Enquanto eu ainda tentava entender quem estava me pregando uma peça, recebi mais ligações, desta vez de uma loja de alianças e até de um buffet de casamento. Só então percebi que isso não era apenas uma brincadeira de mau gosto. Quando finalmente perguntei quem havia feito todas essas reservas, descobri o quão louco Sebastião podia ser. Sim, era ele por trás de tudo.Eu sabia que ele não era infantil a ponto de fazer isso só para me provocar. Quando pensei em outra possibilidade, resolvi ligar para ele.— Sebastião, o que você está tentando fazer? Nós já terminamos, e você agora vem reservando vestido de noiva e aliança? Tá querendo enganar quem?— Não me subestime assim. Você não acha que eu me importo com você? Não é isso que você vem dizendo? Que duvida do meu amor? Pois então, vamos nos casar agora, e você vai ver que eu só quero te ter como minha esposa. — A resposta dele me fez perder ainda mais a paciência.— Sebastião, você acha que amar alguém é só colocar um vestido de noiva
Ela me trouxe uma xícara de café.— Esse Sebastião é um desgraçado. Quem diria que, por trás da máscara, ele seria tão desprezível? — Luana comentou, sentando-se ao meu lado.Tomei dois goles do café enquanto refletia sobre tudo.— No fim, ele só sentiu pena de mim. — Respondi, sentindo o peso de cada palavra.Embora eu tivesse terminado com Sebastião, as lembranças dos momentos bons ainda estavam guardadas dentro de mim. Mas agora, depois do que ele disse, essas lembranças pareciam envoltas em uma camada de falsidade, como se tudo fosse uma grande mentira.Luana apertou meus ombros com firmeza, tentando me reconfortar.— Antes tarde do que nunca. Pelo menos agora você sabe como ele realmente é.Eu não respondi. Luana me cutucou levemente.— Que tal darmos o troco?— O quê? — Perguntei, ainda imersa na minha tristeza.As palavras de Sebastião haviam aberto velhas feridas, fazendo-me reviver os momentos mais dolorosos da minha vida. Ele tinha dito algo verdadeiro: quando meus pais morre
— Você bebeu? — George ficou em silêncio por alguns segundos antes de me perguntar, com aquela voz grave e suave que sempre me desarmava.— E se eu tivesse? — Não respondi a pergunta dele, em vez disso, devolvi com outra.— Onde você está? — Ele também não respondeu, apenas me questionou de volta.— Esquece, já sei a resposta. — Eu estava prestes a desligar, mas George me chamou.— Carolina, onde você está? Está em casa ou na rua? — A voz dele soava firme, quase autoritária.Aquela pressão fez algo dentro de mim explodir.— Quem você pensa que é pra me perguntar isso? Você não manda em mim! Eu estou onde eu quiser, e eu...De repente, Luana se aproximou e pegou o celular.— George, fica tranquilo, ela está aqui comigo. Sou a melhor amiga dela. — Disse Luana, tentando apaziguar a situação.Então, ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido:— Fala direito, querida. Se quer pedir algo, tem que ter um pouco de humildade.Eu dei um empurrãozinho nela, brincando. Mas antes que a conversa pude
— O quê? — Fiquei chocada e, em seguida, soltei uma exclamação de raiva. — Ele tá maluco, só pode!— Gerente Carolina, o Sr. Sebastião realmente tem agido de forma um tanto... Impulsiva esses dias. — Daniel comentou, e então tudo fez sentido pra mim. As coisas sobre aliança, vestido de noiva... Tudo devia ser coisa que ele mandou o Daniel resolver.— O que ele quer com isso, me irritar? — Perguntei, furiosa.Daniel ficou em silêncio por um momento antes de responder:— Eu realmente não sei o que o Sr. Sebastião está planejando, mas uma coisa eu sinto: ele tem medo de te perder. Ele te ama.— Daniel. — O interrompi. — Se outra pessoa me dissesse isso, eu até deixaria passar, mas você? Sério? Você realmente acha que ele me ama de verdade?Daniel não respondeu.— Deixa ele enlouquecer sozinho, porque eu não vou participar dessa loucura. — Declarei.— Gerente Carolina, eu me sinto muito culpado. Se não fosse por mim naquela vez... Talvez você e o Sr. Sebastião não tivessem chegado a esse p
