A bebê já estava um pouco crescida quando a antiga enfermeira chegou na casa com os olhos lacrimejando de alegria. A sua senhora a encarou com um olhar também feliz. Fazia pouco tempo em que finalmente havia conseguido domar seu marido manipulador e arrogante. – Carmem, o que foi? Por que tanta felicidade? – Eu vou me casar! – O que? – Aurora Beatrice Reese levou as mãos até a boca, em uma clara demonstração de choque e felicidade. – Com o seu... – Claro, né... – Ela fez-lhe um sinal de óbvio com o olhar. – Com quem mais seria? – Desculpe. Eu estou tão feliz que mal posso acreditar.– Como disse mesmo que ele se chamava? – Oh, isso não importa agora. Acho que a senhora deveria aparecer no meu casamento. – Eu não sei... Talvez o Amiro não goste muito da ideia. – Não se preocupe com isso. Eu sei que ele vai deixar. Ultimamente aquele homem tem parecido um cordeirinho. Aurora Beatrice Reese a encarou com severidade, como se ainda não estivesse feliz com a própria vid
O homem pareceu ter a maior carranca do mundo ao sentar-se no sofá da sala. Ele sempre fora sofisticado e bonito, mas perdia complemento o jeito ao encontrar-se com a própria esposa. Por que ele não sabia como lidar com ela? Por que não podia ser o mesmo sedutor de quando encontrava as mulheres da rua? Era sempre mais fácil com outras, e ele nunca fizera cerimonia para trai-la, mas ainda assim, reinvidicava-lhe o corpo todas as noites, mesmo após deitar-se com outras. Havia um nítido cheiro de álcool e mulheres impregnado na roupa que ele não fazia o menor esforço para esconder. Haviam rumores, mas ele apenas celebrava o quanto podia para demostrar a própria virilidade, sem notar que aquela atitude era o justo oposto para provar o que dizia aos outros e a si mesmo todos os dias. Ele virou a cabeça para o lado, observando a sombra esbelta que aproximava-se dele com cautela. Mesmo depois de mudar, a mulher ainda o tinha em grande medo, então, do que lhe adiantara ser gentil? –
Carmem Lúcia estava tão feliz em seu vestido branco e simplesmente que não parecia importar-se com nada além dos amigos que estavam do lado de fora da casa, esperando pelo momento em que entraria triunfante no altar. – Querida! – A Aurora Beatrice Reese gritou por ela, ainda da porta. – Oi, você conseguiu vir! – Ela exclamou a felicidade que parecia quase não poder conter. – Nossa, você está tão feliz. Quase não a reconheci assim. Você geralmente é mais séria. – Ah, eu sei... Eu pareço uma boba, não é? – Nunca! Inclusive, acho que você deveria sorrir assim sempre. – E quanto a você? A Aurora Reese liberou um sorriso largo enquanto era analisada da cabeça aos pés por suas roupas caras e elegantes. – Gostou? Me vesti só para você essa noite. – Claro! – Ela disse. – Gostou mesmo? – Você está simplesmente fantástica. – Ela disse num tom bem humorado.A Aurora Beatrice Reese sentiu-se finalmente envaidecida o suficiente para começar a se sentir mal com a própria aparên
Ela paralisou quando encarou aquele homem dos seus sonhos, mas que agora beijava outra mulher, no altar, em um casamento que ela definitivamente odiaria ter. Ele nem mesmo parecia enxerga-la ali, de tão extasiado que parecia estar pela paixão que o consumia por sua doce e sorridente esposa. Aurora Beatrice Reese tentou segurar as lagrimas que surgiram em seus olhos, mas todo esforço pareceu profundamente inútil. Ela limpou-as assim que notou a mulher andando em sua direção. – Aurora, esse aqui é o meu marido que eu tanto te falei. Ela ainda parecia embasbacada ao vê-lo ali, e quase não podia disfarçar a dor estampada no rosto. – Onde disse que o conheceu mesmo? – Quando fui a sua casa, lembra-se? Ela o encarou com um olhar reprovador. – Eu nunca vou conseguir esquecer esse dia. Você sabe... – É... – Ela pareceu brevemente distante. – Você esta bem? – Carmem a encarou nos olhos. – Estou... Eu estou muito bem, por que? – Eu não sei... Você parece estar chorando. Entã
