— Você é mesmo desprezível. — Sebastião rosnou, agarrando George pela gola da camisa.Meu coração disparou, e a tristeza que eu sentia deu lugar à preocupação. Estava prestes a intervir quando ouvi George responder de forma tranquila:— O que você chama de desprezível é, na verdade, algo que você nunca fez: cuidar de Carina com o coração.Os olhos de Sebastião se estreitaram, e ele retrucou com um tom ácido:— George, essas suas jogadas baratas para impressionar garotas não vão funcionar com Carolina. Ela não gosta de ilusões, entendeu?Eu não gostava de ilusões?Sim, eu tinha dito isso a Sebastião uma vez.Foi logo depois de começarmos a namorar. No nosso primeiro Dia dos Namorados, ele não me deu presente nenhum, nem mesmo um jantar.No dia seguinte, saímos com Pedro e outros amigos, e Pedro fez uma piada, perguntando como tínhamos passado o Dia dos Namorados.Fiquei extremamente constrangida, mas Sebastião se desculpou dizendo que havia esquecido. Para evitar mais desconforto, eu me
Naquele momento, foi minha vez de ficar confusa:— Como assim, você não quer mais? Ou será que...Antes que eu pudesse terminar a frase, as palavras foram caladas pelo beijo dele. Não foi um beijo profundo, apenas um toque suave que selou meus lábios. Em seguida, ele murmurou baixinho:— Eu quero.Sorri, sentindo meu rosto esquentar. George também parecia um pouco sem jeito...Apesar do tom bronzeado de sua pele não denunciar tanto, as orelhas dele estavam visivelmente vermelhas.Não dissemos mais nada. Ficamos ali, parados, de mãos dadas, sem saber o que fazer. Era uma situação estranha, mas ao mesmo tempo ninguém queria ser o primeiro a romper o contato.O tal "cheiro de romance no ar" devia ser isso. Um misto de desconforto e doçura, onde a vontade de estar mais perto era travada pela timidez.Será que eu e George íamos passar a noite inteira ali, abraçados, sem mexer um músculo?Definitivamente, não. Minhas pernas já estavam começando a ficar dormentes, e minha lombar começava a re
Anthony querendo me provocar, eu podia ignorar. Mas o convite pra ver Felipe era algo que eu não podia simplesmente deixar de lado.Ainda assim, a hora da mensagem me incomodava. Era tarde demais para ser algo casual.Se eu respondesse agora, ele podia aproveitar a oportunidade pra sugerir algo a mais. Se eu recusasse, ele provavelmente usaria isso contra mim na conversa com o pai. A melhor estratégia seria tratá-lo como fiz ontem: ignorá-lo.Respirei fundo e voltei minha atenção para Luana, que ainda falava algo que eu não tinha escutado direito.— Então, vocês oficializaram o namoro e agora acabou? Não vão dar o próximo passo?— Que próximo passo? — Perguntei, distraída pela mensagem de Anthony.— O próximo passo óbvio de um casal: dormir juntos. — Respondeu ela, com um tom malicioso.— George é um homem respeitável, sabia?— Respeitável? Desde quando isso exclui os instintos humanos? Ele não tem desejos? Não quer reproduzir a espécie? — Retrucou ela, revirando os olhos do outro lado
O celular vibrou duas vezes na minha mão. Era uma mensagem da Luana, acompanhada de um GIF animado: uma mulher recém-saída do banho, vestindo uma camisola sexy, cheia de poses provocantes. E, claro, a boa e velha "sabedoria" dela vinha logo abaixo: [Você deveria tentar algo assim.]Revirei os olhos e respondi com um emoji de cabeça explodindo. Por mais que eu achasse a Luana completamente sem noção, a ideia ficou martelando na minha cabeça. Talvez, só talvez, valesse a pena tentar. Mas eu precisava de um motivo convincente para colocar isso em prática, algo que não fosse tão... Óbvio. Fui para o banho, deixando a água quente me ajudar a pensar em um plano. Usar a história das mensagens do Anthony? Não. Se eu mencionasse isso, George certamente tentaria me impedir. Não era uma boa ideia. Inventar que o encanamento estava com problema e pedir ajuda? Também não. Os canos estavam em perfeito estado, e eu não tinha coragem de estragar algo de propósito só para isso. Talvez dize
