As novas chances/Passos do Apocalipse

-O senhor bem sabe que não precisa ir.

-E a senhora sabe que se eu não for, você também não vai.

Asdria bufou e calou-se.

-Está bem, meu filho, tenham cuidado- dissera Sheila com o celular ao ouvido, despedindo-se do filho que lhe dissera que ao amanhecer estariam chegando em casa.

-E então?- perguntou Miranda assim que Sheila guardara o celular no bolso da jaqueta, a algumas horas atrás sentia um aperto no peito e, quando isso acontecia era sinal de que Soraia estava em perigo e/ou usando seus poderes.

-Estão todos bem, e provavelmente ao amanhecer já estarão em casa- dissera- e quanto ao seu mal estar, fora porque eles foram atacados por uma matilha de lobisomens nômades. -

Ainda bem- suspirou e Sheila a inquiriu com o olhar- eu não irei ser hipócrita, ainda bem para mim, pois cada vez que Soraia usa seus poderes ela fica mais forte e eu me sinto cada vez mais fraca.

Miranda levantou-se inquieta e começou a andar de um lado para o outro, Sheila a perseguia com os olhos e sabia desde o momento em que a trouxera dos mortos que um dia ela iria

voltar para lá, e agora esse momento estava próximo.                                                          -Eu sinto como se Soraia estivesse me sugando- Sheila foi ao seu encontro e pegou suas mãos dentre as suas, e ambas se encaravam-minha menina, você sabe que eu te trouxe dos

mortos com o propósito de salvar Soraia de Julio Cesar, não sabe?

Miranda assentiu com pesar e Sheila prosseguiu ao afagar suas mãos como uma mãe para com a filha, pois é assim que passou a considera-la desde o dia que a trouxera. -Você sentiu

aqui- pousou sua mão sobre o coração de Miranda- que desde o momento em que Soraia matou Julio Cesar, que vocês duas se tornaram dois corpos dividindo a mesma alma e o mesmo destino.

-Mas dois corpos não podem dividir a mesma alma-argumentou Miranda ao retirar suas mãos das de Sheila que sentiu o peso de sua tristeza em seu afastamento.

Se eu pudesse ter escolhido, preferiria não ter sido trazida de volta- eu sei- olhou-a com tristeza-não, não sabe!- esbravejou

-Miranda com raiva e muitos sentimentos se tornaram palpáveis.                                          -A senhora não sabe o que é viver uma vida , ser tirada dela do nada, depois ser trazida novamente, reviver todas as boas lembranças só para depois vê- las sendo arrancadas de você.

-Tem razão, eu não sei- admitiu Sheila com o peso no coraçãomas se eu pudesse te daria a minha vida só para não ser a causadora dessas lágrimas- e gentilmente levou sua mão ao

rosto de Miranda e secou suas lágrimas.Lágrimas as quais ela nem percebera estar derramando.

Miranda sabia que estava sendo egoísta, afinal já tiivera uma vida a qual desperdiçou com Julio Cesar e só quando percebeu isso, é que jogou-se nos braços de Sheila e juntas choraram.

-Eu não aceitaria- disse, e sentiu o carinho de Sheila em seu cabelo-porque não quero ser igual a Julio Cesar que roubou minha vida.

Thiago escutara toda a conversa detrás de uma tenda- ele viera atrás de Miranda para darem um passeio e namorarem–e chegara no exato momento em que ela dissera sentir Soraia lhe sugando a vida.

Resignado e furioso ele virou-se e correra para a floresta,transformando-se em morcego e sumindo por entre as folhagens.

4. As novas chances

Joss estava cansada de ligar e m****r mensagens para Leonel e não obter resposta alguma. Ela estava com tanta raiva de Leonel que se aparecesse na sua frente era bem capaz

de quebrar-lhe um vaso de cimento em sua cabeça, não que fosse adiantar muito, mas já ajudaria a aplacar um pouco da raiva que sentia.

