Olhei para Eduarda, sem saber se ria ou se ficava irritada. Era o típico "choro de crocodilo". Onde estava aquela atitude arrogante e mandona de minutos atrás, enquanto discutia com minha avó? Agora, com medo de ser levada pela polícia, ela tentava se fazer de vítima.Claro, também era possível que ela estivesse chorando de propósito para Jean, já que sabia que ele era o responsável por fazer a família Castro cair. Talvez pensasse que, se conseguisse despertar compaixão nele, poderia amenizar a situação ou até escapar das consequências.Mas Eduarda claramente não conhecia Jean o suficiente. Ele era ainda mais firme em seus princípios do que eu.— Vocês chegaram a esse ponto porque plantaram suas próprias sementes. Fizeram de tudo por interesse, sem se importar nem mesmo com vidas humanas. A queda da família Castro é uma sorte para o mundo. Se vocês continuassem no poder, seria ainda mais absurdo e caótico. — Jean respondeu, inabalável, sua voz firme e cheia de autoridade.Eduarda ficou
Entramos no elevador, e Jean, vendo minha expressão preocupada, sorriu como se quisesse me tranquilizar:— Não se preocupe, eu sei como conquistar a simpatia dos mais velhos. Você não precisa ficar nervosa.— Quem disse que estou nervosa? — Respondi, fingindo indiferença. — Eu até preferia que minha família não gostasse de você.Assim, pensei comigo mesma, seria mais fácil terminar sem me preocupar com o que eles achariam. Esse pensamento era um pouco ingrato, eu admitia, mas as barreiras e conflitos entre nós eram tão grandes que não podia ignorar a possibilidade de um rompimento.Quando o elevador chegou e as portas se abriram, fiz questão de andar devagar, tentando ganhar tempo. Jean, no entanto, parecia determinado e me puxou pela cintura, me conduzindo para fora.Chegamos à porta da casa. Usei meu dedo para destravar a fechadura digital e entramos. Na sala, minha avó e tia Julia estavam sentadas no sofá.Ao ouvir o som da porta se abrindo, tia Julia olhou para a entrada e sorriu:
— Entendi. Agora está claro. — Minha avó assentiu, concordando com o que eu havia dito.Jean, por sua vez, olhou para mim e sugeriu em voz baixa:— É melhor colocar duas pessoas para ficarem de guarda lá embaixo, só por precaução. Pelo menos até o caso da família Castro ser resolvido.— O quê? — Respondi, surpresa. — Não acha isso muito exagerado?— Não é exagero. Eu cuido disso.— Não acho que seja uma boa ideia. Imagina essas pessoas ficando lá embaixo, sem nada para fazer, dia após dia. É chato e desconfortável. — Argumentei.Jean balançou a cabeça, decidido:— É a função deles. Não é problema.Minha avó e tia Julia também tentaram recusar, dizendo que não era necessário e que não queriam incomodar. Mas Jean insistiu:— Se a situação aqui em casa não for segura, Kiara não vai conseguir trabalhar tranquila. Ela tem muitas responsabilidades e não pode estar aqui toda vez que surgir um problema. Colocar alguém de guarda é a melhor solução.Ele olhou para minha avó e tia Julia, sua voz
Levantei os olhos para Jean e esbocei um sorriso meio displicente:— Pois é, todo mundo é muito caloroso com você. Você é o Mestre Jean, quem ousaria te contrariar?— Essa sua fala está cheia de ironia. — Ele comentou, franzindo levemente as sobrancelhas.Suspirei internamente, cansada. O futuro era tão incerto que eu não tinha coragem de fazer qualquer promessa.Acompanhei Jean até o térreo e, quando chegamos ao carro, me peguei agradecendo de novo, mesmo sabendo que ele não gostava disso:— De qualquer forma, obrigada por ter vindo tão rápido e por organizar os seguranças. Isso significa muito para mim.Jean já havia entrado no carro quando ouviu minhas palavras. Ele virou a cabeça e me encarou com uma expressão séria:— Por que você está sendo tão educada comigo? Isso me dá calafrios.Ri levemente, balançando a cabeça:— Não pense demais. É só um agradecimento sincero.— Certo. — Ele respondeu, mas logo me chamou com um gesto de mão.— O que foi? — Perguntei, desconfiada.Em vez de
