Ele já tinha vindo me procurar várias vezes, mas dessa vez apareceu direto na porta da minha casa.— O que você quer agora?— Eu aceitei. — Ele disse, e por um segundo eu não entendi o que ele queria dizer. Aceitou o quê?— Eu aceitei namorar com você. Ser seu namorado provisório. — George esclareceu.Lembrando que ele tinha recusado minha proposta antes, fiquei surpresa.— Por que você mudou de ideia?— Se eu não mudasse, você ia continuar saindo com aqueles caras estranhos e correndo o risco de ser perseguida de novo? — George respondeu, com um tom meio impaciente no começo, mas terminando com uma voz firme e protetora.Olhei para ele, vendo sua expressão contrariada enquanto a luz fraca do corredor iluminava seu rosto. De repente, achei aquela situação engraçada.— E se isso te incomodar? Se fizer algo contra a sua vontade, você não vai ficar infeliz? — Perguntei, provocando.George pareceu perceber o tom de brincadeira na minha voz, e deu um passo à frente. Instintivamente, recuei,
Virei para olhar George. Ele me encarava com uma expressão séria, e o silêncio entre nós começou a ficar estranho. Estávamos sozinhos no apartamento, e a tensão no ar era quase palpável.Era bizarro. Já tínhamos dividido o quarto de hotel antes, e nada disso acontecia. Mas agora, nesse apartamento espaçoso de dois quartos, parecia que o espaço entre nós era mínimo, quase sufocante.George me olhou por mais alguns segundos e então falou:— Acho que é melhor eu dormir no sofá.— Seu quarto deve ser reservado só para o seu verdadeiro namorado. Eu... Vou ficar no sofá. — Disse ele, fazendo com que eu me sentisse um pouco culpada.Mas eu sabia que ele estava jogando comigo. George queria mais do que ser meu namorado temporário, ele estava tentando me pressionar para aceitar algo mais sério.— Faça o que quiser. — Respondi rapidamente, me esquivando da situação, e fui para o quarto dos meus pais.Deitei na cama, mas o sono não vinha. Ainda estava um pouco abalada pelo incidente no corredor.
Eu não sabia por que queria chorar, mas sentia uma angústia apertar meu peito, como se fosse uma esponja encharcada de água, pesada e difícil de espremer.Talvez fosse porque, nesta casa sem meus pais, onde eu estava sempre sozinha e esquecida, alguém finalmente se importou comigo de novo.Ou talvez fosse porque George, de alguma forma, me entendia. Ele parecia saber que, mesmo tendo saído do parque de diversões, meu coração ainda estava ligado àquele lugar.Fiquei olhando para o bilhete por um bom tempo, e, quando o tirei do espelho e saí do banheiro, vi que George havia deixado o café da manhã na mesinha da cozinha. Havia um sanduíche, ovos fritos e leite.Naquele instante, pressionei o bilhete contra o peito e as lágrimas começaram a cair.George tinha preparado o café da manhã para mim. Aquele gesto, aquele cuidado, tocou meu coração de uma maneira que eu não podia ignorar. Depois de comer, enviei a ele uma mensagem simples: [Obrigada.]Era só um "obrigada", mas eu não podia simpl
Cortar laços de uma vez só era sempre mais fácil. Esperava que George fosse a faca afiada que me ajudasse a finalmente me livrar de Sebastião.Depois de desligar o telefone, voltei a arrumar as coisas pela casa. O cobertor rosa que George usou na noite anterior estava dobrado com perfeição em cima da cama.De repente, a imagem dele enrolado naquele cobertor infantil me veio à mente, e não pude evitar um sorriso.A vida era cheia de desafios, mas, às vezes, ela também nos surpreendia com pequenas alegrias.Embora a conversa com Daniel devesse ter me deixado irritada, de alguma forma, eu não me importei. Continuei calma, até mesmo esperando pacientemente pela ligação da empresa, informando o cancelamento do meu emprego.Arrumei cada canto do apartamento, cuidei das plantas da varanda e organizei tudo. Mas, durante todo esse tempo, meu celular permaneceu em silêncio.Por fim, preparei um cappuccino e me sentei na cadeira de balanço, na varanda, com um livro nas mãos. Foi quando ouvi vozes
