois meu pai me aguardava para conversar antes de eu ir para o salão de beleza.Me levantei com borboletas no estômago, sabe quando a gente não consegue aquietar o coração? Parece que meu coração e meu estômago sairão pela boca. Ansiedade me define, seguida de medo, muito medo. Pavor de tudo dar errado.Ao mesmo tempo, tenho uma sensação boa que tudo vai dar certo! Se meu pai me pega antes ou depois de eu fugir, não sei do que ele será capaz. Não correr esse risco é me entregar ao fracasso! Vou seguir em frente com o plano, respiran
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Dois anos atrás na Itália...Não consigo acreditar que com toda minha experiência fui enganado por uma menina de dezoito anos. Giordana deve ter dedicado muito tempo a esse plano.Fiquei emputecido com toda a merda que passei naquele dia e ainda passo, é questão de tempo até colocar as mãos nela. Em contrapartida, não posso dizer que não senti orgulho por ela lutado pelo que quer. Provou que tem meu sangue correndo nas veias.Giordana sempre me pareceu aquelas meninas que não tem boca para nada, engano meu! Estou sentindo na pele a esperteza dela!Fato é que preciso encontrá-la e ela vai pagar toda humilhação que me fez passar.No dia do noivado dei meu voto de confiança a ela, coisa que geralmente não faço. Minha teoria de não confiar nas pessoas foi confirmada, mais uma vez.Horas ant
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