— Você bebeu? — George ficou em silêncio por alguns segundos antes de me perguntar, com aquela voz grave e suave que sempre me desarmava.— E se eu tivesse? — Não respondi a pergunta dele, em vez disso, devolvi com outra.— Onde você está? — Ele também não respondeu, apenas me questionou de volta.— Esquece, já sei a resposta. — Eu estava prestes a desligar, mas George me chamou.— Carolina, onde você está? Está em casa ou na rua? — A voz dele soava firme, quase autoritária.Aquela pressão fez algo dentro de mim explodir.— Quem você pensa que é pra me perguntar isso? Você não manda em mim! Eu estou onde eu quiser, e eu...De repente, Luana se aproximou e pegou o celular.— George, fica tranquilo, ela está aqui comigo. Sou a melhor amiga dela. — Disse Luana, tentando apaziguar a situação.Então, ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido:— Fala direito, querida. Se quer pedir algo, tem que ter um pouco de humildade.Eu dei um empurrãozinho nela, brincando. Mas antes que a conversa pude
— O quê? — Fiquei chocada e, em seguida, soltei uma exclamação de raiva. — Ele tá maluco, só pode!— Gerente Carolina, o Sr. Sebastião realmente tem agido de forma um tanto... Impulsiva esses dias. — Daniel comentou, e então tudo fez sentido pra mim. As coisas sobre aliança, vestido de noiva... Tudo devia ser coisa que ele mandou o Daniel resolver.— O que ele quer com isso, me irritar? — Perguntei, furiosa.Daniel ficou em silêncio por um momento antes de responder:— Eu realmente não sei o que o Sr. Sebastião está planejando, mas uma coisa eu sinto: ele tem medo de te perder. Ele te ama.— Daniel. — O interrompi. — Se outra pessoa me dissesse isso, eu até deixaria passar, mas você? Sério? Você realmente acha que ele me ama de verdade?Daniel não respondeu.— Deixa ele enlouquecer sozinho, porque eu não vou participar dessa loucura. — Declarei.— Gerente Carolina, eu me sinto muito culpado. Se não fosse por mim naquela vez... Talvez você e o Sr. Sebastião não tivessem chegado a esse p
Ele estava impressionado? Eu realmente achava que George era um homem rígido por dentro e por fora, que não se deixava levar pela beleza.Mas, pelo visto, homens são todos iguais. A frase “os homens amam com os olhos” nunca foi tão verdadeira.Mesmo sabendo que eu já tinha o deixado balançado, resolvi provocar um pouco mais. Passei a mão pelos cabelos ondulados, jogando-os de lado com uma leveza calculada. Os olhos de George escureceram ainda mais, e seu rosto pareceu endurecer.Essa mudança de humor me intrigou, mas não quis perder tempo tentando entender. Fui direto ao ponto:— George, você vai me ajudar ou não?— O quê? — Ele perguntou, desviando o olhar do meu corpo.Eu sorri. Como ele podia fingir que não lembrava?— Fazer o papel de meu namorado. Temporariamente. Você topa? — Repeti o que já havia dito na noite anterior.George não respondeu de imediato. Seu olhar se perdeu no horizonte, e eu segui a direção de seus olhos. O carrossel estava no ponto mais alto.Lembrei-me do que
Eu sorri.— George, eu fui bem clara. Se nossos objetivos não são os mesmos, então vamos deixar pra lá.— Mas você precisa de um namorado, né? — Ele insistiu.— Sim, preciso. Mas com você, um militar tão sério, eu não posso brincar. Vou encontrar outra solução. — Minhas palavras fizeram o olhar de George se intensificar.Achei que ele fosse me impedir ou ceder, mas superestimei minha própria importância. Ele não disse nada.— Adeus, foi um erro da minha parte. — Falei, me virando e entrando no carro, saindo rapidamente, como se estivesse fugindo.Dirigi até ter certeza de que George já não podia mais me ver. Só então parei o carro e respirei fundo, tentando me acalmar. Um arrependimento profundo tomou conta de mim. A impulsividade da noite anterior, sob o efeito do álcool, foi um erro.Eu podia ter pedido para qualquer outra pessoa. Mesmo que fosse o Pedro, teria sido menos complicado do que me meter com o George.Mas agora o estrago já estava feito, e não havia mais volta.Depois de m
