Os rapazes ficaram tão espantados ao verem David Nichols ali, em carne e osso na frente deles, que largaram a mão de Nina no mesmo instante.
David os agradeceu, então se virou para Nina, a mão estendida em um gesto convidativo.
— Creio que você estará mais segura junta de seus amigos no andar de cima — disse ele.
Nina ficou parada, olhando para aquele homem rodeado de seguranças. A velha cisma tocou na mente dela como um alarme de carro. Todavia, por mais que hesitasse, não poderia continuar na mesa com Giosi e seus comparsas.
David, que ainda estava com a mão estendida para Nina, começou a ser espremido pelos seus seguranças quando uma grande quantidade de pessoas se amontoou ao redor dele. Nina não segurou o braço de David, mas ele a puxou para dentro de seu círculo de seguranças e os dois começaram a ser escoltados até o andar de cima, deixando uma multidão de fãs curiosos e Giosi com seus comparsas para trás.
Chegando no andar de cima, Nina viu de longe Lyon e Kara sentados ao redor de uma mesa chique, diante de flores, petiscos e muitos tipos de bebidas. Eles estavam realmente apreciando a noite. Ela nunca os tinha visto tão felizes!
Nina se apressou até eles e perguntou se estava tudo bem.
— Mais que bem — respondeu Lyon.
— Parece mais um sonho! — concordou Kara.
— Vocês não acham tudo isso muito estranho? — disse Nina — Tipo... bom demais para ser verdade? Essas coisas não acontecem.
Lyon e Kara reviraram os olhos.
— Gente, não me olhem assim, tudo isso é surreal! — exclamou Nina.
David já estava em outra parte do andar. Os colegas de trabalho ao seu redor tentavam entender o motivo do tumulto de outrora. Mas David não tirava os olhos de Nina. Estava intrigado por ela não olhar para ele; simplesmente lá, com seus amigos, de costas. Talvez fosse pela indiferença daquela mulher em relação a um ator famoso de Hollywood, mas Nina tinha chamado a atenção de David (ele estava acostumado com os homens e as mulheres se jogando aos seus pés). Ele queria sair de perto das pessoas ao seu redor, — Mesmo que fossem muito importantes para sua carreira artística — e ir até ela, mas não podia.
David tinha exatamente as mesmas qualidades de um taurino, que, segundo a internet: “Não se deixam levar por devaneios”. Então, esqueça!
Mas...
Ele desejava ir até a mesa de Nina, vê-la de perto, ouvir o som da sua voz, só por curiosidade.
“Quando se propõem a fazer uma coisa, fazem muito bem-feito”.
Enquanto a noite passou, os três amigos ficaram nitidamente embriagados. Estavam sendo tratados da melhor forma possível na área privada, com petiscos e bebidas que eram trazidos à mesa deles o tempo todo. Ainda assim, Nina queria ir embora.
— Amiga, logo a gente vai voltar pro nosso castelo de Cinderela de novo — disse Kara, com os olhos pesados. — E aí tudo vai virar uma abóbora.
Nina se levantou e avisou aos amigos que iria à toalete.
O banheiro da área privada, mais luxuoso que um quarto de hotel, era decorado com um sofá redondo de couro branco, que ficava em volta de uma estátua no centro do cômodo. Nina entrou, fez o que tinha que fazer, e quando saiu do box ela paralisou ao ver David Nichols parado ao pé da estátua.
Nina desviou o olhar, foi até a pia lavar as mãos, enxugou-as, e na tentativa de manter uma postura de mulher sóbria, ela tropeçou quando se virou para sair, por sorte se segurou na pia. David agiu rápido e tentou ajudá-la. Nina, embriagada e sem graça, olhou-o e disse:
— Salto alto e bebidas azuis não combinam!
David esboçou um leve sorriso no canto da boca ao ouvir a frase. Depois, ele a sentou no sofá de couro branco e tentou ajudá-la com a sandália. Nina estava definitivamente insóbria. Havia muito tempo que não bebia, na Noruega ela só trabalhava.
David havia notado que ela não estava agindo normal. Estava desconfiada, meio sem graça e muito na defensiva. Seu comportamento cismático o intrigava. Ele então perguntou se estava tudo bem. Ela disse que sim:
— Bêbada, num sofá mais luxuoso que minha cama, conversando com um “Tom Cruise” dos cinemas. — Nina o olhou de um jeito estranho e perguntou: — Eu bebi tanto que estou alucinando ou coisa assim?
