Mesmo através do tecido, dava para sentir a força dos músculos das pernas dele. Seu corpo era incrivelmente bem definido. Fiz uma estimativa mental: relação cintura-quadril de cerca de 0,8. Ombros largos, quadris estreitos, pernas longas, altura impressionante. Um físico que poderia facilmente competir com o de um modelo profissional.— Tatiana, você anotou tudo? — Virei-me para minha assistente, tentando aliviar o clima constrangedor.— Sim, está tudo registrado. — Respondeu Tatiana.Assenti, organizando minhas ferramentas. Em seguida, comecei a perguntar a cada cliente sobre suas preferências para as roupas. Algumas queriam cortes mais ajustados, outras preferiam modelos mais soltos. As senhoras mais velhas optavam por vestidos longos, enquanto as mais jovens preferiam saias curtas.Registrei tudo no tablet, anotando com detalhes para que os designs finais atendessem às expectativas de cada uma. Quando finalizei, já estava quase na hora do almoço.A Sra. Auth nos convidou para almoça
Jean parou, virou-se para mim e, com humor, fez uma observação.Eu, ainda um pouco tensa, levantei os olhos para ele e respondi:— O senhor é um cliente, e cliente é rei...— Mas eu prefiro continuar sendo só uma pessoa.A resposta espirituosa dele me fez rir, deixando-me bem mais à vontade.— Tudo bem, vou lembrar disso.— Obrigado por hoje, Srta. Kiara. Até logo. — A voz de Jean era impecavelmente educada, cada palavra carregava uma gentileza que parecia envolver o ambiente.Antes de partir, ele ainda fez questão de orientar o motorista:— Dirija com cuidado. Quero que a Srta. Kiara e sua assistente cheguem em segurança.— Sim, senhor.Jean fez um leve aceno de cabeça, despedindo-se de mim com um sorriso discreto, antes de subir em um Audi A8, cuja porta já estava aberta.Fiquei ligeiramente surpresa. Um homem como ele, com tanto poder e prestígio, andando em um simples Audi A8? Não era à toa que a fama da família Auth era de discrição e elegância, envolta em um manto de mistério.No
— O quê? — Fiquei atônita por um instante, mas logo soltei uma risada fria. — Clara, finalmente está mostrando sua verdadeira cara.Por todos esses anos, ela sempre se fez de inocente, frágil, coitadinha. Até mesmo quando eu era xingada, castigada ou severamente punida, ela intercedia por mim, bancando a boazinha, aquela que tinha o “coração mole”. Mas agora, finalmente, a máscara caiu.— Que verdadeira cara? Eu sempre fui assim. É você que não me suporta. — Clara rebateu, cheia de arrogância.— Deixa pra lá, não vou perder meu tempo discutindo com você. Só lembra de avisar o Davi: duas da tarde, ele não pode faltar. Foi difícil conseguir esse horário, e se ele não for, vai atrasar tudo mais umas duas semanas.Deixei isso claro e me preparei para desligar. Mas Clara me chamou de volta:— Kiara, esses dias o Davi foi te procurar?A voz dela de repente ficou dura, carregada de tensão, como se estivesse prestes a explodir.Eu hesitei por um momento, percebendo que eles deviam estar brigad
Isabela claramente estava com o sangue fervendo, e eu, por azar, fui a escolhida para ser alvo da sua fúria no telefone.— Eu liguei para o Davi, foi ela quem atendeu sem minha permissão. O que isso tem a ver comigo? — Retruquei, sentindo minha paciência se esgotar. — E para de andar com tanta raiva no peito. Cuidado, isso pode acabar recaindo em dobro na sua filha.— Kiara! Você é uma desgraçada! — Isabela gritou, tão furiosa que a voz dela saiu cortada e estridente. — Quero só ver se você consegue viver a vida toda sem ficar doente!Eu não tinha energia para continuar discutindo com ela, então respondi num tom seco:— Não fiz de propósito. Como eu ia saber que o Davi tinha deixado o celular no quarto da Clara?— O Davi agora é seu cunhado! Vocês dois nunca ouviram falar em manter distância? Por que você não pediu para outra pessoa passar o recado? É isso mesmo, né? Você não consegue superar. Ainda quer ficar se jogando pra cima dele. Sorte da Clara que pegou vocês no flagra!O quê? E