Já se passava das 04:00 horas da madrugada, Joss tanto na forma [humana quanto na de loba já havia percorrido boa parte de Londres e nada de Leonel. Agora encontrava-se numa rua próxima do Prédio do Parlamento, ou melhor dizendo,

quase olhando o relógio da Torre do Big Ben.

Pelo menos ali conseguira sentir o sutil cheiro do Leonelpara ela, ele parecia conseguir esconder seu cheiro como nenhum outro lobo-ah, quando encontra-lo, aquele lobo

cabeçudo em vez de ter ficado e conversado com ela, preferira fugir.

Joss trincou os dentes rosnando de raiva ao voltar a forma humana-isso só aumenta minha frustração- e de tanto focar em Leonel nem percebera que vários lobos surgiam ao redor de si. -Droga, Leonel, olha os problemas que você me causamurmurou-seus olhos amarelos encarando os lobos que surgiam, mas seu coração batia tão depressa- sinal de que havia

mais lobos- suas garras também surgiram.

Leonel finalmente conseguira tirar um cochilo com o rosto molhado por lágrimas de saudade de Joss, e de tanto esfregar os olhos e o rosto furiosamente por ter se rendido a elas, dormira e sonhara.

E no momento estava tendo um sonho bem ardente com as curvas deliciosas dela a se enroscarem em seu corpo até que o cheiro dela adentrou seu nariz, mas ele apenas

sorriu e permaneceu de olhos fechados.

Os olhos de Joss estavam bem acordados para o perigo, bem como todos os seus sentidos.

-E ai, loba gostosa, está perdida?-perguntou uma voz predatória surgindo das sombras, todo de preto, incluindo seus olhos ao verem Joss se acenderam em chamas reluzentes.

-Não, mas obrigado por perguntar-Joss sentia o nervosismo crescer em seu íntimo, pois nunca se vira sozinha numa luta, se bem que nem em uma luta jamais estivera, e agora só piora quando os lobos se fecham ao seu redor fazendo-a se sentir como uma ervilha sobrando no meio da salada a qual todos querem provar.

-Que pena – murmurou outro, e apartir dele os outros se transformaram em lobos ferozes salivando por carne.                                                                                                         De supetão, Leonel abriu os olhos e o sorriso que trazia em seu rosto sumiu ao sentir o cheiro de medo vindo de Joss e muitos outros cheiros de testosterona lupina colidindo com o

da sua mulher.

-Joss- murmurou ao levantar-se do chão onde estivera encostado á parede interna do relógio e, sem pensar, correu para o meio onde os ponteiros se encontram e se cruzam, e dali jogou-se usando de suas garras para diminuir a velocidade com que descia, e com graça imperiosa, caiu de pé ao chão e correu para Joss.

Um baque surdo ecoou do beco,e Joss sentiu como se seu cérebro tivesse se partido – era uma loba e tal, mas até agora nunca havia se visto sozinha em uma luta nem contra um,

muito menos contra vários- sempre estarei ao seu ladoprometera Leonel- mas onde você está agora?                                                                                                                             Os lobos a cercaram novamente, muitos voltaram a forma humana, e um deles pegou Joss que tentou afastar sua mão, e pelo pescoço levantou-a.                                                         -Imagine essa loba na cama-murmurou sádico e com a mão livre, subiu-a pela camiseta dela que tentava respirar e se soltar, e apertou-lhe o seio. Isso em qualquer mulher humilhada

desperta uma fúria intensa, imagine em uma loba. Joss usou suas garras e rasgou o rosto do lobo de cima abaixo, que urrou em dor e raiva, e a arremessou de lado para a calçada

iluminada.

-M*****a! - exclamou ele enquanto os lobos se reuniam as suas costas.

-Seja o que Deus quiser – murmurou Joss ao levantar-se e correr, e para a sua sorte, não havia ninguém em seu caminho, mas os lobos vieram em seu encalço.

