Nos olhares expectantes do pai e da mãe de Sebastião, finalmente acenei com a cabeça. Mas, no fundo do meu coração, deixei uma lei para mim mesma: se Sebastião tiver qualquer outra ligação com Lídia, mesmo que já tenhamos a certidão de casamento, eu o deixarei.Depois que concordei, todos na mesa suspiraram de alívio, e a atmosfera ficou leve e acolhedora. Após a refeição, naturalmente, eu não podia ir embora.De volta ao quarto, Sebastião e eu estávamos um pouco desconfortáveis, mais do que da última vez.— Você vai tomar banho. — Sebastião disse primeiro.Nesse momento, meu celular tocou; era Luana ligando. Eu olhei para Sebastião.— Você vai primeiro, eu vou atender o telefone.Sebastião entrou no banheiro, e só então atendi a ligação. A pergunta de Luana veio diretamente: — Carolinha, você não voltou para dormir aqui ontem, e hoje também não veio. Você voltou para a casa dos Martins, não voltou?Olhando para a grande cama no meio do quarto, eu murmurei um leve “sim”.— Você e Seba
Olhando para mim mesma no espelho, eu me esforcei para levantar os cantos da boca e disse a mim mesma que hoje eu deveria sorrir, ser feliz e ser feliz todos os dias daqui para frente.Quando desci, o pai e a mãe de Martins já tinham preparado o café da manhã, e o sofá e os utensílios da casa tinham sido trocados para os que só usavam no Natal.— Carolinha, vocês pegam o certificado de casamento e voltam, para que possamos celebrar e discutir os detalhes do casamento. — A mãe de Martins parecia mais animada do que eu.— Claro! — Eu concordei.A mãe de Martins olhou para mim, — Você está linda hoje, mas ficaria ainda mais bonita de vermelho.— Vermelho é demais chamativo. — Eu expliquei.— Não dê ouvidos a essas ideias, hoje em dia ninguém mais usa vermelho vivo, Carolinha, você deve usar o que quiser, não se preocupe com o que sua mãe diz. — O pai de Martins falou comigo diretamente, como um pai.Eu sorri, sentindo um calor no coração.A mãe de Martins me puxou para a mesa de jantar, a
— Senhorita Reis, você, o que está fazendo aqui?Assim como eu, Daniel também estava surpreso e perguntou a Lídia.Lídia ajeitou o roupão: — Eu moro aqui.O olhar dela caiu na chave que eu segurava: — Vocês entram na casa dos outros sem bater?Daniel deu um passo à frente, — Não... esta casa foi preparada pelo senhor Martins para a assistente Pinto.Enquanto falava, Daniel pegou o celular apressadamente e ligou para Sebastião. Provavelmente estava tão nervoso que acidentalmente colocou no viva-voz: — Presidente Martins, a casa na Comunidade Cênica...Antes que Daniel terminasse, Sebastião o interrompeu, — Eu dei essa casa para Lídia.O sorriso de Lídia se ampliou diante dos meus olhos...— Mas a assistente Pinto...Daniel tentou perguntar, mas Sebastião o interrompeu novamente: — Eu darei outra coisa para Carolina, e... não deixe Carolina saber disso.Daniel olhou para mim, sem graça e envergonhado, como se quem tivesse me desapontado fosse ele e não Sebastião.Ele não se atreveu a diz
Duas frases minhas fizeram o rosto de Lídia alternar entre vermelho e branco.Na verdade, a atitude dela era realmente péssima. Se queria ser amante, deveria assumir, afinal, Sebastião deu a ela a casa que era para mim, ela poderia ter essa confiança para se comparar comigo.Mas ela não quis isso. Fez algo vergonhoso e ainda queria se passar por pura.Ela queria ser a amante e ainda se passar por boazinha.— Carolina, Sebastião não vai gostar de você como assim. — Lídia teve a audácia de falar sobre isso comigo.Eu ri sarcasticamente, se eu ainda esperasse que ele gostasse de mim, eu estaria louca.— Deixe que ele goste de você, eu não me importo. — Retruquei novamente.Os olhos de Lídia se encheram de lágrimas de tristeza, então eu estava certa em manter Daniel aqui, caso contrário, se ela começasse a chorar, seria difícil explicar.— Carolina, o que você quer dizer com isso? Vocês não iam pegar o certificado de casamento hoje? — Quando Lídia me perguntou isso, seus olhos brilhavam. V
