Minha cabeça lateja e eu podia sentir que meus músculos contraiam involuntariamente. Arrastei-me da cama e pus as pernas para fora, apoiando os cotovelos sobre as coxas e arquejando com a fisgada que irrompia dolorosa da têmpora. Esfreguei meus olhos e analisei ao redor, constatando que estava no quarto de Travis.
Olhei pela janela e vi pelo céu acinzentado que ainda era muito cedo.
Levantei-me da cama e segui em direção a porta que estava entreaberta e puxei-a silenciosamente, passando por ela ao sair no corredor.
Havia mais três portas além da minha e isso me fez olhar ao redor com curiosidade. Por que Travis precisava de uma casa tão grande?
Olhei para a porta mais próxima da que eu saíra e me atrevi a girar a maçaneta, tentando fazer o mínimo barulho possível e a empurrei o suficiente para que meu corpo pudesse passar, deparando-me imediatamente com o corpo
Permaneci na casa de Travis por dois dias. Meu corpo se recuperava satisfatoriamente rápido. A ferida já estava seca e não precisava tomar mais remédios, porque a dor já não era latente.Eu me sentia boa o suficiente para partir. Não queria mais permanecer em Nova York, e me recusava a ficar na casa de Travis por mais tempo.As coisas tinham ficado estranhas desde a primeira noite, e eu passava a maior parte do tempo tentando evitá-lo. Talvez estivesse envergonhada por ter ficado chapada ou simplesmente com medo de Travis e da forma como ele olhava para mim, mas de algum jeito surreal, as coisas conseguiam ficar ainda mais esquisitas à medida que permanecia na casa.Uma sensação estranha zunia no fundo dos meus ouvidos, advertindo-me ao fato de que ele estava escondendo alguma coisa importante sobre o meu passado de mim. Eu tinha certeza disso, pois ele sabia demais, mas Travis nã
Ergui o meu olhar, atordoada com o fluxo de informação que me atingia como uma pedrada na cabeça. O pulsar acelerado do meu coração poderia ser ouvido com facilidade se o caos cessasse. Na verdade, o ambiente estava em silêncio e carregava uma apreensão palpável. A gritaria acontecia dentro de mim.— O-o que? — rebati perplexa e muito assustada.Minha boca secou quando o homem deu dois passos para mim e deixou um pequeno chute na minha bota.— Levante-se! — Ralhou, permanecendo firme em sua ordem.Droga!Apavorava, chacoalhei a cabeça em negativa e apertei os olhos com força ao tentar controlar os meus nervos, mas parecia ser impossível.— Você está surda? — refutou ele, com uma revolta aparente em seu timbre que me fez encolher mais. — Qual parte está difícil de entender. Eu mandei voc&eci
Abri meus olhos quando senti um peso fazer o meu corpo subir com pressão. O colchão abaixo de mim era macio, mas mesmo com o conforto, a sensação não era nada boa. Então, mesmo com a mente atordoada, inclinei o corpo sobre os cotovelos, erguendo a cabeça e sobressaltando num pulo sobre a cama assim que me deparei com Ryan sentado à beira.— Ryan! — exclamei no susto, me encolhendo na defensiva, encarando-o com apreensão.Ele estava inclinado para frente. Os cotovelos fincados nos joelhos, os braços lhe cobriam o rosto, e os dedos emaranhavam-se nos cabelos loiros mais compridos na parte superior, rendendo a ele um ar dramático e pensativo.Receando o pior. Baixei o olhar para os meus pés. Minhas botas não estavam ali e arrastei-os mais para mim, tomando o cuidado de ficar o mais longe possível dele.Ergui o olhar, mas tive de mexer o maxilar, arqu
