O idoso quase conseguiu comover algumas pessoas por causa de tanto desespero que demonstrou ao ver a casa ser consumida pelas chamas. Mas não o Cesare Santorini. Ele não se importava com as lágrimas, o desespero, ou a morte daquele homem. O Amiro Reese havia sido impiedoso desde o nascimento da Madison, e mesmo sabendo que havia feito sofrer tanto enquanto estava viva, não conseguia chegar nem perto daquele homem. O que ela viu, o que precisou passar e guardar como o pior segredo da sua vida o fizeram imaginar como ela provavelmente sofreu toda vez que o pai a tocava ou chegava perto dela. Talvez o fato dela ter se apaixonado tão rápido por ele e se entregado da maneira como havia feito tivesse algo relacionado a todo o passado brutal. Ela era necessitada de amor e afeto, e ele deu isso a ela. Ele se aproveitou, mesmo que sem saber, de uma fragilidade que ele jamais poderia imaginar. E se ele ao menos tivesse sabido antes, teria feito diferente. Se ele tivessem outra chance... Ele
A barriga avantajada da Madison servia para confirmar a ela mesma de que se tratavam de dois bebês, e agora ela estava quase surtando de tão nervosa. Porque teve que se envolver com um homem que não prestava e ainda tinha histórico de gêmeos na família? Mas pelo menos a sogra valia a pena. Ela se vestiu de um vermelho vivo perfeito e avaliou o cabelo preso em um penteado sofisticado antes de sair do quarto. Quando desceu as escadas, pôde ouvir a música se tornar cada vez mais alta e animada. A Lady Lucy sabia bem como festejar algo. A mansão estava em pleno vapor. Os funcionários que passavam pelo local bastante atarefados tratavam de abastecer os copos dos convidados que provavelmente sairiam daquela festa completamente bêbados. A Madison finalmente tocou seus pés no último degrau da escada, e rapidamente um senhor gentil a ajudou a descer e a acompanha-la. Ela sorriu com sinceridade, embora ainda estranhasse toda a gentileza daquelas pessoas. – Madison, querida. Finalmente você
– Madison, querida. Abra a porta. Eu só quero conversar com você. O que aconteceu? Porque você se isolou assim?A Lady Lucy parecia bastante preocupada do outro lado da porta. Ela ainda estava tentando entender por que raios a Madison Reese deixou a própria festa de uma maneira tão brusca como aquela. Mas a mulher deitada na cama parecia chocada demais para reagir e deixar que qualquer pessoa entrasse. Ela não queria conversar, e também não queria ter que responder a perguntas de pessoas curiosas assim que elas descobrissem qual era sobrenome dela também. Então, a Madison fechou os olhos por um curto intervalo de tempo, até que não pôde mais aguentar. Ela precisava conversar com alguém. Precisava desabafar suas dores, e apesar de saber que a Lady Lucy merecia toda a confiança do mundo, não era com para ela que os segredos deviam ser revelados. Ela se sentou na cama e buscou o pequeno diário com uma aparência muito nova em baixo do travesseiro de plumas. E antes que sua caneta tocas
A mulher tentou caminhar pela rua de cabeça erguida, embora não houvesse mais nada para chamar de seu. As roupas, as joias, a herança e até mesmo o bebê se foram. E embora perder um filho possa parecer doloroso demais para a maioria das mulheres, a Sara Reese apenas agradeceu. Ela nunca quis ser mãe, nem mesmo quando estava com o Cesare Santorini, e tudo que havia feito e como tinha agido foram a mando do próprio pai. – Hei, linda, não quer vir visitar a minha casa depois? Eu tenho uma cama bem quente para você lá nos fundos... – Um senhor mal encarado gritou do outro lado da rua com uma voz de puro deboche. A Sara Reese se segurou ao braço do pai a quem estava entrelaçada e o encarou de volta, mas os olhares de todas aquelas pessoas que paravam para julga-la eram incessantes. – Hei linda, eu sei que não sou seu pai, mas a gente pode fingir, hein? Dizem que eu era ótimo no teatro. Os jornais nas mãos indicavam algo que o casal pouco provável ainda não sabia. E enquanto eles encara
– Lady Lucy, você acha mesmo que isso vai ajudar? – Querida, é claro que sim. Esse médico pode fazer milagre nas suas mãos. – É que eu já estou tão acostumada a tê-las assim. As luvas nem me incomodam mais. Na verdade, até gosto delas. – Querida, você não pode passar sua vida usando luvas, e quando tiver seu bebê, vai querer toca-lo com as mãos saudáveis. Acredite em mim. – Eu sempre acredito em você. A mulher cerrou os olhos. – Não é verdade. Uma vez eu disse para que você descesse comigo até a cachoeira e você não quis. – E o que aconteceu? – Eu caí... –E você sabe que se tivesse me convencido a ir, eu também teria despencado junto com a senhora, não sabe? A mulher olhou para o lado tentando disfarçar. – Ok, mas estava tudo sob controle. Foi proposital. – Se você diz... A senhora cerrou os olhos e a encarou antes de pegar um travesseiro para atingi-la. – Não ria de mim Madison Reese. – Tudo bem! Ela reagiu colocando as mãos em frente ao rosto, mas ainda estava sorrindo.
