Naquele momento, tudo o que eu mais queria era não estar ali. Doía profundamente vê-la ao lado do Ethan, mas parecia claro que esse era o jogo dela… tentar me afastar dele.Eu, porém, não seria vítima dessa disputa velada — que ela fizesse bom proveito. Se havia algo de que eu já tinha plena certeza, era que o único a sair perdendo seria o próprio Ethan.— Doutora, a senhora tem algum compromisso com o Ethan hoje? É que eu queria aproveitar o dia com ele, já que faz meses que não nos vemos. — Disse ela, toda derretida, enquanto aquele covarde sequer tinha coragem de me encarar. Vamos lá, Ethan… quero ver como vai reagir.— Não temos nenhum exercício previsto para hoje. Vocês podem ficar à vontade. Tenho um compromisso com outro paciente. — Respondi, com a voz firme.Na mesma hora, Ethan se engasgou com o café e me olhou, incrédulo, como se não pudesse acreditar no que acabara de ouvir.— O Oliver? Filho do Severid? — Perguntou Grace, percebendo claramente a jogada.— Pois é. Resolvi a
ETHANResolvi respeitar o limite que a Sarah havia imposto entre nós. Eu sabia que ela me deu uma escolha… e eu não a escolhi. Mas será mesmo tão difícil entender o quanto toda essa situação estava sendo dolorosa para mim? Era como se a vida estivesse me oferecendo uma segunda chance — e, ainda assim, eu não soubesse o que fazer com ela.Victória me contou que, no dia do acidente, ela havia trocado de lugar com a Ema. Disse saber que eu não perceberia a troca, já que, segundo elas, eu estaria empolgado com o resultado do jogo, que tinham certeza de que seria favorável ao nosso time.Foi Ema quem estava falando com ela quando eu a encontrei na saída do vestiário. Ou seja… eu não havia beijado minha namorada naquele dia, e sim minha cunhada — e sem perceber absolutamente nada. Nem mesmo minha mãe desconfiou da troca.Victória contou que Ema havia ligado para ela, informando sobre a boate. Foi então que ela decidiu ir até lá, mas no caminho se deparou com o acidente.Ficou com medo do qu
Mas não adiantava. Nada acontecia. E, por mais que ela tentasse, meu corpo continuava inerte, indiferente ao toque dela. Segurei sua mão com firmeza, mas sem agressividade, e neguei com a cabeça. Não precisava dizer mais nada. Aquilo já dizia tudo.Ela se vestiu em silêncio, visivelmente incomodada, e se preparou para sair do meu quarto. Assim que abriu a porta, deu de cara com a Sarah saindo do quarto à frente. E eu tinha que admitir… ela estava linda.Mas não tive tempo de admirar sua beleza — porque, no segundo seguinte, Victória bateu a porta com força atrás de si. Poucos instantes depois, ouvi outra porta sendo batida.Fiquei parado ali, questionando como fui capaz de permitir que as coisas chegassem àquele ponto. Como deixei tudo se embaralhar desse jeito?Caminhei até a janela e fiquei esperando Sarah aparecer na porta da frente. Quando a vi sair, observei-a com atenção. Minutos depois, um segundo veículo seguiu discretamente o dela.Mesmo no meio de toda essa confusão, uma coi
SARAHQuando saí da mansão mais cedo, me perguntei diversas vezes se estava fazendo a coisa certa. Mas eu precisava tomar as rédeas da minha própria vida — e, naquele momento, simplesmente cansei de sentir medo.Primeiro, fugi do Brasil com receio de cair nas mãos de um homem escroto. Agora, aqui estou, presa em uma mansão nos Estados Unidos, a milhares de quilômetros de casa, ainda com medo do mesmo homem de quem tentei escapar.Depois, me escondi atrás da proteção que criei para não me magoar, até entregar meu coração a alguém que eu acreditei que nunca o quebraria. E olha só a situação em que me encontro agora. Cansei de ser a espectadora da minha própria história. Quero, finalmente, ser a protagonista da minha vida.Minha visita à casa do Oliver realmente me fez bem. Senti-me renovada após decidir o que realmente queria fazer. Comprovar que o tratamento estava dando resultado foi simplesmente maravilhoso.A nova ressonância que ele havia feito mostrava que o inchaço tinha diminuíd
Foi nesse instante que ouvimos gritos no corredor. Em quase um ano desde que cheguei ali, nunca havia escutado Grace levantar a voz. Mas, naquele momento, ela gritava — e alto. Ainda assim, eu não me levantei. Permaneci ao lado dele, oferecendo o que ele mais precisava… presença e acolhimento.Continuei a confortá-lo, repetindo que nada daquilo era culpa sua. Que ele não tinha culpa de ser o único sobrevivente daquela tragédia. E que, apesar de tudo, ele merecia, sim, ser feliz. Mais do que ninguém.— Eu não mereço, Sarah… eu estraguei tudo. — Ele disse, entre soluços.— Ethan, olhe para mim… — Falei séria, fitando-o nos olhos. — Aquela mulher não tem a menor ideia do que você enfrentou, das suas lutas diárias, das conquistas que você conseguiu com esforço. Ela não ficou. Pensou somente nela mesma e partiu. Que direito ela tem de voltar e te dizer as coisas que disse?— Como ela mesma falou… eu matei a irmã dela — Murmurou, com a voz carregada de culpa.— Não, Ethan. Foi um acidente.
