Ao perceber que Marcelo realmente não se lembrava de nada, Esther sentiu uma pontada de decepção no peito. — Nada mais. — Ela balançou a cabeça, resignada.Marcelo não disse nada.Esther se deitou de lado, evitando encarar o rosto dele. No entanto, antes de virar, ela havia notado a tranquilidade no semblante de Marcelo. Como ele não sabia que Enrico era ele mesmo? Será que tinha esquecido completamente aqueles acontecimentos?Mesmo que ele não se lembrasse de tudo, deveria ao menos recordar o nome que usava naquela época. Qual parte dessa história não estava se encaixando?Quanto mais Esther pensava, mais se via presa em um labirinto sem saída. Sua cabeça latejava, a confusão apenas piorava. Ela fechou os olhos, tentando afastar aqueles pensamentos.Marcelo, por sua vez, ajeitou o cobertor sobre ela com cuidado, e permaneceu ali por alguns minutos, observando até perceber que a respiração dela havia se acalmado. Só então, saiu do quarto em silêncio.Fora do quarto, ele pegou o celul
Sofia sabia que, para se manter firme no mundo do entretenimento, ela precisava se livrar daqueles problemas. Se conseguisse, a empresa ficaria do lado dela sem hesitar.Ao sair, ainda não tinha caminhado muitos metros quando foi reconhecida. Uma pessoa logo comentou:— Não é a Sofia? Aquela que mentiu pra todo mundo?Sofia sentiu o coração disparar, o medo tomou conta. Instintivamente, ela cobriu o rosto com as mãos.— É ela! Está se escondendo agora!Mesmo com óculos escuros e máscara, ela ainda foi identificada. Em questão de segundos, várias pessoas começaram a olhar para ela, formando uma pequena multidão.— Como você tem coragem de sair na rua? Não tem medo de alguém tacar um ovo podre em você?— Que vergonha! Se tivesse um pingo de dignidade, não teria feito aquelas coisas!— Mentirosa! Fez seus fãs atacarem gente inocente na internet. Você devia desaparecer!As palavras cruéis a atingiam como facas. Sofia olhou ao redor, cada rosto parecia o de um carrasco. Sua pele empalideceu
Como ele poderia estar ali?— O que você está fazendo aqui na minha porta? — Esther perguntou, claramente desconfiada.Ela mal conhecia Geraldo. Só haviam se encontrado uma vez, por causa de Sofia. Agora, ele estava na porta dela, e isso fazia Esther suspeitar que ele a estivesse seguindo ou talvez tivesse algum outro motivo oculto para estar ali.O olhar de Geraldo demonstrava certa surpresa, mas ele respondeu com calma:— Eu moro ao lado.Esther continuou olhando para ele, confusa. Não entendeu imediatamente o que ele queria dizer.Vendo o olhar de dúvida e desconfiança dela, Geraldo apontou para o lado e explicou:— Eu sou seu novo vizinho.Esther olhou para a porta do apartamento ao lado, que estava aberta. Só então percebeu que o antigo apartamento vazio agora tinha um novo morador.— Quando você se mudou para cá? — Perguntou ela, ainda processando a novidade.— Hoje de manhã.— Eu achei que você morasse onde trabalha, o lugar parecia ser uma casa. — Esther lembrou do lugar onde o
Embora ela tivesse pago pelo serviço, aquele favor ainda estava gravado em sua memória.— Quem sabe um dia, né? — Esther respondeu, sem recusar diretamente. — Espera um pouco, você me deu esses morangos, então eu também quero te dar alguma coisa.Dizendo isso, ela rapidamente voltou para dentro de casa.Geraldo, por sua vez, permaneceu do lado de fora, sem demonstrar a intenção de entrar, esperando pacientemente na porta.Esther ainda não sabia bem o que poderia dar a ele. Olhou ao redor e viu algumas garrafas de leite fresco que ainda tinha em casa. Decidiu pegar duas delas e voltou para a porta.Enquanto ela estava de costas, Geraldo observou ela com um sorriso discreto no canto dos lábios. Quando Esther voltou, ele rapidamente escondeu qualquer emoção que pudesse transparecer em seus olhos.— Não tem muita coisa aqui em casa. Esse é um leite que eu gosto muito. O sabor é bem forte, então não sei se você vai gostar. — Disse ela, oferecendo-lhe as garrafas.— Obrigado. — Geraldo aceit
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava