- Está sem dinheiro? - Bernardo perguntou casualmente enquanto levava Carolina de volta para casa.Carolina não respondeu e desceu do carro com a cabeça baixa.- Pegue isso, não costumo carregar dinheiro comigo, amanhã eu te trago mais. - Bernardo enfiou algumas notas que encontrou no carro na mão de Carolina. - Não se rebaixe por dinheiro, você pode estar acostumada a uma vida luxuosa, mas não é uma verdadeira herdeira, mesmo que seja uma falsa herdeira, ainda assim precisa trabalhar para se sustentar. Ganhar dinheiro vendendo seu corpo só faria as pessoas te desrespeitarem.Afinal de contas, tinha gostado de Carolina no passado, por isso, Bernardo, franzindo a testa, a aconselhava.Além disso, Carolina acabara de protegê-lo.Carolina olhou para o dinheiro que Bernardo lhe ofereceu, não aceitou e simplesmente virou as costas e foi embora.Para ela, aquilo era uma humilhação.- Ainda quer mais? - Bernardo ficou furioso. - Quanto aqueles caras como Santiago te deram, eu te dou o dobro,
- Pedro! Você já foi noivo da Carolina, ainda tem consciência para tratá-la assim?! - Augusto estava furioso.- Consciência? Vocês são todos uns trapaceiros, têm moral para falar de consciência? Ela me traiu, teve um filho fora do casamento, onde estava a consciência dela nessa hora! - Pedro advertiu Augusto. - Entregue ela para mim, senão...Carolina acordou sonolenta. Ouvindo a voz de Pedro, seu corpo começou a tremer.Com a respiração ofegante, Carolina conseguiu se firmar e olhou para Pedro. - Eu vou com você... deixe meu irmão e Tiago em paz.Para Carolina, Pedro era um louco que era capaz de fazer qualquer coisa. Se, na noite anterior, ele permitiu que aquelas pessoas a humilhassem, hoje poderia machucar Augusto e Tiago.- Carolina, você está com febre, vamos para o hospital. - Augusto disse nervoso.- Irmão, estou bem... - Carolina balançou a cabeça, foi até Pedro e entrou diretamente no carro.Pedro ficou muito satisfeito com o comportamento de Carolina desta vez, até mesmo o o
Um som de coisas quebrando veio do quarto.Pedro, preocupado com a saúde de Luana, correu para dentro.No quarto, Carolina estava de pé no canto, com pratos e talheres quebrados aos seus pés.- Ela só quer me matar, tão quente! - Luana disse com raiva, com os olhos vermelhos. - Pedro, ela quer que eu morra.Carolina abaixou a cabeça, apática, com as mãos escondidas atrás das costas.A tigela de canja quente havia derramado totalmente em suas mãos, as queimando, já estavam machucadas e ardendo.- Carolina, se você tentar ser esperta de novo, não me culpe por não ser gentil com você. Pedro sempre acreditava nas palavras de Luana, olhando com desgosto para Carolina, abraçando Luana para acalmá-la.Carolina estava insensível, não se importava com qualquer intimidade entre os dois na sua frente, pois ela não amava mais Pedro há muito tempo.Ela ainda se lembrava de como se sentiu dilacerada quando esse homem a enviou para a prisão há cinco anos.Agora, ela não sentia mais nada.Ela até pen
O rosto de Pedro escureceu novamente, claramente era uma mancha que ele ainda não conseguia aceitar até agora.Sua noiva, seu primeiro amor do ensino médio, com quem ele estava desde então, dormiu com outro homem, sendo pega por ele em um hotel.Ela até defendia o homem em tudo, se recusando a revelar quem ele era, e até teve um filho para ele.- Irmã, você não ia procurar uma escola para a criança? Ouvi dizer que o filho do mordomo tem uma casa em uma ótima área escolar, com creche, escola primária e secundária no condomínio. Casando com ele, o problema da educação da criança estaria resolvido. - Luana disse indiferentemente.Carolina não sabia até que ponto eles poderiam ser maliciosos, com a mão queimada doendo ferozmente atrás de si.Ela não ousava resistir, nem contradizer.- Você não ia resolver o problema educacional do seu filho ilegítimo? Ha... você vai se casar ou não? - Pedro queria ver até que ponto Carolina poderia se sacrificar pelo filho daquela pessoa, quão sem vergonha
Carolina olhou fixamente para José, e seus dedos formigavam intensamente.José olhou para Carolina e estendeu a mão para ela. - Me dê a mão.Carolina instintivamente estendeu a mão, quase tocando José, mas de repente recuou, com medo, se afastando. - Estou suja... suja...Ela se sentia suja, indigna de tocar em José, temendo manchá-lo.Para Carolina, José era uma pessoa perfeita, quase divina.Ela não deveria manchar nem um pouco desse perfeccionismo.José franziu a testa novamente, sem entender por que estava se importando com ela. - Aplique você mesma, senão vai ficar com cicatriz.Carolina era muito pálida, seus dedos porcelana finos, e a área queimada parecia chocantemente evidente.Ela era como uma peça de cerâmica perfeita, bela, mas frágil.Carolina olhou com medo para José, estendendo a mão lentamente, pegando rapidamente o creme, continuando a se encolher.José sorriu. Ela se parecia muito com um gato de rua. Muito alerta, sempre em posição de ataque, mas incapaz de resistir.
