Não estava bem, nada bom. — Marcos, eu nunca esperei que você fosse me casar... — Carolina sorriu de forma forçada, as lágrimas teimosamente se acumulando em seus olhos. — Apenas me esconda... esconda-me bem, eu serei muito obediente. Desde que você concordasse em cancelar o noivado, desde que você reconhecesse publicamente que o agressor era culpado. Ela entregaria seu corpo e alma. Marcos estendeu a mão e puxou Carolina para seus braços, apertando-a com força. — Carolina... me dê um tempo para pensar. A voz de Marcos estava rouca, por um momento, ele realmente quis aceitar Carolina sem hesitar. Levá-la para casa e escondê-la. — No dia do jantar da câmara de comércio, me dê uma resposta. — Carolina sabia que Marcos era inteligente. Ele sabia o que Carolina queria. Ela queria que Marcos usasse a culpa do agressor como desculpa para romper com a família Reis. Essa era a melhor razão e desculpa que ela podia oferecer a Marcos. ... No hospital. O médico examino
Carolina entendeu o que Daniel queria dizer, olhou para baixo e continuou em silêncio. Ela, na verdade, não tinha grandes esperanças para si mesma. Quanto valeria seu corpo? Não valeria a pena para Marcos romper completamente com a família Reis. Dando uma risada irônica, Carolina se levantou e saiu do hospital. Depois de fazer a ligação, a expressão de Marcos não estava boa. Ele olhou para Daniel e perguntou. — Onde está Carolina? — A senhorita Carolina disse que saiu para tomar um ar. — Daniel entregou os resultados dos exames a Marcos. — A audição está permanentemente danificada, não pode ser reparada, a depressão e a ansiedade estão graves, tentativas de suicídio várias vezes, e os sintomas de ansiedade e depressão já se tornaram somatização... Marcos segurou os resultados, sentindo uma dor ao respirar. Em pânico, ele saiu correndo do hospital, procurando por Carolina. No gazebo, Carolina estava vestida de forma leve, sentada em um banco, olhando para a superfície
Casa de Marcos. Depois do incidente naquele dia, Carolina ficou escondida em casa, com medo de sair. A pressão da opinião pública na internet era muito grande, e Carolina foi novamente colocada no centro das atenções. Ela não se atreveu a ir a lugar nenhum, apenas se escondeu. Matilde ligou algumas vezes, mas ela não teve coragem de sair. — Você já comeu? — Marcos voltou para casa, trazendo o jantar. Carolina saiu do quarto e balançou a cabeça. Ela não se atreveu a olhar o celular, nem mesmo a sair de casa. Ela temia que as pessoas na internet a cercassem na porta de casa, como fizeram seis anos atrás, jogando lixo nela e xingando-a para morrer, dizendo que tudo o que ela suportou era merecido. — Coma alguma coisa. — Marcos abriu o macarrão e ofereceu a Carolina. Carolina sentou-se à mesa, suas mãos estavam um pouco dormentes. — Eu já abafei a opinião pública. Em breve, ninguém lembrará desse incidente. — Marcos tentou confortar Carolina. Carolina não respondeu.
