“ Querido Charles, hoje o homem que disse ser meu pai enviou-me outra carta. Eu deveria responder? Talvez ele ainda tenha as respostas que eu preciso, ou talvez ele queime as minhas mãos outra vez. Isso é algum teste do papai, ou ele realmente se arrependeu? Eu não sei. Tenho medo de errar outra vez. Charles, me diz o que eu faço.”– O que você tanto lê ai nesses cadernos. – Não é do seu interesse. – Tudo que o meu marido lê me interessa. – Eu não sou seu marido, Sara. Não sou mais nada teu, na verdade.– Por que você não quer. – Exatamente. Ela revirou os olhos em uma total falta de paciência. Depois de passar por tantos destratos do Cesare, ela finalmente se cansou de fingir que se importava com ele ou que se magoava com o que ele falava. – Você não é justo comigo, Cesare. Lembra que foi você quem pediu a meu pai para que eu ficasse do seu lado? Você queria noites quentes e eu te dei isso. O resultado está aqui, e agora você mudou. Eu não te entendo. – Eu nunca quis um filho
Estava tudo em silêncio na propriedade, como se as pessoas, as plantas, e até mesmo os pássaros soubessem que haveria um desastre naquelas terras e o tivessem abandonado por isso. O Cesare avançou sem se preocupar com qualquer perigo ou guarda que pudesse estar vigiando a invasão de forasteiros ou criminosos. Alguns homens andaram atrás dele, acompanhando o que pareceu quase uma marcha de homens perigosos e brutais. Um fotografo bastante curioso que não parava de tirar fotos da paisagem estava o irritando profundamente, mas ele não estava disposto a ser grosso. Naquele dia, nada o deixaria insatisfeito além da possibilidade do plano dar errado, ou de que ele talvez possa ter se equivocado em conclusões. Mas de qualquer maneira, se aquilo fosse verdade, tudo estaria acabado. A propriedade, a vida luxuosa, a palavra e principalmente o acordo firmado entre dois homens sem escrúpulos teriam um fim. Os animais correram em direção aos invasores armados, quando o Cesare sorriu. Aquela cri
– Cesare, vamos conversar, por favor. Eu sei. Parece bem pior do que você pensa. Mas não é assim. Os olhos desesperados da mulher pareceram negros diante de tamanho susto e medo que sentia. Ela encarou cada um daqueles homens enquanto tentava cobrir o próprio corpo com um lençol muito fino, mas não importava mais. Fotos para jornais já haviam sido tirados, e ela sabia que aquilo seria o pior pesadelo da sua vida. – Eu não tenho nada para falar com você, Sara. – Não! Por favor. O que você vai fazer? – Sai da minha frente! – Não, Cesare. Não machuca ele. O homem virou seu rosto na direção dos olhos completamente molhados por lágrimas da mulher que suplicava pela vida de um calhorda aos seus pés. Ele a olhou de uma maneira tão superior como se ela fosse apenas um maldito inseto que teve a certeza de que aquilo lhe causou dor pela maneira como ela piscou fazendo que mais lágrimas deixassem seus olhos mareados. Ele não se importou. – Sai! Eu não quero machucar uma mulher grávida.
