O vento estava tão gelado lá fora, e o pequeno garotinho estava passeando pelo vasto bosque da fazenda. Aquela mata fechada sempre pareceu-lhe muito convidativo, e ele era inocente demais para pensar que tentar se esconder ali seria um erro. A Amélia o viu seguir em direção a floresta, mas ao invés de impedi-lo, ela apenas comemorou a própria vitória. Perder-se, no entanto, não era o suficiente para ela. Ele precisava sumir para sempre. A garota de dezoito anos fez um sinal de luz muito estranho, e rapidamente o ambiente pareceu pesar. Ela olhava pela janela do segundo andar e o fechou assim que o Cesare Santorini entrou no ambiente. Ele não podia ver. Ele não deveria saber que o filho morreria naquela tarde até que estivesse tudo finalizado. O garotinho olhou para a paisagem. Ele parecia completamente hipnotizado pelo som da água. Esperar muito discernimento em um garoto de cerca de três anos de idade era algo que os pais descobririam depois do inferno que os esperava. Ele
– Era o seu trabalho cuidar dele! – Ela escarrou as palavras como se sentisse todo o ódio do mundo. O Cesare encarou a garota como se sentisse pena por ela, mas como podia defende-la? Era o filho do casal que estava desaparecido, e ele jamais repreenderia uma mulher sofrendo assim. – Me desculpa, senhora. Eu não sei como isso foi acontecer. Eu estava no andar de cima com a... – Não interessa, Amélia. Você nunca deveria ter deixado o meu Charles sozinho. Ele é a sua responsabilidade também. O Cesare ainda terminava de se equipar de armas e lanternas como se estivesse entrando em uma verdadeira guerra. Ele estava mesmo, embora não soubesse ainda. Ao encarar a aflição da Madison Reese Santorini, ele sabia que ela não perdoaria aquela menina jamais, e pouco importava para falar a verdade. Talvez se ela fosse embora, ele parasse de sentir que havia algo de erado. O clima... E aquilo o estava afetando de uma maneira estranha que ele pensou não sentir outra vez. – Me perdoa, se
– Pap... – O sussurro baixo como o vento fez com que cada pelo do Cesare Santorini se arrepiasse. Ele ainda não tinha certeza de que tinha escutado algo. Na verdade, o desespero e as lagrimas o deixaram ainda menos sensível aos barulhos do ambiente. Ele ficou num completo silêncio esperando que pudesse ouvir mais uma vez. Nada. Nem um único som foi ouvido, e ele não conseguiu segurar o choro. Então ele gritou tão alto que as lanternas ao longe o iluminaram no mesmo instante. Aqueles homens estavam indo até ele. Alguma coisa aconteceu? Talvez... Talvez o Cesare Santorini tenha sido ferido de morte pelo próprio coração. E ele não queria viver...ele não queria viver aquela dor que esmagava-lhe o peito de uma forma brutal. Mas os cavalos que chegavam cada vez mais próximos o ajudariam a voltar para casa. Ele ainda tinha dois filhos... Ele ainda precisava viver, mesmo que não quisesse mais. Então ele desceu do cavalo e se ajoelhou no chão, como se encostar-se na terra pudess
O medico havia acabado de chegar quando a Madison Santorini o encarou com olhar de quem o repugnava, mas ele ainda se manteve perfeitamente intacto diante dos olhares que não se esforçaram para esconder o ranço contido neles. – Interessante... – O medico disse enquanto analisava o pequeno garoto. Mas a Madison Reese Santorini sentiu-se de cabelo em pé, como se ele fosse falar algo de muito importante. E o fato dele voltar a ficar calado a deixou ainda mais irritada. Ela respirou fundo em uma tentativa de chamar atenção, mas ele a ignorou mais uma vez. – O que ele teve? O homem a olhou por cima do óculos como se ela o atrapalhasse. – Deixe-me terminar, por favor. Ela sempre fora tão cordial com todas as pessoas que conhecia, mas aquele homem parecia inspirar-lhe o pior que havia nela. A maneira como ele a ignorava a deixava tão incomodada quanto a forma com a qual ele olhava.Ele era lindo, mas pouco sedutor. O homem parecia um rocha sem qualquer sentimento que o tomasse.
