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Thomas- Contrato de Casamento
Thomas- Contrato de Casamento
Por: cj_rafaella
Prólogo: A Venda do Hotel

1 ano até o casamento  

Thomas  

—Pai, mãe, posso falar com vocês? 

—Claro, filho. Entre!  

—É... Eu ouvi uma conversa pelos corredores da empresa, de que estão acertando a venda do hotel cassino de Las Vegas. Achei estranho não ter sido informado e ter sabido apenas pela boca de terceiros, isso é verdade?  

—Bastante coisa aconteceu em seu período de férias, querido — Minha mãe disse, apontando para a cadeira ao seu lado. Me sentei e, por um segundo, admirei a vista da placa de Hollywood, pela janela da sala da presidência.  

Meus pais não estavam mais a frente da empresa, há alguns anos, mas eles ainda assumiam a liderança toda vez que Theresa, minha irmã mais velha, precisava viajar a negócios.

—Se lembra que eu te informei de alguns problemas de administração acontecendo desde a morte de seu tio, antes que saísse de férias? — Ele questionou, me fazendo prontamente assentir com a cabeça — Eu e sua mãe não temos experiência com a parte administrativa, até seu tio falecer, nossa única preocupação era com engenharia em si, com os nossos projetos de construção. Mas você sabe muito bem disso.  

—Acha que ele tomou decisões erradas, quando decidiu expandir a empresa para fora do mercado de engenharia? Quer dizer, foi isso que nos fez crescer e trouxe renome para nossas construções.  

—Foi a decisão certa para o momento, até porque, para sermos empresários do ramo, sabíamos que haveria serviço administrativo e burocrático para ser feito, por nós ou por terceiros. O que nenhum de nós contava era que — Ela fez uma pausa longa, junto com um suspiro. Meu tio foi mais do que seu irmão, era seu melhor amigo, o grande responsável pelo início do relacionamento de meus pais — Que o câncer voltaria e o levaria embora.  

Ele nunca se casou ou teve filhos, sempre morou conosco e ajudou a cuidar de mim e de meus irmãos. Boatos corriam que ele era apaixonado pela minha mãe e a perdeu para meu pai, mas essa não era bem a verdade.  

Meu tio era gay e, graças aos meus avós preconceituosos, nunca teve coragem de se assumir. Ele sempre gerenciou a empresa da família, mesmo a contragosto de seus pais. Tio John foi o grande responsável por transformar a Cox Engeneering em muito mais que apenas construções.  

—Estamos sem saída, meu filho.  

—Estamos falindo? Porque até um mês atrás, não tínhamos problemas financeiros. 

—Não, é claro que não! Você e sua irmã tem mantido as finanças da empresa de pé, vocês sabem disso muito melhor que eu. Porém, tenho conversado com Tessa e é coisa demais, compramos muitas empresas menores e hoje não temos gente de confiança para administrar todas elas, não faz sentido mantê-las.  

—A gente já tem vendido algumas delas, nos últimos meses — argumentei — Vocês sabem que eu não tenho interesse em passar por cima de Tessa para assumir a presidência, mas precisamos mesmo nos desfazer do hotel? Eu não posso me responsabilizar por ele? Eu consigo fazer isso e manter minhas responsabilidades com o resto da empresa. Las Vegas não é tão longe de Los Angeles e...  

—Na verdade, já é um pouco tarde para isso. Eu iniciei um acordo e não há como voltar atrás, pelo menos não 100%, mas se esse hotel é tão importante para você, acho que podemos tentar negociar.  

—Por que iniciou tudo isso sem me falar? Eu amo aquele hotel, passamos boa parte da minha infância por lá, durante os projetos de construção e reforma. Ele me traz infinitas memórias e provavelmente é o lugar mais importante do mundo, para mim, o lugar que mais me lembra um lar.  

—Filho, eu... Me desculpe, mesmo! Eu só, muitas vezes, não consigo entender o seu apego por aquele lugar. De qualquer forma, nós não deveríamos ter começado a tratar desse assunto, sem antes termos conversado com você. Foi um erro nosso!

—Na verdade, acho que há uma solução — Minha mãe parou para pensar — Se lembra de uma reunião que tivemos há uns dois anos atrás, com o dono da Vacchiano Company?  

—Hum, eu estava na faculdade, então não o conheci. Mas sei que misturam negócios e advocacia, comprando empresas falidas, as colocando de volta no mercado e enriquecendo em cima delas, não é isso?  

—É. Eles são praticamente os Kardashians do mundo empresarial, a mídia cai tanto em cima deles, quanto cai sobre nós. Nossos nomes estampam revistas de fofocas do mesmo jeito.  

—Maldita hora em que os sites empresariais começaram a falar sobre vida privada. Agora qualquer um que tenha uma empresa grande entra no hall da fama e vira subcelebridade — meu pai esbravejou.  

Os encarei por breves segundos, tinham se perdido no assunto importante. Só de pensar em perder o domínio que temos por aquele hotel, minhas mãos começavam a suar.  

Eu não podia explicar o meu apego ao lugar para eles, nem para ninguém. Na verdade, não saberia se alguém no mundo seria capaz de me entender. Era uma conexão que não fazia sentido, se posta em palavras.

—Como eu ia dizendo, dessa vez os Vacchiano que nos procuraram, para um negócio fora do que eles estão acostumados a lidar. Não querem comprar o hotel porque ele está falindo, nós sabemos que ele ainda gera um tremendo capital, a intenção é dá-lo de presente de formatura para a filha deles.  

—Isso parece... Legal.  

—E é. A menina sonha em ter sua própria rede e o pai dela decidiu ajudá-la a dar o primeiro passo, antes do planejado.  

—Então realmente perdemos ele? Já assinaram contrato? Não há possibilidade de fazer uma contraproposta, diminuindo a autonomia deles?  

—Vamos com calma, é nosso único hotel e todos os detalhes estão sendo acertados de forma lenta e detalhada. Mas o que me chamou atenção, é que quando nos procuraram, não pensavam em comprar o hotel, apenas em fazerem uma parceria para colocarem a menina como CEO.  

—A menina? Falam dela como se ela tivesse acabado de sair das fraudas. Isso vai acabar não dando certo, como uma garota que nem terminou a faculdade vai conseguir comandar tudo aquilo? 

—Thomas, acalme-se, sua mãe tem razão — meu pai me encarou pensativo — Quando viram que nossa intenção era vender o hotel, embarcaram em nosso plano. Mas talvez, ainda tenha como voltar atrás e fechar o acordo inicial.  

—Eles podem não aceitar, sairiam em desvantagem — argumentei.  

—Então, se isso é realmente importante para você, vamos arrumar uma forma para que eles tenham a vantagem que estão esperando e, ainda assim, você possa continuar ligado ao hotel.  Não podemos agir de má fé e retirar a proposta de venda, não é dessa forma que a nossa empresa funciona, não é assim que acreditamos que as coisas podem ser. Mas nós podemos lutar por um acordo funcional para ambas as partes.

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