A Madison ficou parada ali, a encarando por alguns segundos antes de cair em si. O que tocar... Como expressar isso? Ela tocou a tampa do piado que estava fechada e levemente empoeirada e então a levantou. Ela também deixou de lado as partituras. Aquilo era algo da qual ela não precisava a muitos anos. Quando fechou seus olhos, ela soube exatamente o que tocar, mesmo que não pudesse prever enquanto seus dedos se moviam de uma forma lenta. Mas o que saia dali era tão lindo que o Cesare paralisou. Pelo menos, até que a Sara o beliscasse. E ele sentiu vontade de lhe dar um tapa por aquela infantilidade, mas ele não faria aquilo com uma mulher. A Lady Lucia apenas ouviu a aquela sonata. E quando a Madison Reese finalmente terminou de tocar, ela abriu suas pálpebras e a lágrima deslizou dos seus olhos que estavam fechados. Ela bateu uma palma solitária, mas foi acompanhada por todos que estavam naquela sala, exceto a Sara. – Obrigada! – Não quer tocar mais uma antes de irmos embora?
Madison Reese desceu as escadas da casa que deveria ser dela, e encontrou sua irmã no andar de baixo, fazendo algum tipo de coisa que ela chamava de bordar, mas aquilo não parecia com nada. Faltava talento, paciência e habilidade daquela mulher para fazer qualquer coisa. Mas a Sara nunca gostou de frequentar as próprias aulas particulares, e nunca foi preciso ser perfeita além do superficial, já que o seu pai fazia todas as vontades dela de qualquer maneira. Ela tentou voltar para o seu quarto, mas sabia que já havia sido vista. Era tarde demais. – Aonde você vai? – Sara Reese falou do jeito calmo e sonso que costumava ter quando precisava que a sua irmã fizesse algo por ela. Madison respirou fundo, tentando controlar a vontade de voar no pescoço da amante do seu marido. – Eu vou voltar para o meu quarto. Acho que não é bom para nenhuma de nós que fiquemos nos encontrando assim. Sara apenas esperou que ela se virasse para sair por que precisava que a sua irmã se sentisse humilhada
Cesare Santorini se aproximou da mulher em pé, em baixo de uma arvore, que olhava para alguma coisa enquanto segurava aquele guarda sol branco com uma postura impecável. Ele sabia que teria que conversar com ela em algum momento. Ele devia explicações, devia desculpas também, embora aquilo fosse mais complicado. – Eu posso falar com você? – Tem que ser agora? – Ela sequer se virou para olhar para ele, embora seu coração estivesse palpitando como um louco de amores por ele. – Sim, tem que ser agora! – Desculpe. Eu estou ocupada agora. Volte outra hora. – Madison... Você tem que ser mais razoável.Ela finalmente se virou para ele, e a forma como o sol bateu em seu rosto, a fez se assemelhar a um quadro de algum artista muito renomado. E ele pensou no quanto gostaria de amar aquela mulher, por que ele seria capaz disso. E como a sua vida seria bem mais fácil assim. Só que ele não podia controlar suas emoções, e a história com a outra era algo antigo que qualquer pessoa naquele lugar
Cesare Santorini podia ser taxado de qualquer coisa. Ele já havia sido chamado de diversos adjetivos nada convencionais por diversas mulheres que passaram pela sua vida, mas nunca deixaria de ser um cavalheiro. Não ao extremo. Pedir desculpas para a sua esposa era o mínimo que ele deveria fazer, mas ele nunca diria que sua amante o havia seduzido naquele dia. Ele não era santo, e é claro que era tão culpado quanto ela pelo que havia acontecido, mas até aquele momento, ter as duas não era uma intenção. Na verdade, quando soube que se casaria com a irmã da sua amada, ele tentou desistir, mas com o casamento marcado, aquilo seria impossível. Tudo poderia ter sido evitado se a irmã ao menos estivesse no casamento da outra com o seu irmão. Ele jamais teria se envolvido com ela sabendo disso. Ele não sabia de muitas coisas. E também não fazia Ideia de que a Madison estava agora, tentando dormir num quarto simples e sem isolamento de qualquer tipo que ficava logo abaixo do seu. Então, ele
