Elas ficaram sem reação, espantadas com a resposta.— Não vai mais filmar? Mas por quê? — Esther perguntou, surpresa.Nanda sorriu, um pouco conformada.— Ah, eu não sou uma grande diretora, né? Só fiz alguns documentários, embora tenha ganhado um prêmio ou outro, não dá pra dizer que vivo disso. Eu passei cinco anos escrevendo esse roteiro, mas mesmo querendo filmar, não consegui encontrar investidores. Sem dinheiro, não dá para começar a produção! Além disso, você sabe como é hoje em dia, né? Tem milhares de roteiros sendo mandados pras produtoras e o meu nem foi notado. Pensei em fazer por conta própria, mas sem investimento, é impossível...Esther balançou a cabeça, compreendendo melhor.— Mas esse roteiro está realmente muito bom! — Ela insistiu, com a voz cheia de incentivo. — A Melissa e eu adoramos sua história.Melissa, ao lado de Esther, concordou com entusiasmo:— Isso mesmo! Não desista! Você sabe que tem o nosso apoio.Nanda sorriu, se sentindo de fato encorajada, mas mant
— Não me arrependo. — Respondeu Esther, com um ar sério. — Só não esperava um dia chegar a isso. Eu era só uma secretária, mas agora estou nessa aposta gigantesca... 50 milhões! Isso quase me faz perder o fôlego!Melissa, sorrindo, passou o braço pelo ombro de Esther para apoiá-la.— Você é minha maior investidora agora! No futuro, eu é que vou ter que depender de você para tudo!— Ah, que nada! — Esther soltou um risinho, tentando descontrair. — Os dias de trabalho árduo estão só começando, sabia? O momento de realmente relaxar vai ser só quando essa série estiver no ar, recebendo uma boa recepção do público. Até lá, a gente vai estar no limite. Caso contrário, vamos é acabar à míngua, sabe? Dessa vez é vencer ou vencer, não tem outra escolha.Melissa entendeu bem a seriedade da situação. Tanto ela quanto Esther estavam no mesmo jogo arriscado, como numa roleta de cassino. O futuro dependia desse projeto.Na verdade, Melissa nem sabia muito bem por que resolvera trilhar um caminho tão
Geraldo sempre foi firme e decidido em suas ações. Para ele, deixar Luiz ir embora não era uma opção, mas algo nas palavras de Luiz fez ele hesitar. Seria ele realmente confiável? Um amigo genuíno?Enquanto lutavam, o barulho da confusão aumentava, reverberando pela sala. Esther começou a recobrar os sentidos, se sentindo um pouco mais forte. Ao virar a cabeça, viu as duas figuras entrelaçadas em um confronto e, sem entender direito, perguntou:— O que vocês estão fazendo?Geraldo estava de costas para ela e, num reflexo, se posicionou de modo a bloquear a visão de Luiz. Esther, ainda confusa, mal imaginava que eles estavam brigando.— Luiz? — Chamou ela, ao perceber vagamente o vulto de Luiz.Ao ouvir a voz dela, Geraldo finalmente soltou Luiz e guardou o bisturi que estava segurando. Luiz, por sua vez, fingiu que nada estava acontecendo e forçou um sorriso, agindo casualmente.— Esther, que bom que você acordou.Esther ainda sentia um leve cansaço ao se sentar.— Você por aqui? O qu
— Onde está o antídoto? — Luiz insistiu, a expressão tensa, os olhos fixos em Geraldo.Geraldo hesitou, mas no fim resolveu dar uma pista.— Já ouviu falar no Neol?Luiz ficou visivelmente abalado.— O Neol? Não é um grupo terrorista? Achei que tinham sido eliminados anos atrás. Como....— Eles não foram aniquilados. — Respondeu Geraldo, com o olhar sombrio. — Eu mesmo faço parte deles.As palavras de Geraldo ecoaram na mente de Luiz, lhe trazendo de volta memórias perturbadoras, incluindo o incidente do sequestro de Esther. Ele respirou fundo e se voltou para Geraldo, a voz carregada de preocupação.— Esther foi... Está sendo alvo desse grupo?Geraldo abaixou o olhar, ponderando.— Não exatamente.Mas Luiz sentiu que havia algo mais e, com um arrepio, uma ideia terrível começou a se formar.— Marcelo... A ligação com Sofia... Será que ele...O medo permeava a voz de Luiz enquanto tentava juntar as peças. — Ela pode nem saber onde está o antídoto. — Comentou Geraldo, baixinho. — Mas e