A lua guiava os seus passos enquanto seu coração batia enlouquecido dando-lhe ainda mais energia.

Joss sentia o cheiro de Leonel cada vez mais próximo, mas ao desviar os olhos para um dos lobos que surgira ao seu lado esquerdo, outro surgira do nada á sua frente, abocanhando seu

ombro, ela gritou, e a jogando para o meio da rua com um grito abafado.

Os lobos voltaram a forma humana e riram, mas iriam se arrepender. Antes de Joss fechar os olhos, ela viu um lobo com pelagem de leão surgir das sombras; ela sorriu e apagou.

Leonel venho direto para o lobo que ousou ferir Joss, mal lhe dando tempo para se transformar, abocanhou seu pescoço e o quebrou no ato como a um galho seco, e como quem j**a um brinquedo quebrado for a, ele o fez com o lobo aos pés dos demais, que rosnaram loucos pela afronta e para lhe atacarem. Ambos os lobos se encararam rosnando e vendo seu ‘irmão’ morto aos seus pés, partiram com fúria para cima de Leonel que não pensou duas vezes em aceitar o desafio só para

proteger a mulher amada.

A luta fora violenta: arranhões e mordidas profundas que mesmo se curando rapidamente, deixavam a pelagem manchada, patadas que arrancavam pelo e pele, e ossos quebrados, principalmente, por parte de Leonel que mesmo erido mantinha-se firme a frente de Joss que permanecia desacordada.

Uivos, urros e arranhadas no asfalto ecoavam no subconsciente de Joss que tremia as pálpebras, e um baque surdo de um corpo pesado ao seu lado, ela os abriu prontamente.

De canto de olho ela viu um lobo morto ser arrastado pelo pescoço quebrado por outro para longe de si.

-Leonel- sua voz saiu fraca, mas seu corpo já estava se erguendo do chão.

Leonel a olhou e posicionou-se a sua frente e fora ai que Joss vira a pelagem de leão toda manchada de sangue seco, e nessa hora, ela com a própria mão recolocou o ombro no lugar

e mostrou toda a sua fúria num rosnado estridente transformando-se em loba e ficando ao lado de Leonel como um convite- vão nos encarar?

Os poucos lobos que haviam resistido a morte ou a burrice de encarar Leonel acabaram por rosnarem e fugir, sumindo nas sombras.

Ambos voltaram a forma humana, mas Leonel teve de ficar segurando o pulso quebrado, graças a Deus, a única parte de seu corpo que conseguiram quebrar. Fora uma armadilha –

dois lobos vieram de frente, e na distração, outros dois, um de cada lado. Conseguira desviar de um, esmagar a pata de outro, e arrancar, literalmente, as patas de outro, mas fora aí que

surgira um quinto e abocanhou seu pulso, quase arrancando-a, mas Leonel pegou seu cangote e arrancou seu pescoço.

Joss sabia que o orgulho de Leonel não o deixaria pedir ajuda, e então, hesitante levou sua mão ao braço dele, se entreolharam, ela confusa pois nunca concertara uma quebradura, até agora estava espantada por ter concertado o seu ombro, e ele hesitante.

-Seja rápida e precisa -recomendou orgulhoso de Joss.                                                    Joss assentiu, pegou seu pulso com cuidado, e com um puxão e depois uma empurrada, ambos ouviram o estalar de ossos se juntando, e quando a tortura acabou, Leonel

enganchou Joss pela cintura e a beijou com fervor e saudade.

Raína acabara de recolocar o telefone no gancho após a breve conversa com a sobrinha, e agora desfrutava da companhia do marido, que encontrava-se no sofá com o laptop no colo, mas atento as palavras da esposa.

-Estão todos bem? - perguntou assim que Raína sentou-se ao seu lado.

-Já estão na fronteira de Lacrimal city dirigindo-se para a casa de Malvina.                          Ivan desviou os olhos do laptop-e como ela está?

