Quando a Madison Reese subiu até o segundo andar, notou tarde demais que aquela já não era mais a sua casa. Não havia um quarto para ela. E recolhendo toda a sua tristeza novamente, ela caminhou em direção ao quarto que estava reservado para algum hóspede no futuro. E talvez a nova dona daquela casa não gostasse daquilo, mas que escolha ela tinha? Não havia outro lugar para dormir. E definitivamente, ela não voltaria para a cama em que seu marido estava com aquela mulher a quem se recusava a chamar de irmã. Ela abriu a porta branca, e observou a decoração vitoriana daquele quarto. E mesmo com todo o luxo do ambiente, ainda se sentiu em um lugar obscuro e miserável. Como se já não lhe pertencesse mais. Talvez porque soubesse que aquele não era mais o seu lar. A Madison Reese caminhou em direção ao espelho, onde ficou parada por um tempo, apenas observando a si mesma. E naquele momento, notou o caos em seus olhos conflituosos. Sentia tanta raiva daquele homem que mal conseguia notar o
– Você precisa ser uma boa menina. A fazenda está ótima agora. As dívidas foram pagas, e eu tenho certeza que com a nova colheita, vou sair daquela pindaíba. – Eu fiz isso por você. Eu me sacrifiquei por que não queria vê-lo na rua. Mas saiba, meu pai. Eu nunca vou te perdoar por isso. – E por que acha que eu me importo com o seu perdão? Prefiro me vender a morar na rua. – E esqueceu de como é trabalhar? – Madison Reese vira seu rosto em direção a arvores que balançam com o vento e despejam folhas por todo o gramado. O homem enfia as mãos nos bolsos da forma mais despreocupada e cínica de sempre. – Na minha idade? – Ele libera um riso solo, quase como uma ironia que mal pode ser notada. – Você é muito sonhadora. Esse sempre foi o teu problema. É igual a sua mãe... – Ele retira o cigarro do bolso e o acende com um isqueiro na sua outra mão. A Madison Reese observa cada movimento, e tem a imensa e súbita vontade de estapeá-lo também. Mas bater em seu pai? Era como nos dizeres antig
Ele desceu do cavalo e andou em direção a morena de roupas curtas na frente da casa. E o coração da mulher que agora parecia uma stalker no meio do mato, se afundou dentro do peito. E a sensação a lembrou de um infarto. Talvez as mulheres da era vitoriana não fossem realmente exageradas em seus desmaios de fortes emoções, afinal. Mas sua irmã recuou. – Você esta com cheiro de estabulo. – Ela o afastou, colocando sua mão na frente do próprio corpo. Naquele momento, o homem pareceu bastante insatisfeito. Ele não era o tipo de pessoa que aceitava ser rejeitado assim, mas também não bateria em uma mulher, mesmo que fosse a mais irritante das criaturas. Então, ele apenas a segurou pela cintura e a beijou com grande posse. – Essa é a sua vida agora. Se acostume com isso, com o cheiro. – Ele diz, depois que solta os lábios da mulher de sua posse. Mas antes que a Sara Reese diga algo, ela vira seu rosto na direção de sua irmã que estava parada, como se bisbilhotasse a cena, embora aquela
Madison Reese desceu as escadas da mansão e se sentou numa mesa perfeitamente decorada para um jantar. Em pleno século vinte, tudo era ainda mais sofisticado, e deveria mesmo, afinal, eles estavam recebendo a família do marido. A Madison sabia que eles sempre a veneraram antes do casamento, mas tudo estava sendo tão difícil que era impossível prever se estavam fingindo como o Cesare havia feito ou também foram enganados por ele.Mas a mãe do Cesare a tocou entre os dedos, enquanto ela acabou de colocar suas mãos na mesa. – Oh, minha querida. Me desculpe por aparecer aqui uma semana depois do seu casamento, mas nós estávamos de passagem... Ela tentou sorrir o máximo que pôde. – Está tudo bem. Não se preocupe. A mulher encarou as feições delicadas como as de um anjo e sorriu. – Tem certeza? Você parece muito triste. – Pare de importunar, mãe. Ela está bem! Sua mãe ergueu a sobrancelha. – Eu espero mesmo, Cesare Santorini. Ela é uma joia rara. Cuide bem dela. Sara sorriu azeda. E d
A Madison ficou parada ali, a encarando por alguns segundos antes de cair em si. O que tocar... Como expressar isso? Ela tocou a tampa do piado que estava fechada e levemente empoeirada e então a levantou. Ela também deixou de lado as partituras. Aquilo era algo da qual ela não precisava a muitos anos. Quando fechou seus olhos, ela soube exatamente o que tocar, mesmo que não pudesse prever enquanto seus dedos se moviam de uma forma lenta. Mas o que saia dali era tão lindo que o Cesare paralisou. Pelo menos, até que a Sara o beliscasse. E ele sentiu vontade de lhe dar um tapa por aquela infantilidade, mas ele não faria aquilo com uma mulher. A Lady Lucia apenas ouviu a aquela sonata. E quando a Madison Reese finalmente terminou de tocar, ela abriu suas pálpebras e a lágrima deslizou dos seus olhos que estavam fechados. Ela bateu uma palma solitária, mas foi acompanhada por todos que estavam naquela sala, exceto a Sara. – Obrigada! – Não quer tocar mais uma antes de irmos embora?
