Esther percebeu que a presença de Bernardo ali poderia causar problemas para ele. Com um semblante sério, ela disse com firmeza:— Bernardo, é melhor você ir embora.— Você acha mesmo que eu vou te deixar aqui sozinha? — Rebateu ele, segurando a mão dela com firmeza. Bernardo não tinha intenção de abandoná-la. Além disso, considerando a relação entre Iurani e o País B, ele sabia que dificilmente seria detido, ainda mais porque a morte de Marcelo havia passado por todos os processos oficiais de investigação e auditoria, não havia motivos para Bernardo encontrar complicações.Esther não encontrou palavras para retrucar.Ela sabia que não era uma espiã, mas o País B precisava dar satisfações à sua população. Isso significava que ela teria que ser investigada, incluindo a análise de seus registros de chamadas recentes.Esther seria levada. Estélio, no entanto, não quis deixá-la ir. O menino agarrou sua mão com força, sem querer soltá-la. Foi preciso que Esther se abaixasse e, com muita pa
Finalmente, retiraram o saco de estopa que cobria o rosto de Esther.Assim que sua visão se ajustou, Esther notou a luz amarelada que vinha de uma lâmpada fraca no teto do carro. Olhando ao redor, percebeu que vários homens estavam presentes, todos segurando armas, a atmosfera estava carregada de tensão.Um deles, sentado ao lado dela, tinha fios brancos nas têmporas. A sombra no rosto do homem escondia seus traços, dificultando que ela enxergasse claramente quem ele era.Ele curvou levemente os lábios em um sorriso gelado antes de falar:— Então, por que tem tanta certeza de que te pegamos só para trocar pelo Gustavo?Esther não respondeu, se mantendo em silêncio enquanto seus pensamentos corriam.Se o objetivo não era trocá-la por Gustavo, então o que seria? Será que as matérias que ela publicou prejudicaram interesses cruciais dos militares? Talvez esses homens fossem agentes militares das alianças e planejavam usar Esther para negociar algo com Iurani.A possibilidade deixou Esther
Marcelo não queria arrastá-la ainda mais para a confusão, mas a realidade é que Esther estava envolvida diretamente em tudo aquilo, e ela tinha o direito de saber a verdade.Ele sabia da teimosia dela e que, naquele momento, ela estava cheia de raiva. Depois de alguns segundos de silêncio, ele falou calmamente:— Esses homens trabalham para o meu pai. Joana não é minha mãe biológica e Vítor não é meu pai verdadeiro. Meu pai é o presidente do País S. Foi ele quem me salvou quando caí no rio que corta todo o território de Iurani. Passei um bom tempo me recuperando, e depois ele fez várias articulações para mim... Esther, eu fiz um acordo com ele, e havia coisas que eu precisava cumprir.Mesmo sabendo que ele não estava morto, o fato de Marcelo ter ficado longe por tantos anos fazia Esther se sentir vazia. Ela até tentava entender o que ele passou, mas ouvi-lo explicar tudo daquela forma a machucou profundamente.Esther tentou estender a mão para abraçá-lo, mas a lembrança da criança a im
Esther empurrou Marcelo com força, como se quisesse afastar dele toda a dor que sentia. Com a voz tremendo de raiva e tristeza, ela disse:— Desde que meu filho não tenha morrido, vá fazer o que for preciso.— Você não quer mais estar comigo? — Indagou Marcelo.As palavras de Esther o atingiram como um soco no estômago. Ele não queria ouvir o que ela tinha a dizer, mas seus olhos estavam fixos nela, e o reflexo da dor em seu olhar se espalhou por todo o seu rosto. A cor vermelha intensa em seus olhos aumentava, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar sobre ele. Ele sabia que, ao voltar após tantos anos, ela estaria furiosa. Sabia que ela o culparia por tudo, mas ele não tinha escolha. Não podia lutar contra o destino, não podia se apresentar diante dela como um homem quebrado e deformado, com tantas marcas físicas que revelavam o que ele havia passado.Esther sentiu seu peito apertar, o sangue fervia em suas veias. Olhou para ele e notou mais uma vez a cicatriz visível na
