Naquele momento, Esther viu várias mulheres carregando ferramentas e cestos nas costas, caminhando em grupo. Entre elas, reconheceu uma figura familiar.— Luciana! — Chamou Esther. — Vocês estão indo colher ervas? Tão cedo assim?Luciana se virou e, surpresa ao vê-la, respondeu com um sorriso:— Sim! O melhor horário para colher ervas é de manhã bem cedo. Algumas plantas, se o orvalho seca, elas murcham e não servem mais. Além disso, é a temporada de brotos de bambu! Podemos pegar alguns também, se quisermos.Esther ficou curiosa e, sem ter algo melhor para fazer, decidiu acompanhá-las.— Vou com vocês! Quero ver como é.Luciana se animou com a companhia e se ofereceu imediatamente:— Que ótimo! Vou pegar um cesto e ferramentas pra você.Com rapidez, Esther foi integrada ao grupo e seguiu com as mulheres para a montanha. Algumas delas, ao notarem sua pele clara e aparência delicada, duvidaram da sua capacidade de lidar com o trabalho. Uma delas comentou:— Será que você dá conta, mocin
Mas, no fundo de seu coração, Marcelo tinha plena certeza de que Faraó nunca seria uma boa pessoa.— Olhem, lá na frente tem mulheres locais colhendo ervas medicinais! — Alguém apontou, fazendo todos os olhos se voltarem para o grupo de mulheres que trabalhava arduamente. — Durante o ataque dos exércitos de aliança, grande parte das ervas foi destruída. Isso aqui é uma das poucas fontes de renda delas. André, de repente, franziu a testa, curioso e confuso. Ele esfregou os olhos e, com uma expressão de incredulidade, disse:— Será que eu estou vendo certo? Não é que eu estou vendo uma figura familiar aqui?Marcelo, com seu olhar atento, rapidamente localizou a pessoa.Era Esther, que estava no centro do grupo, colhendo ervas. Ele se surpreendeu como ela já havia se integrado tão bem. Parecia estar completamente à vontade, conversando com as mulheres de maneira descontraída.A maioria delas, aqui na região, nunca havia recebido educação formal. Elas falavam principalmente idioma local.
Esther sabia desde cedo que suas calças estavam molhadas. Na verdade, todas estavam molhadas, pois o terreno era irregular e a umidade da manhã ainda estava no ar. No entanto, ela não se importava.— Vou trocar de roupa quando voltar. — Comentou Esther, com naturalidade.Marcelo, porém, parecia estar mais atento à situação. — O frio pode entrar no seu corpo e, se não tomar cuidado, pode acabar pegando um problema de articulação, como reumatismo.Esther riu levemente, tentando descontrair a situação.— Ah, é só por um momento. Não vai fazer mal. Vou trocar de roupa quando voltar.No entanto, Marcelo observava as pernas dela com uma intensidade. Sem dizer uma palavra, ele começou a puxar a barra das calças dela para cima.Esther ficou completamente desconfortável com a atenção que estava recebendo. Ela percebeu que os olhares de todos os outros estavam voltados para ela, e isso a fez ficar tensa, especialmente com a forma como Marcelo estava agindo. Ela se apressou a dizer:— O que você
Luciana estava descrevendo uma cena de um romance que tinha lido recentemente. Uma daquelas bem clichês, mas cheia de doçura, que quase fazia o coração dela derreter de tão fofa.Esther, por outro lado, não conseguia se conectar com aquilo. A relação dela com Marcelo era bem diferente, marcada por mais momentos de amargura do que de ternura.Ao ver Luciana tão empolgada, Esther não resistiu e deu um leve toque na testa dela com o dedo, brincando:— Ué, você não era apaixonada pelo Bernardo? Mudou de ideia? Ou será que vai me assustar com outro rato?Luciana parou na mesma hora e se explicou, envergonhada:— Ai, foi só uma brincadeira boba! Não precisa guardar mágoa, tá? E, olha, o professor Bernardo é incrível, mas ele não tem nada a ver com o capitão Marcelo, né?Depois de falar, Luciana olhou para Esther com um sorrisinho malicioso e continuou:— O professor Bernardo é gentil, um amor com todo mundo, mas o capitão Marcelo... Ele parece ser gentil só com você.Esther revirou os olhos,