Caminhei em direção a Jean, franzindo levemente as sobrancelhas:— Não foi você que disse que ia para casa? Por que está aqui de novo?Esse jeito grudado dele realmente não combinava com a posição e o status que ele tinha.Jean riu, deu alguns passos para frente e, com um gesto rápido, apertou minha bochecha de forma carinhosa, imitando meu tom de voz:— Não foi você que disse que ia para a Mansão ao Lago? Por que está aqui de volta?Fiquei sem palavras.— Sua teimosa. Sempre me obriga a vir te buscar. — Ele aumentou a pressão com os dedos, apertando meu rosto mais forte de repente.— Ai, isso dói! — Reclamei, afastando a mão dele com um tapa.Já que eu estava em casa, era óbvio que não iria mais com ele para a mansão. O inverno estava rigoroso, e tudo o que eu queria era tomar um banho quente. Assim, desvencilhei-me dele e subi os degraus em direção à porta do meu apartamento.Jean, por sua vez, virou-se e caminhou até o carro. Olhei para ele por cima do ombro e, por um momento, meu c
Jean atendeu o telefone. Apesar do espaço pequeno, mesmo dentro do quarto, eu podia ouvir sua voz claramente. Parecia ser alguém do Condomínio Florensa perguntando sobre quando ele voltaria para casa.Encostei-me na porta do quarto e suspirei baixinho. No final, ele ainda teria que ir embora, não é?Peguei minhas roupas e me preparei para entrar no banheiro, mas meu celular começou a tocar. Olhei para a tela: era a Bela.— Alô, o que foi? Já está tarde. — Perguntei, segurando o telefone com uma mão enquanto ajustava a temperatura da água com a outra.Bela respondeu com um tom misterioso:— Kiara, o Sr. Jean não te contou? A família Castro está realmente acabada dessa vez. Não é só falência, é dívida atrás de dívida. Eles vão ser completamente expulsos do círculo das famílias nobres de Saurimo.Desliguei o chuveiro e prestei atenção. O silêncio ao meu redor foi imediato.— O que você ouviu? — Perguntei.— Meu pai e meu irmão estavam conversando. Aparentemente, não é só que os projetos d
Ao ver a bolsa de viagem no sofá, imediatamente lembrei Jean:— Não esqueça suas roupas.— Deixa aqui. Vou acabar voltando para dormir em breve. — Ele respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Meu apartamento não é lá essas coisas. Não precisa passar por esse tipo de sofrimento. — Retruquei, imitando o tom que ele usava para me provocar.— Qualquer lugar com você, mesmo o mais simples, é o paraíso. — Ele disse, jogando mais uma de suas “cantadas baratas” enquanto trocava os sapatos na porta.Segurei o riso, sem saber se achava aquilo fofo ou exagerado. Quando ele abriu a porta e estava prestes a sair, fui até ele e o abracei.— Dirija com cuidado, tá?— Claro. — Ele respondeu, levantando meu queixo delicadamente e me dando um beijo carinhoso. — Durma cedo.— Tá bom. Tchau.Trocamos mais um beijo antes que ele finalmente se afastasse. Fechei a porta, e ao meu lado, Higger inclinou a cabeça, olhando para mim com curiosidade, como se perguntasse: “Por que ele foi embora de
Enviei:[Pablo, por favor, me diga: o Jean realmente está viajando a trabalho ou aconteceu algo na família dele? Ele está evitando me ver?]A resposta veio rapidamente:[Ele me disse que está viajando a trabalho.]Se era isso que Jean havia dito, então provavelmente nem mesmo Pablo sabia de mais detalhes. Agradeci novamente e deixei o assunto de lado por ora.Levantei-me, lavei o rosto, arrumei a casa e preparei o café da manhã. Deixei o celular de lado enquanto fazia tudo isso, mas, assim que me sentei para comer, peguei o aparelho novamente.Vi que havia uma mensagem de texto não lida. Era de um número desconhecido.[Kiara, você e Jean nunca vão ter um final feliz. Eu coloco minha vida nisso.]Aquela mensagem sombria fez meu coração disparar. Era como se alguém tivesse apertado meu peito.Quem enviou isso? Pelo tom, parecia Davi. Afinal, quem mais me odiaria tanto a ponto de desejar que algo desse errado?Não respondi a mensagem, mas minha mente imediatamente começou a imaginar cenár