O restaurante estava uma completa confusão. Alarmes soavam por todos os lados, e o pânico se espalhava como fogo.Enquanto Esther ainda comia tranquilamente, Luiz e Geraldo, alertas, perceberam a situação.— Esther, o restaurante está pegando fogo! Precisamos sair daqui agora. — Disse Luiz, apressado.— Tudo bem, vamos logo.Esther, sem hesitar, se levantou e seguiu os dois em direção à saída. Como o restaurante ficava no térreo, se fosse mesmo um incêndio, seria fácil evacuar o local rapidamente.Em poucos minutos, o lugar estava vazio. Todos os clientes se aglomeraram do lado de fora, observando o prédio como se esperassem ver chamas a qualquer momento. Mas o dono do restaurante ainda estava dentro.Do lado de fora, Esther olhava fixamente para o restaurante. Estranhamente, não havia sinal de fumaça, nem o menor indício de fogo. Aquilo definitivamente não parecia um incêndio real.— Mas o que será que está acontecendo? — Alguém perguntou, visivelmente nervoso. — Será que realmente e
— Deu ruim, a senhora tá vindo pra cá! — Anunciou um deles ao ver que Esther caminhava em sua direção.Imediatamente, eles começaram a se mover discretamente em direção à cozinha, sem chamar atenção.— O que está acontecendo? — Perguntou André, com um tom de nervosismo. — Por que a senhora está vindo pra cá? Será que a gente foi descoberto?— Impossível! — Durval retrucou com firmeza. — Nós somos soldados, poxa! Como ela poderia perceber alguma coisa?— Então por que ela tá vindo pra cá? — André murmurou, se curvando para se esconder, assim como Durval.— Vamos nos esconder. — Sugeriu Durval, guiando o amigo até um canto mais discreto da cozinha. — O negócio é não sermos vistos, assim que ela for embora, a gente sai.Enquanto isso, Esther, que estava próxima ao sistema de segurança contra incêndio, examinava o que parecia ser um dano significativo: um buraco considerável no dispositivo, claramente resultado de algum golpe forte.O dono do restaurante, tentando manter a calma, prontamen
— Ah, então é assim, né, André? Achei que éramos amigos! E agora você me trai? — Durval fuzilou o colega com o olhar, decepcionado.— Durval, não vem com essa, você faria o mesmo! — André retrucou, igualmente irritado.Sem saída, Durval então se voltou para Esther, tentando soar amigável. — Senhora, mil desculpas! Foi um acidente, juro! Não foi de propósito, foi mal mesmo!— Acidente? Eu duvido muito. — Esther rebateu, cruzando os braços com um olhar cético.— Como assim? Eu jamais faria algo assim! — Durval tentou se justificar, assumindo uma postura rígida como se estivesse em pleno treinamento militar e até saudando Esther, para reforçar a ideia de ser um “soldado exemplar”. — Sou um bom soldado, dedicado a servir o povo!— É? E o que exatamente um “soldado exemplar” está fazendo aqui? — Esther continuou, séria.Durval hesitou por um momento, então puxou André para junto de si e disse: — A gente só veio comer, senhora!— Isso mesmo, senhora! Só queríamos jantar. — André concordou,
Ao subir para o segundo andar, Esther avistou uma porta entreaberta. Marcelo certamente estava lá dentro.Com um olhar frio e determinado, ela arregaçou as mangas, abriu a porta e anunciou, firme: — Marcelo, para de se esconder e assume as coisas de frente, tá bem? Será que você consegue...?Mas o que ela viu fez as palavras desaparecerem de seus lábios. Parada na porta, Esther encarou a cena com os olhos arregalados.Marcelo estava deitado no chão, cercado por garrafas de bebida vazias, com uma delas ainda na mão, pela metade. Era óbvio que ele havia passado o dia todo bebendo.Esther tinha chegado ali fervendo de raiva, pronta para despejar nele tudo o que estava entalado em seu peito, disposta a atingi-lo sem piedade, a ponto de ferir seu orgulho. Mas ao ver o estado dele, a expressão vazia, o corpo abandonado no chão, o cheiro forte de álcool, sentiu sua fúria murchar. Era uma visão desconcertante de alguém que ela jamais esperaria ver tão devastado.Por um momento, ela só ficou