...

Raina e Malvina conversavam pelo celular, só que ao contrário de Raína que havia saído para jantar com o marido e já voltaram.

Malvina continuava na delegacia á espera do resultado dos exames de sangue de Leticia, que Sheila havia enviado mais cedo.

-Minha intuição me diz que Lacrimal city vai reviver a época dos massacres, minha irmã, e ao centro de tudo vai estar Soraia – disse Raina falando da cozinha a beber um copo de água com

cubos de gelo e sangue obviamente.

-Parece que desde que Soraia envolveu-se com Julio Cesar tudo está girando em torno dela. E se esses massacres vierem a acontecer, é ela quem vai ser a peça chave- concluiu Malvina no

corredor bem movimentado até, levando em conta do horário.                                                 -Ainda bem que Augusto parece disposto a dar a vida por Soraia.

-Eu já percebi isso também e, se Deus permitir, isso vai perdurar por anos.Então ambas se despediram com beijos e guardaram os celulares.

-Investigadora, eu já tenho as respostas que pediu – informou a Doutora Elena ao sair á porta e chamar-lhe.

-Então quer dizer que as partículas de ouro estão concentradas na corrente sanguínea da Letícia e, quando um humano que fora batizado com a água da cachoeira, o vampiro também

torna-se imune ao sol –afirmou Malvina com os exames em mãos a lê-los.

-Não há melhores palavras para descrevê-los – elogiou Elena.

Malvina suspirou.

-Agora entendo a preocupação de Raína – murmurou.

-Em relação a quê? - perguntou Elena curiosa ao servir-se de um copo de café e oferecer outro a Malvina que agradeceu.

-Por acaso você já leu a respeito de massacres entre clãs em Lacrimal city há muitas décadas atrás?- perguntou-lhe -Já li a respeito, mas somente a pouco tempo descobri que se

tratavam de lutas violentas entre clãs de lobos e vampiros por poder.

-Exatamente – Malvina dera um gole em seu café - minha irmã Raína é intuitiva demais com relação a pressentimentos ruins, e pelo que ela me contou, talvez Lacrimal city venha a se tornar um campo de guerra dos clãs novamente. - finalizou.                                           Elena suspirou.

-Então os livros de história no futuro terão suas páginas escritas com sangue– concluiu ao bebericar seu café, bem como Malvina e trocaram olhares apreensivos.

O dia estava próximo do amanhecer e a primeira coisa que aconteceu foi o ataque do bando de Lucas e Lucian á nova instalação da delegacia mais uma vez.

O sol estava recém enviando seus primeiros raios sobre a cidade, mas ainda todos sentiam o friozinho gostoso da madrugada.

O novo departamento era cercado por telas de alta tensão farpadas, câmeras e seguranças bem armados contra vampiros, já contra lobos...ainda não. Só que eles não esperavam que os

lobos viriam por todos os lados, rasgando as telas com suas garras como estas fossem papel e os seguranças mal tiveram tempo para atirar pois foram decepados antes que erguessem

suas armas.

Os três lobos presos e sob vigilância constante já estavam apreensivos, pois podiam sentir o cheiro dos companheiros.                                                                                                   -Está acontecendo alguma coisa –murmurou um policial que cuidava das câmeras para o companheiro ao ver os três lobos...gargalhando.

Nesse momento a porta da sala fora arremessada contra a parede, deixando os policiais de olhos arregalados, então um garoto – um lobisomem á julgar pelos olhos amarelos –

apareceu á porta e disse - vocês estão absolutamente certosentão surgiu ás suas costas três lobos negros salivando, adentrando a sala, os policias começaram a atirar, mas foram

estraçalhados, bem como os outros ali.

O prédio estava ás escuras, somente o brilho dos tiros e os olhos dos lobos é que surgiam junto a gritos, rosnados e os arranhados das garras nas paredes.