— Não... — respondeu David — Eu estou aqui na sua frente, bem vivo.
— E o que um homem bem vivo das televisões está fazendo sentado num banheiro com uma enfermeira qualquer? — Ele novamente sorriu do modo como ela se expressava, e do sotaque latino ao falar inglês.
— Bem, eu estou tentando te dizer um oi, estranha. Apenas isso.
Nina ainda não tinha entendido que ele a chamou de estranha não somente por causa das mensagens no aplicativo de relacionamentos. O nome de usuário dela era esse. Mas também por causa das conversas dos dois no Hangouts. Os dois ficaram se olhando por um tempo, olhos nos olhos, até que David quebrou o silêncio:
— Oi, estranha!
E ela respondeu sorrindo:
— Oi... estranho famoso.
E Nina de repente lembrou da página de namoro. Lembrou que o homem sem rosto, “Estranho” escrevera daquela forma, e foi então que ela entrou em pânico... Tudo parecia confabular com seu cérebro fantasioso. Mil perguntas se formavam em sua mente naquele momento, e ela, com certeza não ia querer pagar para ver o que fazia ou não sentido. Flashs das conversas do Hangouts, tantos perfis de David Nichols passando rápido como um filme em sua mente:
— Agora eu já posso ir?
— Sim, claro. — Respondeu David, franzindo a testa. — Se é o que você quer, você pode ir.
— E obrigada por tudo, obrigada pelas bebidas, pela mesa, pelos seguranças. Tudo surreal! Agora eu tenho mesmo que ir. Adeus e passar bem!
Eles se olharam nos olhos por um instante e Nina voltou correndo para seus amigos.
Quando David saiu do banheiro, viu que o trio não estava mais na área privada. A mesa onde Nina e seus amigos bebiam estava vazia. O segurança o informou que seus convidados de honra haviam deixado o local quase que correndo.
“Por que saíram correndo”? Toda essa situação deixou David muito suspicaz. Então ele também deixou o local da festa e voltou para seu hotel.
Lyon e Kara não conseguiram acreditar que Nina os fez abandonar a discoteca daquele jeito. Eles a vieram xingando por todo o caminho até o hotel. Nina explicou que David Nichols a chamou de estranha, assim como o homem do perfil sem foto do aplicativo de namoro e Hangouts fizera.
— Além do mais é quase de manhã — Acrescentou. — Nós estamos muito bêbados.
Toda vez que Nina falava essas coisas os dois amigos reviravam os olhos.
David estava passando por uma espécie de tratamento pós-estresse. Havia acabado de chegar ali justamente no mesmo dia que Nina. Depois de ter sido bloqueado por ela, no G-mail, ele chegou em sua casa em Londres, descansou, se organizou e resolveu comparecer à sessão que Alexia, sua assessora, havia marcado com seu psicólogo.
O psicanalista o convenceu de se tratar por no mínimo um mês. Sem trabalho, sem entrevistas, sem nenhum descargo emocional. Esse era o preço que ele teria que pagar se quisesse melhorar. David aceitou na hora, concordou com todas as cláusulas da proposta sem pestanejar. Sua única exigência foi que esse tratamento, recluso numa clínica, teria que ser em Roma.
Alexia voou para Londres com seus advogados, resolveu todas as negociações com as empresas de entretenimentos envolvidas, transferiu a festa de estreia para essa data em Roma, e acertou os contratos de sigilo com a clínica na qual David se trataria nesse período. Alexia não entendia a felicidade explícita no rosto de seu protegido. “Ele que tanto relutava”! Pensou.
Niny e Dave pensavam um no outro em suas camas aquela noite. O rosto de um assombrava o outro. Rolavam de lá para cá sem aquieto. Uma excitação inexplicável estava se formando dentro de ambos os corações. Nina fechou os olhos e tentou voltar a dormir, enquanto Dave, olhava suas fotos daquela noite em sua biblioteca virtual. Uma voz sussurrou em seu ouvido: Linda! A mulher mais linda que um dia eu já vi!