Madison Reese desceu as escadas da casa que deveria ser dela, e encontrou sua irmã no andar de baixo, fazendo algum tipo de coisa que ela chamava de bordar, mas aquilo não parecia com nada. Faltava talento, paciência e habilidade daquela mulher para fazer qualquer coisa. Mas a Sara nunca gostou de frequentar as próprias aulas particulares, e nunca foi preciso ser perfeita além do superficial, já que o seu pai fazia todas as vontades dela de qualquer maneira. Ela tentou voltar para o seu quarto, mas sabia que já havia sido vista. Era tarde demais. – Aonde você vai? – Sara Reese falou do jeito calmo e sonso que costumava ter quando precisava que a sua irmã fizesse algo por ela. Madison respirou fundo, tentando controlar a vontade de voar no pescoço da amante do seu marido. – Eu vou voltar para o meu quarto. Acho que não é bom para nenhuma de nós que fiquemos nos encontrando assim. Sara apenas esperou que ela se virasse para sair por que precisava que a sua irmã se sentisse humilhada
Cesare Santorini se aproximou da mulher em pé, em baixo de uma arvore, que olhava para alguma coisa enquanto segurava aquele guarda sol branco com uma postura impecável. Ele sabia que teria que conversar com ela em algum momento. Ele devia explicações, devia desculpas também, embora aquilo fosse mais complicado. – Eu posso falar com você? – Tem que ser agora? – Ela sequer se virou para olhar para ele, embora seu coração estivesse palpitando como um louco de amores por ele. – Sim, tem que ser agora! – Desculpe. Eu estou ocupada agora. Volte outra hora. – Madison... Você tem que ser mais razoável.Ela finalmente se virou para ele, e a forma como o sol bateu em seu rosto, a fez se assemelhar a um quadro de algum artista muito renomado. E ele pensou no quanto gostaria de amar aquela mulher, por que ele seria capaz disso. E como a sua vida seria bem mais fácil assim. Só que ele não podia controlar suas emoções, e a história com a outra era algo antigo que qualquer pessoa naquele lugar
Cesare Santorini podia ser taxado de qualquer coisa. Ele já havia sido chamado de diversos adjetivos nada convencionais por diversas mulheres que passaram pela sua vida, mas nunca deixaria de ser um cavalheiro. Não ao extremo. Pedir desculpas para a sua esposa era o mínimo que ele deveria fazer, mas ele nunca diria que sua amante o havia seduzido naquele dia. Ele não era santo, e é claro que era tão culpado quanto ela pelo que havia acontecido, mas até aquele momento, ter as duas não era uma intenção. Na verdade, quando soube que se casaria com a irmã da sua amada, ele tentou desistir, mas com o casamento marcado, aquilo seria impossível. Tudo poderia ter sido evitado se a irmã ao menos estivesse no casamento da outra com o seu irmão. Ele jamais teria se envolvido com ela sabendo disso. Ele não sabia de muitas coisas. E também não fazia Ideia de que a Madison estava agora, tentando dormir num quarto simples e sem isolamento de qualquer tipo que ficava logo abaixo do seu. Então, ele