Em um dos corredores o brilho de quatro pares de olhos amarelos surgira e pararam em frente a cela dos três lobos ansiosos para saírem. E no justo momento que um dos lobos destruiu as barras da cela, vários alarmes começaram a disparar e jogar no ar o pó de prata.

Vários lobos começaram a correr e uivar desesperados enquanto outros eram consumidos pelo mesmo.

Lucas e Lucian – privilegiados –voltaram a forma humana e, após transformaram-se novamente,afinal a situação exigiu.                                                                                        Era hora da matança, uma a qual eles adoraram terminaram, pois quanto mais policiais vinham, mais eles matavam, mais adoravam.

Com a matança completa o silêncio reinou, só o que não se esperava é que uma policial havia se escondido num dos banheiros –e com ajuda divina – conseguiu manter-se viva. Agora caminhava cambaleante, machucada e nauseada por entre o que sobrar dos seus companheiros.

Com lágrimas lhe nublando os olhos e trêmula, conseguiu discar o número do celular do delegado Sergio que o mandou voltar para o banheiro e ficar lá até que os outros policiais

chegassem, e ele já estava á caminho.

A cidade acordou com o barulho das sirenes dos carros da polícia e de várias ambulâncias e não demorou muito para a notícia virar destaque na tv, imprensa local e internacional, internet e todas as demais fontes de informação.

Sergio e Malvina já estavam na delegacia a algum tempo e já haviam caminhado por vários corredores e a única coisa

que seus olhos - não muito chocados por tudo o que já haviam vistos – eram vidas espedaçadas, literalmente, por todos os lados e sangue pintando paredes, tetos, chão,

móveis e monitores.

-Minha irmã está coberta de razão-murmurou Malvina agachada ao lado de um dos muitos corpos a verificar o

pouco da garganta que sobrara.

-Á respeito de quê? - perguntou Sergio ao estender um lenço a Malvina para que limpasse os dedos sujos com sangue.                                                                                                     -Uma guerra está vindo para Lacrimal city – levantou-se e jogou um lenço na cesta de lixo – e o princípio dela já está se manifestando.

Sergio suspirou exasperadamente ao passar as mãos nervosas por seu rosto-Malvina, se isso vier a acontecer, nós vamos precisar estar prontos, em todos os sentidos. Mas não temos nem sequer armas para matar lobisomens!

-Acalme-se – Malvina pegou-lhe os ombros e o encarou firme – mantenha a compostura delegado Sergio, se você se desesperar, o que será daqueles que tem fé em você?

A tensão pairava no ar junto ao cheiro de morte, mas Sergio fechou os olhos e respirou fundo, mesmo inalando aquele cheiro horrível.

-Você tem razão - abriu os olhos já calmos e determinados – me desculpe. Malvina sorriu-lhe e assentiu em concordância.

-E quanto a armas, eu sugiro que não se preocupe, eu sei a quem recorrer – dissera.

-Graças a Deus, nós já estamos quase em casa – celebrou Amy tentando iniciar uma conversa, afinal depois que saíram da caverna todos pareciam estranhos compartilhando uma caminhada e nada mais.

-Que droga, dá pra vocês calarem a boca! - gritou Amy em desespero infantil, tentando chamar a atenção de todos e para seu alívio eles a olharam, embora a vissem como uma louca.                                                                                                                                 - Está bem, não precisa deixarem explícito que me acham loucadefendeu-se–sem muita vontade-e viu-os esconderem os risos.

-Sério?-debochou Augusto erguendo a sobrancelha.                                                              -É que esse silêncio me deixa nervosa – gesticulou com as mãosafinal, estamos indo para casa e não para um velório.                                                                                                -Amy tem toda razão -apoiou Katrina com um braço dando apoio a Soraia que sorriu a amiga.

-Com certeza a gatinha nervosa tem razão - dissera uma voz estranha bem próxima a eles, pois estiveram tão atentos a Amy que por um segundo esqueceram-se da vigia.

