A mulher não sabia se deveria compadecer-se da senhora distinta ajoelhada na cama. Mas a realidade a atingiu como um soco violento. Ela rapidamente decidiu o que fazer. – Se o seu marido é realmente como você diz, então nós precisamos de um bebê. A senhora Reese a encarou como se fosse um demônio a sua frente. Havia algum tipo de pacto? O que ela ganharia a ajudando daquela forma? – Não... Não, isso não vai dar certo. Ele saberia. – Não vai saber. Eu garanto! Ela encarou, hesitante. Sentiu que podia aceitar a proposta, mas o quão aquilo podia parecer absurdo? – Não... – Ela gesticulou um gesto de não com o dedo indicador. – Não, a mãe dessa criança pode acabar aparecendo e pedindo ela de volta. Eu não quero esse tipo de problema. Ela pode acabar me chantageando. A enfermeira a encarou com um olhar surpreso. – Você não tem escolha, senhora Reese. Decida agora. Quer morrer ou quer um bebê nos seus braços? – Arranje um menino! – Ela afirmou como se nem mesmo desse importância
– Muito prazer, eu sou a enfermeira Carmem... Ele ignorou a mão suspensa no ar. Os olhos do homem rígido desceram em direção a cama ensanguentada. – O que aconteceu aqui? Por que esse sangue todo? – Meu marido, eu... Eu entrei em trabalho de parto e... – Se aconteceu algo com o... – Ele parou no segundo em que a viu. A bebê dormindo no colo da mãe aqueceu-lhe o coração. – É meu filho? – Amiro, eu... – A senhora Reese não sabia como contar que o bebê não era exatamente o que ele esperava que fosse. – É uma... Mas ele não esperou pela notícia. Em menos de dois segundos, ele a havia tirado dos braços de sua mãe, sem se importar que e agora ela estava chorando. O homem abriu a manta para verificar se de fato era como ele esperava que fosse. Não era. O sorriso morreu tão rápido quanto o olhar de ódio cresceu em seu rosto. – Uma menina? Eu esperei tudo isso por uma menina? Ela abaixou a cabeça de tanta tristeza. Foi a primeira vez que a enfermeira de fato sentiu pena daquela
A festa parecia tediosa, mas a senhora Reese havia acabado de chegar para abrilhantar a festa, cujo o motivo para a comemoração era o batizado de um dos garotos. Cesare Santorini tinha um rosto impassível como uma criança seria demais para a idade. A mulher chegou na casa usando saltos finos e delicados, e ele rapidamente notou como seu pai havia transformado o rosto de tédio para algo mais animado e cheio de vigor. Os olhos do senhor Santorini brilhavam de felicidade ao ver a mulher estonteante entrar no salão. Ela acabara de roubar a atenção de todos ali dentro, e naquele momento, o homem viril e mulherengo que havia nele, não pode conter-se. O senhor deixou o filho de lado e andou em direção a mulher. – Você está muito linda essa noite. – Ele disse sem qualquer pudor. Parecia haver uma clara intimidade entre os dois, mas o Amiro Reese não pareceu estar confortável com a troca de olhares. – Vocês são amigos? – O tom reprovador deixou claro para mulher. Ela teve um súbito
O casal pareceu assombrado ao olhar para trás. O homem de pé, com aquele terno caro emanava poder e punição a qualquer um que o contrariasse. Mesmo assim, o homem ainda estava ali, como um bom funcionário apaixonado, e pronto para defender sua amada do que quer que aquele senhor pudesse dizer. – Não vai sair daqui? Eu e a Aurora temos que conversar. – Senhora Reese! – Ele o corrigiu. – Senhor, Santorini. Se puder nos dar licença... Eu e ele estamos conversando. – O seu marido sabe disso? Você costuma ser assim tão fácil com todos, linda Aurora? – O que? – O homem praticamente rugiu, segurando na cintura delicada que acabara de murchar junto com a barriga outrora grande. – Tenha mais respeito por ela. Mas o senhor Santorini riu alto, exclamando a certeza das próprias palavras com uma certa arrogância. – Eu sabia que você dormia com qualquer um, mas o meu cavalariço? – Ele não é só um cavalariço para mim. Eu o amo muito e... – E o que? Pretende enrola-lo até quando?
