O restaurante estava uma completa confusão. Alarmes soavam por todos os lados, e o pânico se espalhava como fogo.Enquanto Esther ainda comia tranquilamente, Luiz e Geraldo, alertas, perceberam a situação.— Esther, o restaurante está pegando fogo! Precisamos sair daqui agora. — Disse Luiz, apressado.— Tudo bem, vamos logo.Esther, sem hesitar, se levantou e seguiu os dois em direção à saída. Como o restaurante ficava no térreo, se fosse mesmo um incêndio, seria fácil evacuar o local rapidamente.Em poucos minutos, o lugar estava vazio. Todos os clientes se aglomeraram do lado de fora, observando o prédio como se esperassem ver chamas a qualquer momento. Mas o dono do restaurante ainda estava dentro.Do lado de fora, Esther olhava fixamente para o restaurante. Estranhamente, não havia sinal de fumaça, nem o menor indício de fogo. Aquilo definitivamente não parecia um incêndio real.— Mas o que será que está acontecendo? — Alguém perguntou, visivelmente nervoso. — Será que realmente e
— Deu ruim, a senhora tá vindo pra cá! — Anunciou um deles ao ver que Esther caminhava em sua direção.Imediatamente, eles começaram a se mover discretamente em direção à cozinha, sem chamar atenção.— O que está acontecendo? — Perguntou André, com um tom de nervosismo. — Por que a senhora está vindo pra cá? Será que a gente foi descoberto?— Impossível! — Durval retrucou com firmeza. — Nós somos soldados, poxa! Como ela poderia perceber alguma coisa?— Então por que ela tá vindo pra cá? — André murmurou, se curvando para se esconder, assim como Durval.— Vamos nos esconder. — Sugeriu Durval, guiando o amigo até um canto mais discreto da cozinha. — O negócio é não sermos vistos, assim que ela for embora, a gente sai.Enquanto isso, Esther, que estava próxima ao sistema de segurança contra incêndio, examinava o que parecia ser um dano significativo: um buraco considerável no dispositivo, claramente resultado de algum golpe forte.O dono do restaurante, tentando manter a calma, prontamen
— Ah, então é assim, né, André? Achei que éramos amigos! E agora você me trai? — Durval fuzilou o colega com o olhar, decepcionado.— Durval, não vem com essa, você faria o mesmo! — André retrucou, igualmente irritado.Sem saída, Durval então se voltou para Esther, tentando soar amigável. — Senhora, mil desculpas! Foi um acidente, juro! Não foi de propósito, foi mal mesmo!— Acidente? Eu duvido muito. — Esther rebateu, cruzando os braços com um olhar cético.— Como assim? Eu jamais faria algo assim! — Durval tentou se justificar, assumindo uma postura rígida como se estivesse em pleno treinamento militar e até saudando Esther, para reforçar a ideia de ser um “soldado exemplar”. — Sou um bom soldado, dedicado a servir o povo!— É? E o que exatamente um “soldado exemplar” está fazendo aqui? — Esther continuou, séria.Durval hesitou por um momento, então puxou André para junto de si e disse: — A gente só veio comer, senhora!— Isso mesmo, senhora! Só queríamos jantar. — André concordou,
Ao subir para o segundo andar, Esther avistou uma porta entreaberta. Marcelo certamente estava lá dentro.Com um olhar frio e determinado, ela arregaçou as mangas, abriu a porta e anunciou, firme: — Marcelo, para de se esconder e assume as coisas de frente, tá bem? Será que você consegue...?Mas o que ela viu fez as palavras desaparecerem de seus lábios. Parada na porta, Esther encarou a cena com os olhos arregalados.Marcelo estava deitado no chão, cercado por garrafas de bebida vazias, com uma delas ainda na mão, pela metade. Era óbvio que ele havia passado o dia todo bebendo.Esther tinha chegado ali fervendo de raiva, pronta para despejar nele tudo o que estava entalado em seu peito, disposta a atingi-lo sem piedade, a ponto de ferir seu orgulho. Mas ao ver o estado dele, a expressão vazia, o corpo abandonado no chão, o cheiro forte de álcool, sentiu sua fúria murchar. Era uma visão desconcertante de alguém que ela jamais esperaria ver tão devastado.Por um momento, ela só ficou