“Querido Charles, os dias não são iguais depois do que eu vi. E apesar de tanta abominação, ele não me explicou nada. Acho que não precisava. Eu tenho tanto nojo, mas a mamãe me fez jurar em leito se morte que eu cuidaria dele. Ela sabia disso, Charles? Eu prefiro acreditar que não.” O Cesare Santorini se lembrou daquelas palavras que havia lido no diário assim como tantas outras e se perguntou o mesmo. Ela sabia? Porque a Madison Reese nunca contou nada? Porque não usou isso para se vingar quando descobriu a traição? Ela era realmente muito reservada, mas porque ela estava disposta a esconder aquele segredo tão terrível? O jovem investigador segurou os braços da mulher que tentava se livrar dele a todo custo, enquanto uma arma estava apontada para o cérebro do Amiro Reese, que em desespero, encarava a todos com olhares de suplicas. Ninguém estava disposto a ajuda-lo. Na verdade, se ele conseguisse se livrar daquilo, dificilmente conseguiria se reintegrar a sociedade outra vez. – V
O idoso quase conseguiu comover algumas pessoas por causa de tanto desespero que demonstrou ao ver a casa ser consumida pelas chamas. Mas não o Cesare Santorini. Ele não se importava com as lágrimas, o desespero, ou a morte daquele homem. O Amiro Reese havia sido impiedoso desde o nascimento da Madison, e mesmo sabendo que havia feito sofrer tanto enquanto estava viva, não conseguia chegar nem perto daquele homem. O que ela viu, o que precisou passar e guardar como o pior segredo da sua vida o fizeram imaginar como ela provavelmente sofreu toda vez que o pai a tocava ou chegava perto dela. Talvez o fato dela ter se apaixonado tão rápido por ele e se entregado da maneira como havia feito tivesse algo relacionado a todo o passado brutal. Ela era necessitada de amor e afeto, e ele deu isso a ela. Ele se aproveitou, mesmo que sem saber, de uma fragilidade que ele jamais poderia imaginar. E se ele ao menos tivesse sabido antes, teria feito diferente. Se ele tivessem outra chance... Ele
A barriga avantajada da Madison servia para confirmar a ela mesma de que se tratavam de dois bebês, e agora ela estava quase surtando de tão nervosa. Porque teve que se envolver com um homem que não prestava e ainda tinha histórico de gêmeos na família? Mas pelo menos a sogra valia a pena. Ela se vestiu de um vermelho vivo perfeito e avaliou o cabelo preso em um penteado sofisticado antes de sair do quarto. Quando desceu as escadas, pôde ouvir a música se tornar cada vez mais alta e animada. A Lady Lucy sabia bem como festejar algo. A mansão estava em pleno vapor. Os funcionários que passavam pelo local bastante atarefados tratavam de abastecer os copos dos convidados que provavelmente sairiam daquela festa completamente bêbados. A Madison finalmente tocou seus pés no último degrau da escada, e rapidamente um senhor gentil a ajudou a descer e a acompanha-la. Ela sorriu com sinceridade, embora ainda estranhasse toda a gentileza daquelas pessoas. – Madison, querida. Finalmente você
– Madison, querida. Abra a porta. Eu só quero conversar com você. O que aconteceu? Porque você se isolou assim?A Lady Lucy parecia bastante preocupada do outro lado da porta. Ela ainda estava tentando entender por que raios a Madison Reese deixou a própria festa de uma maneira tão brusca como aquela. Mas a mulher deitada na cama parecia chocada demais para reagir e deixar que qualquer pessoa entrasse. Ela não queria conversar, e também não queria ter que responder a perguntas de pessoas curiosas assim que elas descobrissem qual era sobrenome dela também. Então, a Madison fechou os olhos por um curto intervalo de tempo, até que não pôde mais aguentar. Ela precisava conversar com alguém. Precisava desabafar suas dores, e apesar de saber que a Lady Lucy merecia toda a confiança do mundo, não era com para ela que os segredos deviam ser revelados. Ela se sentou na cama e buscou o pequeno diário com uma aparência muito nova em baixo do travesseiro de plumas. E antes que sua caneta tocas
A mulher tentou caminhar pela rua de cabeça erguida, embora não houvesse mais nada para chamar de seu. As roupas, as joias, a herança e até mesmo o bebê se foram. E embora perder um filho possa parecer doloroso demais para a maioria das mulheres, a Sara Reese apenas agradeceu. Ela nunca quis ser mãe, nem mesmo quando estava com o Cesare Santorini, e tudo que havia feito e como tinha agido foram a mando do próprio pai. – Hei, linda, não quer vir visitar a minha casa depois? Eu tenho uma cama bem quente para você lá nos fundos... – Um senhor mal encarado gritou do outro lado da rua com uma voz de puro deboche. A Sara Reese se segurou ao braço do pai a quem estava entrelaçada e o encarou de volta, mas os olhares de todas aquelas pessoas que paravam para julga-la eram incessantes. – Hei linda, eu sei que não sou seu pai, mas a gente pode fingir, hein? Dizem que eu era ótimo no teatro. Os jornais nas mãos indicavam algo que o casal pouco provável ainda não sabia. E enquanto eles encara