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Capítulo II: A Proposta

360 dias até o casamento  

Thomas  

—O que está fazendo? Por que nos tirou da sala de reuniões? Ela estava concordando. Estávamos a um passo de fecharmos um bom negócio — Meu pai sussurrou, entrando na sala que Luigi indicou que poderíamos usar.  

—Se lembram da época em que eu fiquei noivo, na faculdade?  

—O que isso tem a ver, Thomas? — Minha mãe questionou, sem muita paciência para uma conversa naquele momento.  

—Aquele foi o ano em que eu ganhei mais dinheiro na minha vida, porque foi quando Trent vendeu o aplicativo dele. E eu, como principal investidor e administrador, recebi uma boa parcela dos lucros. Naquele ano, eu fiz a mesma quantia que consegui nos próximos, somados. Mesmo contando com todos os bens que vocês me deram, na infância e vida adulta, metade do meu patrimônio é fruto do app.  —Contei. Meus pais sabiam que eu tinha faturado um bom dinheiro, ainda na faculdade, mas normalmente nós não víamos a necessidade de sermos tão abertos com relação as nossas finanças pessoais, portanto eles não deveriam imaginar que o lucro do app havia sido tão significativo à minha conta bancária.

—Nós imaginávamos algo do tipo, Tommy. Seja breve, a menina pode não ter tanta paciência conosco.  

—Eu achei que iria me casar e coloquei todo aquele dinheiro em um fundo financeiro. Porém, se eu não cumprir as condições para desbloquear o dinheiro até os vinte e cinco anos, eu precisarei esperar até o meu aniversário de oitenta anos, para liberá-lo sem precisar cumprir nenhum pré-requisito. E essa condição é um casamento. Preciso me casar até os vinte e cinco anos, ou só verei a cara desse dinheiro quando for um idoso.  

—O que? Você está louco? É muito dinheiro. Você não precisa dele hoje, mas nada garante que não vai precisar no futuro. Contar que vai ter uma situação financeira boa, até os seus oitenta anos, é arriscado demais. Temos uma vida financeira estável, mas tudo pode mudar do dia para a noite, podemos falir, não sei. O que você estava na cabeça quando fez isso, Thomas?  Como pode fazer isso por uma garantia que não existia? — Minha mãe se desesperou.  

—Eu fiz um acordo com o banco, parecia impossível não me casar até os vinte e cinco. Sei que fui irresponsável, mas eu achava que me casaria, eu era jovem, burro, mercenário e estava em um relacionamento com uma mulher mais mercenária ainda. A culpa foi minha, no fim das contas. O dinheiro triplicaria se eu o deixasse parado e eu precisava escolher uma condição para desbloqueá-lo, entre se casar, ter filhos, construir o meu próprio negócio e outras opções. Eu fui na opção mais certeira, na época, mas escolhi errado!  A vantagem era tão grande que eu já perdi as contas de quanto dinheiro se acumulou naquela conta. Eu venho estudando formas de desconsiderar o acordo, mesmo que perca os juros e fique apenas com o que investi no início, mas parece impossível, então estou tentando arrumar uma namorada e pensei até mesmo em pagar alguém para se casar comigo, se as coisas não acontecerem naturalmente a tempo...  

—Meu filho, você logo fará 24 anos. Precisa arrumar uma esposa, para a segurança de seu próprio futuro. As coisas mudam, pessoas muito ricas, bilionárias, já perderam tudo. Imagine a gente... Nós não estamos livres e seguros dessa possibilidade, não quero que você sofra até a sua velhice, para só lá receber um dinheiro que poderia ter te garantido uma estabilidade pelo resto da vida. Ainda há todos os seus projetos, todo um futuro que você deseja construir, que precisa de dinheiro para ser desenvolvido, como o projeto social que você vem pensando em criar.

—Eu me vejo muito preocupado com sua situação, mas sinceramente, não entendo o porquê de ter interrompido a reunião para nos jogar essa bomba. A não ser que esteja tentando nos matar, porque eu estou à beira de ter um ataque cardíaco—Meu pai disse, lamentando as minhas escolhas do passado.   