Cesare Santorini subiu as escadas tão rápido quanto havia descido. Tudo que ele podia ouvir além dos próprios pensamentos eram os sons dos seus passos rangendo na escada de maneira por baixo de um carpete de veludo muito sofisticado. Ele andou até a porta do próprio quarto e abriu de uma forma brusca. – Sara? Mas não importava o quanto ele procurasse por ela, a mulher havia sumido. Porquê, se eles sequer haviam brigado? Ele revirou os olhos. Tudo isso por que ele lhe disse que precisava ser acompanhado a um jantar, mas não por ela... O homem se olhou no espelho. Havia tão pouco tempo naquela situação, mas ele já se sentia exausto, então, como esperar que as pessoas acreditem nessa fachada se nem mesmo ele aguentava mais? Ele retirou suas roupas suadas do trabalho e entrou em uma banheira, sem se preocupar no trabalho que os seus funcionários tiveram para encher tudo aquilo com água morna. E quando terminou, ele apenas se vestiu e desceu as escadas. Então, ele acendeu um charuto e
Madison Reese Santorini sabia bem que aquele jantar estava fadado ao fracasso no momento em que soube que seria obrigada a ir com o Cesare até lá. A verdade é que eles haviam sido convidados não apenas por que o senhor Santorini era o homem mais rico da região. Havia um motivo oculto por trás daquilo. Algo que a pobre mulher só descobriu depois, quando as mulheres a encheram de perguntas indiscretas. E sinceramente, estar sentada em um sofá, segurando uma taça de vinho enquanto a sua irmã dança com ele não era a melhor escolha, mas o que ela poderia fazer? Não tinha controle algum sobre isso. Ela apenas observou como a música agitada composta por um piano e alguns outros instrumentos fazia tudo parecer tão alegre, exceto em seu coração silencioso em meio ao barulho do ambiente. A Sara lhe sorriu francamente por que estava se divertindo de verdade. Mas ela também queria se mostrar superior, e levantar um pouco a saia do seu vestido foi uma maneira rápida, mas definitivamente não era
A Madison pode ouvir quando o carro partiu logo cedo para algum lugar. Provavelmente a Sara já havia se cansado da monotonia na fazenda e preferiu fazer compras e passeios com o seu amado cunhado e amante. Ela vestiu uma roupa simples e saiu do quarto. Ainda era muito cedo e o Sol sequer havia chegado ao seu nascer completo quando ela abriu a porta da casa e se deparou com uma jovem mulher que caminhava para as lavouras que abasteciam alguns condimentos da casa. Mas não era naquilo que ela estava realmente interessada.Então, ela caminhou em direção aos estábulos analisando cada lindo animal de raça que o seu marido tinha. Mas havia uma criatura branca e tão magnífica que nada estava perto dela. A Madison andou até lá hipnotizada pelos olhos do animal e aquela pelagem selvagem e longa que pareceu nunca ter sido aparada. Ele não era manso e dava para ver de longe. Mas ela não se conteve em colocar as suas delicadas e calejadas mãos no animal arredio. Ele, no entanto, não recuou pela
Embora fosse muito tarde, não havia ninguém no quarto que o Cesare entrou. Onde a Madison estava afinal? Não que ele tivesse realmente o direito de repreende-la considerando tudo que havia feito para ela, mas por que uma lady como ela não estava em sua cama naquele horário? O seu corpo se encheu com a tensão da preocupação, mas a paranoia era o que incomodava mais. O mais terrível de tudo foi não conseguir deixar de pensar que a sua esposa estava conseguindo ter toda a atenção que ele não deu durante a lua de mel do casal, por que estava ocupado demais com a irmã dela. Ele se sentou na poltrona e se martirizou por um longo tempo, até que não aguentou mais. O homem buscou o seu casaco e o jogou no banco do carro, e sequer se deu ao trabalho de abrir a porta do motorista para entrar por que preferiu pular por cima do conversível. Ele ligou o automóvel enquanto fazia fumaça com o fumo em sua boca. A sara saiu da mansão enrolada em um chalé branco. O vento batia com grande violência