Depois de tudo o que foi dito, Cátia, mesmo que ainda tivesse outros pensamentos, não insistiu mais.Ela apenas assentiu com a cabeça:— Carol, no meu coração, você já é como uma filha.Se ela realmente me visse como uma filha, não teria surgido essa ideia de me juntar com Miguel. Claro, também era possível que essa ideia tivesse vindo dele, afinal, ele já havia declarado seus sentimentos por mim.— Então, quando Miguel e Sebastião tiverem um tempo, podemos fazer um pequeno ritual. Assim, eu oficializo vocês como meus padrinhos. — Falei, notando o brilho nos olhos de Cátia. Era evidente que ela não queria me ver apenas como uma filha adotiva. Mas, depois de tantos anos de convivência, eu sabia o quanto ela era boa para mim, e não queria alimentar suspeitas sem necessidade.— Está bem. — Cátia concordou.Eu a levei de volta para casa, e, no caminho, acabamos encontrando Sebastião. Ele usava um boné de beisebol e um uniforme esportivo, bem diferente do poderoso empresário que costumava
Olhei para Sebastião, impaciente.— O que você quer? Vai me pedir uma indenização ou anunciar que vai me processar por agressão?— O que você pensa que eu sou? — O tom dele ficou mais sério, voltando ao estilo de sempre. — Vim te pedir desculpas. Ontem, fui impulsivo e agi como um idiota. Você estava certa em me bater. Essa confissão era algo que eu não esperava ouvir.Olhei para a faixa que escapava ligeiramente debaixo do boné e aceitei o pedido de desculpas.— Ainda bem que você sabe.Sebastião soltou uma risada curta.— Carolina, estou começando a achar que você está... Mudada.Como assim “mudada”? Eu não perguntei, apenas respondi:— Você estava errado, isso é um fato.— Sim, eu sei. Ontem, eu errei. E também errei ao me aproximar demais da Lídia, ignorando como você se sentia. Foi um erro absurdo deixá-la entrar na casa que preparei para você, e ainda mais dar a ela meu cartão adicional. — Sebastião parecia estar fazendo uma verdadeira confissão de todos os seus erros.Eu não sa
Cheguei à empresa para a entrevista às onze horas. O local era um pouco afastado, não ficava no centro financeiro, mas em uma área mais próxima da periferia, a menos de vinte minutos de onde eu morava.Eu já conhecia essa empresa. Eles desenvolvem projetos de iluminação e tinham participado da concorrência para o projeto de luzes do parque de diversões, embora não tenham sido selecionados. Inclusive, quando os problemas de iluminação começaram no parque, eu pensei em chamá-los para fazer os ajustes técnicos.Essas duas impressões me fizeram prestar mais atenção na empresa. E, por coincidência, eles tinham aberto uma vaga que se encaixava perfeitamente com o meu perfil: marketing promocional. Foi a primeira empresa para a qual enviei meu currículo, e também a primeira que me chamou para uma entrevista.A empresa funcionava em um prédio alugado. Comparado ao Grupo Martins, claro, era algo bem mais modesto, mas o espaço era considerável, ocupando três andares. Peguei o elevador e fui até
— Seja bem-vinda ao time, Srta. Carolina. — Desta vez, foi Edgar quem estendeu a mão para mim, e depois chamou alguém para me ajudar com os trâmites da contratação.Em menos de meia hora, tudo estava resolvido. Eu já fazia parte da empresa.Foi então que me lembrei de algo: Sebastião ainda não havia aprovado minha carta de demissão. Mas, no pior dos casos, eu poderia falar com João, e ele certamente concordaria.Meu celular começou a vibrar no bolso. Já tinha vibrado algumas vezes, mas eu estava ocupada conversando com Edgar e ignorei. Era uma ligação de Luana:— Onde você está? Estou de folga hoje. Vamos sair?Raridade ela ter uma folga! Nos últimos tempos, com a alta demanda de partos no hospital, ela mal tinha tempo para respirar.— O quê? Já entrou em licença maternidade? — Brinquei com ela.— Nossa! As mulheres resolveram parir todas ao mesmo tempo. Quando decidem não ter filhos, ninguém engravida. — Luana reclamava, como sempre. Não era a primeira vez que fazia isso.Naquela époc
