Nenhuma resposta. Meu coração estava acelerado, e meu corpo inteiro se arrepiou.Mas eu não podia me mostrar fraca. Respirei fundo e, dessa vez, gritei:— Quem diabos está aí?— Sou eu! — Uma voz respondeu, seguida de passos mais decididos e uma explicação. — O seu encontro do café mais cedo.Era ele? Não podia acreditar. Nós nos encontramos uma vez, e agora ele estava me seguindo? Isso era ainda mais assustador.O corredor estava escuro, e eu só conseguia ver vagamente o que estava a poucos metros de mim graças à luz fraca que entrava pela janela.Ele ainda estava subindo as escadas, e eu não conseguia vê-lo claramente.Apertei ainda mais a chave do carro na minha mão, pronta para usá-la como arma.— Por que você está me seguindo? — Perguntei, tentando manter a voz firme.— Não me entenda mal. Eu só queria garantir que você chegasse em casa em segurança. Afinal, é perigoso para uma mulher andar sozinha tão tarde assim. — Ele disse, aparecendo finalmente no meu campo de visão.Aquela d
Ele já tinha vindo me procurar várias vezes, mas dessa vez apareceu direto na porta da minha casa.— O que você quer agora?— Eu aceitei. — Ele disse, e por um segundo eu não entendi o que ele queria dizer. Aceitou o quê?— Eu aceitei namorar com você. Ser seu namorado provisório. — George esclareceu.Lembrando que ele tinha recusado minha proposta antes, fiquei surpresa.— Por que você mudou de ideia?— Se eu não mudasse, você ia continuar saindo com aqueles caras estranhos e correndo o risco de ser perseguida de novo? — George respondeu, com um tom meio impaciente no começo, mas terminando com uma voz firme e protetora.Olhei para ele, vendo sua expressão contrariada enquanto a luz fraca do corredor iluminava seu rosto. De repente, achei aquela situação engraçada.— E se isso te incomodar? Se fizer algo contra a sua vontade, você não vai ficar infeliz? — Perguntei, provocando.George pareceu perceber o tom de brincadeira na minha voz, e deu um passo à frente. Instintivamente, recuei,
Virei para olhar George. Ele me encarava com uma expressão séria, e o silêncio entre nós começou a ficar estranho. Estávamos sozinhos no apartamento, e a tensão no ar era quase palpável.Era bizarro. Já tínhamos dividido o quarto de hotel antes, e nada disso acontecia. Mas agora, nesse apartamento espaçoso de dois quartos, parecia que o espaço entre nós era mínimo, quase sufocante.George me olhou por mais alguns segundos e então falou:— Acho que é melhor eu dormir no sofá.— Seu quarto deve ser reservado só para o seu verdadeiro namorado. Eu... Vou ficar no sofá. — Disse ele, fazendo com que eu me sentisse um pouco culpada.Mas eu sabia que ele estava jogando comigo. George queria mais do que ser meu namorado temporário, ele estava tentando me pressionar para aceitar algo mais sério.— Faça o que quiser. — Respondi rapidamente, me esquivando da situação, e fui para o quarto dos meus pais.Deitei na cama, mas o sono não vinha. Ainda estava um pouco abalada pelo incidente no corredor.
— Seja honesto, você já fez amor com Carolina?A voz rouca do homem se espalhou pelo vão da porta, fazendo com que eu, prestes a entrar, parasse meus passos. Através do vão, observei os lábios finos de Sebastião pressionados de leve.— Ela tentou, mas eu não estava interessado.— Sebastião, não humilhe a Carolina dessa maneira. Ela é uma das mais belas do nosso círculo social; muitos caras estão interessados nela.Quem falou isso foi Pedro Santos, amigo íntimo de Sebastião e testemunha dos nossos dez anos de relacionamento.— Estamos muito familiarizados, você entende? — Sebastião franziu as sobrancelhas.Quando eu tinha quatorze anos, fui enviada para a casa dos Martins, onde conheci Sebastião pela primeira vez. Desde então, todos me disseram que ele seria meu futuro marido. E assim vivemos juntos por dez anos.— Isso mesmo, vocês trabalham na mesma empresa durante o dia, veem um ao outro o tempo todo, e à noite vocês comem na mesma mesa. Devem se conhecer tão bem que até sabem quanta
Sebastião levantou a cabeça ao ouvir o som da porta, e seu olhar parou no meu rosto. Ele deve ter notado minha expressão.— Está se sentindo mal? — Ele franziu ligeiramente a testa.Caminhei silenciosamente até sua mesa, engolindo o amargor que subia em minha garganta, e falei: — Se você não quer casar comigo, posso falar com sua mãe.As rugas entre as sobrancelhas de Sebastião aprofundaram; ele percebeu que eu tinha ouvido sua conversa com Pedro.A amargura voltou à minha garganta, e eu continuei: — Nunca pensei que me tornaria uma pessoa com quem você se sente desconfortável em estar, Sebastião...— Para todos, já somos marido e mulher. — Sebastião me interrompeu.E daí? Ele quer casar comigo por causa dos outros? Eu queria que ele case comigo por me amar, por querer passar o resto da sua vida comigo.Com um clique suave, Sebastião fechou a caneta que segurava, seu olhar caiu sobre o documento em minhas mãos, e disse: — Vamos pegar a certidão de casamento na próxima quarta-feira.
