"Eu estou apaixonada por você, Milena Bianco."
Essas sete palavras estão ecoando na minha cabeça até agora, e posso ouvi-las saindo da boca de Clara como se ela ainda estivesse na minha frente, com aquele sorriso enorme ao dizê-las. Agora eu sei que meus sentimentos por Clara são recíprocos e gente, eu não poderia estar mais feliz.
— Loira, agora a gente tem que pensar no próximo passo, né? — Cecília diz, enquanto nos encaminhamos ao restaurante da ‘vovó’
— Que próximo passo? — pergunto de cenho franzido.
— O seu pedido de namoro para nossa querida professora Herrera. — Henrique diz, óbvio.
— A gente está ficando faz muito pouco tempo, gente. Está tudo tão gostoso que eu não quero correr o risco de estragar nada.
— Bianco, acorda! — Valentina me olha indignada. — Uma beldade daquelas se declara apaixonada pela vossa pessoa, e você ainda tem medo de estragar o
Mais um capítulo quentinho pra vocês!
Clara Herrera. Quando pequena, eu era uma criança daquelas extremamente sonhadoras. Sempre me envolvia naquelas histórias de contos de fadas e princesas que encontravam seus príncipes e tinha seus famigerados e esperados finais felizes. Mas ao longo dos anos, esse meu lado sonhador foi se esvaindo e dando lugar a consciência que a, nem tão bela, vida real nos traz. Quando eu conheci Juan Carlos, eu assumo, não tinha muita certeza do que sentia. Éramos novos e eu fui deixando o embalo das coisas me levar. Lógico, no início, tudo são flores. Juan Carlos se mostrava cavalheiro, atencioso, tudo de bom que uma mulher espera. Mas acho que o desgaste foi chegando e com o casamento, tudo foi se ruindo. Até ele começar a se mostrar um verdadeiro idiota e o pior de tudo, não só comigo, mas também com Heitor. E isso, além da traição, para mim, passou a ser inaceitável. Agora, parando para pensar, eu tirei a conclusão que, apesar de já ter v
Clara Herrera. — Clara, você pode desarmar um pouco? Eu só quero conversar com você. — pela décima vez na manhã, desde que Juan Carlos chegou, suspiro impaciente. — Juan Carlos, você veio buscar o Heitor e eu tenho que arrumá-lo, e por favor, eu não tenho nada pra falar com você. — Eu mudei. — diz e minha risada sai como se ele tivesse contado a piada mais engraçada do mundo. — É sério, eu mudei Clara. Eu percebi que fiz a maior burrada da minha vida, acabei com nossa família e agora estou arrependido. — Nossa, mesmo Juan Carlos? Só que tem uma coisa, você demorou demais a perceber isso tudo e se arrepender. Vai se foder você e seu arrependimento. Sigo para o quarto de Heitor o ajudando a terminar de se vestir. Mais um fim de semana que meu garotinho vai passar com o pai e eu ainda não me acostumei, nem a ficar tanto tempo longe dele e nem a ter Juan Carlos sob o mesmo teto q
Milena Bianco. Eu nunca lidei muito bem com a morte, sabe? Minha primeira perda, foi o Luck, o primeiro cachorro que tive e morreu quando eu tinha quatro anos. Depois disso, quando eu tinha sete anos meu avô, pai da mamãe se foi e por último, um primo com o qual eu cresci se envolveu em um acidente. E em todas essas situações, eu me reclui, me fechei por um tempo. E agora, sinto que estou fazendo o mesmo. Só que dessa vez, o que mais me entristece é o fato de Elizabeth Bianco ter ido embora ainda com ressentimentos sobre mim. Nós éramos tão, mas tão unidas quando eu era menor, e no fim das contas, sua indiferença em relação à mim esteve presente até o momento de sua morte. — Eu queria muito, muito mesmo estar com você aí, minha linda... bem abraçadinha com você e te dando força, mas acho que seus pais devem saber de nós da forma certa. — Clara diz, em mais uma das nossas vídeo chamadas. — Eu sei, querida. Mas você já está me dando fo