O homem esbravejou enquanto a arrastava para dentro da mansão luxuosa, regada a bebidas guardadas em estantes de cristal e lustres de igualmente preciosidade. Ele a jogou no sofá com violência, sem temer que a estivesse machucando com brutalidade logo após um parto difícil e a morte do primogênito que ele desconhecia. – O que você estava fazendo na festa? – O que? – A mulher praticamente cuspiu as palavras assustadas. – Eu vi quando você saiu. Eu a vi levando aquele empregadinho para fora. O que você estava fazendo, Aurora. Eu juro que... A mulher o encarou com os olhos cheios de lágrimas. Ela estava tão assustada e havia um corpo debilitado incapaz de aguentar as torturas. – Eu só precisei de ajuda. Eu me senti mal. – Mentirosa! – O homem levantou a mão para golpeá-la no rosto. Algo o parou no ar. Enfurecido, Amiro Reese olhou em direção ao que o impedia de continuar sua cessão comum de tortura, quando seus olhos encontraram a mulher bonita e corpulenta que outrora havi
A bebê já estava um pouco crescida quando a antiga enfermeira chegou na casa com os olhos lacrimejando de alegria. A sua senhora a encarou com um olhar também feliz. Fazia pouco tempo em que finalmente havia conseguido domar seu marido manipulador e arrogante. – Carmem, o que foi? Por que tanta felicidade? – Eu vou me casar! – O que? – Aurora Beatrice Reese levou as mãos até a boca, em uma clara demonstração de choque e felicidade. – Com o seu... – Claro, né... – Ela fez-lhe um sinal de óbvio com o olhar. – Com quem mais seria? – Desculpe. Eu estou tão feliz que mal posso acreditar.– Como disse mesmo que ele se chamava? – Oh, isso não importa agora. Acho que a senhora deveria aparecer no meu casamento. – Eu não sei... Talvez o Amiro não goste muito da ideia. – Não se preocupe com isso. Eu sei que ele vai deixar. Ultimamente aquele homem tem parecido um cordeirinho. Aurora Beatrice Reese a encarou com severidade, como se ainda não estivesse feliz com a própria vid
O homem pareceu ter a maior carranca do mundo ao sentar-se no sofá da sala. Ele sempre fora sofisticado e bonito, mas perdia complemento o jeito ao encontrar-se com a própria esposa. Por que ele não sabia como lidar com ela? Por que não podia ser o mesmo sedutor de quando encontrava as mulheres da rua? Era sempre mais fácil com outras, e ele nunca fizera cerimonia para trai-la, mas ainda assim, reinvidicava-lhe o corpo todas as noites, mesmo após deitar-se com outras. Havia um nítido cheiro de álcool e mulheres impregnado na roupa que ele não fazia o menor esforço para esconder. Haviam rumores, mas ele apenas celebrava o quanto podia para demostrar a própria virilidade, sem notar que aquela atitude era o justo oposto para provar o que dizia aos outros e a si mesmo todos os dias. Ele virou a cabeça para o lado, observando a sombra esbelta que aproximava-se dele com cautela. Mesmo depois de mudar, a mulher ainda o tinha em grande medo, então, do que lhe adiantara ser gentil? –
Carmem Lúcia estava tão feliz em seu vestido branco e simplesmente que não parecia importar-se com nada além dos amigos que estavam do lado de fora da casa, esperando pelo momento em que entraria triunfante no altar. – Querida! – A Aurora Beatrice Reese gritou por ela, ainda da porta. – Oi, você conseguiu vir! – Ela exclamou a felicidade que parecia quase não poder conter. – Nossa, você está tão feliz. Quase não a reconheci assim. Você geralmente é mais séria. – Ah, eu sei... Eu pareço uma boba, não é? – Nunca! Inclusive, acho que você deveria sorrir assim sempre. – E quanto a você? A Aurora Reese liberou um sorriso largo enquanto era analisada da cabeça aos pés por suas roupas caras e elegantes. – Gostou? Me vesti só para você essa noite. – Claro! – Ela disse. – Gostou mesmo? – Você está simplesmente fantástica. – Ela disse num tom bem humorado.A Aurora Beatrice Reese sentiu-se finalmente envaidecida o suficiente para começar a se sentir mal com a própria aparên