—Nós três sabemos que eu não vou conseguir encontrar alguém que ame e queira se casar comigo, em uma corrida contra o relógio, assim tão facilmente. Mas sabem quem também está lutando contra o tempo? Fiorella Vacchiano!  

—Eu não estou entendendo onde quer chegar, filho —A minha mãe voltou a dizer.  

—Fiorella terá suas fotos divulgadas, a menos que encontre alguém para fingir ser seu namorado. Me colocando à disposição para esse cargo, a primeira etapa já estaria cumprida. Se eu estivesse no lugar dela, aceitaria esse acordo sem pensar duas vezes. E olhe que sou homem, se fotos minhas vazam, vou receber bem menos julgamento do que ela receberia, na mesma situação, só por ser uma mulher.  

—Planeja fazê-la apaixonar-se por você? Para se casar com ela e aplicar um golpe, tirando vantagens do matrimônio, que sejam desconhecidas por sua esposa? Porque, se for isso, saiba que não vamos apoiar uma loucura. De jeito nenhum, é melhor que perca o dinheiro, então.  

—O que? Pai, claro que não. Não planejo enganá-la, apenas mostrar uma nova alternativa que seria vantajosa para nós dois. Daqui a seis meses, vamos ser realistas, Fiorella correrá o risco de ter algumas fotos divulgadas, o tal de Kyle com certeza não deixará barato. E então, a mídia e a internet cairão em cima dela, tratando-a como se fosse uma vadia. Mas todo o escândalo será reduzido se ela ficar noiva e, logo depois, se casar. Talvez ele decida nem publicar nada, nesse caso, por “respeito”, como o próprio babaca revelou.  

—Se casaria com uma mulher que provavelmente terá fotos nuas expostas na internet? 

—A intenção seria evitar o vazamento, justamente. Mas se acontecer, ainda assim, não vejo problema nenhum nisso, em me vincular a ela. Seremos vítimas da situação, ambos! Assim, eu desbloquearei o meu dinheiro e mais, poderemos fazer um acordo pré-nupcial de separação total de bens. Além disso, ela pode comprar apenas metade do hotel, com um contrato que garanta a ela a administração e os direitos de transformá-lo em um dos estabelecimentos da sua futura rede hoteleira.  

—Eu não vejo tanta vantagem assim, para ela. Veja bem, filho, a proposta parece muito interessante olhando do seu ponto de vista, seriam pontos sem nó. Agora para Fiorella... E se o irmão dela conseguir dar um fim as fotos? Parece bem mais fácil pagar alguém para fazer o que ela precisa que seja feito, do que dar um milhão de voltas na situação e se casar sem necessidade. Seria mais fácil, ainda, aceitar comprar metade do hotel, sob um acordo parecido com o citado por você, sem envolver qualquer união fora da esfera profissional.

—Pois bem, podemos melhorar a situação para ela, aumentar as vantagens. Podemos vender essa metade do hotel por um preço abaixo do mercado. Eu posso financiar toda a reforma, sem tirar um centavo de seu bolso, posso acompanhar e gerenciar a obra e tudo de perto, enquanto ela termina a faculdade. Já seria uma proposta melhor, certo? E é claro, assim que eu conseguisse liberar o meu fundo, eu compensaria vocês dois por terem ajudado financeiramente em meu plano.

—Quer mesmo se casar com essa menina? 

—Não. Mas não consigo pensar em uma melhor saída. Além do mais, trará fama e destaque para as duas famílias. Afirmará uma aliança. E gerará lucros financeiros, trazidos pela exposição.  

—Se está tão disposto a isso, acho que ela precisará ter mais vantagens, além de um hotel barato, um namorado falso e uma reforma de graça. Ela não precisa se casar, também não precisa de dinheiro e pode comprar qualquer outro hotel. Você sim, necessita de uma união! Além do mais, Fiorella ainda abriria mão de ter o que ela tanto quer: comprar o hotel inteiro.  

—Posso abrir o bolso, dar a ela uma parte do dinheiro do fundo. Uma parte significativa, que faça o casamento valer a pena.