Com um olhar fixo e profundo, Esther permaneceu em silêncio.O homem percebeu o peso do momento e tentou suavizar a tensão.— Eu não sou seu inimigo. Não quero te machucar. Eu só preciso dizer algumas coisas, coisas que você precisa saber.Ela o observou atentamente, esperando por mais explicações. O homem parecia ponderar por um momento, mas logo continuou, com a voz mais calma:— O Sr. Marcelo foi resgatado pelo presidente. Ele esteve em coma por mais de três anos. A bala esteve a poucos centímetros do seu coração e ele sofreu diversas fraturas. Seu corpo está completamente marcado. Durante o coma, ele não podia fazer nada, enquanto o corpo se recuperava e ele evitava os efeitos da anestesia. Depois disso, durante o ano seguinte, ele passou por inúmeras cirurgias e tratamentos. Sempre que a dor se tornava insuportável, ele chamava o seu nome. O Sr. Marcelo se importa muito com você. Agora, ele está até disposto a desafiar o presidente por você. O presidente tem um plano para elimina
Esther sentiu o coração de Marcelo batendo firme e forte contra o peito dele. Aquele som e a fragrância levemente intensa, marcada por uma aura masculina inconfundível, trouxeram uma sensação de realidade.Ele era o verdadeiro Marcelo!Por mais que Esther estivesse zangada antes, ela sabia que amava profundamente aquele homem diante dela. Nunca, em nenhuma circunstância, ela aceitaria que ele tentasse expiar seus pecados com a própria morte.Além disso, as palavras de Xavier ressoavam em sua mente, assim como as explicações que Marcelo próprio ofereceu. Esther conseguia entender a situação dele, enxergar suas dificuldades. Isso a fazia sentir ainda mais compaixão.Esther apertou Marcelo com mais força, sussurrando com sinceridade:— Marcelo, você tem seus motivos. Para ser sincera, sou muito grata ao seu pai por ter te salvado.Se não fosse pelo presidente, Marcelo teria morrido naquela fria e cruel correnteza. Esther nunca o teria visto novamente, nunca teria mais a chance de abraçá-l
Marcelo agora tinha a coragem de desafiar Mateus abertamente?As decisões de Mateus nunca precisaram de conselhos, muito menos de julgamentos alheios. Com o rosto fechado e a expressão sombria, Marcelo tomou Esther pela mão e a puxou para trás de si, declarando com firmeza:— Se você não quer ouvir, tudo bem. No entanto, cuide da sua própria vida e pare de envolver quem não tem nada a ver com isso. Essas palavras, nas entrelinhas, significavam que ele estava abdicando de seu papel como filho.Tudo isso era por causa de sua decisão de proteger Esther, a mulher por quem ele estava disposto a sacrificar tudo.Mateus, sem perder tempo, sacou sua arma com a precisão e rapidez de um veterano. O clique do gatilho ecoou no ambiente, mas antes que o disparo pudesse ser feito, Marcelo se posicionou na frente de Esther. Ele não hesitaria em dar a própria vida por ela.Mateus, conhecido por sua frieza e crueldade, hesitou por um momento. Ele sabia que Marcelo era mais do que um filho qualquer, e
Esther se manteve firme, sem demonstrar um traço de hesitação. Já Marcelo, embora tão determinado quanto ela, segurava sua mão com força, como se isso fosse o suficiente para protegê-la de todo o perigo.Mateus não disse nada, mas seu olhar era frio como gelo. Ele parecia um espírito vingativo, um guerreiro que emergia diretamente das profundezas do submundo. Líder de uma nação e estrategista em tempos de guerra, Mateus nunca havia ouvido palavras como aquelas ditas com tamanha ousadia em sua presença. Ele respondeu com um tom ameaçador:— É bom que você nunca esteja sozinha, ou... Antes que ele pudesse terminar, Marcelo o interrompeu com um grito cheio de raiva:— Se você fizer algo contra ela, terá que passar por mim primeiro! Os olhos de Marcelo brilhavam com uma intensidade feroz, refletindo sua convicção. Em questão de segundos, parecia que ele havia canalizado toda a sua força em um único objetivo: proteger Esther a qualquer custo.Mateus encarou o filho por alguns instantes,