Marshall não ofereceu resistência, porque Ryan foi bastante persuasivo quando apontou a arma nas costas dele, e nós fizemos o caminho contrário.Era bastante inusitado pensar que as pessoas mudavam de opinião rapidamente, se você as motivassem do jeito certo, e mesmo que isso fosse hediondo, Marshall estava escondendo alguma coisa importante e estava na cara que ele não nos ajudaria sem um empurrãozinho.Os casacos grossos serviram para camuflar a arma e não chamar muita atenção das poucas pessoas que transitavam pela calçada. Marshall empurrou a grande porta pesada e passou primeiro com Ryan em seu encalço. Eu os segui, passando pelo grande saguão de entrada que ostentava no chão um selo adesivo enorme e redondo. Um brasão elucidava a rosa dos ventos com cabeça de uma a águia branca logo acima. “Central Intelligence Agency” m
Nós estávamos dentro do carro, esperando, sob o estacionamento subterrâneo de um luxuoso prédio em Manhattan, como eu imaginava que policias faziam. Aqui o teto era rebaixado e a estrutura metálica se fundia ao concreto. Colunas reforçadas sustentavam a gigantesca estrutura e quatro filas de carros seguiam de uma ponta a outra, e de um determinado ponto, não dava para ver nada, já que a iluminação era precária e penosa, transformando metade da luz ambiente em uma densa escuridão.O silêncio estava desconcertante e inquietante quando eu me movimentei para olhar para Ryan, a minha roupa farfalhando em contato com o material do banco até que eu me ajeitasse.— Quando você o pegar — disse — o que você vai fazer?Ryan não respondeu, apenas ficou ali, olhando com ar de distanciamento através do para-brisa. As mãos enfiadas
Ryan zapeava o botão do rádio até que parou no momento em que ouviu o distinto som de guitarra de Highway to hell preencher o espaço do Velho Mustang Reformado.— Hey mama! Look at me. — Ele cantou acompanhando a letra da música. — I’m on my way to the promised land. I’m on the highway to hell.A forma como ele estava se comportando praticamente dizia: ei, olhe para mim. Acabei de fazer uma coisa sensacional.— Você está orgulhoso do que fez ao Coleman? — indaguei, pensativa.Ryan parou de acompanhar a música e me fitou por bastante tempo antes de colocar os olhos na estrada.— Você não está? — Ele rebateu a pergunta, e eu arqueei as sobrancelhas.Não. As minhas sobrancelhas se juntaram. É claro que eu não estava. Não foi correto torturar um homem; ris
Eu tinha plena consciência de que me levantar daquela cadeira e me dirigir ao banheiro não era a melhor ideia. Primeiro, porque tinha um policial no bar, e segundo, pois Ryan não estava lidando com a devida seriedade da qual o problema que tínhamos exigia, mas eu realmente tinha uma emergência e com isso, assenti com a cabeça e empurrei a cadeira para trás, me levantando e rumando em direção a porta do banheiro.Sem criar muitas expectativas sobre a limpeza do local, abri a porta e avancei com pressa, batendo-a logo atrás. Quando sai de lá, minutos depois, levei algum tempo para me reorientar com toda a fumaça e a música alta, até encontrar a mesa em que Ryan estava.Antes de atravessar o caminho até a mesa, vasculhei o local com o olhar, buscando pelo policial que chegara a pouco. Esperava passar o mais longe possível dele, e agradeci internamente, sentindo um
Apreensiva, engoli a seco ao encarar mais uma vez os fios partidos na mão de Ryan. Não havia mais dúvidas. Alguém tinha sabotado o carro. Alguém tinha cortado os fios. Mas por quê?Não conhecíamos ninguém nessa cidade.— Isso é um sinal, Ryan — disse, fixando o meu olhar nos dois homens do outro lado da rua. — Ir para Detroit é suicídio. Pellington vai acabar com a gente. Até o carro sabe disso.Ele me encarou e depois arqueou as sobrancelhas.— Não seja ridícula. Isso é coisa daqueles malditos! — praguejou ao socar o volante no impulso e suspirou, apoiando os cotovelos ali, em seguida, respirando ruidosamente em meio à fúria, apertando os olhos. — Eles vão me pagar por terem feito isso com meu carro.Franzi as sobrancelhas, denunciando a minha confusão.— Ser&aac