-Bem, apesar de tudo o que sofreu nas mãos daquele demônio, e para concretizar a fase ruim, foram atacados no caminho de volta.

-Atacados? - Ivan fechou o laptop e deu atenção total a Raína que parecia um pouco hesitante.

-Uma matilha de lobos nômades os encurralou próximos daqui, mas graças a Deus, o líder reconheceu Soraia pelo que fizera com Julio Cesar e lhes deu passagem.

Ivan assoviou

-Ainda bem que sua sobrinha tem grandes feitos no currículo.

Raína riu – e o que mais? - e o sorriso dela sumiu.

-Como assim?

Ivan fez uma cara de ‘pensa que eu sou idiota’.

-Raína, meu amor, estamos casados a anos, então não tente me esconder coisas porque eu sei ler os seus olhos, e nesse momento eles estão me dizendo que há algo mais.                   Raína suspirou.

-Parece que aqueles que estão sendo mordidos por vampiros que carregam a partícula de ouro em si não precisam dela como seu criador.

-Como assim, não precisam? Não é justamente essa partícula de ouro que os protege do sol?

-Parece que a corrente sanguínea daquele que carrega a partícula a absorve por completo, assim quando morde alguém que não a tenha, o sangue transporta os minerais contidos nela

direto para o sangue do receptador – explicou.

-Deus – Ivan uniu as mãos em prece em frente ao rosto- o que vai ser do mundo quando todos os vampiros descobrirem isso?

-Em uma palavra? O apocalipse.

5. Os primeiros passos do apocalips

Lucas e Lucian haviam libertado os três lobos que estavam presos-em prol da causa deles- só que agora todos haviam se dispersado em pequenos grupos para terem a chance de

sobreviverem, pois não contavam que um grupo de homens uniformizados e ‘montados’ em armamento os seguiriam floresta a dentro.

Lobos corriam desesperados por toda a parte e os ‘carniceiros’ como haviam apelidado os exterminadores seguiam em seu encalço lançando facas de prata pura que causavam ferimentos graves ao adentrar a carne dos lobos. Sorte tinham os vampiros, já que prata não lhes causa nem cócegas e, é nesse momento que os lobos daquele grupo se perguntaram como os irmãos conseguem se transformarem tanto em lobos quanto em vampiros. Há um

mistério que os ronda e, dentro em breve, vou lhes contar.

Quando um dos lobos parara para retirar as facas, já que eram alvejados com mira laser também -o mesmo tipo de arma usada pela polícia local- por vezes ouvia-se o estouro e o pó no ar das granadas de nitrato de prata e/ou o zumbido do lança-chamas que deixava o ar quente e fétido com a carbonização de árvores, pelos, peles, ossos, cabelos e sangue queimados, e isso acontecia até para com os vampiros.

Quatro lobos de pelagem escura vinham a correr por entre uma vegetação alta e espessa, suas patas arrancando terra e pasto e em seu encalço um grupo de cinco homens atirando

sem parar, mas para sorte dos lobos até agora só sofreram arranhões.De repente os homens sumiram do nada e os lobos trocaram aquele olhar desconfiado ao olharem para trás de si,

e nesse descuido, quando seus olhos voltaram a frente os cinco homens surgiram como fantasmas. Um deles cravou uma faca direto no coração de um dos lobos que cambaleou e aí

fora alvejado por balas de prata. Outro lobo que conseguiu desviar de dois homens fora pego em cheio por um lança-chamas.

Lucian voltara a forma só depois de ter certeza de que conseguira despistar os ‘carniceiros’, mas ao olhar para trás sentiu o fio de uma navalha cruzar a centímetros de sua

bochecha – fora um erro-pensou e correu transformando-se , mas antes de sequer completar a transformação sentiu uma ferroada nas costas, e isso retrocedeu a transformação.

Droga!

Lucas também havia voltado a forma humana, mas para sua sorte ou azar, acabou caindo num barranco e saiu.

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