Marcelo sentia o coração apertado ao olhar para Esther naquela condição. Nos últimos cinco anos, ela viveu entre perigos e tiroteios. Desde que ele acordou e soube onde ela estava, fez de tudo para protegê-la, mesmo sem se revelar.Não era porque não queria vê-la, mas porque não podia. Não tinha coragem.Esther, no entanto, não estava disposta a ouvir desculpas. Ela soltou uma risada amarga e balançou a cabeça.— É claro... Se eu não tivesse te pressionado, você nunca teria tirado essa máscara para me encarar. Marcelo, o que eu sou para você?Ela sabia que Marcelo se importava. Afinal, ele deixou todos os bens para ela e preparou uma rota de fuga para garantir sua segurança. Mas isso não apagava a mágoa.Ele a deixou sozinha por todos esses anos. Se tivesse enviado qualquer mensagem, por menor que fosse, ela não teria passado por tanto sofrimento. Não estaria tão destruída agora.Marcelo não respondeu. Não era que não queria, mas porque simplesmente não conseguia. Parecia que algo bloq
Gustavo foi arrastado até o laboratório sem piedade.Sem hesitar, forçaram ele a ingerir todas as toxinas que um dia usou em suas vítimas. A dor era insuportável. Ele se contorcia no chão, o rosto estava pálido como cera, e espuma escorria de sua boca. Seus gritos de agonia ecoavam no espaço, mas ninguém demonstrava compaixão. Especialmente o Faraó.O Faraó se aproximou lentamente, enquanto Gustavo sofria, e começou a torturá-lo com uma lâmina.— Se não fosse por você, eu nunca teria sido separado da minha filha Estrella. Ela também não teria carregado essa mágoa contra mim durante todos esses anos. Você ainda teve a audácia de criar uma impostora para me enganar. Se não fosse pela desconfiança de Bernardo, minha Estrella estaria morta agora. — O Faraó disse um tom frio, mas firme. Era evidente que, para ele, nada era mais importante do que sua filha. Gustavo, por outro lado, havia ultrapassado todos os limites.No passado, o Faraó não aceitava a ideia de que sua filha estava morta. E
“O Faraó transformou Gustavo em algo irreconhecível?”Esther nunca imaginou que o Faraó fosse capaz de algo tão cruel. Mas, pensando bem, no passado, Iurani já havia feito coisas muito piores - saques, incêndios e assassinatos eram comuns.Ela respirou fundo antes de responder:— Eu disse quando cheguei aqui que não quero me envolver com Iurani. Estou apenas colaborando com vocês.— Mas, Esther, o laço de sangue entre nós nunca vai desaparecer. Você pretende nos negar para sempre? — Indigou Bernardo.Ele nunca tinha sido duro com ela antes, mas, dessa vez, ele precisava deixá-la ciente de que o laço que compartilhavam era algo inquebrável.— O futuro pertence ao futuro. — Esther desviou o olhar, tentando encerrar o assunto. — Minha vida agora está ótima, Bernardo...— Me chame de irmão. — Bernardo falou com um tom calmo, mas havia algo firme em sua voz. Ele acreditava que o tempo resolveria tudo. No entanto, cinco anos já haviam se passado, mas Esther ainda carregava o peso de uma mágo
As palavras de Esther eram como uma lâmina afiada. Em questão de segundos, Marcelo sentiu seu coração ser atravessado, sangrando e completamente despedaçado.Mas ele sabia que a dor dela era ainda maior. Esther carregava um fardo muito mais pesado.— Esther, calma. Algumas coisas precisam de tempo, mas eu prometo que vou te dar uma resposta satisfatória. Só peço que espere mais um pouco... — Disse Marcelo, soltando um respiro pesado. Ele tentava, do jeito que podia, acalmar a tempestade no coração dela.— Esperei cinco anos, Marcelo! — Esther cortou as palavras dele, com a voz cheia de raiva e mágoa. — Quanto tempo mais você quer que eu espere?Marcelo sequer teve tempo de responder. Esther gritou novamente:— Quer que eu passe o resto da minha vida esperando por você? Onde está meu filho, Marcelo? Me diga!Do outro lado da linha, um som invadiu os ouvidos de Esther. Marcelo havia desligado.Ela não sabia o motivo, mas uma coisa era clara: ligar de novo não adiantaria. Ou ele não atend