Recebi novamente a ligação do Sebastião quando estava na igreja.— Carolinha, já são quase onze horas, por que você ainda não chegou? — A voz de Sebastião soava um pouco apressada.— Estou quase chegando, espere só mais um pouco. — Respondi de propósito.Amei-o por dez anos. Quantas vezes esperei por ele? Já nem lembro mais.Hoje, vou deixá-lo me esperar uma vez, como uma pequena compensação pelos dez anos de amor da minha juventude.— Então, apresse-se para não perdermos o horário que o astrólogo disse. — Sebastião me apressou novamente.Naquele momento, eu estava sentada em frente ao astrólogo. Ele não mencionou nada sobre meu casamento, o que mostrava que ele não sabia que eu ia me casar com Sebastião hoje, muito menos poderia prever um horário auspicioso.Eu murmurei um leve "sim" e desliguei o telefone, depois desliguei o aparelho e continuei ouvindo o astrólogo falar.Sebastião acreditava no catolicismo porque ele teve uma doença grave quando era criança. A mãe do Martins rezou p
Eu movi meus lábios em um sorriso zombeteiro, Luana percebeu que algo estava errado.— Carolinha, não me diga que você descobriu algo entre ele e aquela viúva?Ela é realmente minha boa amiga, sabe exatamente onde está meu limite.— Ele deu uma casa para Lídia, e essa casa era para ser minha. — Eu esclareci com as palavras mais breves possíveis.Luana não disse nada por um momento, e então ela rangeu os dentes.— Você...Ela não terminou a frase, mas eu entendi o que ela queria dizer.— Eu não vou dar mais uma chance a ele.— Esse tipo de canalha, se você perdoar ele de novo, ele vai fazer isso novamente! — Luana compartilha a mesma visão sobre o amor que eu.— Eu sei.— Certo, precisamos planejar os próximos passos com calma. Por agora, atenda o telefonema dele e veja o que ele tem a dizer. Depois, venha me encontrar. — Luana fez uma pausa. — Vou trocar meio turno com alguém.Eu queria dizer que não precisava, mas ela já tinha desligado a videochamada.O telefone de Sebastião continua
— Carolinha, mamãe preparou um jantar de celebração muito especial para vocês, e ainda convidei parentes e amigos. Vocês precisam voltar antes das seis da noite, ok?As palavras da mãe de Martins me deixaram um pouco atordoada. Eu não esperava que ela ainda não soubesse que não pegamos a certidão de casamento. Parece que Sebastião não contou a ela. Pensando na atitude deles na noite passada, ele provavelmente temia ser repreendido.Ouvindo a alegria e a expectativa na voz da mãe de Martins, eu realmente não queria dizer a verdade, mas o fato de que Sebastião e eu não podíamos pegar a certidão de casamento já era um fato consumado. Não dava para esconder por muito tempo. Além disso, agora não dava mais para esconder.Se por acaso todos os parentes e amigos que ela convidou fossem, isso a deixaria ainda mais constrangida.— Tia. — Eu a chamei.— Você ainda me chama de tia? Deveria me chamar de mãe. Será que é porque eu não dei um envelope vermelho? — A mãe de Martins brincou comigo.Meu
Luana percebeu meus pensamentos.— Para onde vamos? Eu te acompanho, ou...— Vamos arrumar minha casa, — Eu interrompi Luana.Ela me olhou surpresa.— Você... isso... já estava preparada?— Não exatamente, foi algo de anteontem, — Eu disse, apontando para o banco traseiro, onde estavam os itens de cama que eu tinha comprado.— Comprei ontem com a Lídia. — Minhas palavras deixaram Luana surpresa e curiosa.No caminho para minha casa, contei tudo para Luana, que assentiu furiosamente muitas vezes.— Você fez bem em não pegar a certidão de casamento. Sebastião é um homem mau da nova época que não consegue ficar com só uma mulher.— Homem mau é homem mau, não importa a época, — Eu brinquei.Luana me olhou.— Carolinha, se você está triste, não precisa fingir um sorriso na minha frente.— Não estou tão triste assim, de verdade, — eu olhei para a estrada à frente. — Talvez meus sentimentos por ele sejam como os dele por mim, tão familiares que não sinto mais nada.Era assim que eu me sentia,