A proposta já era o suficiente para deixá-la nas nuvens. Afinal, ela queria apenas deixar para trás os horrores da guerra.Antes, ela também era uma mulher admirada por sua beleza. Foi assim que conseguiu se casar com um homem influente do País B. Porém, agora seus olhos se voltaram para Esther. Ela sabia que não podia mais ficar parada, precisava agir.— Esther, venha trocar de roupa! A sua está toda molhada. — Chamou uma das mulheres mais velhas da aldeia.— Usa uma roupa minha. Acho que nossos tamanhos não são tão diferentes. — Luciana se adiantou.— Tudo bem. — Respondeu Esther, terminando de espalhar as ervas no cesto que estava carregando.As roupas que as mulheres da aldeia usavam eram bem únicas. Eram feitas à mão, desde o tecido até a costura, carregavam detalhes coloridos e desenhos que representavam os costumes e a cultura deles. Para Esther, aquelas roupas eram muito bonitas.Depois de se trocar, Luciana arregalou os olhos e exclamou:— Uau, Esther, você ficou lindíssima c
Esther não estava preocupada com o que Marcelo pudesse pensar. Ela só estava dizendo a verdade. No futuro, seriam como estranhos, então não fazia sentido depender dele. Queria que ele entendesse que ela não precisava dele para nada.Ignorando completamente o olhar de Marcelo, Esther segurou o braço de Luciana e foi caminhando para o lado.Luciana, por sua vez, ainda estava pensando que essa era uma oportunidade perfeita.No fundo, já imaginava que terminaria assim....O cenário era uma construção antiga de madeira e bambu. Cercada por montanhas, um rio e um bosque de bambu, o lugar era encantador. Havia um ar de serenidade e um toque rústico que lembrava tempos antigos.O edifício era enorme, com uma área de centenas de metros quadrados. As paredes externas eram feitas de madeira, decoradas com entalhes delicados e cheios de detalhes.Dentro do prédio, uma voz feminina rompeu o silêncio:— Irmão!Na biblioteca, um homem estava sentado, concentrado em um livro.A sala era imensa, com e
— Ele é assim com todo mundo? — Estrella perguntou novamente a Ademir.— Não convivo muito com o Sr. Bernardo, mas ele sempre foi assim. Não se importa muito com nada. — Respondeu Ademir.Isso deixou Estrella um pouco mais aliviada. Ela continuou:— Enquanto ele estava fora, onde ele foi?— Ele gosta de passear pelas aldeias aqui perto.— Ele tem tempo para isso? O que tem de interessante nesses lugares?— Os pensamentos dele não são como os nossos.— Meu pai não faz nada para controlar ele?Estrella parecia irritada. Ela realmente queria que o pai colocasse Bernardo nos eixos. Afinal, quem ousava tratá-la de forma tão indiferente?— Não, ele não interfere. — Ademir respondeu.Estrella ficou curiosa. O que será que tinha de tão especial nessas aldeias para ele se interessar tanto? Ela também queria dar uma olhada....— Parece que você e o capitão Marcelo têm uma relação estranha, meio complicada. — Luciana comentou, franzindo a testa. — Vocês se conhecem há muito tempo? Parece que sim
Esther olhou para Daniela. Como não entender o que ela estava insinuando?— Você vai preparar isso para o Marcelo? — Ela perguntou, seguindo o jogo de Daniela. — Sim! O capitão Marcelo foi muito bom para mim e meu filho. Sou muito grata a ele. Ele até se machucou para nos salvar. Sinceramente, devo minha vida a ele. Nem sei como retribuir essa dívida. — Daniela respondeu com um sorrriso. Ela fez uma pausa, depois acrescentou. — E eu percebi que o capitão Marcelo está sempre sozinho. Ele não tem ninguém, né? Ele é solteiro?— Por que você mesma não pergunta pra ele? — Esther respondeu de forma seca.Daniela abaixou o olhar, constrangida.— Ah, isso eu não tenho coragem de perguntar... Por isso resolvi perguntar para você. Parece que vocês conversam bastante, achei que soubesse.— Você convive com ele há tanto tempo. Não deveria já saber? Por que está perguntando para mim? Ou você acha que eu vou atrapalhar alguma coisa entre vocês? — Disse Esther, diretamente.— Não foi isso que eu qui