Isso fez com que ele ficasse ainda mais inquieto. “Ela era como um fantasma”, pensou. “Como isso é possível? Todas as outras pessoas do mundo teriam reagido diferente, ela nem mesmo ficou deslumbrada ou agradecida”, continuava ele, perdido em seus pensamentos, tentando desatar os nós que aquela “criatura” esquisita tinha dado em sua mente. “Ela só queria sair dali...” concluiu ele antes de adormecer.
No dia seguinte, David tomou café da manhã, correu aos redores do spa-resort onde havia feito check-in naquela manhã, e compareceu às reuniões com sua equipe médica. De volta em seu quarto, ele bisbilhotava em seu telefone, era mais forte do que ele, estava viciado em remexer a vida de Nina, na esperança de encontrar algo que pudesse ajudá-lo a se aproximar dela. Esse fato, ele omitira de seus psicanalistas.
Dando zoom em suas fotos de formatura, nos convidados, amigos, no bolo de três andares azul, e principalmente no rosto dela, David procurou no G****e por “Nina Dahl, Noruega, enfermeira”. Finalmente, apareceram alguns links da faculdade que ela havia frequentado, bem como os de uma organização beneficente para mulheres estrangeiras, na qual Nina fazia parte de um grupo de dança.
David telefonou do quarto do hotel para essa organização na tentativa de conseguir informações sobre estado civil dela. Ele não podia falar quem era, claro, nem o porquê de a estar procurando, então fingiu ser alguém que queria contratá-la para dançar em um projeto. A pessoa que atendeu o telefone não quis ceder essa informação, afirmando que Nina não participava desse tipo de contrato particular para apresentações, que atuava apenas como voluntária na organização, que suas aulas eram apenas para mulheres dessa instituição etc. Mas Depois de David falar que desejava ajudar financeiramente a tal associação, a mulher do outro lado da linha, quase que imediatamente, concordou em lhe responder tudo o que quisesse a respeito de Nina.
David não descobriu muito mais do que já sabia. Só confirmava a quão conservada ela era a respeito de sua intimidade. A mulher no telefone nem se quer sabia se ela era casada, mas afirmou que em todos os anos em que Nina fazia parte da fundação, ninguém nunca teria a visto com alguém. Dave estava ficando obcecado, Nina tirava prints de quase tudo, e as milhares de fotos de homens em seus arquivos online, não o dava a certeza de quem poderia ser seu namorado. Na verdade, Kara e Lyon havia tirado esses milhares de prints de perfis ao longo dos anos no celular da amiga.
David tinha a mulher que quisesse a qualquer hora que quisesse. Mas como ele mesmo já havia declarado publicamente há alguns anos: “´É sempre mais seguro voltar com uma ex-namorada do que tentar engatar novos romances. Nos dias de hoje uma simples paquera pode ser mal interpretada, e pessoas de má índole podem acusar um artista famoso de assédio, só para conseguir fama e dinheiro”.
Essa foi uma das declarações mais polêmicas da carreira dele. Fizeram uma confusão de más interpretações por causa desse comentário. Distorceram o que ele disse e uma enxurrada de críticas em suas contas de I*******m, Twitter e F******k foram feitas em comentários desnecessários por pessoas extremistas e intolerantes.
Ele sabia, é claro, que quando se é uma pessoa pública, as pessoas têm o direito de dar suas opiniões a respeito de qualquer assunto na internet. “Liberdade de expressão”. Então, por essas e outras ele era muito cuidadoso com relação à sua vida privada, principalmente com relação às mulheres.
Mas Nina era Nina. Aquela mulher anônima, que ninguém conhecia e, como ela mesmo disse, uma turista qualquer, o rejeitando daquela forma... Isso mexeu com os brios do taurino.
David encarou seu telefone, e ligou para Nina uma dúzia de vezes, mas ninguém atendeu. E isso estava o matando por dentro. De alguma forma ela estava entrando em sua mente, deixando sua marca, e nem estava se esforçando para isso. Apenas viajara para aproveitar as suas férias, assim como ele, embora ambas fossem totalmente distintas. Ele estava sendo acompanhado por especialistas que o tinham diagnosticado com esgotamento físico e mental.
Apesar de David estar de férias, ele tinha compromissos inadiáveis com fisioterapeuta, psicóloga e uma equipe médica que o acompanhava nesse spa super profissional e luxuoso. Ele tinha hora marcada para tudo, e sua equipe de segurança cuidava para que nada vazasse à imprensa.
