Eu perguntei calmamente:— Quem?— Vira pra trás e olha! — Bela respondeu, animada, enquanto dava tapinhas no meu ombro.Segui o olhar dela e virei a cabeça. O que eu não esperava era dar de cara com Jean! Ele estava acompanhado por vários membros da direção da universidade. Assim que entrou no refeitório, imediatamente chamou a atenção de todos ao redor.Os alunos presentes, ao verem os diretores, se levantaram para cumprimentá-los de forma respeitosa. Os diretores, por sua vez, acenaram educadamente para os estudantes.Jean aproveitou esse momento para me procurar com o olhar. Assim que me viu, abriu um sorriso discreto e começou a caminhar em minha direção.Entrei em pânico e, rapidamente, fiz um gesto com a mão, indicando que ele não deveria vir para cá.Jean entendeu o recado e, embora seu sorriso tivesse ficado um pouco resignado, ele não insistiu. Nesse momento, um dos vice-reitores se aproximou e pareceu lhe dizer algo, apontando para o segundo andar. Jean olhou para mim mais u
Uma dádiva tão sublime como essa encheria de júbilo o coração de qualquer mulher. Uma mensagem no celular interrompeu meu fascínio silencioso, puxando-me de volta à realidade. Era Bela no WhatsApp:Bela:[Um homem impecável desse, você tem certeza de que não quer?]Eu segurava o celular, sentindo meus dedos tremerem levemente. Meu coração estava agitado, inundado por uma mistura de emoções intensas que eu não sabia como expressar. No fim, não resisti e digitei:Eu:[A roupa sob medida que ele está usando foi feita por mim.]A resposta fez Bela explodir. Ela me mandou uma sequência de emojis de gritos e espanto.Bela:[E você ainda tem coragem de dizer que vocês não têm nada? Isso é nada? Por favor! Vocês já estão juntos, né?]Levantei os olhos novamente para o palco, onde Jean ainda brilhava sob os holofotes. Não consegui segurar o sorriso no rosto, mesmo tentando disfarçar. O que, claro, não passou despercebido por Nina, que se inclinou para mais perto e perguntou baixinho:— O que vo
Na segunda rodada de homenagens aos ex-alunos de destaque, para minha surpresa, o nome de Davi foi anunciado. A contribuição dele? Uma doação de cem milhões de reais para a celebração do centenário da universidade.Sem dúvida, era uma quantia significativa, mas, depois da doação de Jean, o impacto parecia bem menor.Mesmo assim, não pude evitar um leve turbilhão de emoções ao ouvir o nome de Davi.Lembrei-me de quando eu estava em uma situação desesperadora, tentando recuperar o bracelete de jade, e pedi ajuda financeira a ele. Na época, ele disse que não tinha como me ajudar com tanto dinheiro.Porém, durante o leilão, ele gastou uma fortuna apenas para agradar Clara, sem hesitar. E agora, para a celebração da universidade, ele doava generosamente cem milhões.Ou seja, ele tinha dinheiro, mas nunca quis gastá-lo comigo. Nem mesmo emprestar.A frieza desse pensamento me fez rir por dentro, de um jeito amargo. Olhei para Davi subindo ao palco, com sua postura confiante e altiva, e senti
Eu lancei um olhar impaciente para os dois e falei sem rodeios:— Os lugares do jantar foram organizados por faculdade. Emilia, você não sabe ler?Emilia, com aquele tom irônico de sempre, virou a cabeça e respondeu:— O Davi me encontrou e perguntou onde você estava. Só fiz um favor em trazê-lo até aqui. Por que tá gritando comigo?Davi me encarou e disse, num tom baixo:— Só quis dar uma passada para te ver e cumprimentar os colegas. Afinal, fomos tão próximos naquela época.A fala dele tinha uma intenção clara. Todos sabiam do nosso romance nos tempos de faculdade. E, depois, quando ele ficou doente e eu fiquei ao lado dele sem hesitar, nossa história virou quase uma lenda no campus. Era óbvio que nossos colegas de turma lembravam muito bem disso.Antes que eu pudesse responder, Emilia se intrometeu novamente:— Vocês não eram praticamente um casal? Por que agora parecem dois estranhos? Kiara, você era tão apaixonada pelo Davi que, na época, parecia que dava a própria vida por ele.
