Entramos no elevador, e Jean, vendo minha expressão preocupada, sorriu como se quisesse me tranquilizar:— Não se preocupe, eu sei como conquistar a simpatia dos mais velhos. Você não precisa ficar nervosa.— Quem disse que estou nervosa? — Respondi, fingindo indiferença. — Eu até preferia que minha família não gostasse de você.Assim, pensei comigo mesma, seria mais fácil terminar sem me preocupar com o que eles achariam. Esse pensamento era um pouco ingrato, eu admitia, mas as barreiras e conflitos entre nós eram tão grandes que não podia ignorar a possibilidade de um rompimento.Quando o elevador chegou e as portas se abriram, fiz questão de andar devagar, tentando ganhar tempo. Jean, no entanto, parecia determinado e me puxou pela cintura, me conduzindo para fora.Chegamos à porta da casa. Usei meu dedo para destravar a fechadura digital e entramos. Na sala, minha avó e tia Julia estavam sentadas no sofá.Ao ouvir o som da porta se abrindo, tia Julia olhou para a entrada e sorriu:
— Entendi. Agora está claro. — Minha avó assentiu, concordando com o que eu havia dito.Jean, por sua vez, olhou para mim e sugeriu em voz baixa:— É melhor colocar duas pessoas para ficarem de guarda lá embaixo, só por precaução. Pelo menos até o caso da família Castro ser resolvido.— O quê? — Respondi, surpresa. — Não acha isso muito exagerado?— Não é exagero. Eu cuido disso.— Não acho que seja uma boa ideia. Imagina essas pessoas ficando lá embaixo, sem nada para fazer, dia após dia. É chato e desconfortável. — Argumentei.Jean balançou a cabeça, decidido:— É a função deles. Não é problema.Minha avó e tia Julia também tentaram recusar, dizendo que não era necessário e que não queriam incomodar. Mas Jean insistiu:— Se a situação aqui em casa não for segura, Kiara não vai conseguir trabalhar tranquila. Ela tem muitas responsabilidades e não pode estar aqui toda vez que surgir um problema. Colocar alguém de guarda é a melhor solução.Ele olhou para minha avó e tia Julia, sua voz
Levantei os olhos para Jean e esbocei um sorriso meio displicente:— Pois é, todo mundo é muito caloroso com você. Você é o Mestre Jean, quem ousaria te contrariar?— Essa sua fala está cheia de ironia. — Ele comentou, franzindo levemente as sobrancelhas.Suspirei internamente, cansada. O futuro era tão incerto que eu não tinha coragem de fazer qualquer promessa.Acompanhei Jean até o térreo e, quando chegamos ao carro, me peguei agradecendo de novo, mesmo sabendo que ele não gostava disso:— De qualquer forma, obrigada por ter vindo tão rápido e por organizar os seguranças. Isso significa muito para mim.Jean já havia entrado no carro quando ouviu minhas palavras. Ele virou a cabeça e me encarou com uma expressão séria:— Por que você está sendo tão educada comigo? Isso me dá calafrios.Ri levemente, balançando a cabeça:— Não pense demais. É só um agradecimento sincero.— Certo. — Ele respondeu, mas logo me chamou com um gesto de mão.— O que foi? — Perguntei, desconfiada.Em vez de
Caminhei em direção a Jean, franzindo levemente as sobrancelhas:— Não foi você que disse que ia para casa? Por que está aqui de novo?Esse jeito grudado dele realmente não combinava com a posição e o status que ele tinha.Jean riu, deu alguns passos para frente e, com um gesto rápido, apertou minha bochecha de forma carinhosa, imitando meu tom de voz:— Não foi você que disse que ia para a Mansão ao Lago? Por que está aqui de volta?Fiquei sem palavras.— Sua teimosa. Sempre me obriga a vir te buscar. — Ele aumentou a pressão com os dedos, apertando meu rosto mais forte de repente.— Ai, isso dói! — Reclamei, afastando a mão dele com um tapa.Já que eu estava em casa, era óbvio que não iria mais com ele para a mansão. O inverno estava rigoroso, e tudo o que eu queria era tomar um banho quente. Assim, desvencilhei-me dele e subi os degraus em direção à porta do meu apartamento.Jean, por sua vez, virou-se e caminhou até o carro. Olhei para ele por cima do ombro e, por um momento, meu c