David já havia passado três dias repousando, e Nina não havia retornado nenhuma das ligações. Ele já estava pensando em desistir. Seus dias se resumindo a sauna, massagens, conversas terapêuticas e contato com a natureza. Estava fazendo um detox mental e físico. Todavia, apesar de estar em meio a tanta calmaria num ambiente harmonioso e requintado, havia um pensamento que não o deixava em paz: “O que será que a estranha está fazendo agora”?
David tentou deixar para lá, mas seus instintos de celebridade não o deixavam a ignorar. Afinal de contas ele era rico, bonito e famoso. Por que Nina o tratou com tanta insignificância? Essa pergunta não queria se calar de seus pensamentos.
David pensou e repensou nos riscos. Pensou em usar o telefone da clínica, ou de algum de seus seguranças mais fiéis, mas desistiu. Achou melhor usar seu próprio telefone, por motivos de privacidade.
— Olá, estranha. Sou eu, o estranho famoso. Espero que sua estadia na Itália esteja sendo segura e agradável, como a minha está sendo. Se precisar de qualquer coisa, não hesite em me pedir ajuda. Foi um prazer conversar com você no banheiro” — David terminou a mensagem com um emoji sorrindo.
Nina se levantou da cama, se arrumou, olhou seu telefone e viu uma dúzia de ligações perdidas, mas não abriu as mensagens. Kara insistiu para que ela retornasse as ligações, mas a recepção do hotel não soube informar quem havia ligado.
O terceiro dia de férias havia chegado tão rápido quanto a ressaca do trio havia passado. E lá estavam eles novamente, indo de restaurante em restaurante, provando vinhos e pratos típicos da região; visitando os locais mais famosos da cidade; “turistando”, como Kara dizia.
No fim da noite, ao chegar de volta no hotel, Nina viu que tinha uma mensagem em seu telefone, fora as diversas outras que sua companhia telefônica da Noruega enviava, informando sobre 5G etc.
Nina abriu a mensagem daquele número desconhecido cheio de sinal de + e zeros e se surpreendeu ao ver que era de David. Seu coração acelerou, ela o repreendeu, tentou disfarçar para os amigos não perceberem, enquanto lia e relia.
Nina ficou muito pensativa sobre como ele havia descoberto o número dela. Talvez alguns de seus seguranças tivessem influência com a máfia italiana, ou o taxista do evento, o informou, já que a trouxera com seus amigos da discoteca até o hotel naquela noite. Talvez David já soubesse onde ela estava hospedada. Talvez, talvez, talvez. Nina estava surtando! A verdade é que ela não sabia que ele a acompanhava por seu celular.
Os amigos leram a mensagem também e ficaram em choque. Torciam muito para que a amiga vivesse um amor tórrido e épico!
— Amiga, o homem mais desejado e mais bonito do mundo está entrando em contato contigo, e tu tá aí agindo feito uma tola, amiga?! Fala sério! — Esbravejou Kara. — Se fosse eu já tinha dormido com ele!
E os três mosqueteiros passaram horas discutindo as atitudes de Nina. Quando todos já estavam na cama para dormir, Nina resolveu responder a mensagem de David:
— Olá, estranho. Estranho mesmo é você saber o número do meu telefone. Confesso que estou apavorada!
Nina não obteve uma resposta naquela noite, pois quando enviou a mensagem a David, ele já estava dormindo; Fazia parte de seu cronograma de repouso tentar dormir cedo e recuperar as energias.
No dia seguinte Kara já havia preparado uma rota turística para eles. Caso cumprissem tudo direitinho, teriam o resto das férias livre para beber e relaxar.
Acordaram cedo, tomaram café e saíram. Nina não parava de checar o telefone dentro do ônibus de turismo. Kara, sempre atenta, cutucava Lyon, o mostrando o interesse de Nina ao telefone, dando sinal de que a amiga estava cedendo. Por volta de duas da tarde David a respondeu:
— Wow. Apavorada? Não fique. Não é tão difícil achar as pessoas no G****e hoje em dia. Só queria lhe cumprimentar e perguntar se está tudo bem. Você sumiu da boate de repente... Espero que as sandálias tenham ficado bem 😊.
— Sim, elas estão bem. De qualquer forma obrigada por se preocupar. Muito gentil da sua parte. Tenha um bom dia.