Não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde que Esther tinha se sentado ali, com uma sensação de tristeza se alojando em seu peito. Marcelo, aninhado em seus braços, respirava profundamente, envolto em um sono pesado. Ela queria perguntar, queria respostas, mas sabia que talvez não fossem necessárias. No fundo, já conhecia as respostas, ou pelo menos parte delas.Por fim, Esther se levantou em silêncio, saindo do quarto. Dessa vez, o peso em seu coração era diferente, mais amargo, como se uma dor silenciosa houvesse se enraizado em seu peito.— Senhora. — Chamou Durval, que aguardava ela do lado de fora. Ao notar sua expressão séria, ele se aproximou com um ar preocupado. — Você e o capitão Marcelo... Está tudo bem entre vocês? Não brigaram, né?André, ao lado de Durval, puxou discretamente a manga dele, tentando silenciá-lo. Ao ver a expressão abatida de Esther, André logo percebeu que algo de grave havia acontecido.Esther, no entanto, ergueu o rosto e olhou Durval nos olhos
Assim que Luiz voltou para casa, começou a vasculhar tudo o que pudesse achar sobre a misteriosa organização chamada Neol. Sabia que descobrir alguma pista sobre eles seria sua única chance de conseguir o antídoto que tanto precisava. Ele passou a noite inteira mergulhado em papéis, relatórios e qualquer dado que pudesse ser relevante, mas Neol se mostrava uma organização extremamente evasiva. As poucas informações sugeriam que seus membros eram de diversas etnias e falavam línguas diferentes, o que indicava que atuavam fora do país, em áreas próximas às fronteiras para evitar qualquer represália.Em meio à pilha de papéis e anotações, Luiz foi surpreendido pela porta se abrindo. Sua mãe, Lorena, entrou na sala e, ao ver a bagunça, exclamou com preocupação:— Luiz, o que está acontecendo aqui? Por que você espalhou tanta coisa? Parece que passou um furacão pela casa!— Estou procurando informações. — Respondeu ele de maneira evasiva.— Informações sobre o quê, filho? Você passou a noi
Juliana ficou surpresa com as perguntas de Luiz, e, por um momento, hesitou antes de responder:— Eu já ouvi falar sobre isso, mas por que essa curiosidade toda?— Você sabe se o povo da sua etnia consegue criar antídotos para os venenos que eles mesmos produzem? — Luiz insistiu.Juliana começou a achar essas perguntas um tanto estranhas, mas, mesmo assim, respondeu pacientemente:— Não sei ao certo. Meu pai faz parte dos Iurani, e eu também tenho sangue deles, mas, para ser honesta, não sou tão próxima dessa cultura. Só lembro do que ele me contava que aquele país é bem caótico e vive dividido entre castas, sabe? Tem os de alta casta, que têm mais privilégios, e os de casta baixa, que são bem menos favorecidos.Ela apontou para uma imagem no jornal e continuou:— Esses aqui são da casta baixa. Dá pra ver pela cor da pele e pelas roupas simples. Eles são vistos como inferiores por lá. Já meu pai, ele é de casta alta.Luiz não conhecia muito sobre os Iurani, nem sobre o país deles, que
Marcelo pressionou a mão contra a testa, tentando aliviar a dor que o impedia de focar nas palavras dos outros. Ele não conseguia lembrar exatamente o que havia feito na noite anterior. Tudo parecia um borrão de um sonho. Se Esther realmente havia passado por ali, ele ao menos queria estar sóbrio para vê-la, e, com certeza, não com aquela aparência derrotada.— Saiam, por favor. — Disse Marcelo com a voz rouca.— Sim, senhor! — Responderam os dois, saindo imediatamente.Mas, após apenas alguns minutos, Durval retornou e anunciou da porta:— Capitão Marcelo, a Srta. Sofia chegou.Marcelo, rapidamente, lavou o rosto e trocou de roupa. Ao ouvir a notícia, franziu levemente a testa, tentando esconder o incômodo, e respondeu de maneira fria:— Peça para ela esperar na sala de estar.Enquanto isso, Sofia estava radiante, de ótimo humor. Ela finalmente havia conseguido o papel principal na série Sombras do Passado, um dos projetos mais aguardados da televisão. Era a grande chance para sua car