Meu coração disparou, pulsando tão forte que parecia ecoar nos meus ouvidos. Eu tinha decidido provocá-lo, testar seus limites. Mas agora que George realmente havia respondido, fui eu quem recuou, tomada por uma onda de nervosismo. Minha respiração estava ofegante. — George, você... Ele deu um passo à frente, cortando minhas palavras e me forçando a recuar instintivamente. Nesse jogo de avanço e recuo, ele conseguiu sair do batente da porta e entrar no apartamento. Acabei encurralada contra o armário de sapatos, com ele bem próximo. A tigela de mingau de abóbora ainda estava entre nós dois, como uma ponte frágil. Apesar da proximidade e do movimento, nenhuma gota tinha sido derramada. Meu coração batia tão rápido que parecia prestes a explodir. George não disse nada. Apenas me encarava, mantendo-se a poucos centímetros de distância. Sua presença era tão intensa que me faltava coragem para sustentar o olhar. Por dentro, me amaldiçoava por ter começado tudo isso. Por que
O fracasso com Sebastião tinha me deixado sensível, até mesmo provocada. Eu queria saber se era realmente tão desprovida de apelo, se um homem poderia me segurar assim nos braços e ainda assim resistir a mim.— George... — Chamei baixinho, enquanto minhas mãos deslizavam para suas costas, apertando-o por cima da camisa, minhas unhas cravando levemente em sua pele.Senti o corpo dele enrijecer instantaneamente. Ele até suspirou fundo, quase como um reflexo.— Carina...Me aproximei ainda mais. Vestindo apenas um pijama leve após o banho, sabia exatamente o quão macio e flexível meu corpo estava.Se ele resistir a isso, só posso concluir que fracassei completamente.— Carina... — George me chamou com a voz rouca, quase urgente. Então, ele me soltou, segurando meus ombros com firmeza. Sua cabeça estava baixa, e ele respirava ofegante.Seu pomo de Adão subia e descia, e seu corpo inteiro parecia à beira de um colapso, como se ele tivesse acabado de correr uma maratona.Eu não estava muito
[Boa noite, namorada!]Recebi a mensagem de George meia hora depois.Não fazia ideia do que ele tinha feito nesse meio-tempo. Será que ele tinha tomado um banho frio, como nos clichês dos romances?Só de lembrar da cena quente de antes, meu rosto já queimava. Não tive coragem de responder.Aquela noite foi difícil. Não consegui dormir direito. Talvez fosse porque eu mesma deveria ter tomado um banho frio. Havia algo dentro de mim, inquieto, como se algo rastejasse sob a pele. Sempre ouvi dizer que o desejo, uma vez desperto, era difícil de controlar. Agora, entendia isso por experiência própria.Sem descanso, acordei cedo. Mas, como sempre, George já estava um passo à frente. Ele havia saído para correr.A energia e resistência daquele homem eram impressionantes. Não consegui evitar o pensamento: Se ele era assim, será que no sexo também...Sacudi a cabeça, tentando afastar as ideias. Mas parecia que estava enfeitiçada. Tudo aquilo era culpa de Luana e de seus conselhos absurdos.Pegue
O rosto dele se iluminou com um sorriso ao mesmo tempo divertido e cheio de ternura.— Você já fez isso antes, lembra? Tem precedentes.Minhas bochechas esquentaram imediatamente, e junto com a vergonha veio um leve incômodo. Esse George… Saber ele até pode, mas precisava jogar isso na minha cara? Que falta de noção!— Carina. — Ele me chamou com a voz suave, quase carinhosa. — Você tem coragem para fazer travessuras, mas depois vira uma covarde. Não mudou nada desde pequena.Eu estava prestes a rebater, mas, de repente, algo me deixou alerta.Travessuras? Ele não achou que abrir a porta de pijama tivesse sido um acidente? Ele percebeu que foi de propósito? Ele sabia que eu tinha planejado aquilo?Meu Deus, que vergonha!A chave do carro girava nervosamente entre meus dedos. Eu já estava quase cavando um buraco para me esconder de tanta humilhação. E, com isso, fiquei irritada, levantando o queixo para me defender:— Quem você está chamando de travessa, hein? Você é que... Você que...!