— Mas, depois que começamos a namorar, você continuou sendo tão passiva, até mesmo resistente. Eu sugeri que você se mudasse para a minha casa, mas você recusou. Quis te dar um carro, e, no começo, você não aceitou, só ficou com ele porque fui insistente. E, além disso, todas as suas questões, seja com sua família ou com a família Castro, você nunca me deixa participar. Você decide o que vai fazer e nem pensa em me avisar. — Jean fez uma pausa, me olhando fixamente. — O que você acha que eu devo pensar sobre isso?Até poucos segundos atrás, eu estava relativamente tranquila, mas, ao ouvir cada uma dessas reclamações sendo listadas, comecei a me sentir culpada.— Jean, é que eu fico com receio…Ele levantou a mão, me interrompendo:— Não precisa se apressar para se explicar. Eu sei o que você vai dizer. Que não quer me incomodar, que não quer me envolver nos seus problemas. Mas, Kiara, antes mesmo de começarmos a namorar, eu já sabia como era a sua vida. Se eu tivesse medo disso, por qu
Ele me encarou, com uma expressão que misturava descrença e cansaço:— Eu falei tudo isso e você ainda não entendeu o que eu quis dizer?Uma luz se acendeu na minha cabeça, e, de repente, compreendi. O que ele queria dizer era que, no futuro, ele não queria que eu continuasse separando tudo tão rigidamente entre "meus problemas" e "nossos problemas". Ele queria fazer parte da minha vida, me ajudar a lidar com as dificuldades.Ao perceber meu momento de hesitação, Jean abaixou o olhar, um pouco frustrado.— Pelo visto... eu ainda não consigo te satisfazer.— Não, não é isso! — Neguei imediatamente, sentindo-me ainda mais culpada.Com tudo o que Jean fazia por mim, eu realmente deveria ser mais aberta e honesta com ele, sem esconder nada. Mas a verdade era que minha vida estava cheia de problemas complicados e bagunçados demais.— De agora em diante, qualquer coisa que acontecer, eu vou te contar. Mas tem coisas que realmente não são apropriadas para você interferir. Se eu não conseguir
Quem mandou eu estar errada, não é? Depois de alguns segundos de tensão, decidi provocá-lo:— Mestre Jean?Quando terminei de dizer essas palavras, ele me lançou um olhar frio e de lado.— Não adianta falar assim.— Então o que vai adiantar? — Perguntei, com uma sinceridade quase infantil.Mas ele fechou os lábios novamente, e, mesmo calado, seu jeito de manter aquela boca ligeiramente curvada parecia irresistivelmente sedutor.Eu balancei a mão que ele havia deixado apoiada na mesa, tentando chamar sua atenção. Ele, irritado, virou o rosto para o outro lado e tirou a mão de cima da mesa.Dei uma risadinha, exasperada:— Você realmente está agindo como uma criança agora?Olhando para o jeito emburrado dele, tive uma ideia. Peguei o celular e abri a câmera, apontando diretamente para ele.— O que você está fazendo? — Ele perguntou, desconfiado.— Gravando o Mestre Jean bravo. É tão raro que eu preciso guardar como recordação. — Respondi, rindo, enquanto realmente começava a gravar.Eu s
Assim que falei, percebi que minha voz estava um pouco rouca, o que me deixou ainda mais constrangida. Ele, claro, riu, completamente diferente de como estava irritado há poucos minutos.— Não me olha com esse olhar, parecendo uma gatinha inocente e fofa. Senão daqui a pouco eu não vou conseguir me segurar de novo. — Ele disse, me encarando, e suas palavras me fizeram sentir como se estivesse em chamas.Eu imediatamente lhe lancei um olhar mortal, mas isso só fez com que ele risse ainda mais. Ainda sentada em seu colo, perguntei, sem muita paciência:— Agora já não está bravo?— Ainda um pouco. Mas, se você me der mais um beijo, prometo que fico completamente calmo.Fiz um sorriso frio de propósito:— Então é melhor continuar bravo.Tentei me levantar, mas ele segurou firme minha cintura com as duas mãos, me impedindo de sair. A temperatura no ambiente estava agradável, e nós dois já havíamos tirado os casacos assim que entramos.Eu estava usando uma blusa de lã ajustada ao corpo, que
