Geraldo sempre foi firme e decidido em suas ações. Para ele, deixar Luiz ir embora não era uma opção, mas algo nas palavras de Luiz fez ele hesitar. Seria ele realmente confiável? Um amigo genuíno?Enquanto lutavam, o barulho da confusão aumentava, reverberando pela sala. Esther começou a recobrar os sentidos, se sentindo um pouco mais forte. Ao virar a cabeça, viu as duas figuras entrelaçadas em um confronto e, sem entender direito, perguntou:— O que vocês estão fazendo?Geraldo estava de costas para ela e, num reflexo, se posicionou de modo a bloquear a visão de Luiz. Esther, ainda confusa, mal imaginava que eles estavam brigando.— Luiz? — Chamou ela, ao perceber vagamente o vulto de Luiz.Ao ouvir a voz dela, Geraldo finalmente soltou Luiz e guardou o bisturi que estava segurando. Luiz, por sua vez, fingiu que nada estava acontecendo e forçou um sorriso, agindo casualmente.— Esther, que bom que você acordou.Esther ainda sentia um leve cansaço ao se sentar.— Você por aqui? O qu
— Onde está o antídoto? — Luiz insistiu, a expressão tensa, os olhos fixos em Geraldo.Geraldo hesitou, mas no fim resolveu dar uma pista.— Já ouviu falar no Neol?Luiz ficou visivelmente abalado.— O Neol? Não é um grupo terrorista? Achei que tinham sido eliminados anos atrás. Como....— Eles não foram aniquilados. — Respondeu Geraldo, com o olhar sombrio. — Eu mesmo faço parte deles.As palavras de Geraldo ecoaram na mente de Luiz, lhe trazendo de volta memórias perturbadoras, incluindo o incidente do sequestro de Esther. Ele respirou fundo e se voltou para Geraldo, a voz carregada de preocupação.— Esther foi... Está sendo alvo desse grupo?Geraldo abaixou o olhar, ponderando.— Não exatamente.Mas Luiz sentiu que havia algo mais e, com um arrepio, uma ideia terrível começou a se formar.— Marcelo... A ligação com Sofia... Será que ele...O medo permeava a voz de Luiz enquanto tentava juntar as peças. — Ela pode nem saber onde está o antídoto. — Comentou Geraldo, baixinho. — Mas e
O restaurante estava uma completa confusão. Alarmes soavam por todos os lados, e o pânico se espalhava como fogo.Enquanto Esther ainda comia tranquilamente, Luiz e Geraldo, alertas, perceberam a situação.— Esther, o restaurante está pegando fogo! Precisamos sair daqui agora. — Disse Luiz, apressado.— Tudo bem, vamos logo.Esther, sem hesitar, se levantou e seguiu os dois em direção à saída. Como o restaurante ficava no térreo, se fosse mesmo um incêndio, seria fácil evacuar o local rapidamente.Em poucos minutos, o lugar estava vazio. Todos os clientes se aglomeraram do lado de fora, observando o prédio como se esperassem ver chamas a qualquer momento. Mas o dono do restaurante ainda estava dentro.Do lado de fora, Esther olhava fixamente para o restaurante. Estranhamente, não havia sinal de fumaça, nem o menor indício de fogo. Aquilo definitivamente não parecia um incêndio real.— Mas o que será que está acontecendo? — Alguém perguntou, visivelmente nervoso. — Será que realmente e
— Deu ruim, a senhora tá vindo pra cá! — Anunciou um deles ao ver que Esther caminhava em sua direção.Imediatamente, eles começaram a se mover discretamente em direção à cozinha, sem chamar atenção.— O que está acontecendo? — Perguntou André, com um tom de nervosismo. — Por que a senhora está vindo pra cá? Será que a gente foi descoberto?— Impossível! — Durval retrucou com firmeza. — Nós somos soldados, poxa! Como ela poderia perceber alguma coisa?— Então por que ela tá vindo pra cá? — André murmurou, se curvando para se esconder, assim como Durval.— Vamos nos esconder. — Sugeriu Durval, guiando o amigo até um canto mais discreto da cozinha. — O negócio é não sermos vistos, assim que ela for embora, a gente sai.Enquanto isso, Esther, que estava próxima ao sistema de segurança contra incêndio, examinava o que parecia ser um dano significativo: um buraco considerável no dispositivo, claramente resultado de algum golpe forte.O dono do restaurante, tentando manter a calma, prontamen
