Marshall não ofereceu resistência, porque Ryan foi bastante persuasivo quando apontou a arma nas costas dele, e nós fizemos o caminho contrário.
Era bastante inusitado pensar que as pessoas mudavam de opinião rapidamente, se você as motivassem do jeito certo, e mesmo que isso fosse hediondo, Marshall estava escondendo alguma coisa importante e estava na cara que ele não nos ajudaria sem um empurrãozinho.
Os casacos grossos serviram para camuflar a arma e não chamar muita atenção das poucas pessoas que transitavam pela calçada. Marshall empurrou a grande porta pesada e passou primeiro com Ryan em seu encalço. Eu os segui, passando pelo grande saguão de entrada que ostentava no chão um selo adesivo enorme e redondo. Um brasão elucidava a rosa dos ventos com cabeça de uma a águia branca logo acima. “Central Intelligence Agency” m
Nós estávamos dentro do carro, esperando, sob o estacionamento subterrâneo de um luxuoso prédio em Manhattan, como eu imaginava que policias faziam. Aqui o teto era rebaixado e a estrutura metálica se fundia ao concreto. Colunas reforçadas sustentavam a gigantesca estrutura e quatro filas de carros seguiam de uma ponta a outra, e de um determinado ponto, não dava para ver nada, já que a iluminação era precária e penosa, transformando metade da luz ambiente em uma densa escuridão.O silêncio estava desconcertante e inquietante quando eu me movimentei para olhar para Ryan, a minha roupa farfalhando em contato com o material do banco até que eu me ajeitasse.— Quando você o pegar — disse — o que você vai fazer?Ryan não respondeu, apenas ficou ali, olhando com ar de distanciamento através do para-brisa. As mãos enfiadas
Ryan zapeava o botão do rádio até que parou no momento em que ouviu o distinto som de guitarra de Highway to hell preencher o espaço do Velho Mustang Reformado.— Hey mama! Look at me. — Ele cantou acompanhando a letra da música. — I’m on my way to the promised land. I’m on the highway to hell.A forma como ele estava se comportando praticamente dizia: ei, olhe para mim. Acabei de fazer uma coisa sensacional.— Você está orgulhoso do que fez ao Coleman? — indaguei, pensativa.Ryan parou de acompanhar a música e me fitou por bastante tempo antes de colocar os olhos na estrada.— Você não está? — Ele rebateu a pergunta, e eu arqueei as sobrancelhas.Não. As minhas sobrancelhas se juntaram. É claro que eu não estava. Não foi correto torturar um homem; ris
Eu tinha plena consciência de que me levantar daquela cadeira e me dirigir ao banheiro não era a melhor ideia. Primeiro, porque tinha um policial no bar, e segundo, pois Ryan não estava lidando com a devida seriedade da qual o problema que tínhamos exigia, mas eu realmente tinha uma emergência e com isso, assenti com a cabeça e empurrei a cadeira para trás, me levantando e rumando em direção a porta do banheiro.Sem criar muitas expectativas sobre a limpeza do local, abri a porta e avancei com pressa, batendo-a logo atrás. Quando sai de lá, minutos depois, levei algum tempo para me reorientar com toda a fumaça e a música alta, até encontrar a mesa em que Ryan estava.Antes de atravessar o caminho até a mesa, vasculhei o local com o olhar, buscando pelo policial que chegara a pouco. Esperava passar o mais longe possível dele, e agradeci internamente, sentindo um
Apreensiva, engoli a seco ao encarar mais uma vez os fios partidos na mão de Ryan. Não havia mais dúvidas. Alguém tinha sabotado o carro. Alguém tinha cortado os fios. Mas por quê?Não conhecíamos ninguém nessa cidade.— Isso é um sinal, Ryan — disse, fixando o meu olhar nos dois homens do outro lado da rua. — Ir para Detroit é suicídio. Pellington vai acabar com a gente. Até o carro sabe disso.Ele me encarou e depois arqueou as sobrancelhas.— Não seja ridícula. Isso é coisa daqueles malditos! — praguejou ao socar o volante no impulso e suspirou, apoiando os cotovelos ali, em seguida, respirando ruidosamente em meio à fúria, apertando os olhos. — Eles vão me pagar por terem feito isso com meu carro.Franzi as sobrancelhas, denunciando a minha confusão.— Ser&aac