Esther achava que Marcelo não estava na barraca. Ela só pretendia deixar o cinto e ir embora, sem grandes pretensões.No entanto, ao abrir a entrada da barraca, se deparou com uma cena que a deixou completamente sem reação. Ela ficou paralisada por alguns segundos, com o olhar fixo. Era como se tivesse aparecido no momento errado, interrompendo algo que definitivamente não era para seus olhos.Daniela percebeu a presença de Esther e viu ali a oportunidade perfeita. Sem perder tempo, se virou para Marcelo e declarou:— Capitão Marcelo, se você não me achar indigna... Eu posso ser sua mulher. Não importa se for só uma relação passageira, aqui, neste lugar. Eu aceito.As palavras de Daniela eram carregadas de desespero. Ela estava disposta a tudo para garantir a segurança dela e de seu filho. Já não tinha ninguém para protegê-los, e Marcelo parecia ser sua única salvação. Em meio à guerra e ao caos de Iurani, as pessoas comuns, como ela, estavam sempre à mercê do destino. Se Marcelo a lev
Marcelo franziu levemente a testa, mas ainda assim tentou explicar:— Eu e Daniela não temos nada. Ela é apenas uma mulher que resgatei no caminho, junto com o filho dela.Esther soltou uma risada sarcástica ao ouvir aquilo.— Claro, eu já imaginei. Já ouvi histórias de quantas mulheres perdidas nessa guerra acabam precisando de ajuda. E você, bem, resolveu salvar justo ela. Não é porque achou que ela é bonita? Mas ela tem um filho, Marcelo. Se você tiver algo com ela, vai acabar como padrasto. Mas, se você gosta disso, quem sou eu para dizer alguma coisa?— Eu não sabia que ela tinha entrado na minha barraca. — Explicou Marcelo, tentando manter a calma. — Não é nada do que você está pensando. Eu só salvei ela porque o marido dela era do País B e nos ajudou muito antes de falecer. Só isso.Esther já estava no limite da paciência. Ela puxou o braço com força, se libertando do aperto dele, e respondeu de forma cortante:— Por que você está me explicando isso? Nós já nos divorciamos, Marc
Esther arregalou os olhos, completamente atônita. Tudo parecia um sonho. Ela não sabia como reagir.Marcelo, por sua vez, aprofundou o beijo, invadindo os lábios dela e roubando sua respiração, com uma intensidade que fazia o coração disparar.Ele puxou ela pela cintura, a abraçando com força, como se temesse perdê-la novamente. Seus gestos diziam tudo o que ele não conseguia colocar em palavras. Ele sentia saudade. Uma saudade avassaladora.Durante todos os momentos difíceis que enfrentou, era Esther quem reacendia sua vontade de viver. Ela era sua força, sua razão para seguir em frente.Esther, aos poucos, sentiu o calor desse sentimento. Ela percebeu a intensidade daquele abraço, o desespero contido naquele beijo. Não resistiu. Passou os braços ao redor das costas largas dele e respondeu com toda a paixão que guardava em si.Ela fechou os olhos, mas não conseguiu conter as lágrimas. Não sabia por que estava chorando, mas parecia impossível segurar a emoção.Uma lágrima escorreu pelo
— Eu não estou bem aqui? — Marcelo disse, com um leve sorriso no canto dos lábios. — Perto do que eles passam, minha vida é um luxo.Essas palavras fizeram os olhos de Esther arderem, quase transbordando em lágrimas. Ela olhou para cima, tentando segurar o choro. Não queria se deixar levar pela emoção que ele despertava nela, algo que sempre a desarmava.— Então, me diz uma coisa. Como foi que o meu veneno foi neutralizado? Onde você conseguiu o antídoto? — Perguntou ela, com a voz embargada de curiosidade e incredulidade.Era difícil acreditar que, depois de tanto esforço de várias pessoas para encontrar uma solução, o antídoto tivesse aparecido como se fosse obra do acaso.Marcelo ficou em silêncio por alguns segundos, como se pesasse as palavras.— Eu consegui pedindo.— Pedindo a quem? — Esther franziu a testa.— Ao meu pai. — Disse Marcelo, de forma direta.A resposta pegou Esther de surpresa.— Seu pai?— Não o Vitor. — Corrigiu ele, o tom frio. — Meu pai biológico.Esther ficou