Carolina continuou a insistir, e a situação se tornou muito desfavorável para ela. Depois de desligar a chamada, Marcos olhou para trás instintivamente. Carolina estava parada na porta, claramente ouvindo a conversa entre eles. — Carolina... — Marcos tentou explicar. Os olhos de Carolina estavam vermelhos, e ela segurava firmemente a barra do vestido. — Vá para casa... Marcos sentiu uma dor no peito, mas ainda assim falou. — Sobre Cátia... dê uma lição nela e retire a queixa, certo? O velho da família Reis veio pessoalmente para Cidade C, se essa situação se arrastar, será prejudicial para você. O olhar de Carolina tremia, ela respirou fundo, segurando a angústia no fundo do coração. — Eu não... Ela nunca iria ceder. — Mesmo que Tiago e Augusto também paguem o preço? — Marcos não queria contar a Carolina, com medo de que ela ficasse preocupada. — O que você quer dizer... — Carolina deu um passo à frente, olhando para Marcos com medo. — As pessoas da família Reis já
Carolina estava em pé sob os faróis de alguns carros, com dificuldade para abrir os olhos. Apertando a faca de frutas que estava dentro da manga, Carolina recuou tremendo. Ela queria correr, mas suas pernas estavam pesadas, completamente fora de controle. Ela não conseguiria correr. Na verdade, ela poderia ter ligado para Marcos. Mas ela desistiu. Ela também não queria mais causar problemas para Marcos. — Carolina, você é muito capaz. — Pedro disse com desdém nos olhos, ironizando. — Com tantas mulheres que já dormiram com ele, Marcos ainda se atreve a ficar com você. Carolina recuou, tentando ignorar as provocações de Pedro. — Carolina, eu avisei, corra para longe. — Rui acendeu um cigarro, encostado no carro, observando friamente. Pedro se aproximou de Carolina passo a passo. Carolina sentia como se seu corpo estivesse caindo em um buraco de gelo. — Conseguir mandar Cátia para a delegacia, eu subestimei você. — Pedro riu sarcasticamente, puxou o cabelo de Caro
Carolina se esforçou para se levantar, balançando a cabeça. Não ia retirar a queixa. Pedro franziu a testa e deu um chute em Carolina, jogando-a para o lado. Carolina caiu no chão e começou a tossir por um bom tempo. Rui estava na porta, esfregando as têmporas, sem dizer nada. Carolina tossiu por muito tempo, sentindo o gosto de sangue na garganta. — Vou te perguntar mais uma vez, você vai retirar a queixa ou não! — A voz de Pedro era fria. — Não vou... — Carolina olhou para Pedro com raiva, a voz rouca, mas firme. — Carolina! Você acha que só porque Marcos está te protegendo, pode falar comigo assim? — Pedro perdeu o controle e agarrou o colarinho da blusa de Carolina, não suportando vê-la daquela forma. — Não quer retirar a queixa, é? — Pedro olhou para as pessoas atrás dele. O armazém tinha mais de dez seguranças, todos esperando. — Eles vão revezar para te estuprar, você acha que Marcos ainda vai te amar? — Pedro não estava apenas tentando assustar Carolina.
No Hotel. José tinha um sono leve à noite. Devido a algumas experiências passadas, ele havia sofrido de insônia por um longo período e precisava de medicamentos para adormecer. Na mesa de cabeceira, estavam os comprimidos para dormir que Afonso havia deixado, mas naquele dia José não os tomou. Sua mente estava sempre ocupada com Carolina... Era estranho, porque José nunca havia pensado que poderia se sentir atraído por uma mulher. Ela falava de forma tão indiferente, mencionando que havia perdido a audição de uma das orelhas. Disse que havia tentado se suicidar várias vezes. Sem chorar ou fazer escândalo, como se estivesse descrevendo uma pequena ocorrência. Ele olhou para o relógio, já era três da manhã. Esfregou as têmporas, sentindo-se irritado. Por que ele sempre se lembrava daquela mulher sem querer...? A tela do celular mostrava que havia uma chamada, mas no modo silencioso, o celular não vibrou. ... Nos subúrbios. Carolina tremia ao olhar para o celular
Cidade C era tão frio. Às três da madrugada, a temperatura mínima chegou a menos seis ou sete graus, até as poças de água estavam congeladas. Ela estava ali, descalça, esperando por ele há quanto tempo? — Não tenha medo, nada vai acontecer. A voz de José soou distante para Carolina, mas extremamente clara. Tão quente. Instintivamente, ela se aninhou nos braços de José, realmente era muito quente. — Carolina, mantenha-se acordada, você não pode dormir agora. — José pediu que Carolina ficasse acordada, ela havia perdido muito sangue e não podia dormir naquele momento. Carolina estava muito cansada. — Estou tão cansada... — Carolina disse com a voz embargada, as lágrimas quentes escorriam. Ela realmente estava tão cansada. — Até quando eu eu tenho que pagar por isso... — ela murmurou, como se perguntasse ao mensageiro do inferno até quando ainda teria que expiar para se libertar. — Você não tem culpa. Com todas as suas forças, Carolina tentou abrir os olhos ao ouvir