Eu olhei para o rosto dele, ouvi a sua voz, e era como se eu fosse uma marionete sendo manipulada, obedecendo incondicionalmente. Levantei-me e segui com ele.De relance, ouvi as reações surpresas às minhas costas:— Não é aquele ex-aluno ilustre que acabou de discursar? O que doou quinze bilhões?— Meu Deus! Ele conhece a Kiara? Qual é a relação deles?— Ai, meu Deus, de perto ele é ainda mais bonito! Alto, charmoso... É o homem mais lindo que já vi na vida real!Eles continuaram falando alguma coisa, mas à medida que me afastava, as vozes iam sumindo. Minha atenção estava completamente voltada para Jean.Ele me guiou em direção à área próxima ao palco e, enquanto caminhávamos, explicou:— Estou sentado com os dirigentes da universidade. Eles estavam comentando que o curso de Design de Moda vai comemorar 30 anos no ano que vem. Estão planejando o primeiro festival "Ciência, Arte e Moda", com várias atividades culturais e acadêmicas. Aí pensei em você, mencionei seu nome e eles pediram
Jean não tinha bebido muito, ainda estava bem lúcido, mas seu rosto estava levemente avermelhado, e seus olhos brilhavam de um jeito diferente do habitual. — Você ainda vai conversar com seus colegas? — Perguntou Jean ao virar-se para mim, enquanto as pessoas ao redor começavam a se dispersar. Alguns já haviam ido embora, outros estavam por aí revendo velhos amigos. Eu olhei para ele, sentindo meu coração disparar, batendo forte e descompassado:— Minhas coisas ainda estão no mesmo lugar, preciso voltar para lá.— Certo, vai lá. Eu ainda tenho algumas coisas para resolver, mas mais tarde te aviso quando for embora.Reforcei a minha posição:— Se você estiver ocupado, não tem problema. Posso voltar sozinha, não precisa se preocupar em me acompanhar.— Não estou ocupado, só jogando conversa fora com antigos colegas. — Respondeu ele, enquanto seus olhos profundos e úmidos fixavam-se nos meus. Com um leve sorriso no canto dos lábios, completou. — Por que, está com medo que eu perca o con
Eu e Nina saímos do salão da festa, e o vento gelado nos atingiu de frente, fazendo nós duas estremecer de frio. Aquela neve que tinha caído dias atrás veio e foi embora rapidamente, e o sol até voltou a aparecer, mas de manhã e à noite o frio ainda era intenso. Nina, com pouca roupa, começou a tremer de frio e virou-se para perguntar:— Como você vai voltar?— Eu... — Comecei a responder, mas, de repente, alguém surgiu ao lado do ginásio e chamou:— Kiara.Nós duas olhamos na direção da voz ao mesmo tempo. Era Davi. Ele de novo! Parecia um fantasma que não nos deixava em paz.Davi se aproximou, e o cheiro de álcool logo ficou evidente. Só de vê-lo com bebida eu já sentia uma repulsa imediata. Mesmo que ele não tivesse mais nada a ver comigo, lembrar de tudo o que eu tinha sacrificado por ele me dava uma raiva difícil de conter.— Meu carro está no portão da escola. Posso levar vocês para casa. — Explicou ele, antes de se virar para Nina e perguntar: — Nina, você está hospedada em qu
Depois de soltar aquelas palavras, eu entrei no carro.Nina veio logo atrás e também subiu. Jean, para nos deixar mais à vontade, deu a volta e entrou pela porta do outro lado, ficando um pouco mais distante de Davi.Mesmo assim, Jean inclinou-se levemente em direção à janela e, com a mesma calma que era sua marca, disse:— Senhor Davi, seja razoável. Facilitar a vida dos outros é facilitar a sua própria. Não cometa um erro no calor do momento.Aquela frase me pegou de surpresa.Era claro que aquilo foi uma indireta para Davi. Na verdade, parecia mais uma ameaça! Mas Jean disse aquilo com tanta tranquilidade e cortesia que era impossível acusá-lo de qualquer coisa.Nina arregalou os olhos, olhando para mim com uma mistura de surpresa e satisfação.Eu, por outro lado, permaneci calada. Não sabia bem como reagir, então preferi fingir que não tinha ouvido nada.O carro era espaçoso, e nós três estávamos bem confortáveis. Felizmente, Nina não era como a irmã de Jean, que fazia questão de s