Enquanto eu e Luana conversávamos animadamente, ouvi o som de uma porta se abrindo e fechando no apartamento ao lado.Como a dona do imóvel havia mencionado que o novo inquilino se mudaria hoje, parecia que meu novo vizinho finalmente tinha chegado.— Luana, você acha que devo ir dar as boas-vindas ao meu novo vizinho? Vai que, se acontecer algo como ontem à noite, fica mais fácil pedir ajuda se eu já tiver falado com ele antes? — Perguntei, um tanto indecisa.— Seu vizinho é homem, certo? Se você for bater na porta dele logo no primeiro dia, ele vai achar que você está no mínimo desesperada, ou pior, que é uma maluca! — Luana respondeu, rindo.— Sério?— Sério. — Ela continuou rindo.Decidi que o melhor seria esperar uma oportunidade mais natural para conhecê-lo. Afinal, esbarrar com o vizinho era algo quase inevitável em um prédio. Não ia demorar muito para que nossos caminhos se cruzassem.Mas eu estava enganada. Nos dois dias seguintes, não vi nem sinal do novo vizinho, e George ta
Do outro lado da linha, não houve resposta. Logo em seguida, ouvi o som de George desligando o telefone.Embora a porta à minha frente ainda estivesse fechada, eu já sabia que estava certa.Poucos segundos depois, a porta se abriu, e George apareceu, vestindo uma roupa simples de ficar em casa, com uma expressão completamente calma, como se nada tivesse acontecido.Meu novo vizinho, afinal, era ele.Então, durante esses dias, ele não tinha deixado de aparecer. Na verdade, ele estava morando bem em frente a mim o tempo todo.E se ele não estava mais fazendo hora extra no parque, era porque queria estar aqui, perto de mim, me protegendo. Só que ele não tinha achado necessário me contar isso.Além disso, ele provavelmente já tinha decidido alugar o apartamento em frente ao meu quando veio consertar o encanamento.Tudo fez sentido quando eu o vi ali parado.— Entra. — Disse George, com uma tranquilidade desconcertante, como se nada tivesse sido descoberto.Na verdade, não havia nada de err
Meu coração parou por um instante.— Eu já te disse que não tem como acontecer nada entre a gente. Se você está com essa ideia na cabeça, acho melhor nem fingirmos ser namorados de mentira. Eu posso procurar outra pessoa.Assim que terminei de falar, George, que estava parado sem se mover, deu um passo largo em minha direção.— E quem você vai encontrar?Meu instinto foi recuar, mas a cada passo que eu dava para trás, ele avançava, dizendo:— Vai tentar outro encontro? Ou vai pedir ajuda para algum amigo?Ele estava claramente com ciúmes.— George! — Eu já estava encurralada. Levantei a mão para impedi-lo de se aproximar mais.Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele falou:— Sim, eu tenho interesse em você, mas você me rejeitou. Eu não vou insistir.Aquilo me deixou um pouco confusa.George me olhava com seu semblante sério, seus olhos profundos fixos em mim.— Agora, eu sou apenas um inquilino comum morando na sua frente. Se você não pensar de outra forma, nada vai acontecer
Eram cinco da manhã.Levantei e fiz uma sessão de ioga, pronta para encarar o novo trabalho com toda a energia.Às seis, enquanto lavava o rosto e trocava de roupa antes de preparar o café da manhã, meu celular tocou. Era uma mensagem de George.[O café da manhã está na mesa, e a chave está pendurada na sua porta.]Fiquei parada olhando para a mensagem por alguns minutos, até que fui abrir a porta. A chave estava lá, de verdade. Abri a porta de George e encontrei o café da manhã.Ontem à noite, no fim das contas, não consegui recusar seu pedido. Também não resisti à tentação de uma boa refeição e acabei “ajudando-o”.Mas... e esse café da manhã? Ele quer ser meu empregado gratuito agora?Apesar de ser bom ter alguém cuidando de mim assim que acordo, isso não me deixa exatamente confortável. Então, enviei-lhe uma mensagem:[Que história é essa? O engenheiro George está em busca de um trabalho extra?]— Hum, pode ser. A gerente Carolina decide quanto vale o meu esforço. — Ele re