—A família dela é muito rica, querido. Dinheiro não será o suficiente. Se alguém chegasse oferecendo uma boa quantia, em troca de um casamento, você aceitaria? Isso enxeria os seus olhos?

—Não, sentiria que estava me vendendo por algo que tenho o suficiente e que posso conquistar mais, sem precisar utilizar desses meios.

—Então o que te leva a pensar que ela não encarará a proposta dessa mesma forma? E por que ela, especificamente? Acredito que você conseguiria um acordo mais fácil, com outra mulher.

—Sei que ela está com medo de que deixemos a história das fotos vazar, assim como teria medo de se enfiar em um relacionamento falso com qualquer homem. Eu também me preocuparia com isso, em me casar com alguém contratado, que poderia me expor mais tarde. Com ela, seria um acordo mútuo, eu não estaria a ajudando e nem ela a mim, porque nós dois precisaríamos um do outro, então não seria um favor. E seria extremamente confiável, porque se um de nós caísse, o outro cairia junto. 

—Tudo bem, você tem razão. Mas precisamos pensar em uma oferta mais generosa, porque até agora, ela até poderia concordar com um namoro falso, se esse fosse o caso. Mas ela ainda não irá tirar nenhuma vantagem em estender o namoro até o altar.  

—Eu já sei o que fazer, podemos voltar a reunião! —tentei dar a conversa por encerrada, sabendo que meus pais não concordariam com isso tão facilmente.

—Filho, espere um segundo. Pense, reflita. Não seja impulsivo. Dinheiro não é tudo na vida e você está tomando uma decisão que, querendo ou não, mudará a sua vida — Minha mãe começou. 

—Com ou sem divórcio, seu nome estará ligado para sempre ao dessa moça. Não a conhece e não costuma se envolver em relacionamentos sem muito pensar, sem muito amar. Não acha melhor tentar encontrar alguém de verdade e, depois, se não conseguir, contratar alguém?  

—É como falei, pai, não confiaria em contratar alguém. Além do mais, você mesmo acabou de dizer que não me envolvo facilmente, ou seja, seria muito difícil encontrar alguém e correr para me casar, não muito tempo depois. Não posso esperar e deixar para cima da hora, e se alguém perceber que é um plano? E se algo der errado?  

—Mas você não a conhece, querido. E se tiver a personalidade muito diferente da sua? E se não conseguirem conviver um com o outro? Porque é bom que saiba que, mesmo sem se relacionar com ela, terão que fingir praticamente o tempo todo. E pelo que já ouvi falar dela, realmente não são parecidos...  

—É um risco que terei que correr, mãe. Não estamos falando de pouco dinheiro e, sabe-se lá o que o futuro nos reserva. Muito pode acontecer! Imagine não ter nem onde morar, sabendo poderia ainda ter dinheiro na conta se tivesse feito um esforço lá atrás?  

—Essa moça, me parece muito diferente de você e, principalmente, muito diferente das outras mulheres com quem você já se envolveu. Não digo sobre credibilidade, acho que demonstrações de afeto tornam tudo convincente e não vou julgar a garota por uma situação que poderia acontecer com qualquer um, mas tem certeza de que não quer ao menos conhecê-la pessoalmente, antes de qualquer acordo extremamente radical?  

—Eu estou irredutível! Mas ainda assim, preciso convencê-la de que é o melhor para nós e, prefiro acreditar que se for para acontecer, ela também vai topar e nós dois teremos alguns problemas a menos com o que se preocupar. 

—Não se anime tanto, filho. Preparar um casamento dá trabalho, se casar, mais ainda. Manter a união e a harmonia, então...  

—Será tudo um grande teatro, mãe! 

—Então será difícil lidar com a atuação e conviver com alguém que mal conhece. Mas se é isso que quer e acredita ser o melhor para você, não iremos nos opor. Só não abra mão do amor assim, tão facilmente!  

—Ótimo! Será temporário e, quando assinar o divórcio, ainda vou ter tempo o suficiente para encontrar o amor da minha vida! Podemos voltar para a reunião agora?  

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