— Justamente porque você não os conhece, quero te levar para conhecer. Uma hora ou outra, você terá que se acostumar. — Ele olhou para mim por cima do ombro, com um leve sorriso.Eu franzi a testa, resmungando:— Você podia ter me avisado antes. Assim eu dava uma arrumada no visual. Estou toda desleixada e, desse jeito, só vou te fazer passar vergonha.— De jeito nenhum. Você está ótima assim. — Ele olhou novamente para mim, com um sorriso afetuoso. — Mas, a partir de agora, nada de se arrumar demais. Isso me dá crise de ciúmes.— O quê? — Olhei para ele incrédula. — Mestre Jean, você parece ser tão educado, gentil e respeitoso com as mulheres. Agora vem me dizer que tem esse tipo de pensamento possessivo?— Que tipo de pensamento? Não sei do que você está falando. Só sei que não gosto de outros homens babando pela minha namorada.Dei um sorriso de leve, balançando a cabeça, e virei o rosto para a janela do carro, soltando um suspiro:— Você realmente está destruindo a imagem que eu ti
Todos ali pareciam tratar Jean com extrema reverência. Cada um deles tentava se destacar, buscando uma oportunidade para conversar com ele. Era evidente que Jean não se livraria deles tão cedo.— Kiara, vem comigo. Não fica tímida. Todo ano, depois do Ano Novo, a gente sempre faz essa reunião. Durante o feriado, cada um vai para um lugar diferente uns viajam pelo mundo, outros visitam parentes, então nunca conseguimos reunir todo mundo. Por isso esse encontro já virou uma tradição.Com as palavras de Amélia, eu me lembrei de algo que Bela havia comentado uma vez. No mundo da elite, esses eventos são comuns. No entanto, a família Mendes nunca teve status suficiente para participar dessas festas com frequência. Além disso, eu era apenas o “patinho feio” da família, uma filha rejeitada. Nunca fui convidada para algo assim.Mas Bela era o oposto. Ela sempre foi a típica herdeira mimada, uma verdadeira dama da alta sociedade. Não pude evitar pensar se ela estaria nessa festa.Olhei ao redor
Meu coração ficou pesado. Pensei comigo mesma que aquele dia realmente parecia um desastre completo. De manhã, tive que lidar com a família Mendes. Agora, à noite, era a vez da família Castro. Essas duas famílias estavam se tornando uma praga na minha vida, como moscas que simplesmente não iam embora.Se eu soubesse que seria assim, nunca teria aceitado o convite de Jean para vir a essa festa.— Tânia, sua vida foi destruída por você mesma. Não tente jogar a culpa nos outros. — Falei com firmeza, tentando trazê-la à razão.Olhei ao redor, observando os rostos curiosos de tantas pessoas importantes, e acrescentei:— Hoje, todos aqui são figuras de destaque. Se não se preocupa com a sua própria reputação, pelo menos pense na imagem da família Castro. Reflita antes de agir.— Que preocupação falsa! Não é exatamente isso que você quer? Que a família Castro seja humilhada? — Tânia gritou, distorcendo completamente minha tentativa de alerta.Eu suspirei, sem paciência para discutir. Mas, ao
Meu rosto ficou sério, e uma lembrança perturbadora surgiu imediatamente na minha mente:"Homem ataca garota que recusou seu amor, jogando ácido sulfúrico e desfigurando seu rosto!"— Cuidado! — Gritei instintivamente, enquanto empurrava Amélia, que estava ao meu lado, para longe. Ao mesmo tempo, levantei o braço para proteger meu rosto por reflexo.No exato momento, uma figura alta e imponente surgiu como um raio, me envolvendo em um abraço firme e me protegendo completamente.— Ah!— Meu Deus! O que é isso? Está queimando!— É ácido sulfúrico! Quem foi atingido, corra e lave com muita água, agora!— Depressa, vamos!O salão, que antes estava cheio de música e risadas, mergulhou em caos. Gritos desesperados ecoaram por toda parte, enquanto as pessoas corriam para longe, assustadas. O pânico tomou conta de todos.Meus ouvidos zumbiam, e eu só conseguia pensar: Tânia enlouqueceu. Ela perdeu completamente a razão!— Você está bem? — Jean me olhou fixamente, sua voz cheia de urgência.Eu