- Até quando você vai se terminar esconder? - No escritório, José, sentado à mesa, levantou a sobrancelha e perguntou.Carolina se escondeu no canto, ouvindo o silêncio lá fora, então saiu cuidadosamente de trás da cortina.Aplicou o creme em suas mãos, e então quis devolvê-lo.- Obrigada... obrigada. - Carolina baixou a cabeça, tirou algumas dezenas de reais do bolso lentamente. Era o dinheiro que ela ganhou coletando garrafas e materiais recicláveis. - Naquele dia... seu bolo, obrigada, Tiago adorou.Carolina sorriu para José.Era um sorriso um pouco forçado.Para Carolina, José não era exatamente uma boa pessoa, mas comparado aos verdadeiros vilões, ele era muito melhor.José olhou para o dinheiro nas mãos de Carolina e falou com voz grave. - Guarde para você, quando eu precisar de dinheiro, vou pedir a você.Carolina segurou o dinheiro constrangida, rapidamente o recolheu de volta.Embora fosse uma piada, Carolina ficou com os olhos vermelhos.Havia muito tempo desde que ela sentir
Tantos anos se passaram, e nunca houve alguém disposto a falar uma palavra justa por ela, nem mesmo meia palavra.Não importava o quanto ela lutasse, gritasse ou resistisse, não adiantava, ninguém iria ouvir.Ela era como uma flor murcha pisada na lama, sem forças para lutar por muito tempo.Mas as palavras de José, de alguma forma, fizeram seu coração, já morto há muito tempo, se mover milagrosamente.— Irmão... não, não é isso, naquela época ela ainda não tinha conspirado com a mãe dela, Linda Carol, foi depois que elas conspiraram para tentar roubar o dinheiro da minha família. — Luana, olhando para José, estava inexplicavelmente nervosa e gaguejava enquanto falava.A presença de José era muito forte.José não deu mais atenção a Luana, caminhando diretamente na direção de Carolina. — Dona Lopes não está aqui, então pedi que ela me trouxesse um copo d'água, algum problema?Pedro olhou para José em estado de choque; as palavras estavam corretas, mas o fato de José estar explica
Carolina ficou parada onde estava, extremamente desconfortável, apertando as mãos com nervosismo. Ela não ousava entrar no carro, estava suja.— Obr...obrigada, não, não precisa. — Carolina acenou rigidamente com a mão.José não disse mais nada. Ele pretendia ir embora, mas ao ver Carolina mancar através do espelho retrovisor, ficou inexplicavelmente irritado....Carolina não voltou para casa.Com a aparência desleixada e os ferimentos no rosto e nas mãos, Augusto certamente ficaria preocupado se a visse assim.Sem poder mudar a situação atual, preocupar os familiares seria apenas adicionar mais preocupações.No passado, Carolina era a estimada joia da família Silva, então em seu crescimento, ela não tinha enfrentado grandes injustiças ou humilhações.Ela foi muito bem protegida, cresceu sob o sol e nunca vivenciou a escuridão dos níveis mais baixos.Depois de perder tudo, ela entendeu como era inútil para alguém sem respaldo resistir.Encontrando um banco no parque próximo,