Jean atendeu o telefone. Apesar do espaço pequeno, mesmo dentro do quarto, eu podia ouvir sua voz claramente. Parecia ser alguém do Condomínio Florensa perguntando sobre quando ele voltaria para casa.Encostei-me na porta do quarto e suspirei baixinho. No final, ele ainda teria que ir embora, não é?Peguei minhas roupas e me preparei para entrar no banheiro, mas meu celular começou a tocar. Olhei para a tela: era a Bela.— Alô, o que foi? Já está tarde. — Perguntei, segurando o telefone com uma mão enquanto ajustava a temperatura da água com a outra.Bela respondeu com um tom misterioso:— Kiara, o Sr. Jean não te contou? A família Castro está realmente acabada dessa vez. Não é só falência, é dívida atrás de dívida. Eles vão ser completamente expulsos do círculo das famílias nobres de Saurimo.Desliguei o chuveiro e prestei atenção. O silêncio ao meu redor foi imediato.— O que você ouviu? — Perguntei.— Meu pai e meu irmão estavam conversando. Aparentemente, não é só que os projetos d
Ao ver a bolsa de viagem no sofá, imediatamente lembrei Jean:— Não esqueça suas roupas.— Deixa aqui. Vou acabar voltando para dormir em breve. — Ele respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Meu apartamento não é lá essas coisas. Não precisa passar por esse tipo de sofrimento. — Retruquei, imitando o tom que ele usava para me provocar.— Qualquer lugar com você, mesmo o mais simples, é o paraíso. — Ele disse, jogando mais uma de suas “cantadas baratas” enquanto trocava os sapatos na porta.Segurei o riso, sem saber se achava aquilo fofo ou exagerado. Quando ele abriu a porta e estava prestes a sair, fui até ele e o abracei.— Dirija com cuidado, tá?— Claro. — Ele respondeu, levantando meu queixo delicadamente e me dando um beijo carinhoso. — Durma cedo.— Tá bom. Tchau.Trocamos mais um beijo antes que ele finalmente se afastasse. Fechei a porta, e ao meu lado, Higger inclinou a cabeça, olhando para mim com curiosidade, como se perguntasse: “Por que ele foi embora de
Enviei:[Pablo, por favor, me diga: o Jean realmente está viajando a trabalho ou aconteceu algo na família dele? Ele está evitando me ver?]A resposta veio rapidamente:[Ele me disse que está viajando a trabalho.]Se era isso que Jean havia dito, então provavelmente nem mesmo Pablo sabia de mais detalhes. Agradeci novamente e deixei o assunto de lado por ora.Levantei-me, lavei o rosto, arrumei a casa e preparei o café da manhã. Deixei o celular de lado enquanto fazia tudo isso, mas, assim que me sentei para comer, peguei o aparelho novamente.Vi que havia uma mensagem de texto não lida. Era de um número desconhecido.[Kiara, você e Jean nunca vão ter um final feliz. Eu coloco minha vida nisso.]Aquela mensagem sombria fez meu coração disparar. Era como se alguém tivesse apertado meu peito.Quem enviou isso? Pelo tom, parecia Davi. Afinal, quem mais me odiaria tanto a ponto de desejar que algo desse errado?Não respondi a mensagem, mas minha mente imediatamente começou a imaginar cenár
Bela lançou-me um olhar sugestivo e levantou as sobrancelhas:— Pelo jeito que Amélia fala, parece que você e o Sr. Jean estão prestes a oficializar, hein?— Como isso seria possível? — Neguei prontamente, sabendo muito bem que ainda não havia sequer um indício de que isso pudesse acontecer.Para evitar que o assunto continuasse, passei o cardápio para Amélia e sugeri:— Escolha o que quiser, Amélia. Hoje é por minha conta.Bela tinha outras obrigações e precisou sair, mas prometeu voltar mais tarde para nos acompanhar. Assim que Bela saiu, Amélia me olhou com atenção e perguntou:— Você está chateada porque meu irmão saiu para viajar sem te avisar com antecedência?— Claro que não. — Respondi com um sorriso sincero.— Ele estava tão ocupado ontem à noite que só foi dormir de madrugada. Deve ser algo realmente importante. Eu me preocupo com ele, não fico brava com essas coisas.Era a pura verdade. Senti pena de Jean, não raiva. Olhei para Amélia, hesitei por um momento, e então pergunt