Daniela não era a única coberta de poeira. O rostinho de seu filho também estava sujo e seus olhos vermelhos e marejados deixavam claro que ele havia chorado há pouco.Marcelo, porém, não olhou para ela nem para o menino. Seu olhar frio estava fixo em Durval.Durval abaixou a cabeça, claramente desconfortável. Ele sabia que tinha cometido um erro ao apoiar a ideia.— Capitão Marcelo, eu sei que errei. — Disse Durval, em um tom de desculpas.— Hoje à noite, você faz todo o trabalho sozinho. — Disse Marcelo, direto e sem paciência.— Sim, senhor! — Respondeu Durval, sem hesitar.Depois disso, o grupo retomou a caminhada. Mas, como Daniela havia machucado a perna, ela não conseguiria ir muito longe. Um dos soldados teve que carregá-la nas costas.Luciana observou a cena e cochichou com Esther:— Essa mulher... Nunca vi antes. Ainda está com uma criança. Deve ser uma dessas refugiadas que eles resgataram, né?— Provavelmente. Tem muita gente fugindo por aqui. — Respondeu Esther, com natura
Durval percebeu que estava meio confuso. Ele olhava para Esther como se ainda não acreditasse que era realmente ela e não algum tipo de substituta. Pensar assim só fazia ele parecer menos esperto.— É claro que eu sabia! — Disse Durval, tentando disfarçar. — Só que não tive chance de te ver antes. Mas, falando nisso, e a Rita? Ela não está com você?O semblante de Esther mudou instantaneamente.— Eu e a Rita nos separamos. Não sei onde ela está agora, mas quero muito encontrar ela.Durval ficou em silêncio por um momento, ponderando, antes de tentar tranquilizá-la.— A gente vai encontrar ela. Com a experiência que a Rita tem, tenho certeza de que ela vai estar bem.Esther, no entanto, não tinha tanta certeza. Ela não sabia se Rita estava viva, se tinha conseguido escapar ou se estava presa em algum lugar. No fim das contas, o que importava era que ela precisava encontrar um jeito de se infiltrar no território do Faraó.Enquanto isso, Daniela observava a interação de Esther com os outr
— Olá, eu sou Esther. — Disse ela, com um tom calmo e educado.Mas Marcelo interrompeu a conversa, com um tom seco:— Já chega. Vamos continuar andando.A essa altura, a senhora mais velha já tinha conseguido acalmar o choro da criança, e o grupo voltou a se organizar para seguir em frente. Daniela permaneceu na formação, mas seus olhos constantemente desviavam na direção de Esther e Marcelo. Ela não conseguia evitar. Queria observar cada gesto, cada interação entre os dois.Quando notou algumas gotas de suor na testa de Marcelo, viu ali uma oportunidade. Ela tirou do bolso um lenço que havia bordado à mão e, com um sorriso, se aproximou.— Capitão Marcelo, você está suando. Posso limpar pra você?Antes mesmo de tocar no rosto dele, Marcelo se afastou ligeiramente, mantendo distância. Seu olhar era firme e cheio de frieza.— Não precisa. — Ele respondeu de forma direta.Daniela deu um passo para trás, visivelmente constrangida.— Me desculpe, capitão Marcelo. Só queria ajudar.Marcelo
A proposta já era o suficiente para deixá-la nas nuvens. Afinal, ela queria apenas deixar para trás os horrores da guerra.Antes, ela também era uma mulher admirada por sua beleza. Foi assim que conseguiu se casar com um homem influente do País B. Porém, agora seus olhos se voltaram para Esther. Ela sabia que não podia mais ficar parada, precisava agir.— Esther, venha trocar de roupa! A sua está toda molhada. — Chamou uma das mulheres mais velhas da aldeia.— Usa uma roupa minha. Acho que nossos tamanhos não são tão diferentes. — Luciana se adiantou.— Tudo bem. — Respondeu Esther, terminando de espalhar as ervas no cesto que estava carregando.As roupas que as mulheres da aldeia usavam eram bem únicas. Eram feitas à mão, desde o tecido até a costura, carregavam detalhes coloridos e desenhos que representavam os costumes e a cultura deles. Para Esther, aquelas roupas eram muito bonitas.Depois de se trocar, Luciana arregalou os olhos e exclamou:— Uau, Esther, você ficou lindíssima c