— Daqui a alguns dias é o aniversário do seu tio. Você vai vir, não vai?As palavras de Cátia me deixaram levemente surpresa, e só então me lembrei de que realmente o aniversário do João estava próximo.Mas, mesmo que ela não tivesse mencionado, eu não teria esquecido. Eu sempre colocava lembretes para os aniversários de todos na família Martins.Morando na casa deles, eu sempre me esforçava para agradar a todos. Não que eu me sentisse uma intrusa, mas sempre agi com cautela, com medo de que, se algo saísse errado, eles pudessem ter uma má impressão de mim.Minha breve distração fez com que eu não respondesse imediatamente, e Cátia continuou:— Carol, você sabe que sempre te tratamos como nossa filha. Todos os anos recebemos seus presentes e felicitações nos nossos aniversários. Se você não vier este ano, seu tio vai ficar muito triste.Na verdade, eu não estava com vontade de ir, mas já havia providenciado um presente.No entanto, com Cátia me pressionando dessa forma, ficou difícil r
— Sério? Quem seria? Seus pais se foram há tantos anos, Carol. Os amigos antigos deles já devem ter esquecido completamente. Ninguém nunca mais falou neles, quanto mais ir ao cemitério para prestar homenagem. — As palavras de Cátia me acertaram como um soco no estômago.A verdade era dura, mas inevitável: depois que meu pais partiram, poucos realmente se lembravam. A frieza do mundo não era só um ditado.Quando Cátia falou isso com tanta naturalidade, eu senti uma angústia crescer dentro de mim. Antes, essa realidade não me incomodava tanto, mas agora, dita de forma tão direta, causava um incômodo profundo.— Quem sabe não foi um engano? — Ela sugeriu, tentando aliviar a situação.Olhei para a lápide que tinha fotos e os nomes dos meus pais gravados. Como alguém confundiria isso? Era uma desculpa tão esfarrapada que parecia até uma conversa com uma criança.— Talvez... — Murmurei, concordando só para não prolongar o assunto. Se eu não fosse junto com Cátia, ela provavelmente continuari
Ao entardecer, no café.Eu já estava na segunda xícara de café quando meu "encontro" finalmente apareceu.O homem, pelo menos, não era barrigudo nem careca, como eu temia. Usava uma camisa azul-clara impecavelmente limpa, e sua aparência correspondia ao que estava no perfil. Pelo menos, eu não tinha sido enganada pela foto.Mas seu atraso já havia diminuído consideravelmente a boa impressão que eu poderia ter. Ainda bem que meu objetivo nem era realmente começar um relacionamento, só queria pagar alguém para se passar por meu namorado e me ajudar a lidar com Sebastião.— Desculpe pelo atraso. — Ele se desculpou com educação.— Sem problemas. Mas vou ser direta: não estou aqui para um encontro. Na verdade, quero contratar um namorado. — Fui logo ao ponto.Ele ficou visivelmente surpreso.— Contratar um namorado?— Isso mesmo. Não estou interessada em um relacionamento de verdade, mas, no momento, preciso desesperadamente de alguém para fingir ser meu namorado. — Expliquei, dando todos o
— Seja honesto, você já fez amor com Carolina?A voz rouca do homem se espalhou pelo vão da porta, fazendo com que eu, prestes a entrar, parasse meus passos. Através do vão, observei os lábios finos de Sebastião pressionados de leve.— Ela tentou, mas eu não estava interessado.— Sebastião, não humilhe a Carolina dessa maneira. Ela é uma das mais belas do nosso círculo social; muitos caras estão interessados nela.Quem falou isso foi Pedro Santos, amigo íntimo de Sebastião e testemunha dos nossos dez anos de relacionamento.— Estamos muito familiarizados, você entende? — Sebastião franziu as sobrancelhas.Quando eu tinha quatorze anos, fui enviada para a casa dos Martins, onde conheci Sebastião pela primeira vez. Desde então, todos me disseram que ele seria meu futuro marido. E assim vivemos juntos por dez anos.— Isso mesmo, vocês trabalham na mesma empresa durante o dia, veem um ao outro o tempo todo, e à noite vocês comem na mesma mesa. Devem se conhecer tão bem que até sabem quanta