David encarou aquela resposta na tela do celular e não se deu por vencido.
— O que você está fazendo agora?
— Estou num ônibus de turismo com meus amigos. — escreveu Nina, enquanto Kara gritava: — escreve: “E você?” Né, amiga! — Então Nina escreveu antes de enviar.
— Estou entediado. Que tal conversarmos? — mandou David.
— Mas nós estamos conversando…!
E os amigos ao seu lado reviraram os olhos com essa resposta.
— Sim, estamos — enviou David. — Mas você não prefere uma conversa cara a cara, sem compromisso? Um café? Um jantar?
— Com você? Sinceramente não vejo o por quê. Desculpe.
Os amigos de Nina ficaram perplexos. Literalmente de queixos caídos. Até David ficou atônito com essa resposta.
Ela o confundia. Ele odiava arrogância e sentiu um tom disso naquela resposta.
— Sim, comigo — respondeu David. — O que tem demais nisso? Não é assim que as pessoas normais se conhecem?
— Sim, as normais — concordou Nina.
— Você está querendo dizer com isso que você não é normal?
Nina esboçou um sorriso no canto da boca com aquela resposta.
— Não. Não foi isso que eu quis dizer. Eu sim sou normal, uma mera mortal. Não sei o porquê de uma pessoa como você estar querendo jantar com uma pessoa como eu. Para ser bem sincera...
— Defina uma pessoa como eu e uma pessoa como você...
— Ah, você sabe. É estranho que um super astro como você, esteja assim insistindo em ter contato com uma anônima como eu. Isso é no mínimo uma pegadinha. Uma brincadeira de mal gosto.
— Então venha me encontrar. Você poderá tirar suas próprias conclusões.
Quanto mais ele escrevia, mais Nina achava improvável tudo aquilo. E começou a especular em voz alta: — Uma pessoa superfamosa não escreveria tais coisas assim para qualquer uma. A não ser que não seja de seu telefone.
Lyon e Kara já nem davam mais atenção àquele assunto. Já conheciam Nina muito bem e sabiam que ela era muito capaz de sabotar de verdade aquele encontro. Por isso, deixaram-na falando sozinha.
— É claro! Se tiver algum problema ele fala que é tudo fake e pronto. Esperto! Faz sentido — dizia Nina a si mesma.
— Agora está falando sozinha. Veja, Lyon, o estado da nossa amiga... — disse Kara.
Nina os ignorou e resolveu teclar de volta.
— David Nichols. Eu agradeço muito o seu interesse, paciência e consideração com a minha humilde pessoa — escreveu. — Mas eu não sou de encontros.
David passou algum tempo pensando. Depois resolveu m****r uma foto dele com a seguinte legenda:
— Sou eu. Você ainda não está convencida!?
— Sim. O astro das telas de cinema e das fotos do G****e, parecem mesmo com você pessoalmente. Mas, você há de convir que, o fato de você ter entrado em contato comigo no Hangouts, depois aparecer em Roma justamente na festa em que estou com meus amigos, tudo isso, é no mínimo estranho! Qualquer uma ficaria intimidada.
— Posso te ligar?
— Prefiro mensagens, caso você seja um mafioso se passando por David. Assim pelo menos a polícia terá como rastrear essas conversas, caso eu desapareça.
David riu.
— Você terá que confiar em mim e vir até onde estou — ele escreveu. — Eu não posso aparecer em público.
— E se você for um psicopata? Existe de tudo no mundo.
— Eu sou um dos atores mais famosos do mundo, Nina. Jamais faria algo para comprometer o meu nome. Sou um homem de negócios.
— O fato de você ser rico e famoso, não prova nada! Muitos multimilionários vivem aparecendo em escândalos o tempo todo. Muitos usam drogas, são descontrolados, megalomaníacos, controladores... e eu não acho graça em nada disso. As pessoas só acreditam quando veem estampado nos jornais. Como você pode me provar que você não é igual a esse ator que saiu nos jornais agora, acusado de canibalismo?
David perdeu a paciência.
— Agora, chega! Qual é o seu problema, mulher?
— O meu problema, não! Eu que te pergunto: Qual é o seu problema, homem!? Essa insistência descabida, está me apavorando.
— Você está de brincadeira, não está?