Enquanto eu ainda tentava entender quem estava me pregando uma peça, recebi mais ligações, desta vez de uma loja de alianças e até de um buffet de casamento. Só então percebi que isso não era apenas uma brincadeira de mau gosto. Quando finalmente perguntei quem havia feito todas essas reservas, descobri o quão louco Sebastião podia ser. Sim, era ele por trás de tudo.Eu sabia que ele não era infantil a ponto de fazer isso só para me provocar. Quando pensei em outra possibilidade, resolvi ligar para ele.— Sebastião, o que você está tentando fazer? Nós já terminamos, e você agora vem reservando vestido de noiva e aliança? Tá querendo enganar quem?— Não me subestime assim. Você não acha que eu me importo com você? Não é isso que você vem dizendo? Que duvida do meu amor? Pois então, vamos nos casar agora, e você vai ver que eu só quero te ter como minha esposa. — A resposta dele me fez perder ainda mais a paciência.— Sebastião, você acha que amar alguém é só colocar um vestido de noiva
Ela me trouxe uma xícara de café.— Esse Sebastião é um desgraçado. Quem diria que, por trás da máscara, ele seria tão desprezível? — Luana comentou, sentando-se ao meu lado.Tomei dois goles do café enquanto refletia sobre tudo.— No fim, ele só sentiu pena de mim. — Respondi, sentindo o peso de cada palavra.Embora eu tivesse terminado com Sebastião, as lembranças dos momentos bons ainda estavam guardadas dentro de mim. Mas agora, depois do que ele disse, essas lembranças pareciam envoltas em uma camada de falsidade, como se tudo fosse uma grande mentira.Luana apertou meus ombros com firmeza, tentando me reconfortar.— Antes tarde do que nunca. Pelo menos agora você sabe como ele realmente é.Eu não respondi. Luana me cutucou levemente.— Que tal darmos o troco?— O quê? — Perguntei, ainda imersa na minha tristeza.As palavras de Sebastião haviam aberto velhas feridas, fazendo-me reviver os momentos mais dolorosos da minha vida. Ele tinha dito algo verdadeiro: quando meus pais morre
— Você bebeu? — George ficou em silêncio por alguns segundos antes de me perguntar, com aquela voz grave e suave que sempre me desarmava.— E se eu tivesse? — Não respondi a pergunta dele, em vez disso, devolvi com outra.— Onde você está? — Ele também não respondeu, apenas me questionou de volta.— Esquece, já sei a resposta. — Eu estava prestes a desligar, mas George me chamou.— Carolina, onde você está? Está em casa ou na rua? — A voz dele soava firme, quase autoritária.Aquela pressão fez algo dentro de mim explodir.— Quem você pensa que é pra me perguntar isso? Você não manda em mim! Eu estou onde eu quiser, e eu...De repente, Luana se aproximou e pegou o celular.— George, fica tranquilo, ela está aqui comigo. Sou a melhor amiga dela. — Disse Luana, tentando apaziguar a situação.Então, ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido:— Fala direito, querida. Se quer pedir algo, tem que ter um pouco de humildade.Eu dei um empurrãozinho nela, brincando. Mas antes que a conversa pude
— O quê? — Fiquei chocada e, em seguida, soltei uma exclamação de raiva. — Ele tá maluco, só pode!— Gerente Carolina, o Sr. Sebastião realmente tem agido de forma um tanto... Impulsiva esses dias. — Daniel comentou, e então tudo fez sentido pra mim. As coisas sobre aliança, vestido de noiva... Tudo devia ser coisa que ele mandou o Daniel resolver.— O que ele quer com isso, me irritar? — Perguntei, furiosa.Daniel ficou em silêncio por um momento antes de responder:— Eu realmente não sei o que o Sr. Sebastião está planejando, mas uma coisa eu sinto: ele tem medo de te perder. Ele te ama.— Daniel. — O interrompi. — Se outra pessoa me dissesse isso, eu até deixaria passar, mas você? Sério? Você realmente acha que ele me ama de verdade?Daniel não respondeu.— Deixa ele enlouquecer sozinho, porque eu não vou participar dessa loucura. — Declarei.— Gerente Carolina, eu me sinto muito culpado. Se não fosse por mim naquela vez... Talvez você e o Sr. Sebastião não tivessem chegado a esse p