De todas as poucas coisas certas sobre mim, eu tinha certeza absoluta de apenas duas delas naquele momento. Primeira, eu me arrependia amargamente de ter depositado qualquer resquício de confiança em Ryan e sequer ter cogitado a ideia de que ele me manteria segura. É claro que em algum momento oportuno ele usaria isso contra mim, e eu fui uma grande e inquestionável idiota por ter caído nessa. Segundo, eu não era, com toda a fodida certeza, uma moeda de troca para absolutamente nada.A minha garganta contraiu e o estômago inflamou com a bílis que se espalhou amarga pelo meu sistema. Eu não seria, de forma alguma, o prêmio de alguém. Essa ideia estava fora de cogitação, e eu o odiava de todas as formas possíveis por ter feito isso comigo.— O que? — questionei, me engasgando com as palavras, inconformada, pulando da cadeira e me pondo de pé, ainda sem acred
✦TRAVIS✦Sentia o suor cobrir a minha pele, e uma gota quente de sangue escorrer pela lateral do meu rosto. Narinas dilatadas. Peito subindo e descendo no compasso de uma respiração pesada. Eu estava abaixado, com os joelhos no chão, braços erguidos e mãos a vista. Tudo conforme aquela maldita havia ordenado.Minha casa tinha sido invadida e praticamente destruída. Havia estilhaços de vidros por toda a sala. Cápsulas de bala espalhadas pela entrada, e como se a situação não pudesse ficar ainda pior, tinha uma mulher mascarada segurando uma arma contra mim.Ela não sabia onde estava se metendo quando decidiu invadir a minha residência, sequestrar Amy e fazer o meu amigo e a mim de reféns. Foi uma péssima ideia, mas mesmo com todo essa situação caótica, eu realmente estava disposto a relevar. Não fazia a menor ideia d
Diante do espelho, eu tentava buscar qualquer traço familiar na figura refletida ali. A única coisa que parecia não ter mudado eram meus olhos castanhos, que agora pareciam maiores e mais expressivos com o delineado marcante desenhado. Meus lábios foram tingidos de uma coloração vermelho quase vinho, que pareciam ter mais volume agora; as olheiras foram corrigidas com uma boa camada de maquiagem, e as bochechas já não era mais tão pálidas quanto antes. Mexi nos meus cabelos, que tinham sido cortados e estavam estranhamente curtos, um pouco acima dos ombros e eles caiam, repartidos ao meio, pelas laterais do meu rosto.Mudar a aparência fazia parte do plano, e eu tinha ciência disso, mas não esperava me parecer tanto com uma mulher fina e elegante como agora.— O que você achou? — indagou a mulher que tinha me preparado.Ela acabara de retornar segurando um
Podemos tirar lições das companhias que temos, e eu havia aprendido algumas coisas nesse meio tempo com Brandon. Uma delas e que nunca devemos subestimar um criminoso, principalmente os mais procurados. Eles não estão livres porque são idiotas. Mas Brandon tinha um ponto a mais a seu favor. Ele era eloquente, fascinantemente bonito e muito, muito manipulador.— Em quem você apostou? — Ele perguntou, desviando o olhar do ringue para mim.Eu não tinha feito uma aposta, mas esperava que a vermelha ganhasse.— A vermelha. — respondi, sem desviar o olhar do ringue.Ela era realmente muito agressiva. Pensei, admirando a forma como ela agarrara a cabeça da mulher e a levara de encontro ao seu joelho. Belo golpe.— Ela está guardando o melhor para o final. — Brandon soltou e eu virei meu rosto a tempo de flagrar seu sorriso sujo.Estava difícil c