Ela estava sentada na cama, com o olhar fixo na porta, sabendo que Marcelo estava do outro lado. Mesmo assim, o sono parecia distante. Seu coração não se acalmava, pois as palavras de Marcelo ainda ecoavam em sua mente. No fundo, ela sentia medo. Medo de expor o que realmente pensava e sentia. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela pulsava com uma inquietação incontrolável. Logo, a porta se abriu novamente. Esther levantou os olhos e viu Marcelo entrando no quarto. Ela ficou ali, atônita, observando, da mesma forma como tinha feito na primeira vez que o viu. Sem dizer nada, se limitou a encará-lo, incapaz de pronunciar uma única palavra. Marcelo se aproximou, segurando uma xícara de leite em uma das mãos. Com um tom de voz baixo e profundo, disse:— Beber leite antes de dormir faz bem. Este aqui é doce, ajuda a aliviar o estresse. Esther olhou para o leite à sua frente e, em seguida, para o braço de Marcelo, onde as veias se destacavam levemente. Por um breve momento, ela ficou co
Ao perceber que Marcelo realmente não se lembrava de nada, Esther sentiu uma pontada de decepção no peito. — Nada mais. — Ela balançou a cabeça, resignada.Marcelo não disse nada.Esther se deitou de lado, evitando encarar o rosto dele. No entanto, antes de virar, ela havia notado a tranquilidade no semblante de Marcelo. Como ele não sabia que Enrico era ele mesmo? Será que tinha esquecido completamente aqueles acontecimentos?Mesmo que ele não se lembrasse de tudo, deveria ao menos recordar o nome que usava naquela época. Qual parte dessa história não estava se encaixando?Quanto mais Esther pensava, mais se via presa em um labirinto sem saída. Sua cabeça latejava, a confusão apenas piorava. Ela fechou os olhos, tentando afastar aqueles pensamentos.Marcelo, por sua vez, ajeitou o cobertor sobre ela com cuidado, e permaneceu ali por alguns minutos, observando até perceber que a respiração dela havia se acalmado. Só então, saiu do quarto em silêncio.Fora do quarto, ele pegou o celul
Sofia sabia que, para se manter firme no mundo do entretenimento, ela precisava se livrar daqueles problemas. Se conseguisse, a empresa ficaria do lado dela sem hesitar.Ao sair, ainda não tinha caminhado muitos metros quando foi reconhecida. Uma pessoa logo comentou:— Não é a Sofia? Aquela que mentiu pra todo mundo?Sofia sentiu o coração disparar, o medo tomou conta. Instintivamente, ela cobriu o rosto com as mãos.— É ela! Está se escondendo agora!Mesmo com óculos escuros e máscara, ela ainda foi identificada. Em questão de segundos, várias pessoas começaram a olhar para ela, formando uma pequena multidão.— Como você tem coragem de sair na rua? Não tem medo de alguém tacar um ovo podre em você?— Que vergonha! Se tivesse um pingo de dignidade, não teria feito aquelas coisas!— Mentirosa! Fez seus fãs atacarem gente inocente na internet. Você devia desaparecer!As palavras cruéis a atingiam como facas. Sofia olhou ao redor, cada rosto parecia o de um carrasco. Sua pele empalideceu
Como ele poderia estar ali?— O que você está fazendo aqui na minha porta? — Esther perguntou, claramente desconfiada.Ela mal conhecia Geraldo. Só haviam se encontrado uma vez, por causa de Sofia. Agora, ele estava na porta dela, e isso fazia Esther suspeitar que ele a estivesse seguindo ou talvez tivesse algum outro motivo oculto para estar ali.O olhar de Geraldo demonstrava certa surpresa, mas ele respondeu com calma:— Eu moro ao lado.Esther continuou olhando para ele, confusa. Não entendeu imediatamente o que ele queria dizer.Vendo o olhar de dúvida e desconfiança dela, Geraldo apontou para o lado e explicou:— Eu sou seu novo vizinho.Esther olhou para a porta do apartamento ao lado, que estava aberta. Só então percebeu que o antigo apartamento vazio agora tinha um novo morador.— Quando você se mudou para cá? — Perguntou ela, ainda processando a novidade.— Hoje de manhã.— Eu achei que você morasse onde trabalha, o lugar parecia ser uma casa. — Esther lembrou do lugar onde o