Ethan afastou a cadeira novamente em direção à janela e ficou olhando para fora em silêncio. No entanto, percebi que, em alguns momentos, ele apertava com força os braços da cadeira e fechava os olhos. Notei também que começava a transpirar. Aquilo, definitivamente, não era um bom sinal.— Ethan, o que você tem? E não tente me dizer que não é nada, porque já percebi que algo está acontecendo. Você está com dor? — Perguntei, preocupada.Ele me olhou e somente confirmou com a cabeça, em silêncio.— Venha até aqui e se transfira para a cama. Vou pegar um óleo e fazer uma massagem em você. — Disse, já me levantando para ajudá-lo.Ele veio até a cama enquanto fui até o banheiro buscar o óleo. Quando voltei, ele já estava deitado, então o ajudei a se virar de costas e comecei a massageá-lo. A cada toque das minhas mãos em suas costas, ele soltava pequenos sons de alívio. Pela forma como transpirava, percebi que a dor não devia estar nada leve.Fiquei ali por quase meia hora, concentrada em
Já no fim da tarde, Ethan bateu à minha porta e, assim que saí, ele se dirigiu diretamente à porta do quarto dele, o que me surpreendeu. Imaginei que iríamos para a sala.Ao entrar, fiquei ainda mais surpresa. Havia uma mesa cuidadosamente posta para duas pessoas e um aparador repleto de comidas e sobremesas. Um pequeno frigobar também havia sido colocado ali. Era evidente o quanto ele havia se esforçado. E, se a intenção era me surpreender, ele havia conseguido.— Podemos jantar agora, se desejar. — Disse ele com um leve sorriso. — Ou assistir ao filme primeiro e jantar depois. A escolha é sua. Mas... eu havia programado assistir primeiro.Decidi seguir a programação dele — estava amando cada detalhe. Ethan se acomodou no sofá, e eu me sentei ao seu lado. Depois de colocar o filme, ele ajustou a luz ambiente e regulou o ar-condicionado. Juro que me senti no cinema.Em determinado momento, comecei a sentir frio, então me aconcheguei a ele. Ethan passou o braço sobre mim e começou a fa
ETHANOlhei para Sarah ainda sobre mim, suada, mas com um sorriso que deixava claro o quanto estava satisfeita. Seu olhar apaixonado me encarava, e era exatamente aquilo que eu desejara durante semanas. Levei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha e acariciei suavemente seu rosto.— Se dissesse que não havia planejado isso para nós hoje, estaria mentindo. Mas não imaginei que aconteceria nessa ordem… ainda assim, foi maravilhoso! — Falei. Ela me olhou e seu sorriso se alargou ainda mais.— Então, você já tinha tudo planejado para a nossa noite? E ainda estava certo de que isso ia acabar acontecendo? Que convencido! — Respondeu, rindo. — Mas tenho que admitir… foi mesmo maravilhoso — completou, colando novamente seus lábios nos meus.Ela saiu de cima de mim, deitou ao meu lado e me abraçou. Aquele era, sem dúvida, o melhor lugar do mundo para se estar. Ficamos ali por alguns minutos, cada um imerso em seus próprios pensamentos, até que o estômago dela roncou, nos fazendo rir.— Va