“ Querido Charles, eu achei que o Cesare Santorini fosse o homem mais justo que eu já havia conhecido. Ele é lindo como um anjo, e quente como o deus do amor, mas ele não é uma boa pessoa. Porque ele ganha tanto dinheiro, mas os funcionários passam tanta fome?” O homem se lembrou das palavras escritas em um diário manchado com algo que parecia terra e lembrou-se de como apesar da mulher ser delicada como uma pluma pairando no ar, ela também era forte e valente para cavalgar por horas segurando as rédeas com as mãos machucadas. Ele andou furiosamente pela fazenda até chegar ao local onde os funcionários deveriam morar muito bem, por que os recursos eram mandados todos os meses. E desde que a Madison Reese faleceu e lhe foi revelado tudo que os pobres trabalhadores passavam, ele se perguntou o que havia de errado, embora o luto não tenha permitido que ele investigasse melhor. O homem alto parou diante de algumas casas muito bem feitas e bonitas por fora como ele havia ordenado que fos
Algum tempo havia se passado desde que a propriedade da família Reese queimou completamente durante um incêndio, no entanto, as pessoas não conseguiam deixar de comentar a respeito do acontecido por todos os cantos sem importar para onde o Cesare estava indo ou o quanto ele poderia ficar bravo com todas as ofensas que lhe diziam na rua. “ O homem que dormiu com a cunhada. O homem que traiu a doce esposa com uma promíscua e incestuosa”, eram muitos os comentários. A Sara Reese, no entanto, tentava esquecer que já tivera um passado de luxos e glorias para se dedicar as novas atividades de um trabalho árduo, embora bastante julgado pela época. Então ela caminhou até o palco de luzes bastante bregas e dançou da forma mais vulgar que conseguia em uma cadeira de ferro antiga e quase toda enferrujada do lugar mal frequentado. O coração da mulher quase parou no momento em que o Cesare Santorini entrou acompanhado de um jovem garoto que ela logo reconheceu como o cavalariço que conversava co
– De forma alguma, minha cara. Eu não preciso de uma mulher deste lugar... Não precisa de mulher nenhuma. – E o que você veio fazer aqui então? – Não sei... Eu soube que você estava trabalhando aqui, e ah, eu precisava ver com meus próprios olhos... – É só isso que você quer, Santorini. Se for, você pode ir embora. O homem bebeu um gole do conteúdo no copo e fez uma careta pela bebida ruim. – Vocês deveriam melhorar os drinks. Isso esta uma mer... – Você veio beber por acaso? É melhor sair... – Porque a pressa? Nós ainda podemos fazer negócios... A Sara Reese riu de uma maneira muito feliz por que acreditou que ainda tinha influência sobre o homem bilionário. E se esse fosse o caso, ela ainda podia usar todas as armas para sair daquele lugar e se livrar do homem a quem estava presa por um grande erro que cometeu ao pedir ajuda a ele. E talvez ela pudesse dar um fim nele quando estivesse bem longe para que ele não revelasse aquele segredo terrível. – O que você quer? – A Sara