Esther pensou nisso e logo soltou uma risada irônica.— Os executivos da sua empresa de entretenimento devem estar perdendo a cabeça de preocupação, e você, como o chefe, ainda tem tempo de vir me procurar?Marcelo a observava intensamente com seus olhos profundos. Cada gesto de deboche e sarcasmo de Esther era captado por ele. No entanto, sua resposta foi calma:— É só uma empresa de entretenimento. Você realmente acha que eu me importo com isso?As palavras dele surpreenderam Esther, que ergueu o olhar. O que encontrou foram os olhos de Marcelo, que não demonstravam nada além de preocupação por ela. Parecia que ele estava dizendo, sem palavras, que a empresa que ele havia criado não era nada em comparação com ela.Afinal, a empresa de entretenimento não foi criada para Sofia? Isso não seria uma confirmação indireta de que ela, Esther, era muito mais importante do que Sofia?Esther balançou a cabeça, se recuperando dessa linha de pensamento. Como poderia pensar algo assim? A ligação e
Marcelo a ergueu nos braços sem o menor esforço, falando em um tom baixo, mas firme:— Você não me escuta, então não tive outra escolha.Esther, claramente irritada, protestou:— Você é algum tipo de bandido? Forçando os outros a fazerem o que não querem?— É melhor do que deixar você agir por impulso!— Eu estou agindo por impulso? — Esther retrucou, encarando ele.Os olhos de Marcelo ficaram sombrios, e ele respondeu com uma calma fria:— Você esqueceu da última vez? Estava exausta, quase perdeu o bebê. E hoje, com essa história da Sofia, não foi muito diferente, né?Ao ouvir isso, Esther baixou os olhos, e suas emoções, que estavam à flor da pele, começaram a se acalmar.— E o que isso tem a ver com eu pegar um táxi para casa? — Ela perguntou, tentando manter a calma.Marcelo a havia levado até o carro e a colocou no chão, seus olhos cravados nos dela com uma intensidade que a desarmou.— E se você começar a sentir dor no meio do caminho? Agora há pouco não foi isso que aconteceu? —
— O que você quer dizer com isso? — Perguntou Esther, com os olhos semicerrados. — Para se divorciar de mim, você também seria capaz de mentir e dizer que o filho é do Luiz. — Marcelo afirmou, com sua voz carregada de desconfiança. Esther podia contar nos dedos de uma mão as vezes em que havia mentido para Marcelo. Se não fosse necessário, ela nunca mentiria. Essa história de que o filho era de Luiz, bem, essa afirmação nunca saíra de sua boca. Ela jamais admitiu tal coisa. — E se não é do Luiz, vai dizer que é seu? — Esther se virou para encará-lo, com os olhos desafiadores. — Quem é esse Enrico, afinal? — Marcelo perguntou, com os olhos ficando ainda mais sombrios. — Esther, esse cara realmente existiu ou você só inventou isso para me provocar? Ele já tinha investigado tudo sobre o passado dela. Vasculhou cada pessoa com quem Esther havia contato ao longo de sua vida, mas não havia ninguém com o nome de Enrico.Talvez fosse um apelido, mas também não encontrou nenhuma pista.Ao
Esther estava tão certa de que nunca havia desaparecido por um verão inteiro que isso fez Marcelo hesitar por um momento. A firmeza dela o deixou confuso. Talvez aquele verão em que ela havia sumido não fosse tão verdade assim.Sem perceber o que havia de errado, Esther olhou para frente e, ao se aproximar de casa, disse com tranquilidade:— Estamos quase chegando. Pode parar aqui na frente.Gilberto pisou no freio e parou o carro de maneira suave na esquina.Esther abriu a porta e desceu.— Estou indo. Você também deveria ir para casa logo. — Disse ela, em um gesto educado para Marcelo, que a havia levado de volta.Marcelo, porém, não conseguia entender onde estava o erro. Enquanto ele permanecia em silêncio, perdido em pensamentos, Esther, sem esperar por uma resposta, caminhou sozinha em direção ao condomínio, seus passos ecoavam no asfalto.Marcelo observou Esther se afastar, mas não fez nenhum movimento para sair do carro. Ele estava preso em um ciclo de dúvidas, procurando uma ex
