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Capítulo 3 Luz e trevas

Cornélio reunia seus três filhos, que ajeitavam-se, enquanto sentavam no chão, formando um semicírculo.

– Vocês sabem como foi criado o nosso universo? – Perguntava Cornélio para seus filhos.

Niro bocejava baixinho e falava com sua voz de sono em seguida. – Pelos deuses, papai.

– Também, mas foi devido às pedras universais que tudo começou. – Respondia Beatriz com deboche em sua voz.

– Eu pensava que apenas os deuses o teriam criado. – Respondia Sírius enquanto levantava sua sobrancelha.

– Acalmem-se, crianças, eu vou explicar tudo para vocês. – Falava Cornélio lentamente, com um sorriso no rosto.

Sírius ficava curioso com a história e se interessava, prestando atenção em cada detalhe que seu pai falava para ele e seus irmãos.

*******

Neste momento, Cornélio se ajeitava, dobrava suas pernas, estalava seus dedos e olhava fixamente para cada um dos seus filhos por alguns segundos, exibindo seus grandes olhos verdes, cor da natureza.

– Antes da criança dos universos e dos deuses, Tupã, o deus do trovão, Ticê, deusa da inveja e magia oculta, Xandoré o deus da ira e do ódio, Anhangá, o deus do submundo, Jaci, a deusa da lua e Guaraci, o deus do sol, existia apenas um império nos campos celestiais do universo. Luzes e trevas, ambos viviam em harmonia sem invadir o espaço do outro, mas como um único império. – Falava Cornélio enquanto apagava as velas ao seu lado falando das trevas e ateava fogo novamente nos pavios para fala da luz.

– Os cavaleiros da luz tinham o dom da sabedoria, da matemática, física, filosofia e as ciências de natureza incompreensíveis para nós, com isso, eles criaram a pedra filosofal, uma joia responsável por conter toda a sabedoria, respostas, curas dos mundos e a vida eterna. – Falava Cornélio animadamente como se estivesse apresentando uma peça dramática.

As crianças permaneciam em silêncio, com seus olhos esbugalhados, admirando e ouvindo cada detalhe da história do seu pai.

– Os guerreiros das trevas eram os responsáveis pela a criação de todas as coisas. Entretanto, as suas obras eram mal feitas, sem sabedoria e inteligência. Foram os responsáveis pela criação do grande mar negro, grandes explosões de gases que iluminavam o vácuo e seu império, além das inúmeras rochas negras contidas no universo. – Falava Cornélio enquanto apagava novamente o fogo da vela à sua frente.

Niro e Beatriz abraçavam Sírius, como se estivessem com medo, mas continuavam cientes e prestando atenção na história do seu pai.

Acendendo a vela mais uma vez, Cornélio aparecia novamente para seus filhos.

– Certo dia, o guerreiro das trevas, Moaky, revoltou-se com as condições do seu povo e formou seu exército travando uma batalha contra os cavaleiros de luzes. – Falava Cornélio lentamente, enquanto seus filhos estavam com os olhos amedrontados.

– Entretanto, o cavaleiro das trevas, Moaky, não esperava o cavaleiro de luz Irno. Quando as duas espadas se chocaram pela primeira vez, tudo explodiu e o tudo virou nada e o nada virou tudo.

Desse modo, os mundos foram criados, as árvores, os animais, nossas raças e os deuses. – Completava Cornélio enquanto olhava para as estrelas dos céus sobre o cômodo, através da janela.

– O que aconteceu com Moaky, papai? – Perguntou Sírius, incrédulo.

 – Ninguém sabe, Sírius, mas as lendas relatam que ele foi trancafiado em baixo da terra, com todos os seus poderes armazenados em uma joia. – Respondia o rei Cornélio.

– Mas e Irno, papai? – Perguntou Beatriz pensativa.

– Após a criação do mundo, ele distribuiu sua sabedoria entre os nossos reinos. Cada reino com sua sabedoria e avanço místico específico. – Respondia Cornélio, perdido em seus pensamentos.  

Nesse momento, Belatriz aparecia no comando, com seus cabelos negros e oleosos amarrados em coque em sua cabeça e seus olhos verdes cansados de sono.

– Vamos, crianças, está na hora de dormir. – Falava Belatriz, sonolenta.

Niro e Beatriz se levantaram e abraçavam seu pai, logo após correram para seus quartos com Belatriz acompanhando.

Por último, Sírius abraçou seu pai e deu um beijo em sua bochecha.

– Te amo pai, durma bem. – Falava o príncipe Sírius, com um sorriso pensativo.

– Vamos dormir, meu filho, também te amo. – Respondia o rei Snake, retribuindo o sorriso.

Sírius se dirigia à porta do cômodo e, quando estava de saída, seu pai deu uma leve tossida como se estivesse o chamando.

– Amanhã irei lhe ensinar a usar o arco. – Falava seu pai pensativo, observando as estrelas.

– Sim, pai! – Falava Sírius, animadamente.

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