“Você não manda mais em mim. Eu tenho dezoito anos agora!”“Ah é?” O seu pai se aproxima dela, ficando com o rosto tão próximo que pareceu querer beija-la. Mas nunca houve nenhum tipo de intimidade desse tipo com ele. “E para onde você vai? Acha que tem alguma escolha? Quem você acha que daria algum abrigo a você?”“Eu posso trabalhar. Vou me sustentar sozinha!”O homem ri alto, deixando toda sua ironia em evidência. “Você não vai conseguir nada nessa cidade. Acha que alguém dará emprego a alguém como você? Sabe muito bem que essa região é conservadora, Madison. Pare de tolice e aceite o seu destino.”Ela apenas limpa uma lágrima que ainda insistia em escorrer por seu lindo rosto de porcelana, como o de uma delicada e bem feita boneca. “Eu vou embora daqui.”“E como vai fazer isso? Não lhe darei um centavo.” E a Madison sabia bem que seu pai estava falando serio. Lembrou-se que nunca teve dinheiro algum, porque ele não lhe dava para gastar. Havia uma distinção muito clara na forma co
– Espere! – O homem impenetrável gritou naquele momento. E mesmo quando a Madison Reese continuou a caminhar, sentiu o olhar dele queimando sua pele, enquanto a encarava por trás. – Eu tenho uma proposta! Ela se virou em direção a ele com um olhar cético. Como ele ainda tinha coragem de propor qualquer coisa a ela depois de tudo? E ela se sentiu ainda mais humilhada. – Já não basta, Cesare... O que mais você quer fazer comigo? – Eu darei a sua liberdade. – Ele observou a forma como os seus lábios tremiam de uma maneira tão linda que quase sentiu vontade de beija-la, mas ele sabia que depois do que ela viu, aquilo seria algo impossível. A mulher delicada como a pluma branca de um ganso, percorreu seu olhar por aquele homem como se sentisse tanto nojo dele que pudesse vomitar. – Você é inacreditável. Eu sou livre. – Você não é, e sabe disso! – Ele apagou seu charuto ao lado do sofá, onde havia um cinzeiro que ele costumava usar no fim da tarde, quando relaxava depois de uma longa j
Quando a Madison Reese subiu até o segundo andar, notou tarde demais que aquela já não era mais a sua casa. Não havia um quarto para ela. E recolhendo toda a sua tristeza novamente, ela caminhou em direção ao quarto que estava reservado para algum hóspede no futuro. E talvez a nova dona daquela casa não gostasse daquilo, mas que escolha ela tinha? Não havia outro lugar para dormir. E definitivamente, ela não voltaria para a cama em que seu marido estava com aquela mulher a quem se recusava a chamar de irmã. Ela abriu a porta branca, e observou a decoração vitoriana daquele quarto. E mesmo com todo o luxo do ambiente, ainda se sentiu em um lugar obscuro e miserável. Como se já não lhe pertencesse mais. Talvez porque soubesse que aquele não era mais o seu lar. A Madison Reese caminhou em direção ao espelho, onde ficou parada por um tempo, apenas observando a si mesma. E naquele momento, notou o caos em seus olhos conflituosos. Sentia tanta raiva daquele homem que mal conseguia notar o
– Você precisa ser uma boa menina. A fazenda está ótima agora. As dívidas foram pagas, e eu tenho certeza que com a nova colheita, vou sair daquela pindaíba. – Eu fiz isso por você. Eu me sacrifiquei por que não queria vê-lo na rua. Mas saiba, meu pai. Eu nunca vou te perdoar por isso. – E por que acha que eu me importo com o seu perdão? Prefiro me vender a morar na rua. – E esqueceu de como é trabalhar? – Madison Reese vira seu rosto em direção a arvores que balançam com o vento e despejam folhas por todo o gramado. O homem enfia as mãos nos bolsos da forma mais despreocupada e cínica de sempre. – Na minha idade? – Ele libera um riso solo, quase como uma ironia que mal pode ser notada. – Você é muito sonhadora. Esse sempre foi o teu problema. É igual a sua mãe... – Ele retira o cigarro do bolso e o acende com um isqueiro na sua outra mão. A Madison Reese observa cada movimento, e tem a imensa e súbita vontade de estapeá-lo também. Mas bater em seu pai? Era como nos dizeres antig