— Ah, então é assim, né, André? Achei que éramos amigos! E agora você me trai? — Durval fuzilou o colega com o olhar, decepcionado.— Durval, não vem com essa, você faria o mesmo! — André retrucou, igualmente irritado.Sem saída, Durval então se voltou para Esther, tentando soar amigável. — Senhora, mil desculpas! Foi um acidente, juro! Não foi de propósito, foi mal mesmo!— Acidente? Eu duvido muito. — Esther rebateu, cruzando os braços com um olhar cético.— Como assim? Eu jamais faria algo assim! — Durval tentou se justificar, assumindo uma postura rígida como se estivesse em pleno treinamento militar e até saudando Esther, para reforçar a ideia de ser um “soldado exemplar”. — Sou um bom soldado, dedicado a servir o povo!— É? E o que exatamente um “soldado exemplar” está fazendo aqui? — Esther continuou, séria.Durval hesitou por um momento, então puxou André para junto de si e disse: — A gente só veio comer, senhora!— Isso mesmo, senhora! Só queríamos jantar. — André concordou,
Ao subir para o segundo andar, Esther avistou uma porta entreaberta. Marcelo certamente estava lá dentro.Com um olhar frio e determinado, ela arregaçou as mangas, abriu a porta e anunciou, firme: — Marcelo, para de se esconder e assume as coisas de frente, tá bem? Será que você consegue...?Mas o que ela viu fez as palavras desaparecerem de seus lábios. Parada na porta, Esther encarou a cena com os olhos arregalados.Marcelo estava deitado no chão, cercado por garrafas de bebida vazias, com uma delas ainda na mão, pela metade. Era óbvio que ele havia passado o dia todo bebendo.Esther tinha chegado ali fervendo de raiva, pronta para despejar nele tudo o que estava entalado em seu peito, disposta a atingi-lo sem piedade, a ponto de ferir seu orgulho. Mas ao ver o estado dele, a expressão vazia, o corpo abandonado no chão, o cheiro forte de álcool, sentiu sua fúria murchar. Era uma visão desconcertante de alguém que ela jamais esperaria ver tão devastado.Por um momento, ela só ficou
Não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde que Esther tinha se sentado ali, com uma sensação de tristeza se alojando em seu peito. Marcelo, aninhado em seus braços, respirava profundamente, envolto em um sono pesado. Ela queria perguntar, queria respostas, mas sabia que talvez não fossem necessárias. No fundo, já conhecia as respostas, ou pelo menos parte delas.Por fim, Esther se levantou em silêncio, saindo do quarto. Dessa vez, o peso em seu coração era diferente, mais amargo, como se uma dor silenciosa houvesse se enraizado em seu peito.— Senhora. — Chamou Durval, que aguardava ela do lado de fora. Ao notar sua expressão séria, ele se aproximou com um ar preocupado. — Você e o capitão Marcelo... Está tudo bem entre vocês? Não brigaram, né?André, ao lado de Durval, puxou discretamente a manga dele, tentando silenciá-lo. Ao ver a expressão abatida de Esther, André logo percebeu que algo de grave havia acontecido.Esther, no entanto, ergueu o rosto e olhou Durval nos olhos
Assim que Luiz voltou para casa, começou a vasculhar tudo o que pudesse achar sobre a misteriosa organização chamada Neol. Sabia que descobrir alguma pista sobre eles seria sua única chance de conseguir o antídoto que tanto precisava. Ele passou a noite inteira mergulhado em papéis, relatórios e qualquer dado que pudesse ser relevante, mas Neol se mostrava uma organização extremamente evasiva. As poucas informações sugeriam que seus membros eram de diversas etnias e falavam línguas diferentes, o que indicava que atuavam fora do país, em áreas próximas às fronteiras para evitar qualquer represália.Em meio à pilha de papéis e anotações, Luiz foi surpreendido pela porta se abrindo. Sua mãe, Lorena, entrou na sala e, ao ver a bagunça, exclamou com preocupação:— Luiz, o que está acontecendo aqui? Por que você espalhou tanta coisa? Parece que passou um furacão pela casa!— Estou procurando informações. — Respondeu ele de maneira evasiva.— Informações sobre o quê, filho? Você passou a noi