Agora todos se encaravam, e a julgar pelo cheiro que sentiam dos visitantes tratavam-se de lobos,mas com um quê a mais em seu sangue.

O líder estava á frente – o dono da voz – um ‘armário’ em altura e músculos e pura arrogância em sua postura quanto no olhar azul celeste.

Amy dirigiu-se até Marcus que a protegeu com seu corpo, bem como Soraia e Katrina foram protegidas por Augusto, enquanto Ezequiel e os protetores ficavam ao redor.

-Pelo visto ela não é a única gata –dissera outro um pouco mais baixo, mas não menos arrogante em seu olhar fixo e lascivo em direção a Soraia.

Augusto rangeu os dentes de ciúme, a tensão percorrera seu corpo bem como a vontade de brigar, e tudo isso Soraia sentia emanar dos músculos flexionados e pulsos cerrados de

seu lobo.

-Se você pensar em chegar perto dela – rosnou ao transformar suas unhas em garras de aço- eu te rasgo inteiro.

-Poderia te dizer a mesma coisa, mas no momento a única coisa que quero rasgar é as roupas de gata ai - e louco para avançar em Soraia, ele foi com tudo, mas Augusto transformou-se em lobisomem, fazendo-o fazer o mesmo e se atacaram.

Com isso, Soraia, Katrina e Amy se afastaram enquanto os protetores e Marcus se engalfinhavam com os lobos.                                                                                       Lavínia fora encurralada por dois lobos –ainda na forma humana que iam se aproximando, e ela se afastando com o seu cajado de ouro branco trabalhado em mãos.

-E então, gata, o que vai ser? - perguntou um deles.

-Já vou te dizer – e os atacou com o cajado. O primeiro tentou arranca-lo de sua mão, mas ela lhe dera um golpe na barriga e quando abaixou-se, recebeu outro no queixo que o fez

bambear. Então o outro lobo a pegou pelo pescoço ferido e a jogou contra uma árvore.

Lavínia levou a mão ao pescoço machucado pelas garras do lobo, e rosnou furiosa ao ver seu sangue em sua mão - isso não vai ficar assim – murmurou ao dar uma sacudida no cabelo,

levantar-se e esperar pelo ataque do lobo novamente. Ela não era uma protetora iniciante, e isso ele iria descobrir.

Bem como ela esperou, o lobo a atacou, mas mais dois vieram atrás, então ela teve de improvisar um segundo plano.

-Quanta covardia- murmurou, eles salivaram, e quando se jogaram sobre ela...

Lavínia apertou um botãozinho escondido em seu cajado, transformando-o num belíssimo e afiado sabre e, com golpes espetaculares cortou a mão de um lobo que caiu de joelhos ao chão, urrando de dor e raiva ao ver sua mão decepada, então ela lhe dera seu golpe de misericórdia. Do outro ela arrancou a cabeça, e o terceiro teve o peito fatiado e o coração arrancado entre gritos estridentes e jorros de sangue.                                                           -Vocês mexeram com a gata errada- vangloriou-se e ao sentir o sangue escorrer por seu pescoço em certa quantidade, a fraqueza a fez tombar ao chão.

-Lavínia! - gritou Lucius ao enfiar seu sabre no estômago de um lobo, atravessando-o para o outro lado, só para puxa-lo de volta e lhe decepar a cabeça. Então começou a vir ao

encontro de Lavínia e no caminho arrancou a cabeça de mais dois lobos. E ao chegar a companheira, esta amparada por Amy e Katrina.

Soraia no momento estava ocupada com um lobisomem que havia se jogado sobre si, e ele era tão pesado que ela mal conseguia se mexer, mas pelo menos conseguia manter sua

bocarra furiosa longe de seu rosto. Mas como ainda estava um pouco fraca, não conseguia usar o poder de seus olhos.