Ele desceu do cavalo e andou em direção a morena de roupas curtas na frente da casa. E o coração da mulher que agora parecia uma stalker no meio do mato, se afundou dentro do peito. E a sensação a lembrou de um infarto. Talvez as mulheres da era vitoriana não fossem realmente exageradas em seus desmaios de fortes emoções, afinal. Mas sua irmã recuou. – Você esta com cheiro de estabulo. – Ela o afastou, colocando sua mão na frente do próprio corpo. Naquele momento, o homem pareceu bastante insatisfeito. Ele não era o tipo de pessoa que aceitava ser rejeitado assim, mas também não bateria em uma mulher, mesmo que fosse a mais irritante das criaturas. Então, ele apenas a segurou pela cintura e a beijou com grande posse. – Essa é a sua vida agora. Se acostume com isso, com o cheiro. – Ele diz, depois que solta os lábios da mulher de sua posse. Mas antes que a Sara Reese diga algo, ela vira seu rosto na direção de sua irmã que estava parada, como se bisbilhotasse a cena, embora aquela
Madison Reese desceu as escadas da mansão e se sentou numa mesa perfeitamente decorada para um jantar. Em pleno século vinte, tudo era ainda mais sofisticado, e deveria mesmo, afinal, eles estavam recebendo a família do marido. A Madison sabia que eles sempre a veneraram antes do casamento, mas tudo estava sendo tão difícil que era impossível prever se estavam fingindo como o Cesare havia feito ou também foram enganados por ele.Mas a mãe do Cesare a tocou entre os dedos, enquanto ela acabou de colocar suas mãos na mesa. – Oh, minha querida. Me desculpe por aparecer aqui uma semana depois do seu casamento, mas nós estávamos de passagem... Ela tentou sorrir o máximo que pôde. – Está tudo bem. Não se preocupe. A mulher encarou as feições delicadas como as de um anjo e sorriu. – Tem certeza? Você parece muito triste. – Pare de importunar, mãe. Ela está bem! Sua mãe ergueu a sobrancelha. – Eu espero mesmo, Cesare Santorini. Ela é uma joia rara. Cuide bem dela. Sara sorriu azeda. E d
A Madison ficou parada ali, a encarando por alguns segundos antes de cair em si. O que tocar... Como expressar isso? Ela tocou a tampa do piado que estava fechada e levemente empoeirada e então a levantou. Ela também deixou de lado as partituras. Aquilo era algo da qual ela não precisava a muitos anos. Quando fechou seus olhos, ela soube exatamente o que tocar, mesmo que não pudesse prever enquanto seus dedos se moviam de uma forma lenta. Mas o que saia dali era tão lindo que o Cesare paralisou. Pelo menos, até que a Sara o beliscasse. E ele sentiu vontade de lhe dar um tapa por aquela infantilidade, mas ele não faria aquilo com uma mulher. A Lady Lucia apenas ouviu a aquela sonata. E quando a Madison Reese finalmente terminou de tocar, ela abriu suas pálpebras e a lágrima deslizou dos seus olhos que estavam fechados. Ela bateu uma palma solitária, mas foi acompanhada por todos que estavam naquela sala, exceto a Sara. – Obrigada! – Não quer tocar mais uma antes de irmos embora?
Madison Reese desceu as escadas da casa que deveria ser dela, e encontrou sua irmã no andar de baixo, fazendo algum tipo de coisa que ela chamava de bordar, mas aquilo não parecia com nada. Faltava talento, paciência e habilidade daquela mulher para fazer qualquer coisa. Mas a Sara nunca gostou de frequentar as próprias aulas particulares, e nunca foi preciso ser perfeita além do superficial, já que o seu pai fazia todas as vontades dela de qualquer maneira. Ela tentou voltar para o seu quarto, mas sabia que já havia sido vista. Era tarde demais. – Aonde você vai? – Sara Reese falou do jeito calmo e sonso que costumava ter quando precisava que a sua irmã fizesse algo por ela. Madison respirou fundo, tentando controlar a vontade de voar no pescoço da amante do seu marido. – Eu vou voltar para o meu quarto. Acho que não é bom para nenhuma de nós que fiquemos nos encontrando assim. Sara apenas esperou que ela se virasse para sair por que precisava que a sua irmã se sentisse humilhada