Eles estavam dormindo quando ouviram o primeiro grito alto ecoar pela casa. Rapidamente o Cesare saiu do quarto, correndo. Enquanto a Madison Reese Santorini ainda vestia o robe habitual por cima da camisola levemente transparente. Ele abriu a porta do quarto daquela criança, mas ela estava sozinha. Parecia tão apavorada com algo e a maneira como ela correu para o pai e abraçou-lhe as pernas encheu o homem de preocupação. – Charles, o que foi? – Ele disse enquanto tentava se abaixar, mas a criança recusou-se a solta-lo. – Ela estava aqui! Ela estava no meu quarto! – Ele não parecia nada lógico em dizer aquelas coisas. A Madison Reese Santorini parou na porta e encarou a criança com incredulidade, embora ela soubesse de quem ele provavelmente estava falando. Naquele momento, o medo súbito a atingiu com tanta violência que ela preferiu estar louca. – Quem estava aqui? Foi a Amélia? Mas a Madison sabia que não. Ela sabia bem de quem o filho provavelmente estava falando. – N
O vapor da água quente tomava todo o ambiente e deixava tudo mais difícil de ver. O Cesare Santorini acordou pela manhã com o som do chuveiro ligado. Ele olhou em direção a porta do banheiro e a viu aberta. Ainda havia a dúvida de que ela talvez estivesse chateada com ele, e talvez ela não o quisesse ali, naquele banheiro. Mas se aquilo era mesmo uma verdade, então por que ela deixaria a porta escancarada como um claro convite? Ele se levantou da cama com cuidado, e embora estivesse hesitante como se soubesse que havia algo de errado, ele arrancou as roupas do corpo e caminhou em direção a ela. Havia tanto vapor naquele lugar que mais pareceu uma nevoa densa. E ele lamentou não conseguir ver a silhueta nua e sensual da mulher por trás do boxe, como todos os dias costumava fazer. De toda forma, ele já estava pronto para ela, como se o corpo estivesse acostumado a tê-la como vital.Ele abriu o box e sentiu as mãos nos seios pequenos da mulher que pareceram-lhe estranhos naquele m
– Você vai deixar essa casa ainda hoje. Eu nunca mais quero te ver aqui. – Você não vai me expulsar daqui depois de tudo. – A garota ainda estava completamente nua enquanto andava pelo quarto com liberdades que ele não a tinha dado. O homem passou as mãos na cabeça que pareciam em chamas de preocupação. – Senhora Carmem, eu sei o que parece, mas eu juro que posso te explicar. – Senhor Santorini, eu não sou boba. Eu sou uma mulher vivida e sei bem o que eu vi. – Por favor, apenas espere! – Ele implorou, embora ainda fosse uma ordem. Então ele se virou para a garota nua. – Quanto você quer para ir embora daqui. – Um beijo seu. Uma noite de amor... Ele sorriu – Você ficou maluca? Garota, eu não quero você. – Não quer? – Ela cruzou os braços. – Não foi o que pareceu agora a pouco. – Suma! Você esta demitida. – Ces, amor, vamos conversar e resolver a nossa situação. Não da mais para ficar assim. – Ela disse propositalmente, esperando que a mãe se indignasse ainda mais.
Ele não tinha uma resposta clara para dar, e sentir cada solavanco suave dos passos daquela linda mulher se aproximando o deixou com o coração nas mãos. Cesare Santorini estava prestes a se jogar de joelhos no chão até que eles sangrassem e implorar para que aquela mulher o perdoasse. Ele sentiu tanta angústia que as feições não puderam disfarçar. A mulher o encarou, estranhando toda a tensão no ar. A forma como o marido encarava aquele pedaço de papel a deixou intrigada, e ela rapidamente foi em direção a funcionária. Enquanto segurava aquele cheque nas mãos, algo ruim não passou-lhe pela cabeça, embora devesse. E então ela o encarou com grande surpresa. – Para que a senhora Carmem precisa de cem mil dólares? Ele olhou para a esposa como se estivesse prestes a revelar tudo. E ele estava mesmo disposto, afinal, por quanto tempo ele poderia guardar aquilo. Ele estava preparado para tudo, menos perde-la. E quanto ao bebê? E as consequências? Ele não sabia o que pensar além de