Embora ela tivesse pago pelo serviço, aquele favor ainda estava gravado em sua memória.— Quem sabe um dia, né? — Esther respondeu, sem recusar diretamente. — Espera um pouco, você me deu esses morangos, então eu também quero te dar alguma coisa.Dizendo isso, ela rapidamente voltou para dentro de casa.Geraldo, por sua vez, permaneceu do lado de fora, sem demonstrar a intenção de entrar, esperando pacientemente na porta.Esther ainda não sabia bem o que poderia dar a ele. Olhou ao redor e viu algumas garrafas de leite fresco que ainda tinha em casa. Decidiu pegar duas delas e voltou para a porta.Enquanto ela estava de costas, Geraldo observou ela com um sorriso discreto no canto dos lábios. Quando Esther voltou, ele rapidamente escondeu qualquer emoção que pudesse transparecer em seus olhos.— Não tem muita coisa aqui em casa. Esse é um leite que eu gosto muito. O sabor é bem forte, então não sei se você vai gostar. — Disse ela, oferecendo-lhe as garrafas.— Obrigado. — Geraldo aceit
Elas entraram primeiro. Geraldo as seguiu.No instante em que ele cruzou a porta com suas longas pernas, houve um momento de hesitação, mas ele acabou entrando.Diana jogou a bolsa no canto e se jogou no sofá, sem cerimônia.Enquanto isso, Esther foi até a cozinha e começou a preparar três tigelas de macarrão.Geraldo, parado na entrada da sala, observava o ambiente com seus olhos castanhos, sem dizer uma palavra. No entanto, um leve sorriso brincava em seus lábios, revelando seu estado de espírito.Diana, notando que ele ainda estava de pé, o chamou:— Por que você está aí parado? Vem sentar!Geraldo lançou um olhar a ela e, sem dizer nada, foi se sentar.Diana, sempre animada, rapidamente serviu uma xícara de café para ele. Seu olhar curioso repousava sobre Geraldo, tentando decifrar aquele homem tão misterioso quanto atraente. Não era sempre que se via alguém tão bonito assim.Na verdade, Esther sempre teve sorte com os homens, todos uns belos exemplares.Com um sorriso brincalhão,
— Não precisa. Não quero te incomodar. — Esther olhou para Geraldo— Não é incômodo nenhum. — Geraldo respondeu com a mesma calma de sempre. — Eu não sou muito fã de frutas. Se os morangos amadurecerem, vão acabar estragando se eu não der um destino a eles. Então é melhor que você os aproveite.Diana não tirava os olhos de Geraldo, algo ali parecia fora do lugar. Ele claramente tinha um interesse especial por Esther, algo em seu comportamento entregava isso.— Vamos comer antes que o macarrão fique empapado. — Esther disse, tentando encerrar o assunto.Eles começaram a comer juntos, mas Geraldo demorou um pouco para pegar os talheres. Ficou olhando a tigela por alguns instantes antes de começar a comer.Ele comia devagar, ao contrário de Esther, que terminou primeiro e levou sua tigela para a cozinha. Diana logo a seguiu, cutucando Esther no ombro com uma expressão travessa.— Ele tá na sua, né?Esther quase engasgou com o que ainda restava em sua boca.— De jeito nenhum! — Respondeu,
— Nossa, até o caldo você tomou todo! — Diana comentou, um tanto surpresa.Esther deu uma leve cotovelada em Diana, tentando evitar que ela falasse mais bobagens, e pegou a tigela das mãos de Geraldo.— Gosto de tomar sopa. — Ele disse de forma simples, com um sorriso suave. Em seguida, Geraldo olhou para as duas e disse. — Tenho que voltar ao trabalho. Não vou mais atrapalhar.— Tudo bem. — Esther respondeu.Geraldo acenou levemente com a cabeça e saiu do apartamento. Esther o acompanhou até a porta e, após ele sair, a fechou atrás dele.Do lado de fora, Geraldo parou por um momento ao ouvir o som da porta se fechando. Ele virou a cabeça lentamente, ficando parado por um bom tempo, olhando fixamente para a porta antes de ir embora.Ele desceu as escadas, e do lado de fora o esperava um carro luxuoso estacionado. Quando estava prestes a entrar no carro, outra cena chamou sua atenção: uma mulher ruiva em um carro esportivo ao lado abaixou a janela.Ela era incrivelmente atraente, com lo