– Isso vai ser um problema. Melhor mandar a sua amiga para casa. – Não! Deixa ela se divertir, amor. Eu acho que é só a liberdade. Ela nunca a teve assim antes, sem o Amiro por perto. – Ah é? – Ele tentou parecer completamente desinteressado, mas ainda havia uma pontada de ciúmes toda vez que ouvia o nome daquele senhor. – Sim. Acho que ele é um monstro para ela. Mas até que a tem tratado um pouco diferente nos últimos tempos. Ele balançou a cabeça, em afirmação, tentando manter os olhos fixos na esposa. Aquilo, no entanto, não era o que ele desejava ver. Não era a mulher que ele pretendia olhar. Mas ele se achava bom demais para machuca-la daquela forma. O homem a encarou com os olhos intrigantes por dois segundos, antes de desviar sua atenção para o lado. Sua esposa o havia deixado ali, sozinho, para divertir-se com as amigas do antigo trabalho. E enquanto parava diante da mesa de bebidas, não conseguiu resistir a tentação. Ele bebeu um copo do liquido ardido e observo
– Onde você estava? Estávamos todos procurando por... – Ela desceu os olhos até os braços do marido, onde uma mulher parecia descansar. – Tom, o que... – Ela engoliu a vontade de explodir em fúria. – É uma longa história. Será que nós podemos conversar mais tarde. – E então? – Uma voz grossa reverberou atrás do casal alheio a tudo. Carmem Lúcia arregalou os olhos, temendo pelo pior. Ela acabara de se casar e estava feliz demais para aceitar que perderia o seu grande amor. Aquilo parecia uma maldição. – Senhor Reese. Nós já a encontramos. – Ah é... – Ele desviou o olhar na direção do homem que ousava levar a sua linda esposa nos braços. – O que você está fazendo com ela assim? – Eu estou fazendo algo que o senhor não fez! Eu estou cuidando dela. Ele rosnou toda a fúria. – O que você disse, insolente? – Ele arrancou o chicote da calça e o levantou na direção do homem alto e bonito. – Repete e eu te coloco no seu devido lugar agora mesmo! Vamos lá! Diga alguma coisa. – Ca
– Eu acho bom você começar a explicar direito como isso aconteceu, senhora Reese... – Espera! Se acalma. Está tudo bem, foi só um... – Só um o que? Ele ainda a estava segurando pelo braço quando a arrastou em direção ao quarto e bateu a porta. Ela foi jogada na cama como um saco de batatas, e ainda tentava inutilmente esconder-se por trás do terno do homem que amava. Aurora Beatrice Reese não sabia se tinha mais medo de que ele a visse como ela de fato havia se vestido para aquela noite, mesmo depois que ele deu-lhe a confiança, ou se temia que caso tirasse aquela roupa, jamais voltaria a sentir o cheiro do amado amante tão próximo ao seu corpo outra vez. – Foi só um susto. Eu estou bem. – Não perguntei se você esta bem. Eu quero explicações, senhora Reese. E eu as quero agora mesmo! – Eu já te contei tudo. Até mesmo as partes que me causam profunda vergonha. Mas aquele rapaz só estava me defendendo de ser atacada. – Você não me disse tudo, Aurora. Eu tenho certeza que
Ela não conseguiu ter uma noite de sono em paz, e a aquela altura, nem sequer fazia ideia de com quem a Sara Reese estava. Ela comeu bem? Ela foi bem cuidada durante sua dolorosa ausência? Não importava. Ela só conseguia sentir ódio por si mesma, e a dor da perda parecia deixar a mulher estonteante, completamente cega de tristeza. A porta bateu na sala, a deixando alarmada... Os olhos não estavam fundos, apesar do pouco descanso ou o fato de ter chorado a noite inteira. Ela saltou da cama, sem ao menos vestir-se para sair do quarto. E nem mesmo colocou um robe por cima da camisola sexy que vestira com a intenção de acalmar o marido, mesmo que em uma atividade que ela odiava fazer com ele.Aurora Beatrice Reese pisou os pés na sala da casa e paralisou ao ver sangue preso as botas daquele homem. A lágrima desceu pelo rosto sem pedir licença. Havia um claro desespero estampado no rosto delicado. As faces rosadas tornaram-se vermelhas de tanta dor que ela tentou, inutilmente guardar.