Augusto tentara ir salva-la, mas o lobo que ele havia acabado de lhe cortar a garganta, conseguira reforços de dois lobos. Um deles conseguira imobiliza-lo por trás, enquanto o outro lhe rasgava a barriga e o peito.

Mas que droga, eu sou o Alfa! - pensou indignado ao fazer seus olhos pegarem fogo. Então Augusto rasgou a lateral da barriga do lobo que o imobilizara e arrancar-lhes os órgãos internos seguido pelo grito de agonia do rival. O outro o olhou espantado e tentou lhe dar um golpe, mas Augusto lhe agarrou os braços e os arrancou.

O uivo de intensa dor reverberou pela floresta, enquanto todos os olhares se voltavam para a cena.

Augusto sem pressa, pegou a cabeça do lobo e, com frieza a arrancou, espirrando sangue para o seu pelo e ao chão. O lobo negro uivou em sinal de ordem e seu olhar de fogo

concentrou-se em Soraia, que ainda estava embaixo do lobo com o focinho ferido por suas unhas, bem como os ombros, braços e cintura de Soraia pelas garras do lobo.

Augusto foi se aproximando dos dois como um leão furioso fixo em sua presa, rondando em silêncio mortal.

Soraia sentia a fúria emanar de Augusto, assim como a do lobo em cima de seu corpo que rosnava e salivava, mas não tinha coragem o suficiente para encarar o olhar de Augusto.

Num momento tudo congelou e noutro Augusto saltou sobre o lobo que uivou e rosnou quando Augusto abocanhou seu pescoço com sua bocarra e o arremessou para o meio dos

outros que se afastaram.

-Eu mandei você sair de cima dela- rosnou no momento que voltava a forma humana e limpou o sangue dos lábios com a mão que limpara na calça para poder estendê-la a Soraia que a

pegou e levantou-se.

Seus companheiros já estavam ás suas costas prontos para mais uma ‘rodada’ e o lobo humilhado parecia querer revanche.

Ele levantou-se, passou as garras no pescoço ferido e após lambeu o sangue das mesmas. Enfurecido uivou e junto com alguns outros correram em direção a Augusto, principalmente.

Mas Soraia tomou a frente e os lobos colidiram com uma muralha de energia do seu olhar e, com um leve meneou de sua cabeça os arremessou ao chão.

Ganidos e rosnados se misturaram no ar junto ao cheiro de sangue e fúria pela nova humilhação sofrida.

-Você - isto ao ‘armário’ que os atacara no princípio, voltou a forma humana e apontou o dedo para Soraia - é a vadia que matou Julio Cesar, então - ele ouvira muito falarem da tal

garota que matou o Conde arrancando o coração dele e, ainda, ganhou o apoio e respeito de muitos lobos, vampiros e até humanos.

Augusto chegara a dar um passo á frente para ensinar ao lobo como respeitar uma mulher, principalmente, a sua mulher. Mas Soraia o deteve com um toque em seu braço e

quando o encarou teve seu olhar -não vale a pena.                                                                -Se sabe quem eu sou, sabe também que eu posso fazer bem mais – advertiu ao estender sua mão, e só com este gesto muitos recuaram, mas o ‘armário’ sorriu e não se moveu.                  -Nós só queremos ir pra casa –disse Amy depois de ter usado bem mais energia do que supusera precisar nos ferimentos tanto de Vandressa quanto nos de Lavínia e Caio.

Em outra ocasião, eu os faria lutar até a morte –declarou, e isso deixou todos tensos e de olhos estreitos –mas só por ela – apontou para Soraia novamente – e o fato de ter matado

aquele desgraçado, vocês tem passagem livre – e abriu caminho com a mão.

-Cautelosos, mas prontos para se defenderem se preciso fosse, Soraia, Katrina e Augusto foram os primeiros seguidos por Amy, Marcus e os demais de olhos atentos.

Isso não termina aqui –pensou Augusto e muitos outros ali.

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