De fato, minha situação era complicada. Sempre foi. Não importa o quanto a família Mendes fosse rica, nada disso tinha a ver comigo.Eu era apenas a filha mais velha desprezada da família Mendes.Embora a marca de roupas que criei estivesse indo bem, eram apenas alguns anos de trabalho. Todo o dinheiro que ganhei foi investido na reforma daquela maldita mansão.— Quando você voltar, a gente resolve. De qualquer forma, eu não vou tirar vantagem de você. Assim Clara não terá motivo para aparecer gritando comigo de novo.Não esperei por uma resposta e desliguei o telefone.Minha cabeça parecia prestes a explodir. Sentada no carro, olhei para a entrada do cartório. A frustração me corroía por dentro.Então o celular vibrou. Uma mensagem de Davi.[Kiara, pode ficar tranquila. Clara não vai saber de nada disso. Tudo o que você fez por mim... Considere isso como a minha forma de compensar você.]Ao ler aquelas palavras, senti meu nariz arder e os olhos ficarem marejados. Aquele desgraçado ain
Era o típico caso de “vilão contra vilão”.— Também acho. Mas você sabe como a Clara é. Depois que a raiva passa, ela começa a se fazer de vítima. Dá uns chorinhos estrategicamente calculados e, em minutos, consegue colocar o homem na palma da mão de novo. — Bela comentou, com a segurança de quem conhecia bem esse tipo de pessoa.— Que seja. Melhor ainda se eles ficarem juntos para sempre. — Falei, com toda sinceridade.Bela me lançou um olhar desconfiado, como se testasse minha firmeza:— Tem certeza? E se o Davi vier atrás de você, arrependido, pedindo uma segunda chance? Você consegue resistir?Endireitei a postura e respondi com firmeza:— É claro que sim! Depois de tudo o que ele fez, se eu ainda aceitasse voltar com ele, seria motivo de piada. As pessoas iam dizer que eu estou tão desesperada por um homem que não tenho nenhuma dignidade. E outra… você mesma disse, ele não está atrás de mim por amor. Ele só percebeu que, comparada à Clara, eu ainda tenho alguma utilidade. Principa
— Eu moro sozinha, posso morar em qualquer lugar. Aquela casa me dá nojo. — Fiz questão de falar de forma cruel, deixando claro o quanto desprezava a mansão.Mas, no fundo, tudo naquela casa tinha sido escolhido e decorado por mim com o maior cuidado. Eu adorava cada detalhe. No entanto, agora, nada era mais importante para mim do que o bracelete de jade que minha mãe deixou.— Tudo bem. Quanto você quer? — Davi perguntou, sem rodeios.— Oito milhões.A verdade é que o valor da reforma e dos móveis deveria considerar a depreciação, mas eu não estava interessada em ser justa. Ele me magoou primeiro, por que eu deveria pensar no bem dele?— Eu te dou quinze milhões. Amanhã à tarde podemos ir resolver a transferência. Mas você não precisa se preocupar em sair da casa imediatamente. Fique o tempo que quiser. — Ele respondeu, generoso, me surpreendendo.— Eu quero só os oito. Nem um centavo a mais. E vou sair o quanto antes.Não queria aceitar mais dinheiro dele. Isso me deixaria inquieta.
— Por hoje, chega. Vai lá cuidar dela, eu vou embora.Antes mesmo de terminar a frase, me levantei e saí pela outra entrada do salão de atendimento.Mas, mesmo tentando evitar confusão, Clara não parecia disposta a me deixar em paz:— Kiara! Para aí mesmo! Roubando o marido dos outros e ainda quer fugir? — O grito estridente de Clara ecoou pelo salão, chamando a atenção de todos. As pessoas, assustadas, levantaram a cabeça e começaram a olhar ao redor, curiosas.— Se tem coragem, vem me pegar! — Respondi com um sorriso irônico, acenando de longe, em clara provocação.— Kiara! — Clara ficou ainda mais furiosa e, feito uma louca, tentou avançar em minha direção.— Clara, para com isso! Eu marquei com a Kiara só pra resolver a transferência da casa. Você mesma não quer que eu termine logo com ela? O divórcio precisa da partilha de bens antes de tudo. — Davi a segurou pela cintura, tentando impedi-la de avançar. Ao mesmo tempo, falava com ela em tom de explicação.Ao ouvir isso, não conseg