— Claro que não — respondeu Nina. — Em que mundo você vive? No mundo real milhares de coisas como essas acontecem todos os dias, sabia? Já trabalhei com isso antes, num centro de apoio às mulheres que sofreram abusos. Eu que não me arrisco por nada nem ninguém!
De repente o telefone de Nina começou a tocar. David Nichols estava ligando...
Nina ficou encarando a tela do celular, catatônica, até que Kara o tomou de suas mãos e trocou a chamada de voz por uma chamada de vídeo. Quando o rosto de David Nichols apareceu na tela, os amigos de Nina ficaram perplexos. Era ele mesmo! Nina não soube o que dizer, apenas fitou com os olhos arregalados a imagem dele. David abriu um sorriso iluminador ao vê-la. Ela estava do mesmo jeito de quando eles se conheceram na discoteca. Uma pessoa estranha! Então, Kara reagiu tomando o telefone e desligou, interrompendo a chamada de vídeo. — Agora eu acredito. Parecia ser mesmo você. Aceito o encontro — escreveu Kara. David achou estranho toda aquela cisma de Nina, mas ao mesmo tempo isso o fez ver que ela não se importava com quem ele era, afinal de contas. Qualquer outra pessoa no lugar dela ficaria histérica, mas ela só se importava com o medo de estar visitando uma das cidades da Itália que, para ela, era uma das mais conhecidas pela máfia
Ao chegarem no hotel, Nina despertou: — É meu hotel? — perguntou a David. — Não. Estamos no meu. — O seu motorista não precisa me levar, eu pego um táxi. — Jamais mandaria você sozinha de táxi — disse David. — Ainda mais a essa hora da noite. Se você fosse dormir no seu quarto, eu lhe deixaria na porta do hotel. — E aonde eu vou dormir? — Perguntou ela ainda sonolenta. — Em meus aposentos, senhorita. Então eles saíram do carro e subiram para a suíte dele. Nina se sentia exausta. Ela se trancou no banheiro de David e tomou um bom banho, depois vestiu um roupão felpudo que estava jogado na pia. Havia perguntado em voz alta se poderia usá-lo, mas como ninguém respondeu, ela vestiu. Aproveitou que estava sozinha e ligou para seus amigos, só para lhes dizer que estava tudo bem. Lyon e Kara estavam torcendo para que Nina baixasse a guarda pela menos dessa vez. Depois de um longo ritual feminino
Eles se levantaram da cama às duas horas da tarde do terceiro dia, quarta-feira, e foram juntos para o banheiro. Enquanto a água quente do chuveiro caía sobre suas cabeças, Nina admirava o corpo de David. Ele era como um deus, com sua pele branca perfeita, os cabelos negros e os olhos claros; ela, uma simples mortal.Os dois ficaram temporariamente satisfeitos com aquilo, apenas sentindo a água que escorria pelos seus corpos, olhando de vez em quando um para o outro. Enquanto isso, David só pensava no quanto o sexo tinha sido incrível. Nina soube muito bem como deixá-lo louco sobre a cama, debaixo de seu corpo pequeno, onde ela o fazia de seu altar, seu reino, onde ela era quem dava as ordens. No auge do prazer ela sentiu que se libertava de todas as tenções do mundo externo. Era só ela e ele no paraíso.David pegou uma esponja e começou a ensaboar Nina da cabeça aos pés, ao mesmo tempo que suspirava de desejo por ela. Ele passou a esponja pelos pés, depois foi subindo
Na manhã seguinte os dois pombinhos mal conseguiam se mover. Estavam literalmente quebrados. Sentiam dores físicas. “Era para eles não pensarem em sexo pelo menos por uma semana”, Nina afirmou em sua mente enquanto eles ficavam prontos para encarar o dia ensolarado no centro de Roma. — Vamos descer para tomar café Nina? Ou subir ao terraço? O dia está lindo! Podemos nadar, fazer o que você quiser. — Não sei se você notou, meu caro Rich, mas eu não tenho mais um vestido, uma calcinha, e nem sei se tenho mais dignidade. — Então como você vai fazer para sair desse quarto agora? — Disse David sorrindo enquanto terminava de se vestir. — Você duvida que se eu realmente quiser ir embora eu vou só de toalha? David a olhou por um momento e respondeu: — Não. Não duvido. — Nina sorriu satisfeita. Nina abriu o guarda-roupa dele, achou uma blusa de botão social branca que serviria para dar um nó e encurtá-la, experimentou suas calças, e viu que cab