Milena Bianco(. . .)Como era previsto, chegamos em casa de madrugada, e como dormi boa parte da viagem, agora estou sem um pingo de sono. A primeira coisa que fiz ao colocar os pés em casa foi tomar um banho, pois apesar de não estar com sono, meu corpo se sente cansado. Deixo a água morninha cair sobre mim, me dando a satisfatória sensação de relaxamento. E por fim, visto alguma coisa leve e me jogo na cama.Pego meu livro afim de continuar minha leitura. E após uma boa quantidade de páginas, termino por dormir com o livro sobre o rosto. E durante o sono, acabo sonhando com vovó Liza. Mas dessa vez não foi um pesadelo, como os vários da noite retrasada. Foi um sonho leve e que me trouxe ainda mais paz, do que quando soube que a não havia ido embora ainda chateada comigo. No sonho, estávamos em um jardim, como o que tínhamos em nossa antiga casa e vovó adorava cuidar. E assim, estávamos fazendo o mesmo.Como em flashes, em outro
Milena Bianco. — Milena, quando é que a gente vai sair? Sinto que você só tá me enrolando. — Alice me cobra pela décima vez na semana. — Não sei, Alice. — digo, pegando minha mochila.— Agora eu tenho que ir, depois nos falamos, tá bom? — tento não ser grossa, apesar de toda essa sua insistência me deixar um pouco desconfortável.Sigo até a sala de Sr. Heitor afim de me despedir do meu chefe. Ele sai de sua mesa e se aproxima, sorrindo. — Já vou indo, Sr. Heitor . — trocamos um abraço rápido. — Até amanhã. — Até amanhã. Vai ver Clara hoje? — Sim, vamos levar o pequeno no cinema. Contaremos e conversaremos com ele sobre nós. — sorrio.— Desde já, desejo s
Milena Bianco. (. . .) Assim que cheguei na livraria, segui para o balcão e como de habitual, guardei minha mochila. Poucas pessoas apareceram na pequeno espaço que fico atendendo sozinha no local, o que me permitiu atender e passar no caixa sem muita dificuldade. Mas assim que deu uma e meia, Alice adentrou pela porta. Mal a vi, saí do caixa e segui para perto de uma das estantes. Está sendo assim todos os dias desde que Alice fez aquela sacanagem. Mas acredita que ela continua agindo como se não tivesse feito nada? É, eu sei, muito cínica. Muito mesmo. Havia chegado uma enorme remessa de livros novos, o que ocupa boa parte de nossa tarde enquanto não estamos atendendo os clientes. Me sento o mais longe de Alice que posso, mas parecendo que é pra implicar a outra se aproxima cada vez mais, ora me perguntando algo, ora me mostrando alguma coisa em um livro. — Meninas, são quase cinco da tarde... eu estava mexendo com umas planilha
Clara Herrera.O sábado amanheceu ensolarado lá fora, mas ainda mais aqui dentro de mim. Fala sério, quem não acordaria feliz nos braços de um anjo como Milena Bianco? Ainda de olhos fechados, sinto um dos braços da loira circundando minha cintura, enquanto sinto sua respiração leve batendo em meu pescoço. Não me contendo, com muito cuidado, tento me desvencilhar de seu abraço para poder olhá-la.Meus olhos fazem questão de gravar cada detalhezinho do rosto de Milena. Sua feição leve, seus lábios finos formando um delicado e quase imperceptível bico, os fios dourados caindo sobre seu rosto. Se essa minha garota não é a criatura mais linda desse mundo, eu realmente, não sei quem é. Fico por vários minutos perdida em meus devaneios, que acabo não percebendo Milena despertar e a loirinha me pega no flagra em meu momento de admiração, dando um sorriso contido, enquanto se aconchega mais em mim. — Clarinha... que graça tem ficar me olhando enquanto eu es
(. . .) Ao descer do carro, pude ver que, na frente do meu carro está o carro da minha mãe e atrás, o carro de Kelly, o que quer dizer que eu Milena fomos as últimas a chegar. — Ótimo, nossas famílias já foram apresentadas sem nós. — digo, após passarmos pelo portão. Enquanto cruzamos o jardim, Milena segura minha mão, enlaçando nossos dedos. Damos uma última troca de olhares e sorrisos antes da loira abrir a porta. Ela entra, me puxando pela mão e logo na sala, encontramos meu pai e o pai de Milena conversando animadamente. Ok, já posso respirar um pouco mais aliviada. — Olha, nossas meninas chegaram! — meu pai diz, se levantando do sofá. Cumprimento meu pai com um abraço, enquanto Milena faz o mesmo com David. Em seguida, a garota se aproxima do meu pai e também o abraça, eles sussurram alguma coisa um para o outro, o que faz Milena sair do contato sorrindo genuinamente. — Papai... — a garota ch