Esther se sentia dividida. Toda vez que pensava em perdoar, as palavras ficavam presas na garganta. Ela não conseguia esquecer.Além disso, as coisas que o Faraó e Gustavo fizeram no passado... As cenas que ela testemunhou... Eram como flashes de um filme, se repetindo incessantemente em sua mente, quadro a quadro.O Faraó acenou em despedida. Não disse nada, mas o silêncio falou mais do que palavras.Bernardo observou a cena e, depois de um momento, falou lentamente:— Esther, você realmente acha que ele ainda é um homem mau?Pais e mães, na grande maioria das vezes, se sacrificam pelos filhos sem esperar nada em troca.Para os filhos, o Faraó claramente não era um vilão.Mas a visão política e ideológica era diferente, Esther não podia mudar isso. Desde pequena, foi ensinada a seguir valores que iam contra as ações dele. As lembranças a sufocavam, e só pensar nisso fazia sua cabeça doer.Por isso, ela decidiu parar de pensar.— Dá pra não falar disso comigo, Bernardo? — Disse ela, ca
Marcelo encarou o olhar firme do presidente. Cada palavra saiu de sua boca com uma precisão calculada.Naquele momento, Marcelo não usava sua máscara habitual. Ele estava ali como o terceiro filho do presidente do País S, e essa identidade já era suficiente para colocar sua vida em risco. Afinal, o Marcelo que todos acreditavam estar morto havia renascido.Ser um ex-líder de alto escalão do País B e, agora, assumir um papel no País S era algo que inevitavelmente atrairia críticas e condenações de todos os lados.Mas Marcelo não parecia se importar.Era evidente que ele e Esther já haviam se reencontrado.— Não me importa o que você prometeu a Esther ou quais são os seus planos! — Declarou o presidente, com uma frieza cortante. — Agora que você é meu filho, vai seguir as minhas ordens sem questionar. Caso contrário, tudo o que você teme, eu vou transformar em realidade.Com essas palavras, o presidente virou as costas e subiu no helicóptero. Ele foi até ali apenas para colocar Marcelo e
Esther sentiu a mãozinha de Estélio agarrar a sua e balançar suavemente.Ele não disse nada, mas era óbvio que queria ficar com ela.— Nesse caso, podemos emitir os documentos necessários. Se nenhum parente dele aparecer, você poderá levá-lo para o seu país, registrá-lo e matriculá-lo na escola. — Disse o responsável.— Tudo bem. — Respondeu Esther, acenando com a cabeça enquanto esperava na embaixada com o menino.Os papéis ficaram prontos em poucos minutos.Quando Esther e Estélio saíram da embaixada, a luz do sol iluminou seus corpos, projetando uma longa sombra no chão.Por um instante, Esther ficou perdida em seus pensamentos. Ao ver a sombra dos dois entrelaçada, ela imaginou como seria se estivesse segurando a mão de seu próprio filho.Seu filho teria mais ou menos a mesma idade de Estélio.A lembrança fez uma pontada de dor surgir em seu peito. Marcelo ainda se recusava a contar onde estava a criança.Sem conseguir conter a angústia, Esther pegou o celular e ligou para Marcelo.
A verdade sobre o pai biológico de Esther veio à tona.Além disso, surgiram revelações sobre a guerra civil em Iurani: saques, incêndios, violência e, o mais cruel, os campos de escravos criados pelo Faraó, onde seres humanos eram usados como cobaias em experimentos.O impacto foi imediato. Esther recebeu o rótulo de “filha do demônio”. A notícia tomou conta dos fóruns internacionais, gerando uma onda de indignação.[Quem diria! A jornalista que sempre pregou a paz é, na verdade, filha de um monstro. Olhem para o pai dela! É um verdadeiro tirano!][Só mesmo o País B, com toda a sua tolerância, para não retaliar Iurani por causa dela.][Exatamente! Se fosse outro país, já teriam acabado com Iurani faz tempo!][A Esther quer posar de heroína da justiça, mas é ridículo. Ela é filha de um demônio!][Ela está na capital como espiã, enviada pelo Faraó, com certeza!][E ainda tem essa: ela foi casada com o Marcelo. Depois ele morreu em Iurani... Foi ela que o matou!][Essa mulher é uma traido