David moveu-se na cama procurando abraçar-se ao corpo quente de Nina, quando percebeu que ela não estava lá. A porta do banheiro entreaberta o fez pensar que ela não estava no banheiro, a chamou, não obteve resposta, então percebeu que suas roupas não estavam em lugar nenhum. Seu coração involuntariamente dispara, ele começa a sufocar, sozinho no quarto do hotel. Perguntava-se o que estava havendo com ele. Qual era o problema, afinal? Segurando o bilhete que ela havia deixado, conseguiu ligar para pedir ajuda a equipe do spa, que adentrou o quarto após alguns segundos. David havia passado as próximas horas entre massagens, yoga, meditação e outras atividades que faziam parte de seu pacote de estadia no spa. Quando Nina retornou, ele fez questão de descer até a recepção para levar as bagagens dela até o quarto. Nina estava muito bonita. Segundo ela, maquiada e produzida por Kara da cabeça aos pés. Usava um macacão preto entrelaçado nas costas, e os cabelos estavam ama
Nina, Kara e Lyon entraram na tal famosa balada, eles não precisaram enfrentar aquela fila que dobrava quarteirões.Kara havia posto seus nomes na lista “vip” do local graças ao contato que mantivera com o segurança de David, sem que Nina soubesse, e sem que Kara desconfiasse que Dave era quem de fato, estava por trás de todos os VIPS de sua inesquecível viagem.Eles foram encaminhados até as suas mesas e foram prontamente atendidos. Nina estava vestindo um vestido rosa nude, uma sandália da mesma cor e uma pequena bolsa que comportava seu batom e seu telefone. Kara e Lyon sempre estavam vestidos para “matar”, não importando a ocasião.A decoração do local era altamente luxuosa, apesar de que, visitar Roma em fevereiro, pode ser uma caixinha de surpresas, pois, é meado do inverno, o frio ainda prevalecendo, mesmo que as jornadas dos dias já tenham começado a ficar lentamente mais luminosas. As poucas possibilidades de nevar na cidade, não estavam totalmente
— Ei! Calma! — Disse ele com os braços suspensos no ar e com as mãos para cima. — Eu disse para você me largar. Não disse? — Eu já larguei. Ela tentava se recompor, ajeitando a roupa, os cabelos, tentando recuperar a respiração ofegante. — Está mais calma? — Ela só o olhava com raiva, sem responder. — Vamos conversar, Nina... — Não aqui. — Ok. Vamos para o seu hotel, então? Ela abriu um sorriso muito remoto no cantinho da boca e concordou com a cabeça. Ele viu que ela baixou a guarda e se aproximou dela com jeitinho. Chegou bem pertinho dela, rosto com rosto, enquanto falava que ficou preocupado. Ela podia sentir o hálito quente dele com cheiro de whisky em seu nariz. Era alucinante. Um cheiro de homem misturado com álcool e loção de barbear. Ele empurrou seu peito contra ela, a encarando nos olhos, encostou todo o seu corpo contra o dela a deixando sem espaço. Ela não sabia se chorava, se gritava, se o beijava
Enquanto Nina terminou de se aprontar para sair, ela percebeu a expressão estampada no rosto de seu Rich. Sabia que ele não retomaria as discussões, a respeito do tempo que ela queria afastada dele, pois, eles já tinham resolvido isso, e não insistiriam no mesmo assunto. Ainda assim ela sentia a decepção em seu olhar perdido, os lábios tristes, caídos, parecendo um cachorrinho que caiu do caminhão da mudança... ela não podia ceder. Antes de sair, Nina o explicou que era seu décimo dia de viagem e ele precisava descansar mais, dormir até tarde, passear quando quisesse, sem compromisso. E ela precisava ser livre. Ele concordava com tudo o que ela dizia. Para um taurino que é o signo mais conhecido por ser ciumento e possessivo, não foi nada agradável ouvir aquilo. Embora muitos digam que horóscopo é apenas superstição. “Por que ela não cogitava a possibilidade de fazer todas essas coisas junto a ele”? — Ele pensava enquanto se arrumava para sair. Taurino gosta de tudo