O dia todo, fiquei pensando sobre essa questão. Até à tarde, quando ele veio me chamar, eu ainda não tinha a resposta, mas o segui mesmo assim.O hábito era algo terrível. Em dez anos, me acostumei com ele e também a voltar para a casa dos Martins depois do trabalho.— Por que você não está falando? — No caminho de volta, Sebastião provavelmente percebeu que eu estava de mau humor e perguntou.Fiquei em silêncio por alguns segundos e, finalmente, comecei a falar: — Sebastião, e se nós...Antes que eu pudesse terminar a frase, o celular dele tocou. O viva-voz mostrou um número não identificado, mas eu vi claramente que Sebastião apertou o volante com força. Ele estava nervoso, algo raro.Instintivamente, olhei para o rosto dele, mas ele já tinha desligado o viva-voz e atendido com o Bluetooth: — Alô... Ok, estou indo agora.A ligação foi curta. Ele desligou o telefone e olhou para mim. — Lina, tenho uma urgência para resolver e não vou poder se levar para casa.Na verdade, antes mesm
Nunca imaginei que um dia na minha vida acabaria indo para a delegacia por uma acusação de assédio.Derrubei um adolescente, que tinha apenas 17 anos e ainda era menor de idade. Ele insistiu que eu tinha más intenções com ele. Mesmo que eu negasse, ele continuava a afirmar que eu o tinha tocado.— Onde ela te tocou? — O policial perguntou com bastante detalhamento.O nome do adolescente era Augusto Reis. Ele olhou para mim, apontou primeiro para o próprio peito e depois para baixo da cintura. — Aqui, aqui... Ela tocou em tudo.Besteira! Quase gritei. Sebastião, que é um homem tão bonito, eu nunca toquei, então por que tocaria nesse pirralho que nem barba tinha?O policial olhou de volta para mim, e antes que ele pudesse perguntar, eu já neguei: — Eu não o toquei, apenas esbarrei nele sem querer.— Você bebeu? — O policial me olhou com um semblante sugestivo.Nesta sociedade, é normal os homens se entregarem ao álcool, mas quando uma mulher bebe um pouco, geralmente é vista como desre
Minha mão estava doendo de tanto que ele apertava, claramente estava bravo.Isso era ciúmes?Mal surgiu esse pensamento, Sebastião soltou minha mão, com o olhar frio:— Carolina, só porque eu disse aquilo, você vai se vingar assim?Fiquei surpresa; não esperava que ele pensasse assim.— Eu não fiz isso, eu... — Comecei a explicar, mas fui interrompida.— Você tocou onde nele? Você realmente tocou naquela parte? — O maxilar de Sebastião estava tenso, seus olhos estavam ameaçadores.Ele raramente ficava assim, claramente estava com ciúmes.Naquele momento, minha frustração diminuiu consideravelmente, ele ainda se importava comigo. Se ele apenas me visse como uma irmã ou amiga, não se importaria se eu tocasse em outro homem.— Não. — Neguei novamente.Então, Augusto saiu de dentro e assobiou para mim:— Pervertida, como assim está flertando com meu cunhado de novo?A expressão "Da boca de um cachorro não sai uma palavra boa" se encaixava perfeitamente.Olhando para Augusto com aquele jeit