Quando Marcelo foi mencionado, Esther também sentiu surgir uma grande dúvida em seu coração. Ela segurava o celular, seus dedos hesitavam sobre a tela por um longo tempo. Era uma pergunta que precisava ser feita. Assim, Esther começou a digitar.[Quando eu estava no ensino médio, teve algum verão em que eu fiquei fora de casa?]Se Marcelo tinha essa dúvida, ela também precisava esclarecer. Contudo, a resposta demorava a chegar. Minutos antes, elas estavam conversando normalmente, e de repente o silêncio fez com que Esther começasse a se sentir um tanto desconfortável. A espera se estendeu por dez minutos até que, finalmente, a notificação do celular trouxe a resposta de Isabela.[Quem te disse isso?]Esther, sem ter certeza do que responder, digitou rapidamente.[Nada demais, só estou perguntando por curiosidade.]Isabela garantiu: [Isso nunca aconteceu. Desde que você era criança, tirando as viagens a trabalho, você sempre esteve em casa. Nossa família sempre foi rígida. Como você p
Demorou um pouco, mas finalmente Murilo desviou o olhar da foto e voltou a encarar Marcelo. A expressão de choque em seu rosto se transformou em confusão. Não entendia por que Marcelo estava tão interessado naquele assunto.— Por que esse interesse todo de repente? — Questionou Murilo. — Mesmo que a garota sequestrada não fosse a Esther, isso seria tão importante pra você?O tom de Murilo não parecia de quem queria esconder algo, nem havia malícia em suas palavras.Os olhos penetrantes de Marcelo relaxaram um pouco, mas ele manteve o tom firme ao responder:— Estou investigando outra questão e acabei esbarrando nisso. Achei que o senhor poderia esclarecer. O sequestro não envolveu a Esther, mas ela tem essas memórias e se vê como essa menina. O nome das duas é o mesmo. Se não houvesse algo escondido, como é possível que Esther tenha essa lembrança?Murilo, ao ouvir isso, ficou visivelmente abalado. Sua expressão mudava de minuto a minuto.— Diretor Murilo, isso aconteceu na escola sob
Murilo ficou ainda mais surpreso, não esperava que a situação chegasse a esse ponto.— Eu também só fiquei sabendo disso hoje. Se no passado falei algo que não devia, espero que não leve a mal.Ele ainda se lembrava de quando tentou juntar Esther com Luiz, sem falar das tentativas com sua própria filha.— O senhor está sendo muito educado, diretor Murilo. — Disse Marcelo, cordialmente. — Já está tarde, não quero tomar mais o seu tempo.Apesar do choque, Murilo era uma pessoa acessível e amigável. Ele fez questão de acompanhar os dois até a saída....Já era madrugada.Esther estava deitada na cama quando sentiu o estômago roncar de fome. Naqueles dias, parecia que a fome vinha com muito mais frequência. Além disso, seu paladar estava diferente, com uma queda por alimentos mais salgados e picantes. Antes, ela não suportava tanto pimenta, mas agora... Ela conseguia comer mais do que imaginava.Mesmo com fome, o cansaço tomava conta dela, e tudo o que queria era dormir. Enrolada no cobert
Ao ouvir aquelas palavras, Esther, instintivamente, fechou os punhos, desviando o olhar. Tinha medo de que estivesse se iludindo.— Você só quer mudar porque se importa comigo? Mas por que se importar tanto assim?Marcelo olhou diretamente para ela e respondeu com firmeza:— Você é minha esposa.Esther mordeu levemente os lábios e começou a mexer o hotpot, sem comer nada.— Não foi a gente que decidiu se divorciar? Usar o argumento de que sou sua esposa parece meio forçado. Antes você nunca se importou em mudar nada por mim. Agora, de repente, resolve se preocupar tanto?Marcelo apenas a observava, como se estivesse refletindo sobre algo. Ele não disse mais nada.Sentindo o peso do olhar dele, Esther desistiu de esperar qualquer resposta e abaixou a cabeça, começando a comer.De repente, Marcelo quebrou o silêncio com uma frase que pegou Esther completamente desprevenida:— Acho que estou começando a gostar de você.A frase tão casual a pegou de surpresa, fazendo ela engasgar. O caldo