Sabendo do movimento que agitava a pousada no verão, Linda deixou a loja no centro da cidade, que apesar de estar em um momento de afluência devido à alta estação, poderia ficar a cargo do marido e das duas funcionárias, e foi ajudar na Pousada. Ela sabia que a filha ficava esgotada nessa época e precisava de um pouco de descanso para poder “recarregar as baterias”. Eva agradeceu o gesto da mãe e ambas passaram a dividir o serviço, sobrando um pouco mais de tempo para a moça.
Era mês de dezembro e as festas de fim de ano se aproximavam trazendo a sua aura de magia e beleza. Frederico adorava a época de Natal e saía para comprar presentes que distribuía com gosto entre seus clientes e amigos. Eva havia montado uma grande Árvore de Natal na portaria e no salão das refeições construíra um belo presépio. Domingos preparou no computa
Frederico aproveitara o domingo para ir almoçar com Vicente e Vera. Linda se dispusera a preparar uma deliciosa lasanha para deleite do médico que adorava massas. Durante o almoço, o assunto versou sobre o piquenique que Eva e Domingos foram fazer em visita às cachoeiras.Linda achava que Eva e Domingos ainda não se conheciam direito:― Ele é quase dezessete anos mais velho do que Evinha! Um coroa já usado! Minha filha é jovem, precisa de jovens cheios de vida...Vera, que não era fácil e tinha um temperamento bem mordaz, comentou:―Tens razão, Linda! Eva precisa de um jovem. Exatamente como aquele que ela arranjou em Belo Horizonte...Linda fez uma careta azeda:― Lá vem você, mamãe! Para você está tudo sempre bem! Aposto que gosta desse velho que veio de outra cidade e que nem conhecemos.― Gosto mesmo. Ele é bonit&at
Na quarta-feira, Domingos viajaria para o Rio de Janeiro. Ia passar o Natal com seu irmão, mas voltaria para o réveillon. Na véspera da viagem, após o almoço, encontrou Eva sentada numa das poltronas da varanda com o pé destroncado descansando sobre uma cadeira; ela tinha feito as radiografias e constatou que não havia fratura, mas sofrera uma forte torção que lhe deixaria uns quinze dias em repouso com o pé imobilizado.Domingos sentou-se a seu lado:― Está melhor? ― a pergunta foi feita com carinho demonstrando um real interesse pela condição física da jovem.Eva sorriu agradecida pelo interesse do moço:― Estou bem melhor, mas vou ficar de molho alguns dias. Não vou poder dar os três pulinhos para entrar o Ano Novo ― comentou divertida. ― E você? Como vai o ombro?Domingos fez um movimento com o braço como a mostrar
Estavam todos reunidos ao redor da mesa cheia de acepipes armada na casa de Vicente para comemorar a passagem do ano.Estavam presentes Vicente e Vera, os dois velhinhos que tiveram a coragem de vir para o Glória montar a pousada quando a cidade ainda não oferecia muitas condições de sobrevivência; seus filhos Lúcio e Carlos, que tinham vindo de Belo Horizonte com suas esposas, os filhos também casados, as esposas dele e os netos, para passar o ano junto com os pais, avós e bisavós; Linda com o marido Alfredo e Eva, belíssima em seu magnífico vestido branco que assentara como uma luva; seu irmão Ernani com a noiva que veio de Betim romper o ano na companhia dos pais e dos avós; Frederico, Domingos, Lazinha, Chico, Silvia e os três filhos, Valter e, também, duas famílias de hóspedes que não saíram para comemorar a passagem do ano em outras festas.
Estavam todos reunidos na praia que margeia a “Maria Augusta”. O quadro era de inigualável beleza! A cachoeira se debruçava sobre a penha e caía com estertor despejando a espuma branca de suas águas abundantes no lago que se espraiava na base da catadupa e as pedras daquela fonte uniam suas frontes no murmúrio do rio que chorava e sorria...O sol invernal do domingo límpido, embora frio, arrancava reflexos iridiados do espelho líquido, decompondo a sua luz soberba nas cores básicas do espectro; belos pássaros multicoloridos riscavam o céu em trânsito com os colibris, joias aladas que se entretinham beijando lilases, jasmins, açucenas...A flora e a fauna casavam-se felizes junto com Eva e Domingos, que haviam escolhido aquele belo sítio para oficializarem a cerimônia mística de seu casamento. Era o mês de maio e Domingos escolhera a data para comemor
Nossa narrativa termina aqui! Como a única coisa que cria do nada é o pensamento, ao criarmos os nossos personagens também assumimos responsabilidades por eles perante o Cósmico.Durante o tempo que passamos convivendo, eu, o criador, e as criaturas que tomaram forma em minha imaginação e ganharam uma vida própria durante seu trajeto, muitos laços de carinho, respeito e amizade surgiram entre nós, provando que “... o que está em cima é como o que está embaixo e vice-versa, para que se cumpram todos os milagres da unidade”. A verdade é que eles agora têm vida própria, vão partir pelo mundo e não consigo mais decidir o seu destino, o seu curso... E irão cumprindo sua missão! Certamente levarão alegria, ensinamento, amor... quantos ouvirão as suas palavras ou lerão as suas façanhas?&nb
C364tCavalca, FergiInclui índiceISBN 978-85-7923-422-4Ficção Brassileira I. Título11-6249. CDD: 869.93 CDU:821.134.3(81)-3Esclarecimento ao leitor“Trilhas Convergentes” é um conto de ficção. Os personagens são frutos de nossa imaginação e qualquer semelhança com pessoas reais é mera coincidência. Os estabelecimentos comerciais também são fictícios, mas a cidade de São João Batista do Glória é real.Ao procurar um cenário
O doutor Túlio Bevenuto ajeitou os óculos sem aro e olhou novamente os exames que tinha na mão. Dificilmente ele encarava o seu interlocutor, principalmente na hora de dar um diagnóstico. Remexeu-se inquieto na cadeira, espantou uma possível mosca de cima do telefone, olhou demoradamente para a estante de livros na parede, deu umas pancadinhas no relógio de pulso...Ele era um homem já entrando na terceira idade, calvo no topo da cabeça e com os cabelos das têmporas e da nuca, os únicos que lhe restavam, grisalhos. Tinha uma reputação excelente como cardiologista e era complicado conseguir uma vaga para ser atendido em seu consultório particular.Depois de todos os rodeios ― olhou a mobília, cruzou os braços, consultou a folhinha... ― voltou os olhos para o paciente que estava sentado à sua frente e, muito sem jeito examinando a ficha que estava em suas m&atil
Em casa, Domingos procurou conhecer o lugar para onde a sorte lhe apontava. No computador, iniciou uma pesquisa na rede para tomar conhecimento de seu futuro domicílio: conseguiu estabelecer que a cidade de São João Batista do Glória foi emancipada em 1949, no dia primeiro de janeiro, tem uma população de, mais ou menos, sete mil habitantes, e, portanto, é uma cidade pequena.Chega-se até lá ou de balsa atravessando o Rio Grande, em Passos, ou de carro por uma estradinha de terra que se entronca com a rodovia que vem de Belo Horizonte, passando por Formiga e Piumhi em direção ao estado de São Paulo.Pela dificuldade para aportar no município, pode-se esperar que seja um cantinho calmo e sereno. A principal atividade é o turismo. Situa-se na região da Serra da Canastra, que ostenta em seu território inúmeras cachoeiras. Segundo as fontes, mais de