Ele estava impressionado? Eu realmente achava que George era um homem rígido por dentro e por fora, que não se deixava levar pela beleza.Mas, pelo visto, homens são todos iguais. A frase “os homens amam com os olhos” nunca foi tão verdadeira.Mesmo sabendo que eu já tinha o deixado balançado, resolvi provocar um pouco mais. Passei a mão pelos cabelos ondulados, jogando-os de lado com uma leveza calculada. Os olhos de George escureceram ainda mais, e seu rosto pareceu endurecer.Essa mudança de humor me intrigou, mas não quis perder tempo tentando entender. Fui direto ao ponto:— George, você vai me ajudar ou não?— O quê? — Ele perguntou, desviando o olhar do meu corpo.Eu sorri. Como ele podia fingir que não lembrava?— Fazer o papel de meu namorado. Temporariamente. Você topa? — Repeti o que já havia dito na noite anterior.George não respondeu de imediato. Seu olhar se perdeu no horizonte, e eu segui a direção de seus olhos. O carrossel estava no ponto mais alto.Lembrei-me do que
Eu sorri.— George, eu fui bem clara. Se nossos objetivos não são os mesmos, então vamos deixar pra lá.— Mas você precisa de um namorado, né? — Ele insistiu.— Sim, preciso. Mas com você, um militar tão sério, eu não posso brincar. Vou encontrar outra solução. — Minhas palavras fizeram o olhar de George se intensificar.Achei que ele fosse me impedir ou ceder, mas superestimei minha própria importância. Ele não disse nada.— Adeus, foi um erro da minha parte. — Falei, me virando e entrando no carro, saindo rapidamente, como se estivesse fugindo.Dirigi até ter certeza de que George já não podia mais me ver. Só então parei o carro e respirei fundo, tentando me acalmar. Um arrependimento profundo tomou conta de mim. A impulsividade da noite anterior, sob o efeito do álcool, foi um erro.Eu podia ter pedido para qualquer outra pessoa. Mesmo que fosse o Pedro, teria sido menos complicado do que me meter com o George.Mas agora o estrago já estava feito, e não havia mais volta.Depois de m
— Daqui a alguns dias é o aniversário do seu tio. Você vai vir, não vai?As palavras de Cátia me deixaram levemente surpresa, e só então me lembrei de que realmente o aniversário do João estava próximo.Mas, mesmo que ela não tivesse mencionado, eu não teria esquecido. Eu sempre colocava lembretes para os aniversários de todos na família Martins.Morando na casa deles, eu sempre me esforçava para agradar a todos. Não que eu me sentisse uma intrusa, mas sempre agi com cautela, com medo de que, se algo saísse errado, eles pudessem ter uma má impressão de mim.Minha breve distração fez com que eu não respondesse imediatamente, e Cátia continuou:— Carol, você sabe que sempre te tratamos como nossa filha. Todos os anos recebemos seus presentes e felicitações nos nossos aniversários. Se você não vier este ano, seu tio vai ficar muito triste.Na verdade, eu não estava com vontade de ir, mas já havia providenciado um presente.No entanto, com Cátia me pressionando dessa forma, ficou difícil r
— Sério? Quem seria? Seus pais se foram há tantos anos, Carol. Os amigos antigos deles já devem ter esquecido completamente. Ninguém nunca mais falou neles, quanto mais ir ao cemitério para prestar homenagem. — As palavras de Cátia me acertaram como um soco no estômago.A verdade era dura, mas inevitável: depois que meu pais partiram, poucos realmente se lembravam. A frieza do mundo não era só um ditado.Quando Cátia falou isso com tanta naturalidade, eu senti uma angústia crescer dentro de mim. Antes, essa realidade não me incomodava tanto, mas agora, dita de forma tão direta, causava um incômodo profundo.— Quem sabe não foi um engano? — Ela sugeriu, tentando aliviar a situação.Olhei para a lápide que tinha fotos e os nomes dos meus pais gravados. Como alguém confundiria isso? Era uma desculpa tão esfarrapada que parecia até uma conversa com uma criança.— Talvez... — Murmurei, concordando só para não prolongar o assunto. Se eu não fosse junto com Cátia, ela provavelmente continuari